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segunda-feira, novembro 30, 2015

CONDADOS PORTUCALENSE E CONIMBRISENSE I


I

DESCENDENTES DO CONDE VIMARA PERES


I-CONDE VIMARA PERES - (868+873).

Conde e Pressor de Portucale em 868. Determina os limites de Braga no repovoamento do Rei D. Afonso III. Faleceu em 873 na Galiza na região da Corunha.

FILHOS.

Lucides Vimaranes. Este parentesco não consta expressamente de nenhuma fonte, mas é reconhecido por todos os historiadores. Com efeito o patronímico, a raridade do nome Vimara, o título e a sua acção como pressor, são elementos suficientes para o admitir.

II-CONDE LUCIDES VIMARANES - (887+922?).

Foi pressor da vila de Negrelos. Pouco depois de 890, o Rei Afonso III, ordenava-lhe a ele e a Aldroito que não se opusessem à entregue à Igreja de Santiago das Vilas de César, San Julián e Palácios (Sarria). Em 910 era Tenens de uma parte do território de Lugo, como tal confirma o diploma de restauração desta cidade. É citado como Previsor dos termos de Dume em 911. Deu ao Bispo Gomado a Igreja de Fremoseli na região de Coimbra em 915. Aparece na companhia do Rei Ordonho II no diploma de autenticidade duvidosa acerca do ermitério de Crestuma, datado de 922. Governou com Munio Guterres, os territórios de Picosagro e Ambas Mahias ou Amaeas que em 927 foram concedidos por Sancho Ordonhes, a Santiago de Compostela. Confirma vários diplomas Régios entre 887 e 917.

MULHER.

Condessa Gudilona - (915).
Que segundo Fernandes «Portugal Pág. 228» Seria, filha do Conde Hermenegildo Guterres, hipótese não confirmada por qualquer fonte.

FILHOS.

Tedon Lucides.
Segundo E. Sáez. Não aparece em documentos Portugueses. Segundo o mesmo autor, foi pai de Rodrigo Tedones. Todavia, A. Fernandes dá boas razões para considerar Rodrigo Tedones como filho de Tedon Betotes, cuja linhagem examinaremos mais tarde.

Bermudo Lucides - (911-926).
Segundo o parentesco proposto por E. Sáez. É um dos previsores dos termos de Dume em 911, e confirma uma doação do Rei Ramiro II a Guimarães em 926.

Conde Alvito Lucides.
Segundo o mesmo autor. Segue.

Ónega Lucides.
Mulher de Diogo Fernandes, segundo uma hipótese de A. Fernandes, aceite por M. Rúben, mas que não nos parece suficientemente segura.

Conde Rodrigo Lucides.
Que teria acompanhado o Rei Ordonho II no já citado documento duvidoso de 922.

III-CONDE ALVITO LUCIDES - (915-973?).

Não se conhecem deste personagem senão referências em lista de confirmantes ou testemunhas, algumas delas em documentos dados por parentes seus, a doação de seu pai (Conde Lucídio Vimaranes) ao Bispo Gomado em 915. A sua sogra (A Condessa Ónega), a Lorvão em 928, a do sobrinho de sua mulher o, (Conde Gonçalo Mendes) a Guimarães em 968 e a de sua mulher (Condessa Munia) a Lorvão em 973 (?). Além disso confirma também uma doação de (Inderquina «Pala») ao mesmo mosteiro em 957, e outra de Donnani, ainda a Lorvão, em 924. Os restantes documentos portugueses em que confirma, são dois diplomas do Rei Ramiro II, de 926 e 950.

MULHER.

Condessa Munia.
Segundo os DC 139, 145, que todavia não dão o patronímico do marido. Este é sugerido por Fr. Manuel da Rocha e M. Rúben. Com efeito, os descendentes deste casal têm nomes que antes já apareciam na família do Conde Lucídio Vimaranes, Lucídio e Ónega. Esta Condessa Munia deve-se confundir com Munia Dias - (928-973?), irmã de Mumadona Dias conforme sugerem E. Sáez e M. Rúben. Ver a sua família mais tarde. Esta senhora deu avultados bens a Lorvão entre 950 e 956, e talvez em 973. Deixou aos seus descendentes outros bens na mesma região.

FILHOS.

 1º Tegla Alvites - (984).
Segundo o DC 139. Neste documento Tegla dá ao Mosteiro de Lorvão um terço da Vila de Gondelim.

Conde Lucídio Alvites - (926-968).
Porque Ónega Lucides, sua filha, é neta de Alvito e de Munia. Efectivamente aparece um Lucídio Alvites a confirmar vários documentos junto de seu pai (Alvito Lucides) em 926, 950 e 968. Este Lucídio Alvites foi casado com Ximena segundo um documento publicado P. Merêa.

A. Teve pelo menos uma filha Condessa Ónega Lucides - (968-1006 ou 1025), conforme se vê no mesmo documento publicado por P. Merêa. Foi casada com o Conde Rodrigo Vasques - (968+978), já depois de ter enviuvado, e aparece em 985 a fazer uma doação a Lorvão, com Rodrigo Erotes, em 987 e 999 a Celanova, e no ano 1006 a receber o usufruto de certos bens do mesmo mosteiro. Refere-se-lhe ainda o documento de 1025 se se identificar com a Condessa Ónega (Sem Patronímico), que «consente» nesta doação do Rei Afonso V ao Mosteiro de Guimarães. O Conde Rodrigo Vasques era filho da Condessa Trudili ou Trudil de, (…). Foi Conde de Límia e inimigo do Conde Gonçalo Mendes, de quem todavia confirma um documento em 968 com ele travou a «Batalha de Aguioncha» entre 970 e 974 cuja, a importância foi sublinhada por M. Rúben. Em 973 enviou sua mãe a Córdova, numa embaixada de grande significado politico. Aparece casado primeiro com uma Ausenda e depois com Ónega Lucides. M. Rúben pensa que são pessoas diferentes. Fernandes, todavia, prefere considerar Ausenda um cognome de Ónega Lucides. De qualquer modo a sua descendência, que não se encontra em Portugal.

B. Deve ter sido também filho do Conde Lucídio Alvites o Conde Mendo Luz - (958+1034?), que se apoderou de Montemor pouco antes de 1019. O patronímico, a época em que viveu, o título de Conde e os seus interesses a Sul do Douro são outros tantos indícios que militam em favor deste parentesco. Vejamos os documentos em que figura. Uma confirmação de um diploma de Munio Gonçalves em 985, e outro do Rei Afonso V em 1014. Além do documento que já indicámos acerca do seu domínio em Montemor, podem-se apontar outros dois que mostram a sua jurisdição a estender-se ao vale do Vouga e à terra de Santa Maria. Este Conde pode talvez identificar-se com os documentos dizem (sem referirem o patronímico) ter sido assassinado em 1034, nas margens do Rio Guetenia, mas a maioria dos autores prefere identificar este personagem com o Conde Mendo Nunes corrigindo a referida data, pois ele ainda estava vivo uns dez anos mais tarde. Não se conhece ao certo a sua descendência. Mas talvez seja seu filho o Conde Vímara Peres, que morreu antes de 1055 e era patrono do Mosteiro de São Mamede de Este. Assim o faz supor o seu nome e o facto de o mesmo Vímara ter um filho chamado Alvito, nome que se repete nesta família, e que confirma uma doação da Condessa Toda Veilaz em 1055 a Rio Tinto. Neste mesmo documento há referências a dois filhos de Vímara Mendes, Alvito, já referido e Quindiverga. Esta última teve uma nora, Patrina, com dois filhos, Odorio e Ermesenda, que ainda possuíam o mesmo Mosteiro em 1055.

Conde Nuno Alvites - (959).
Filiação provável, baseada no facto, do Conde Alvito Nunes, que é provavelmente seu filho, como veremos, desempenhar cargo tão eminente como o governo do Condado Portucalense, assim como seu neto Nuno Alvites em conjunto com Ilduara Mendes. Com efeito o Conde Alvites Nunes deve, por isso mesmo, pertencer a uma família importante, e a de Alvito Lucides é a que reúne maiores probabilidades. A existência de um Nuno Alvites que confirma o documento da doação do Mosteiro de Guimarães em 959, logo a seguir aos filhos de Mumadona e pouco antes de Telo Rodrigues, seu irmão, dá suficiente a esta hipótese. Segue.

Conde Telo Alvites - (959-985).
Filiação igualmente provável, e apoiada no facto de Telo confirmar a dotação de Guimarães em 959 ao lado de seu irmão Nuno e a doação de sua sobrinha Ónega Lucides a Lorvão em 985. Sendo assim, podemos acrescentar a estes documentos aqueles em que confirma doações de Gonçalo Mendes em 968 e de Gonçalo Moniz em 981. E ainda a larga doação que fez em 985 ao Mosteiro de Antealtares, com a sua mulher Mumadona, de bens situados em Riba-Lima e usando o título de «Conde». Há referências a ele num diploma de 1135. A. Fernandes identifica-a, sem provas com Mumadona Dias II, que aparece sozinha em Guimarães entre 992 e 1025. Pode ter sido seu filho o Osório Teles que aparece em vários documentos de Guimarães entre 1043 e 1073, apesar de estas datas serem um tanto tardias para que tal hipótese se deva considerar como provável. A. Fernandes atribui ainda a este casal outro filho, Alvito Teles, casado com Châmoa que tinha propriedades na Foz do Lima e que passaram para o Mosteiro de São Salvador da Torre por intermédio de Aldonça Pais antes de 1068.

Elvira Alvites - (946-969).
Casada com Rodrigo Mendes - (946-968), segundo deduções feitas por M. Rúben.

IV-CONDE NUNO ALVITES I - (959).

Deste personagem aparece apenas em documentos portugueses, um vestígio documental, a sua confirmação do documento de dotação do Mosteiro de Guimarães em 959. Ignora-se com quem casou. Segundo a hipótese formulada mais acima, foi seu filho o Conde Alvito Nunes que segue.

V-CONDE ALVITO NUNES - (985+1015 ou 1016).

Aparece a confirmar a doação de seu tio Telo Alvites ao Mosteiro de Antealtares em 985. Foi sucessor do Conde Mendo Gonçalves, no governo do Condado Portucalense, segundo a lista fornecida pelo documento de 1025. A acreditar no mesmo documento, estava no Castelo de Vermoim, quando os Normandos atacaram a região. Embora os Anais datem este acontecimento da era de 1054 (ano de 1016), é possivel que ele se tivesse dado no ano anterior, segundo a comparação que Rui Azevedo faz desta notícia com um documento do Mosteiro de Moreira.

MULHER.

Talvez a Condessa Goncinha ou Gontinha, que antes de 1011 confirmou a «agnicio» de um contrato feito em Macieira da Maia, com o nome de Domna Guntina. Com efeito, esta deve ser a mãe de Loba Alvites, que em 1015-1016 vivia em Arentim, suficientemente protegida dos Normandos, os mesmos que vitimaram seu pai, para escapar a tais assaltos e ajudar um homem de condição inferior a resgatar as filhas por eles raptadas, era portanto casada com um Alvito.

FILHOS.

Conde Nuno Alvites - (1017+1028).
Porque sucedeu ao Conde Alvito Nunes no governo do Condado Portucalense. Segue.

Abade Pedro Alvites - (1025-1070).
Com efeito, Nuno tem um irmão chamado Pedro que «consente» na doação que lhe faz o Rei Afonso V em 1025. Da comparação deste documento com outro documento depreende-se que se trata do Abade Pedro, do Mosteiro de Guimarães. Temos portanto, muita documentação sobre ele do mesmo Mosteiro entre os anos de 1042 a 1070. Acompanhou o Rei Fernando Magno na conquista de Coimbra. É também mencionado em vários documentos.

Loba Alvites - (1015-1016).
Se se admitir a hipótese apresentada em cima acerca da provável mulher do Conde Alvito Nunes. Ver os documentos aí citados.

VI-CONDE NUNO ALVITES II - (1017+1028).

A data 1017, em que aparece pela primeira vez, é fornecida por E. Sáez. «Consente» na doação do Rei Afonso V a seu irmão Pedro Alvites em 1025 e confirma no mesmo ano. Neste último documento diz-se que sucedeu ao Conde Alvito Nunes no governo do Condado. Os anais que lhe dão o título de Conde dizem que morreu em 1028, no mesmo ano que também morreu o Rei Afonso V.

MULHER.

Condessa Ilduara Mendes - (1024-1058).
Segundo se declara em documentos. Era filha do Conde Mendo Gonçalves. Governou o Condado Portucalense pelo menos depois da morte do marido. Aparece a outorgar bastantes documentos e confirma outros. Da série de actos conservados nos anais verifica-se que comprou muitas propriedades em Nogueira no conselho de Braga, Gualtar, Tenões, São Mamede de Este, etc.

FILHOS.

Conde Mendo Nunes - (1028-1050).
Segundo vários documentos. Segue.

Condessa Gontrode Nunes - (1028-1050).
Foi casada com o Conde Vasco. Teve propriedades em Quintela, Vila Real, que deu à Sé de Braga em 1088, em Nogueira, Santa Tecla, Dadim, Cerqueda, Gualtar e em Barros, que deu a Eita Gondesendes, em 1072 ou pouco tempo depois, e em Barbudo que ofereceu ao Mosteiro com o mesmo nome em 1068. Em data que se ignora tinha cedido um escravo a Froila Crescones. Pode-se identificar, segundo a hipótese apresentada por A. de J. da Costa com a devota Gontrode, que confirma uma doação do Conde Mendo Nunes ao Mosteiro de Barbudo em 1071.

A. Talvez seja seu filho, o Conde Nuno Marques, que tinha herdades em Pinheiro de Mardel, Albergaria, que deixou a sua filha Elvira Nunes, casada com o Conde Pêro Pais (Escacha?). Este Conde, por sua vez, devia ser pai do Conde Afonso Nunes de Celanova e do Conde Sancho Nunes de Barbosa. Estes filhos do Conde D. Nuno são certamente os que venderam outros bens em Marco Canaveses na era de 1123.

Munio Nunes
Segundo um documento da era de 1131. Neste documento declara-se que Munio Nunes, Filho do Conde Nuno Alvites, tinha uma quinta arrendada em Domez, e que a vendeu aos proprietários da mesma na era de 1131. Nada mais se sabe sobre ele.

VII-CONDE MENDO NUNES - (1028-1050).

Governou o Condado Portucalense, provavelmente desde a sua menoridade, sob tutela da mãe. Já figura sozinho no desempenho das suas funções em 1043 e talvez em 1048. É citado nos sincronismos de um documento da Vacariça, a seguir ao Rei Fernando o Magno em 1041. Refere-se-lhe ainda provavelmente, um diploma de 1040, do Mosteiro de Celanova, mas morreu, o mais tardar, antes de 1053. Todavia estas últimas menções não são seguras para A. Fernandes, que identifica o Don Menendo com Mem Gonçalves da Maia e considera o Conde Mendo Nunes dos documentos de Celanova personagem diferente. A maioria dos autores supõe que lhe diz a notícia dos Anais acerca do assassinato do «comes Menendus in ripa Guetania», propondo para isso a correção da data. Todavia, para o fazer, seria também necessário modificar a ordem das notícias destes Anais. Propusemos, segundo uma sugestão oral feita por H. Barrilaro Ruas, atribuir a notícia ao Conde Mendo Luz, o que evitaria a dupla correção mencionada, mas esta hipótese não foi aceite, entre outros, por A. Fernandes, que propõe como data real para a morte do Conde Mendo Nunes, 24 de Dezembro de 1043 ou 1044. Não se sabe com quem casou.

FILHOS.

Nuno Mendes
Como se depreende do patronímico e de ser sobrinho da Condessa Gontrode Nunes. Segue.

VIII-CONDE NUNO MENDES - (1059+1071)

Aparece pela primeira vez na Corte de Fernando Magno, em Palência, no ano de 1059, se se identificar com a pessoa do mesmo nome que assiste sem título, ao julgamento solicitado pelos monges de Soalhães. Figura com o título de Conde a confirmar uma doação do Rei Garcia em 1070, e como proprietário dos bens que concedeu no ano seguinte ao Mosteiro de Barbudo, poucos dias antes de ser vencido e morto na «Batalha de Pedroso», quando se revoltou contra o mesmo Rei. Por documentos posteriores, sabe-se que possuía bens em Nogueira, Santa Tecla, Dadim, Cerqueda, Gualtar e em Barros-Braga, que provavelmente foram confiscados por ocasião da sua derrota, e depois pelo Rei Afonso VI de Leão a seu genro o Conde Sisnando Davides, e ainda em Várzea de Burral que fica em Ponte de Lima, que vieram a pertencer a Afonso Henriques e que ele deu em 1132 ao Conde Rodrigues Peres.

MULHER.

Condessa Goncinha - (1071)
Citada nos anais como mulher do Conde Nuno Mendes.

FILHOS.

Loba Nunes «Aurovelido» - (1074)
Segundo os Anais. Segue

IX-LOBA NUNES «AUROVELIDO» - (1071-1074)
O nome desta senhora conhece-se apenas através de dois documentos já citados, um dos quais lhe chama Aurovelido Nunes, e outro Loba Nunes. Aurovelido deve ser, portanto um sobrenome.

MARIDO.

Conde Sisnando Davides - (1064+1092)

Conde de Coimbra, conforme se declara nos dois documentos citados. As regiões mais ao Sul formaram também um Condado com sede em Coimbra, cujo governo andou igualmente por muito tempo numa família de Nobres Portucalenses, até cair de novo em poder dos Serracenos. Reconquistada definitivamente em 1063 ou 1064 foi o seu Governo entregue ao Conde Sisnando Davides, uma das figuras mais expressivas da sociedade sui generis que se ia formando nas regiões ao Sul do Rio Douro. Nascera em Tentúgal e era provavelmente filho de Judeus, os pais chamavam-se David e Susana ambos nomes Hebraicos. Apanhado numa razia de Mouros, foi levado para Sevilha onde se tornou Islâmico. Isso abriu-lhe uma carreira que ele percorreu até atingir o cargo de Vizir de Sevilha. O facto de um antigo Judeu, um renegado atingir altos postos ao serviço dos Mouros era então corrente, e igualmente vulgar era antigos Mouros atingirem altos postos junto dos Reis Cristãos. Mas o Vizir Sisnando voltou a mudar de religião e foi batizado e tornou-se Cristão e colocou-se ao serviço do Rei Fernando o Magno, Rei de Leão, segundo uma tradição coeva, foi ele quem lhe propôs reconquistar Coimbra. De facto a Cidade caiu em poder dos Cristãos após um prolongado cerco e o Rei D. Fernando o Magno, entregou o governo do Condado ao Conde Sisnando que governou-a até morrer em 1092. Entretanto casou com a filha do Conde de Portucale, Nuno Mendes, Conde que em 1071, Comandou o Exército Condal Portucalense contra o Rei da Galiza Garcia, tendo sido morto durante a Batalha, não se sabe que papel terá tido o astucioso Conde seu genro, nessa tentativa de independência. A sua ação governativa foi notável, construi-o as muralhas da cidade, restaurou a diocese, para a qual escolheu o Bispo, que manteve apesar dos protestos de Roma. Foi esse conflito que fez surgir a lenda do Bispo Negro, referida a D. Afonso Henriques. Povoou várias terras do interior e pode dizer-se que durante trinta anos, foi um pequeno Rei no território que vinha desde o Sul do Rio Douro, até aos campos a Sul de Coimbra, delimitado para o interior por Seia, Lousã, Soure e daí até ao mar, talvez até à Marinha das Ondas, então porto de pesca. Quando Morreu deixou no Governo do seu Condado ao seu genro o Conde Martim Moniz, mas já então a Monarquia Leonesa desenvolvia uma política unificadora e se esforçava por impedir as hereditariedades Condais. Mas nos fins Século XI as condições políticas da Galiza, de Leão e de Castela tinham mudado, a administração foi aperfeiçoada, a influência dos Cluniacenses fez-se sentir. Estava-se muito longe da época Bárbara dos companheiros de Pelágio que após cinco anos em Covadonga o nomearam como Chefe e Senhor da resistência contra os Mouros. O Imperador da Hispânica Don Afonso VI, Rei da Galiza, de Leão e de Castela dispõe de grandes forças e de grande prestígio na Europa Cristã, foi ele que forneceu uma grande parte dos recursos para a construção de Cluny III, o mais Majestoso Templo que até então a Cristandade Erguera. Talvez essa ligação com a Ordem de Cluny e com o seu chefe Santo Hugo se explique a vinda à Ibérica de dois membros da Alta Nobreza, da Casa dos Duques da Borgonha, o Conde Don Raimundo e o Duque Don Henrique. Don Afonso VI casou-os com as filhas. O Conde Don Raimundo com a Princesa Donna Urraca, que viria a ser a herdeira do Trono, e o Duque Don Henrique com uma filha “bastarda” de Don Afonso VI, Infanta Donna Teresa. Ao Conde Don Raimundo, entregou o Governo do Condado da Galiza integrado no Reino de Leão. Ao Duque Don Henrique o Governo do Condado Portucalense, que integrava agora as duas antigas unidades Condais a Norte e a Sul do curso do Douro a fronteira Condal ia desde o Rio Minho até ao Rio Mondego. É muito possível que estas nomeações tivessem a intenção de refrear as tendências de autonomia mais de uma vez reveladas por estas regiões longínquas substituindo nelas o Governo de famílias locais pelos membros da Família Real. Mas, se esse era o objectivo, o futuro não o confirmou, a ligação da região do Norte com a do Sul veio a ser um passo decisivo para a independência portuguesa.

FILHOS.

Condessa Elvira Sisnandes - (1087-1128).
Segundo vários documentos. Casou com o Conde Martim Moniz - (1092-1111), filho do Conde Munio Fromariques da, família de Riba Douro.

II

DESCENDENTES DE HERMENEGILDO GUTERRES


I-CONDE HERMENEGILDO GUTERRES - (869-911).

Conhecido magnate que se apoderou de Coimbra em 878. A sua personalidade é bastante conhecida, depois do material que sobre ele reuniu E. Sáez. Segundo este autor, foi casado com a Condessa Ermesenda Gatones, provavelmente filha do Rei Ramiro I.

FILHOS.

Condessa Aldonça Mendes - (936-942).
Casada com o Conde Guterre Osores e que não aparece em documentos Portugueses. Nem sempre é fácil distinguir os filhos deste casal dos do Conde Guterre Mendes, seu cunhado, dada a identidade dos patronímicos. Assim A. Fernandes, ao contrário de E. Sáez, é de opinião que são filhos, do Conde Guterre Osores e não do Conde Guterre Mendes, Condessa Ausenda Guterres casada com o Rei Ramiro II e o Conde Munio ou Conde Nuno Guterres. Quanto ao «Conde Santo» Conde Osório Guterres é sem dúvida filho do Conde Guterre Osores e da Condessa Aldonça Mendes.

Conde Arias Mendes - (911-924).
Conde sem dúvida o que regeu o Condado de «Emínio», segundo as Atas Apócrifas do Concilio de Oviedo, que no entanto parecem conservar, neste ponto uma tradição autêntica. Governou também o conmisso de Refojos do Leça, com seu irmão Guterre. Encontrava-se vivo em 924. Além das referências reunidas por E. Sáez pode-se talvez acrescentar o documento que aponta, entre as propriedades do Mosteiro de Guimarães, uma em Canas-Penafiel, que pertencera antes ao Conde Arias Mendes e a sua mulher Emderia, decerto uma deturpação de Ermensenda. Ainda segundo E. Sáez, casou com a Condessa Ermesenda, que talvez se possa identificar com Ermesenda Gondesendes, filha do Conde Gondesendo Eriz, segundo a hipótese que apresentamos em documentos coevos. Teve pelo menos uma filha, Elvira Arias - (962), mulher do Conde Munio Guterres - (911-959), seu primo direito. Ver a descendência de ambos mais, Abaixo. Mas se Ermesenda Gondesendes foi sua mulher talvez se possa atribuir-lhe uma segunda filha, Inderquina «Pala» - (957-981).

Conde Guterre Mendes - (912+934).
Que Segue.

Rainha Elvira Mendes - (914-920).
Primeira mulher do Rei Ordonho II - (914-924), de quem teve o Rei Ramiro II. Aquele Rei Casou depois com a Condessa Aragunte Gonçalves.

Inderquina Mendes «Pala» - (Faleceu antes de 947).
Casada com o Conde Gondesendo Eriz.

6º? D. Gudilona - (915).
Casada com D. Lucídio Vimaranes - (870-922), Segundo uma conjuntura sem provas de A. Fernandes.

II-CONDE GUTERRES MENDES – (910+933).

De entre as indicações que sobre esta personagem dá E. Sáez, destaca-se a de ter Governado seis “comissos” na Galiza, por concessão do Rei Afonso IV. M. Rúben fornece também uma lista de Documentos em que ele figura. Aparece no nosso território a confirmar uma doação do Rei Ordonho II ao Mosteiro de Lorvão.

MULHER.

Condessa Ilduara - (916-958).
Filha do Conde Ero Fernandes. Fez Várias doações ao Mosteiro de Celanova. No nosso território figura sozinha com o nome de Ilduara num Documento de 937, que é uma doação sua a Gondemiro iben
Dauti, para ele deixar, depois da sua morte, ao Mosteiro de Lorvão.

FILHOS.

1º Munio Guterres - (911-959).
Segue.

São Rosende - (916+977).
Bispo de Mondonedo e Fundador do Mosteiro de Celanova.

FROILA GUTERRES - (933-943).
Que aparece em Portugal para confirmar uma venda de Zahadon a Gondemiro em 933, Documento de uma doação de sua mãe Ilduara ao mesmo em 937 em documento, e outro do Rei Ramiro II ao Mosteiro de Lorvão. Em 942 o mesmo Rei Ramiro II tinha-lhe concedido vários “conmissa” Governados antes por um tio Arias Mendes, para os administrar “sub manus” de sua mãe, a Condessa Ilduara. Recebeu de herança de seus pais vários bens no território de Coimbra. Casou com Sarracina - (934-942), que aparece num Documento de 936. Noutro Documento de 994, afirma-se que teve bens em Gondomar.

A) Tiveram os seguintes filhos, Mumadona Froilaz - (981) segundo E. Sáez, casada com o Conde Gonçalo Moniz - (928-981), que era talvez seu primo direito, segundo a hipótese que explicamos mais abaixo.

B) De facto de Tutadomna - (1008-1022), casada com o Conde Mendo Gonçalves, ser prima “congermana” de Froila Gonçalves, filho de Gonçalo Moniz e Tutadomna ou Mumadona Froilaz depreende-se que Froila Guterres teve provavelmente outro filho ou outra filha, pai ou mãe de Tutadomna. Assim o supõe E. Sáez. Todavia é igualmente provável que esta Tutadomna fosse prima de Froila Gonçalves pelo lado do pai deste e não pelo de sua mãe. Nesse caso, não haveria base para supor que Froila Guterres tivesse tido mais filhos.

4. Ausenda Guterres - (934-964).
Recebeu em doação do Rei Ordonho II as vilas de Moreira e Castanheira, e depois as cedeu por troca ao Conde Gonçalo Mendes, recebendo as vilas de Caíde e Medelo em 964. É também citada como “cognata” do mesmo Conde num Documento de 983. Casou em primeiras núpcias com Ximeno Dias - (923-961), filho de Diogo Fernandes de quem teve vários filhos indicados por E. Sáez. E em segundas núpcias com Ramiro Mendes, conforme se pode ver no Documento de 964, estando já viúva do segundo marido, nesse mesmo ano. Ramiro Mendes era filho do Conde Hermenegildo Gonçalves e de Mumadona Dia. Esta tese foi contrariada por A. Fernandes como já dissemos, o qual considera esta Ausenda Guterres, filha de Guterre Osores e Aldonça Mendes, identificando-a com a primeira mulher do Rei Ramiro II, depois repudiada. M. Rúben todavia, demonstrou a impossibilidade de tal hipótese. 

5. Ermesenda Guterres - (929-934).
Casou com o Conde Paio Gonçalves - (936-959), filho de Gonçalo Betotes - (915-929) e de Teresa Eriz - (929), e irmão do Conde Hermenegildo Gonçalves - (926-943), conforme estabeleceu E. Sáez. Paio Gonçalves figura numa doação de Ramiro II a Guimarães em 950, no Testamento de seu irmão Hermenegildo, em favor do mesmo Mosteiro e noutros Documentos não portugueses citados por E. Sáez. Ainda segundo o mesmo autor, teve pelo menos oito filhos e filhas, mas só se conhece a descendência de uma. Ilduara Pais - (961-964), que casou com o seu primo direito, o Conde Gonçalves Mendes. Um deles era o diácono Arias Pais que figura na Sagração da Igreja de Guimarães em 959. Segundo uma hipótese cara ao autor A. Fernandes, seria filha de Paio Gonçalves e de Elvira Pais, que teria sido amante do Rei Ordonho III e mãe de Bermudo II o que explicaria o facto de este chamar avós a Gonçalves Betotes e a Teresa Eriz em Documento publicado por García Alvarez. Esta opinião no entanto contraria os dados fornecidos por E. Sáez, que não menciona nenhuma filha de Paio Gonçalves chamada Elvira.

III-CONDE MUNIO GUTERRES - (911-959).

Este magnate tomou parte na delimitação dos termos de Braga e de Dume, pelo Rei Afonso III, em 911. Aparece nestes Documentos com o nome de Nuno Guterres. Mais tarde em 935 confirma uma doação de Gaudemiro e de Susana a Lorvão. Governou, juntamente com Lucídio Vimaranes o “conmisso” de Ambas Mahias, que em 927 foi concedida por Sancho Ordonhes à Catedral de Santiago. Através da Documentação que sobre ele foi recolhida por E. Sáez, parece depreender-se como faz notar o mesmo autor, que apoiou o Rei Afonso IV nas suas lutas contra o Rei Ramiro II.  

MULHER.

Elvira Arias - (962).
Sua prima direita, filha do Conde Arias Mendes. (ver atrás).

FILHOS.

Conde Guterre Moniz - (931-999).
Em 931 foi nomeado Conde de Burgos por Afonso IV, e entre 935 a 974 aparece várias vezes na Corte dos Reis Ramiro II, Ordonho III e do Rei Ramiro III. No nosso Território confirma três doações a Lorvão em 974, 985 e 988 e outra a Antealtares. A última referência ao seu nome encontra-se no Diploma sobre o julgamento da questão entre Lovesendo Aboazar e os Senhores de Guimarães em 999. Ver outras referências em Documentos Leoneses e Galegos em E. Sáez. Não se sabe com quem casou, mas teve pelo menos um filho, Nuno Guterres que aparece na Corte de Bermudo III em 1032. Pode também ter sido seu filho o Fernando Guterres que confirmou, uma doação do Conde Gonçalo Moniz, segundo hipótese cuja consistência não se pode avaliar, proposta por A. Fernandes. O mesmo autor identifica Nuno Guterres ou um seu descendente do mesmo nome com o Conde Nuno Celanova dos «Livros de Linhagens», igualmente sem qualquer apoio Documental.

Arias Moniz - (948-973).
Bispo de Dume entre 948 a 956 pelo menos. Aparece no nosso Território para confirmar a doação de Munia Dias ao Mosteiro de Lorvão e a de Inderquina «Pala» ao mesmo mosteiro em 961.

Gatona Moniz - (927-964).
Casou com o Rei Sancho Ordonhes - (927-929).

Ermesenda Moniz - (962).
Que confirma a doação de sua mãe Elvira Arias a Celanova em 962.

Elvira Moniz - (978-986).
É proprietária de metade da vila de Moreira da Maia e a vende em 978, e confirma a venda feita por “mancipia” seus em Guilhabreu em 986.

Conde Gonçalo Moniz - (928-981).
Filiação hipotética sugerida por L. G. de Azevedo. Explicar-se-ia assim que tivesse sucedido a seu avô Arias Mendes no «Condado de Emínio». Com efeito aparece sempre a Governar o Território de Coimbra. Assim se explicaria também que seu irmão Guterre apareça várias vezes no mesmo Território. Todavia a hipótese não é isenta de dificuldades, porque não aparece nunca nos Documentos em que figuram seu pai ou seus irmãos Guterre e Elvira, mas apenas em dois assinados pelo outro irmão, o Bispo Arias. Apesar disso admitimos a sugestão a sugestão de L. G. de Azevedo, porque além das razões apontadas, não encontrámos em Documentos portugueses nenhum outro Munio ou Nuno com mais probabilidades de ter sido de ter sido pai de Gonçalo Moniz. (segue).

7º? Egas Moniz pai de Munio Viegas «Gasco» - (1015-1022).
Segundo uma conjectura que me parece completamente destituída de fundamento, proposta por A. Fernandes. Ele próprio parece ter abandonado implicitamente esta hipótese ao atribuir à estirpe «Gascã» uma origem estrangeira.

IV-CONDE GONÇALO MONIZ - (928-981).

Sobre este magnate que dominou em Coimbra, há numerosos Documentos, tanto Particulares como Régios. Foi grande benfeitor do Mosteiro de Lorvão, ao qual ofereceu em 961 as vilas de Cerzedo, Padalares e Serpins, e em 981 a Vila e o Mosteiro de Treixedo, com muitos outros bens. Também fez doações a Godesteu Moniz. Confirmou muitos Documentos de Lorvão e na região de Coimbra entre 928 a 981, dos quais alguns Diplomas Régios, de Ordonho II, de Ramiro II e de Sancho I. Além dos bens que deu a Lorvão, sabe-se também que possuía propriedades perto de Leça. Em tempo do Abade Arias de Guimarães, o Conde Gonçalo Moniz entrou em guerra com o Conde Gonçalo Mendes e chegou a ameaçar o Mosteiro, que foi defendido pelo filho de Mumadona. Foi o mesmo Conde Gonçalo Moniz que em 965 envenenou o Rei Sancho I o Gordo. Não se sabe porém se foi ele ou o Conde Gonçalo Mendes, o Conde Gonçalo que enviou uma Delegação a Córdova em 971. Enfim A. Fernandes supõe que tenha morrido durante a sublevação dos Condados de Coimbra e Portucale para impor como Rei Bermudo II entre 982 a 984.

MULHER.

Tutadomna ou a Mumadona Froilaz - (981).
Devia ser sua prima direita no caso do Conde Gonçalo Moniz ser realmente, filho de Munio Guterres como sugerimos atrás sobre os pais de sua mulher. O nome Mumadona «sob a forma Mamodona por duas vezes) vem indicado em Documento. Um outro Documento chama-lhe Todadomna. E. Sáez prefere o segundo sem dúvida por «Tutadomna», mulher do Conde Mendo Gonçalves, ser sua sobrinha. Mas o erro de transcrição também pode estar em Documento. Com efeito um Documento fala num Munio Gonçalves, filho de Amunne, que podia ser uma outra forma de «Muma». Para esta identificação concorre o facto de este «Munio» ter o patronímico «Gonçalves», usar o mesmo nome que o Avô e ser irmão de Godinha Gonçalves, mulher do Conde Oveco Garcia, que aparece frequentemente na região de Coimbra, como se verá mais adiante. De qualquer modo a ascendência de Mumadona ou Tutadomna Froilaz está perfeitamente estabelecida pelo seu patronímico e por seu filho Froila Gonçalves se declarar neto de Sarracina em Documento.

FILHOS.

Froila Gonçalves - (993-1017).
Segundo dois Documentos. (Segue).

Godinha Gonçalves - (?-985).
Na hipótese de sua mãe Amunne se identificar com Mumadona ou Tutadomna Froilaz, como propomos mais atrás. Sendo assim sabe-se, pelo mesmo Documento que casou com o Conde Oveco Garcia que aparece na região de Coimbra entre 974 a 988, como benfeitor do Mosteiro de Lorvão, e a confirmar dois Diplomas de seu cunhado Munio Gonçalves. Esta identificação foi também apresentada por Dom Justo Pérez de Urbel e admitida por A. Fernandes. Godinha e Oveco foram talvez pais do Conde Osório Oveques que confirma o Documento outorgado por seu avô o Conde Gonçalo Moniz.

Munio Gonçalves - (985-988).
Por ser irmão de Godinha. Foi benfeitor do Mosteiro de Lorvão, ao qual deu em 985 metade da Vila de Santa Comba e em 988 uma parte da Vila de Castrelo perto de Mortágua.

4º? Além destes filhos, L. G. de Azevedo atribui-lhe também outro Ero Gonçalves, sem mais provas além da confirmação que o mesmo faz numa doação de Recemundo ao Mosteiro de Vacariça em 1016. Com este parentesco o ilustre Historiador pretendia ligar o magnate Egas Eriz «Iala» ao Conde Gonçalo Moniz. Explicar-se-iam assim muito bem as riquezas que aquele tinha a Sul do Douro. Há todavia dificuldades cronológicas para poder admitir esta construção. Com efeito, Egas Eriz fugiu para o Norte do Rio Douro durante as incursões Islâmicas do fim do século X, e voltou pouco depois à sua terra. Ora em 1017 Dom Gonçalo Viegas, seu filho, já dominava em Montemor, sob a autoridade do Conde Mendo Luz e do Rei Afonso V, portanto um ano depois de Ero Gonçalves confirmar o único Documento em que aparece. Sendo assim, Ero Gonçalves, ainda era vivo quando Egas Eriz voltou do Norte. Nesse caso porque é que o Documento não cita o seu nome, em vez do filho «Na hipótese de L. G. de Azevedo?» Além disso, pelas razões que expomos mais abaixo parece-nos mais provável que Egas Eriz seja filho de Ero Moniz ou em todo caso, um membro da Família de Ero Gondesendes. Temos portanto de concluir que Ero Gonçalves pode ser filho de Gonçalo Moniz, mas dificilmente se pode admitir que fosse pai de Egas Moniz «Iala».

5ª? Veila Gonçalves
Ver o que dizemos a seguir, acerca de Froila Gonçalves.

V-Froila Gonçalves - (994-1017).

Era proprietário de bens em Sevilhão, que deu em 994 a Leoderigo e a Ermengo. Também ofereceu várias terras ao Mosteiro de Vacariça em 1006 e prometeu dar-lhe outros que foram confirmados em 1018 por sua prima a Condessa Tutadomna. Depois da invasão do nosso território por Almançor de 995 a 997, aliou-se aos ocupantes e apoderou-se do Mosteiro de Sever do Vouga. Dominava no castelo de Montemor, mas foi expulso dali pelo Conde Mendo Luz, que em 1017 ocupou o território sob a autoridade do Rei Afonso V. Não é impossível que se identifique com o Veila Gonçalves que em 995, ou mais provavelmente em 997, dirigiu um fossado de Mouros e Cristãos para atacar o Castelo da Maia, que se rendeu por traição de Eirigo Gonçalves o que permitiu a Veila assolar o território de entre Douro e o Ave. Todavia o Prof. Rui de Azevedo inclina-se a pensar que se trate de pessoas diferentes. Nesse caso, Veila podia ser talvez um irmão de Froila, de tal modo semelhantes são as situações de ambos. Não se conhece o nome de sua mulher.

FILHOS.

Conde Gonçalo Froilaz - (1037).
Conde segundo a filiação proposta por E. Sáez. Em 1037 vendeu uma propriedade que pertencera aos servos de sua Mulher.

Ermesenda Fernandes - (1037-1048).

Como se declara em Documento. Esta senhora aparece ainda em 1048 a confirmar uma venda de sua irmã Sarracina. Era filha de Fernando Sandines.

quinta-feira, novembro 26, 2015

Condes de Portugal-Henrique e Teresa.

Don Henrique de Borgonha, Conde de Portucale.


D. Henrique de Borgonha conhecido em Portugal por Conde D. Henrique (1066 - Astorga, 12 de maio de 1112) foi Conde de Portucale desde 1093 até à sua morte. Pertencia à família Ducal da Borgonha, sendo filho de D. Henrique, herdeiro do Duque Roberto I com a Duquesa Sibila da Borgonha, e irmão dos também Duques D. Odo I e D. Hugo I. Sendo um filho mais novo, D. Henrique tinha poucas possibilidades de alcançar fortuna e títulos por herança, tendo por isso aderido à Reconquista da Península Ibérica. Ajudou o Rei Afonso VI de Leão a conquistar o Reino da Galiza, recebendo como recompensa pelos seus serviços casamento com a filha ilegítima do monarca, Infanta D. Teresa de Leão. Alguns anos mais tarde, em 1096, D. Henrique recebeu do Rei Afonso VI o Condado Portucalense, que passava prestar-lhe vassalagem directa.


O Rei de Leão pretenderia assim limitar o poder do Conde Raimundo de Borgonha, casado com a Infanta D. Urraca de Leão. O Conde D. Henrique morreu a 24 de Abril de 1112, tendo sido sepultado na Sé de Braga. Seu filho D. Afonso Henriques com 3 anos, sucedeu ao pai e tornou-se o Segundo Conde de Portucale em 1112. No entanto, o jovem Conde D. Afonso Henriques rebelou-se contra a sua mãe em 1128, que pretendia manter-se no Governo do Condado. Por isso, em 1139 D. Afonso reafirmou-se independente de Leão e proclamou-se Rei de Portugal, recebendo o reconhecimento oficial do Rei de Leão em 1143 e do Papado em 1179. Nascido no ano de 1066, na Cidade Fortificada de Dijon, o D. Henrique de Borgonha era o filho mais novo do Duque D. Henrique de Borgonha, filho do Duque Roberto I por sua vez filho do Rei Roberto II de França. Dois dos seus irmãos mais velhos, o Duque Hugo I e o Duque Odo I, Herdaram o Ducado. Apesar de sua mãe, chamada, Duquesa Sibila, aparecer em genealogias tradicionais como filha dos Condes de Barcelona, Berengário Raimundo I e sua esposa a Condessa Gisela de Lluçà, esta filiação não aparece em Documentos Medievais e a Duquesa Sibila provavelmente foi a filha de D. Reinaldo I e, portanto, irmã do pai do Conde D. Raimundo de Borgonha, que de acordo com essas filiações, seria um primo em primeiro grau de D. Henrique de Borgonha. Uma das tias do lado paterno era a Rainha Constança, esposa do Rei Afonso VI de Leão, e um tio-avô era Hugo, Abade de Cluny, irmão de sua avó D. Hélia de Semur, e uma das personalidades mais poderosas e reverenciados do seu tempo. Sua família ostentava um grande poder e dominava várias Cidades no Reino da França, como as Cidades de Chalon, Auxerre, Autun, Nevers, Dijon, Mâcon e Semur. Ele era também um primo distante do Papa Calisto II.


Após a derrota das Tropas Cristãs na «Batalha de Zalaca», travada a 23 de outubro de 1086, o Rei Afonso VI pediu auxílio aos Cristãos do outro lado dos Pirenéus nos primeiros meses do ano seguinte, chamada a que responderam muitos Nobres e Cavaleiros franceses, entre eles, o Conde Raimundo de Borgonha, os seus primos-irmãos, o Duque Odo e o Duque Henrique de Borgonha, assim como D. Raimundo de Saint-Gilles. Apesar das alegações de que D. Henrique chegara na primeira expedição em 1087, a sua presença na península só é atestada a partir de 1096, quando aparece confirmando os Forais de Guimarães e de Constantim de Panóias. Em 1 de outubro de 1096 e em 19 janeiro de 1097, o Conde D. Henrique é mencionado em documentos como Conde de Tordesilhas. Três destes Nobres Franceses contraíram matrimónio com filhas do Rei Afonso VI. O D. Raimundo de Borgonha com a Infanta D. Urraca Afonso, que sucedeu a seu pai no Trono Leonês. D. Raimundo de Saint-Gilles com Infanta Elvira Afonso. E o D. Henrique de Borgonha com Teresa Afonso de Leão, filha nascida da relação extraconjugal de D. Afonso VI com a Donna Ximena Moniz. Entre o primeiro trimestre de 1096 e o final de 1097, o Conde D. Raimundo, ao ver a sua influência reduzida na Corte, acordou com o seu primo D. Henrique de Borgonha, que ainda não tinha sido nomeado Governador de Portugal, a partilha do poder, o Tesouro Real e o apoio mútuo. Através desta aliança, que teve a aprovação do Abade Hugo de Cluny, parente de ambos, D. Raimundo "prometia sob juramento a seu primo Henrique entregar o Reino de Toledo e um terço do Tesouro Real quando Afonso VI morresse". Se ele não pudesse entregar o Reino de Toledo, ele daria a Galiza. Don Henrique, por sua vez, comprometeu-se a ajudar Don Raimundo a obter "todos os domínios do Rei Afonso e dois terços do Tesouro". O Rei Afonso VI parece ter tido conhecimento do acordo e para contrariar a iniciativa dos seus dois genros, nomeou Don Henrique Governador da região que se estende desde o Rio Minho até ao Rio Tejo, que até então era Governada pelo Conde Raimundo. Este viu o seu poder reduzido apenas ao Governo da Galiza. Por questões políticas e estratégicas, após enviuvar a Rainha Urraca de Leão, meia-irmã de Donna Teresa de Leão, casou-se com o Rei Afonso I de Aragão. D. Henrique de Borgonha, tirando partido dos conflitos familiares e políticos surgidos em torno da sua cunhada D. Urraca, declarou a Independência do Condado Portucalense. Morreu em Astorga a 22 de maio de 1112. O seu corpo foi transferido, como havia ordenado, para a Cidade de Braga, onde foi sepultado na Capela-Mor da Catedral que tinha fundado.


Após a sua morte, Donna Teresa Governou o Condado durante a menoridade do futuro Afonso I de Portugal, que tinha apenas três anos de idade à data da morte do pai. O Conde Don Henrique foi o líder de um grupo de Cavaleiros, Monges e Clérigos de Origem Francesa que exerceram uma grande Influência na Península Ibérica e impulsionaram muitas reformas e a implementação de Instituições Transpirenaicas, como o costumes Cluniacenses e o Rito Romano. Essas pessoas ocuparam postos eclesiásticos e políticos relevantes, o que provocou uma forte oposição durante os últimos anos do Reinado do Imperador da Hispânia Don Afonso VI. Descendência de Don Henrique de Borgonha, Conde de Portucale. Casou-se com a Infanta Teresa de Leão antes de 18 de dezembro de 1095. Deste matrimónio nasceram.

Donna Urraca Henriques (nasceu ca. 1095-depois de 1169). Casou-se com o Conde Galego Bermudo Peres de Trava, filho do Conde Pedro Froilaz, com descendência.

Donna Sancha Henriques (c. 1097-1163). Casou-se com Don Sancho Nunes de Celanova, de quem teve sucessão, e depois de enviuvar, Casou com Don Fernão Mendes de Bragança II 
Senhor de Bragança, sem descendentes deste casamento.

Donna Teresa Henriques (nasceu ca. 1098).

Don Henrique (ca.1106-1110).

Don Afonso Henriques (1109-1185). Primeiro Rei de Portugal, casado com Donna Mafalda de Saboia.

Don Pedro Henriques (m. 1165). Monge no Mosteiro de Alcobaça onde foi sepultado.

Infanta D. Teresa de Leão


Teresa de Leão, Condessa de Portugal, em galaico-português, Tarásia ou Tareja de Portugal, mais conhecida em Portugal apenas por Donna Teresa, ca. 1080. Póvoa de Lanhoso ou Mosteiro de Monte Derramo, 11 de novembro de 1130, foi Condessa de Portugal de 1112 a 1128. Era Infanta do Reino de Leão e Condessa do Condado Portucalense, Governando como Rainha. Esposa de Don Henrique de Borgonha, Conde de Portucale e mãe de Don Afonso Henriques, fundador do Reino de Portugal e primeiro Rei de Portugal. A Infanta Donna Teresa era filha ilegítima do Rei Afonso VI de Leão e Castela e de Donna Ximena Moniz, uma Nobre Castelhana filha da Condessa Velasquita Moniz e de Munio Moniz de Bierzo, Conde de Bierzo. Viveu toda a infância na companhia da sua mãe e do seu avô materno, que a educaram, e da sua irmã Donna Elvira. Em 1093 a Infanta D. Teresa foi dada pelo seu pai em casamento a Don Henrique de Borgonha, um nobre francês que o tinha ajudado em muitas conquistas aos mouros. D. Teresa tinha à data treze anos e Henrique 24 anos. O Rei Afonso VI doou-lhes então o Condado de Portugal, território entre o Minho e o Vouga que, a partir de 1096, se estenderia entre o Minho e o Tejo. D. Henrique teve vários filhos, mas poucos sobreviveram. O único varão que chegou a adulto foi D. Afonso Henriques, além das suas filhas Urraca, Sancha e Teresa Henriques. Depois da morte de Don Henrique em 1112, Donna Teresa Governou o Condado como Rainha, por direito próprio, sendo reconhecida como tal pelo Papa, pela sua irmã, a Rainha D. Urraca de Leão e, posteriormente, por seu sobrinho o Rei D. Afonso VII de Leão. A partir de 1117 assina como "Ego regina Taresia de Portugal regis Ildefonssis filia". Atacadas pelas forças de sua meia-irmã, a Rainha D. Urraca, as forças de D. Teresa recuaram desde a margem esquerda do Rio Minho, derrotadas e dispersas, até que D. Teresa se encerrou no Castelo de Lanhoso. Aí sofreu o cerco imposto por D. Urraca em 1121. Em posição de inferioridade, D. Teresa conseguiu ainda negociar o «Tratado de Lanhoso», pelo qual salvou o seu Governo do Condado Portucalense.


Em aliança com D. Teresa na revolta galaico-portuguesa contra a Rainha D. Urraca esteve o Conde Fernão Peres de Trava, da mais poderosa Casa do Reino da Galiza. Os triunfos nas «Batalhas de Vilasobroso e Lanhoso» selaram a aliança entre os Condes de Trava e a Rainha Teresa de Portugal. O Conde Fernão Peres de Trava passou assim a Governar o Porto e Coimbra e a firmar com Teresa importantes disposições e documentos no Condado de Portugal. Com a morte da Rainha D. Urraca, o Conde Fernão Peres de Trava tornou-se um grande aliado do Rei Afonso VII de Leão e Castela no Reino da Galiza. A aliança e ligação de D. Teresa com o Conde Galego Fernão Peres de Trava, de quem teve duas filhas, indispuseram contra ela os Nobres Portucalenses e o seu próprio filho D. Afonso Henriques. A Rainha D. Teresa exercera a regência do Condado Portucalense durante a menoridade de D. Afonso Henriques. Mas em 1122, sob a orientação de D. Paio Mendes Arcebispo de Braga, Don Afonso pretendeu assegurar o seu domínio no Condado e Armou-se Cavaleiro em Zamora. Em breve os interesses estratégicos de mãe e filho entraram em conflito. Em 1128, juntando os Cavaleiros Portugueses à sua causa contra o Conde Fernão Peres de Trava e a Rainha Teresa de Leão, Don Afonso Henriques derrotou ambos na «Batalha de São Mamede», quando pretendiam tomar a soberania do espaço galaico-português, e assumiu o Governo do Condado. Obrigada desse modo a deixar a Governação, alguns autores defendem que foi detida pelo próprio filho no Castelo de Lanhoso ou se exilou num Convento na Póvoa de Lanhoso, onde veio a falecer em 1130. Modernamente, depreende-se que após a Batalha e já em fuga, ela e o Conde Fernão Peres foram aprisionados e expulsos de Portugal. A Rainha D. Teresa teria falecido na Galiza, possivelmente no Mosteiro de Monte Derramo que refundara em 1124, de acordo com um Documento assinado em Alhariz. Os seus restos mortais foram trazidos mais tarde, por ordem expressa do seu filho já Rei Afonso I de Portugal, para a Sé de Braga, onde ainda hoje repousam junto ao túmulo de seu marido, o Conde D. Henrique. Do seu casamento com D. Henrique de Borgonha, Conde de Portugal, nasceram seis filhos. De sua relação com Fernão Peres de Trava nasceram duas filhas.

D. Sancha Fernandes de Trava, que casou três vezes, tendo filhos apenas de seu primeiro marido, o Conde Alvaro Rodrigues de Sarria.


D. Teresa Fernandes de Trava (morta em 1180 e sepultada no Mosteiro de San Isidoro de Leão) casou-se em primeiras núpcias com o Conde Nuno Peres de Lara, com quem teve descendência, e em segundas núpcias, em Setembro de 1178, com o Rei Fernando II de Leão.