quinta-feira, julho 31, 2014

Batalhas e Combates-1750 II

Golfo de Cambaia
(Fins de 1750)


A 30 de Julho de 1750 faleceu Dom João V, a 7 de Setembro teve lugar a aclamação de Dom José I que a 11 de Agosto já havia nomeado ministro dos negócios estrangeiros e da Guerra o Marquês de Pombal. Por esta altura a esquadra portuguesa da Índia era constituida por duas Naus de guerra, três Fragatas, um Patacho, uma Pala, quatro Gálias, dezoito Galvetas e uma ou duas dezenas de Manchuas e outras embarcações. No mar o nosso principal inimigo continuava a ser o Angriá, embora existissem outros corsários, Melondim, Bounsuló, Sanganes, etc, que embora de menor importância, não  deixavam de nos causar preocupações. Em razão da grande quantidade de corsários que infestavam a costa ocidental da Índia toda a nossa navegação tinha de ser feita em comboios escoltados. Logo que era entrado o «Verão» e chegavam as Naus mercantes do Reino com gente e dinheiro fresco começavam a ser organizados os comboios para o Norte e para o Sul que geralmente largavam de Goa durante os meses de Outubro ou Novembro, qualquer deles escoltados em regra por duas Naus de guerra ou Fragatas caodjuvadas por alguns navios de menor porte. Normalmente os mesmos comboios regressavam a Goa em Dezembro a fim de permitir que parte dos passageiros e carga que traziam embarcassem nas Naus de torna-viagem que largavam para o Reino por todo o mês de Janeiro. A 13 de Novembro de 1750 largou de Goa o comboio do Norte, escoltado pela Fragata "N. S. do Vencimento", não sabemos de quantas peças, pelo Patacho "São Miguel" com 28 peças e por quatro Manchuas. Provavelmente terá escalado Bombaim, Damão, Surrate e Diu, como era habitual. A 4 de Dezembro, depois de reforçado com uma Pala que estava em Diu, deixou esta cidade rumo a Damão. Poucas horas após a largada foi avistada, cosida com a terra, uma Pala que logo se suspeitou ser de algum corsário. Deu-lhe imediatamente caça o "São Miguel". Procurando escapar-se, a Pala acabou por encalhar numa restinga de areia, ficando provavelmente adornada e sem possibilidade de se servir da artilharia. Pretendendo apoderar-se dela, o Capitão do Patacho Bernardo Carneiro de Alcáçova, encrregou dessa tarefa o escaler armado em guerra. Mas quando este se aproximou da Pala foi recebido com intenso fogo de mosquete que matou um e feriu sete dos seus tripulantes, obrigando-o a bater em retirada. No dia seguinte, ao amanhecer, foi feita uma segunda tentativa, provavelmente com o escaler melhor guarnecido. Após um curto duelo de mosquetaria os tripulantes da Pala lançaram-se à água e fugiram a nado para terra sem mesmo se terem lembrado de lhe pôr fogo. Constataram então os portugueses que não era possivel pô-la novamente a flutuar, pelo que se limitaram a tirar-lhe a artilharia e outro material que tinha a bordo e a queimá-la. Entretanto, é de supor que o comboio tenha continuado a sua marcha sob a protecção da Fragata e dos navios ligeiros. A 26 de Novembro o "São Miguel" regressou a Diu, possivelmente para desembarcar os feridos e o material da Pala.


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