Editais e Noticias – Fevereiro de 1806
Em Resolução de 24
de Outubro de 1805, foi o Príncipe Regente Nosso Senhor servido graduar em 2º
Tenente da Armada Real a Venceslau Anselmo Soares, Cirurgião extraordinário da
mesma Armada.
Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de
Lisboa na edição de Sexta-feira de 7 de Fevereiro de 1806.
França–Paris 9 de
Janeiro de 1806
Anunciam os nossos Diários que a Esquadra de Rochefort, que à pouco voltou aos nossos portos, partira da Ilha de Aix á 161 dias. Andou no mar 148 dias consecutivos; e fez ao inimigo as prezas seguintes: a corveta 'Ranger', de 26 peças de artilharia e 121 homens d’equipagem: as três embarcações mercantes 'Maryland', indo de Guernsey para a Terra Nova; o cúter de guerra 'Dove' que saíra de Plymouth para Gibraltar, e o brigue 'Febo', indo de Gibraltar para Granada, os Navios Mercantes 'São Cristóvão', 'Surinam', 'Tabago', 'Santa Helena' e 'Domerary' ião para Londres: o Navio de Linha 'Calcutá', armado em guerra, com 54 peças de artilharia; uma parte do comboio de Navios Mercantes de Inglaterra para Lisboa e o Porto: outra do comboio destinado para a costa de África; e um grande numero de embarcações sem comboio, de sorte que colheu 800 prisioneiros Ingleses. Na Esquadra vieram poucos enfermos. Sabe-se que o Almirante Linois, chegou com a sua Divisão ao Cabo da Boa Esperança, a tempo de antecipar-se á expedição que ultimamente saio para ali dos portos de Inglaterra.
Anunciam os nossos Diários que a Esquadra de Rochefort, que à pouco voltou aos nossos portos, partira da Ilha de Aix á 161 dias. Andou no mar 148 dias consecutivos; e fez ao inimigo as prezas seguintes: a corveta 'Ranger', de 26 peças de artilharia e 121 homens d’equipagem: as três embarcações mercantes 'Maryland', indo de Guernsey para a Terra Nova; o cúter de guerra 'Dove' que saíra de Plymouth para Gibraltar, e o brigue 'Febo', indo de Gibraltar para Granada, os Navios Mercantes 'São Cristóvão', 'Surinam', 'Tabago', 'Santa Helena' e 'Domerary' ião para Londres: o Navio de Linha 'Calcutá', armado em guerra, com 54 peças de artilharia; uma parte do comboio de Navios Mercantes de Inglaterra para Lisboa e o Porto: outra do comboio destinado para a costa de África; e um grande numero de embarcações sem comboio, de sorte que colheu 800 prisioneiros Ingleses. Na Esquadra vieram poucos enfermos. Sabe-se que o Almirante Linois, chegou com a sua Divisão ao Cabo da Boa Esperança, a tempo de antecipar-se á expedição que ultimamente saio para ali dos portos de Inglaterra.
Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de
Lisboa na edição de Sexta-feira de 14 de Fevereiro de 1806.
Grã-Bretanha–Londres 22 de Janeiro de 1806
Ontem se tornou a abrir o Parlamento por Comissão do Rei, e os Pares, a quem fora dada, dirigirão a ambas as Câmaras o discurso seguinte:
“Mylords
e senhores. Conforme a autoridade que nos dá a Comissão do Rei sob o Selo
Grande, entre outras coisas, para declarar a causa por que se convoca este
Parlamento, ordena-nos Sua Majestade que fixemos em particular á vossa atenção
sobre o sucesso o mais decisivo com que a Providencia se designou a abençoar as
armas de Sua Majestade por mar, desde que ultimamente estiveram congregados em
Parlamento. A actividade e perseverança das Armadas de Sua Majestade se têm
evidentemente dado a conhecer no alcance e ataque das diferentes Esquadras do
inimigo, havendo todo o encontro terminado em honra da bandeira Britânica, e diminuição
da força naval das Potências com quem Sua Majestade se acha em guerra. A
vitória porém obtida da Esquadra combinada de França e Espanha na altura do
cabo Trafalgar tem manifestado, mais que proeza alguma referida ainda mesmo nos
Anais da Marinha Britânica, a perícia e espirito empreendedor dos Oficiais e
gente do mar de Sua Majestade; e a destruição de uma tão grande parte da força
naval do inimigo não só confirma, pelo modo mais assinalado, a superioridade
deste País, mas contribua essencialmente para a seguridade dos Domínios de Sua
Majestade. S. M. sente sumamente que o dia daquele memorável triunfo se
houvesse por desgraça toldada com a morte do heróico Chefe debaixo de cujo
comando se consegui-o; e está persuadido de que conhecereis que este lamentável
mas glorioso fim, numa série de transcendentes proezas pede uma distinta
significação do permanente reconhecimento da pátria; e que portanto
concorrereis de boa vontade para habilitado a juntar àquelas honras, que
conferi-o á família do defunto Lord Visconde Nelson, uma mostra da munificência
nacional, que posa conservar até á mais remota posteridade a memória de seu
nome e serviços, e o bem proveniente do seu grande exemplo. S. M. nos ordena
outrossim que vos informemos que, enquanto se firmou e manteve tão
uniformemente a superioridade das suas armas por mar, não deixou de fazer as
suas diligências por aplicar os meios, que tão liberalmente estavam postos á
sua disposição, em subsídio daquelas Potências do Continente que se mostravam
determinadas a resistir às formidáveis e progressivas usurpações da França. S.
M. deu ordem para que se ponham na vossa presença os diversos Tratados
ajustados para este fim; e posto que não possa deixar de sentir muito que os
acontecimentos da guerra em Alemanha tenham frustrado as suas esperanças, e
conduzido a um êxito desfavorável, todavia tem S. M. uma confiança de que,
examinados que sejam os passos que tem dado, sereis da opinião que nada tem
ficado por fazer da sua parte para esteirar os esforços dos seus aliados, e que
tem procedido bem conformemente aos princípios que declarou seguir, e que o
Parlamento reconheceu por essenciais, assim para os interesses e seguridade dos
domínios de Sua Majestade como a segurança geral do Continente. Serve a Sua
Majestade uma grande consolação, consolação em que está persuadido que tereis
parte, o considerar que posto que o Imperador da Alemanha se visse obrigado a
separar-se da contenda, continua S. M. a receber de seu augusto aliado o
Imperador da Rússia as mais fortes seguranças, de uma inalterável aderência
aquela generosa e iluminada política de que até aqui tem sido levado; e S. M.
não duvida de que fiqueis inteiramente capacitados das importantes vantagens
que devem provir do conservar em todo o tempo a mais estreita e intima conexão
com aquele Soberano. Senhores da Camara dos Comuns Sua Majestade, deu ordem
para que se ponha na vossa presença o mapa das despesas do ano, e ordena-nos
que vos asseguremos que elas são calculadas segundo aquela proporção de esforço
que o estado actual do país torna indispensável. S. M. espera confiadamente que
lhe concedeis os subsídios, que, por uma devida deliberação, se mostrar que pedem
as exigências públicas. S. M. deseja sinceramente contribuir, por todos os
meios que estão em seu poder, para aliviar os encargos que necessariamente se
devem impor ao seu povo, e que este intuito mandou que a soma de um milhão
esterlino, que é parte do produto da venda daquelas presas feitas às Potências
com quem se acha em guerra, e que pela lei pertence á coroa, se aplique para o
serviço público do ano.
Mylords e senhores, Sua Majestade está inteiramente persuadido de que qual for a ufania e confiança, que tenhais em comum com o Soberano, no sucesso que tem distinguido as armas Britânicas, no curso da presente contenda, ficareis capacitados do quanto os acontecimentos da guerra no Continente, por onde tão infelizmente se tem entendido o predominante poder e influência da França, pedem a continuação de toda a vigilância e esforço. Nesta persuasão, espera S. M. que a vossa atenção se dirija invariavelmente ao melhoramento daqueles meios que se acham no valor e disciplina das suas forças, no zelo e lealdade de todas as classes dos seus vassalos e nos inexauríveis recursos dos seus domínios, para tornar o Império Britânico tão invencível de dentro, como formidável de fora; estando na convicção de que só por tais esforços é que a contenda pode vir a ter um fim compatível com a seguridade e independência do país, e com a figura que ele faz entre as Nações do Mundo”.
Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de
Lisboa na edição de Terça-feira de 18 de Fevereiro de 1806.
França–Paris 22
de Janeiro de 1806
O Ministro da Marinha fez saber aos Comandantes dos Navios de Sua Majestade Imperial, e aos Capitães dos corsários Franceses, que em virtude da ratificação do Tratado de paz concluído em Presburgo, se abstenham de todo o acto de hostilidade contra as embarcações Austríacas, as quais serão recebidas em todos os portos da França como antes do rompimento da guerra.
O Ministro da Marinha fez saber aos Comandantes dos Navios de Sua Majestade Imperial, e aos Capitães dos corsários Franceses, que em virtude da ratificação do Tratado de paz concluído em Presburgo, se abstenham de todo o acto de hostilidade contra as embarcações Austríacas, as quais serão recebidas em todos os portos da França como antes do rompimento da guerra.
Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de
Lisboa na edição de Sexta-feira de 21 de Fevereiro de 1806.
Grã-Bretanha –
Londres 30 de Janeiro de 1806
A 9 deste mês é que se procedeu aqui ao enterro do Almirante Lord Nelson, cujo corpo, depois de ter sido transportado no dia precedente do Hospital de Greenwich para Whitehall Stairs, e consecutivamente para o Almirantado, foi dali conduzido á Catedral de São Paulo com a maior pompa fúnebre que se tem visto neste reino; pois o acompanharam á sepultura mais de três mil pessoas de todas as classes da nação Britânica, inclusos os Príncipes da Casa Real, havendo este espectáculo excitado a curiosidade de todos os moradores de Londres.
A 9 deste mês é que se procedeu aqui ao enterro do Almirante Lord Nelson, cujo corpo, depois de ter sido transportado no dia precedente do Hospital de Greenwich para Whitehall Stairs, e consecutivamente para o Almirantado, foi dali conduzido á Catedral de São Paulo com a maior pompa fúnebre que se tem visto neste reino; pois o acompanharam á sepultura mais de três mil pessoas de todas as classes da nação Britânica, inclusos os Príncipes da Casa Real, havendo este espectáculo excitado a curiosidade de todos os moradores de Londres.
Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de
Lisboa na edição de Sexta-feira de 28 de Fevereiro de 1806.
O Almirantado publicou com data de 9 deste mês a notícia seguinte:
"A 25 do mês passado topou o Almirante Duckworth com uma esquadra Francesa composta de 6 naus de linha e 1 fragata, na lat. 31º Long. 20º, e lhe deu caça até á lat. 28º47’ long. 19º37’, senão quando por ser ela muito mais veleira, a perdeu de vista: a esse tempo o seu próprio navio a nau de linha 'Soberbo' ficava a 6 milhas do navio inimigo que ia mais a ré, e já não avistava ele pela popa 3 dos seus próprios navios. A caça continuou por 31 horas. Pela fragata 'Amethysta', destacada da esquadra do sobredito Almirante, se recebeu em Plymouth a notícia de que os navios do Inimigo avistados a 25 de Dezembro ao pé de Tenerife, eram uma divisão da esquadra Francesa de Brest; e que o Almirante Duckworth os haveria alcançado, a não se ter detido á espera dos navios (naus de linha) 'Donnegal', 'Canopus' e 'Powerful', que por serem ronceiros lhe ficaram a 25 milhas pela popa. Supõem-se que vão às Índias Ocidentais os referidos navios do inimigo, cuja pintura era como a das nossas naus de guerra, e pareciam ir cheios de tropas. O Almirante Duckworth vai em seu alcance do melhor modo que lhe é possível."
A 28 de Janeiro, tratando-se em ambas as Câmaras do Parlamento das últimas vitórias navais, resolveu-se unanimemente que se dessem os agradecimentos do Parlamento aos Lords Collingwood e Northesk, como também ao cavaleiro Strachan e aos Oficiais, gente de mar e tropas de marinha, que tiveram parte das memoráveis batalhas dos Cabos Trafalgar e Ortegal. Na mesma ocasião se assentou uniformemente em dirigir uma representação a S. M. para que se dignasse de mandar que na Catedral de São Paulo, de Londres, se erigisse um monumento á memória do defunto Almirante Visconde Nelson, que perdeu a vida ao tempo que se alcançava a mais gloriosa e decisiva vitória das esquadras combinadas de França e Espanha, por efeito da sua grande perícia e valor, a 21 de Outubro, na altura do Cabo Trafalgar. A fragata 'Narciso', que partiu de Irlanda com a expedição comandada pelo Cavaleiro Home Popham, esteve em Santa Helena, e tornou dali a fazer-se á vela para se reunir com o dito Chefe, cuja destinação se supunha ser contra o Cabo da Boa Esperança. Por um navio Americano, que topou com o comboio na altura do Cabo, consta que o Almirante Francês Linois a bordo da nau de linha 'Marengo', se conserva com a nau de linha 'Bellopoule', cruzava entre o Cabo e Santa Helena á espera do comboio. Por tanto se conjecturava que o navio 'Weymouth', com outros dois destinados para a Índia, partirão para o Rio de Janeiro, depois de se separarem dos denominados navios 'Bearing' e 'Early Castle'. A nau da Índia 'Brunswick', que foi apresada por Linois, e a fragata de guerra Francesa 'Atlântico', segundo a voz que corre, naufragarão sobre a costa do Cabo da Boa Esperança.
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