Fortes e Foartalezas de Costa - Atlatico - Brasil XIII
FORTES E FORTALEZAS DE COSTA NO BRASIL - ALAGOAS
FORTE DE SÃO JOÃO DE MACEIÓ
Primeira fortificação a ser erguida na
Província após a segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), teve a
sua pedra fundamental lançada a ‘13 de maio de 1819’, pelo Governador Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, sendo o seu nome
uma homenagem ao Rei Dom João VI
(1816-1826). O seu primeiro comandante foi o 1º Tenente de Artilharia João da Silva Pinheiro. Embora jamais
tenha chegado a ser concluído, foi artilhado inicialmente com quatro peças de
ferro de calibre 24, necessitando de mais dez peças de bronze de calibre 36,
num total de catorze peças. Provavelmente em faxina e terra, como o vizinho ‘Forte
de São Pedro de Jaraguá’, o Comandante das Armas da Província de Alagoas, Coronel Joaquim Mariano de Oliveira Belo,
em participação ao vice-Presidente em exercício da Província, Nóbrega de Vasconcelos, comunicou a ruína
desta estrutura defensiva, pleiteando os recursos para o seu reparo, orçados em
6:340$920 réis (1828). No ano seguinte, foi-lhe erguido em anexo um Trem, com
pedra desembarcada do Brigue Providência. Em 1830, quando da inspecção das
fortificações daquela Província, efectuada pelo Tenente-Coronel de Artilharia Francisco Samuel da Paz Furtado de
Mendonça, este oficial observou que seriam necessários recursos da ordem de
15.110$020 réis para o remonte deste forte. Presumivelmente sem que os recursos
necessários tenham sido disponibilizados, uma ordem do Comandante das Armas
interino da Província, Major Manoel Mendes da Fonseca, fez recolher ao Trem as
peças e demais petrechos do forte," em
vista de sua completa ruína".
FORTE DE SÃO PEDRO DE JARAGUÁ
O Forte de São Pedro de Jaraguá localizava-se na
enseada onde hoje se inicia o cais do porto de Jaraguá, no centro histórico de
Maceió, litoral do actual estado brasileiro de Alagoas.
Segundo forte a ser erguido na província
após as Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), pelo governador Sebastião
Francisco de Melo e Póvoas (1819-1822), o seu nome foi uma homenagem ao
Príncipe Regente, posteriormente
Imperador Dom Pedro I (1822-1831). Embora informe que se destinava à defesa
do caminho de Maceió, destinava-se a cruzar fogos com o Forte de São João de
Maceió, iniciado em 1819, na defesa do porto da cidade. Em faxina e terra,
estava artilhado com 21 peças. O Comandante
das Armas da Província de Alagoas, Coronel Joaquim Mariano de Oliveira Belo,
em participação ao vice-Presidente em exercício da Província, Nóbrega de Vasconcelos, em 1828,
comunicou a ruína desta estrutura defensiva.
FORTE DO ESPIRITO SANTO DO PORTO FRANCÊS
O Forte do Espírito Santo do Porto do Francês
localizava-se no morro fronteiro à barra do porto do Francês, hoje praia do
Francês, na cidade de Alagoas, actual Marechal Deodoro, no litoral do estado
brasileiro de Alagoas.
Esta estrutura foi identificada como Forte
do Francês, e referida como 'Forte do Espírito Santo'. Trata-se de fortificação
contemporânea das demais da recém-criada Província de Alagoas, na segunda
década do século XIX, e visava defender a barra e o porto do Francês, acesso à
antiga 'Capital da Província'. Estava guarnecida por um Cabo e três Soldados, sob
o comando da 2ª Tenente de Artilharia Francisco José do Rego Lima Barroso, e
artilhada com quatro peças, três de calibre 9 e uma de calibre 6. Provavelmente
de faxina e terra, encontrava-se arruinada já em 1830, quando da inspecção das
fortificações daquela Província, efeituada pelo tenente-coronel de Artilharia
Francisco Samuel da Paz Furtado de Mendonça. Na época, o Comandante das Armas
da Província declarou inútil qualquer acção de reparo.
FORTE MAURICIO DO PENEDO
O Forte Maurício do Penedo localizava-se na altura da
vila do Penedo do rio de São Francisco (hoje Penedo), no actual estado
brasileiro de Alagoas.
Em posição dominante sobre uma elevação na
margem esquerda do rio São Francisco, a cerca de trinta quilómetros acima da
sua foz, foi erguido no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil
(1630-1654) por determinação de Maurício de Nassau (1604-1679), quando as suas
tropas batiam as do conde de Bagnoli em retirada para a capitania da Bahia,
após a queda da vila do Porto Calvo, em Março de 1637, ocasião em que se
apoderou da vila do Penedo. O forte destinava-se a interromper as comunicações
e suprimentos de gado inimigos, por terra, para a Bahia. Figura nas ilustrações
de Frans Post (1612-1680) como "Castrum Maurity ad ripam Fluminis S.
Francisci" (1637). O próprio Nassau descreve-o:
"Tem cinco pontas, e está assentado
sobre uma rocha escarpada que se eleva a 80 pés de altura sobre o rio. De um
lado é tão escarpado que se faz inacessível, e do outro lado, onde de algum
modo o inimigo poderia chegar, é defendido por três baluartes. Na sua
vizinhança a terra é baixa, exceptuando um monte, a qual durante todo o verão
se cobre de água, que se eleva à altura de um homem. O forte tem altas muralhas
e fossos fundos, mas secos (...)."Complementavam a sua defesa, um fortim
que lhe era fronteiro, do outro lado do rio, "(...) onde se fez uma
bateria sobre uma árvore com três peças de calibre seis. (...)", e no mesmo lado do rio, em um pântano junto à foz,
mais "um reduto denominado 'Keert de
Koe', que serve para dominar aí o rio, conservar o rio, proteger os nossos
navios e termos um pé em terra nesse lugar."
Nassau dá essas fortificações como sofrivelmente
providas de artilharia, munição e víveres, guarnecidas por um efectivo de cerca
de 300 homens. Apenas refere o Forte Maurício e "outro junto à barra do rio [São Francisco].", Transcrevendo
relatório do próprio Nassau aos Estados Gerais e à direcção da Companhia
Neerlandesa das Índias Ocidentais citando ter erguido "um forte bastante
sólido (...) resolvendo colocar outro menor na própria foz.". Sob o
comando do neerlandês Henderson foi ampliado e melhorado. Adriaen van der
Dussen complementa, atribuindo-lhe um efectivo de seis companhias com 541
homens: "(...) o forte Maurício, à
margem do rio São Francisco, no morro chamado Penedo, situado 5 ou 6 milhas da
foz, rio acima; o morro é alto e íngreme e só há um ponto de aproximação pelo
qual se pode chegar ao forte. (...) Está situado na margem Norte do rio e tem
cinco baluartes, dos quais três estão voltados para o lado pelo qual é possível
atingir o forte, que domina o rio e a planície em torno, que no verão o rio
cobre. No forte estão 7 peças de bronze, 2 de 12 lb, 3 de 6 lb e 2 de 3
lb." (Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil,
4 de Abril de 1640) transcreve o Relatório de Dussen:
" (...)
O forte Maurício preside a passagem do rio de São Francisco, e está construído
num morro alto e inclinado, a 5 ou 6 léguas do Oceano, na margem do norte. Dá
acesso apenas de um lado. Poderoso pelos seus cinco bastiões e sete peças de
metal, domina a planície circunjacente, submersa, durante os meses estivos, nas
águas estagnantes."
Atribui-lhe, entretanto, guarnição de 540 homens.
Sitiado por forças portuguesas sob o comando do Capitão Valentim da Rocha Pita
e do Capitão Nicolau Aranha, capitula em 19 de Setembro de 1645, sendo sua
artilharia remetida para o Arraial Novo do Bom Jesus. Foi reocupado por tropas
neerlandesas entre Novembro de 1646 e Abril de 1647, quando da tentativa
malsucedida de reconquista da Bahia naquele ano. O forte não sobreviveu à
campanha: o pedido dos moradores foi arrasado até aos alicerces refere que
tanto em 1916, quanto em 1924, ocasiões em que visitou a cidade, o local em que
existiu o forte, próximo ao Convento de São Francisco, ainda era conhecido como
largo do Forte, informação repetida.
FORTIFICAÇÕES DO BOM SUCESSO DO PORTO CALVO
As Fortificações do Bom Sucesso do Porto Calvo
localizavam-se junto à foz do rio Manguaba, defendendo a vila do Bom Sucesso do
Porto Calvo (hoje Porto Calvo), no litoral norte do actual estado brasileiro de
Alagoas.
O Forte de Bom Sucesso do Porto Calvo
remonta a uma fortificação de campanha erguida no contexto da segunda das
Invasões holandesas do Brasil (1630-1654) pelo conde de Bagnoli em 1634, por
determinação do Superintendente da Guerra da Capitania de Pernambuco, Matias de Albuquerque (c. (1590-1647).
Em faxina e terra, foi conquistado por forças neerlandesas da frota do Almirante Joan Cornellizon Lichthart, em
Março de 1635, que o fez reforçar e ampliar. Guarnecido por 420 homens sob o
comando do Sargento-mor Alexandre Picard,
foi cercado a 12 de Julho e reconquistado a 19 de Julho de 1635 por Matias de Albuquerque e António Filipe
Camarão (c. 1601-1648) em retirada para a capitania da Bahia após a queda
do Arraial Velho do Bom Jesus. Domingos
Fernandes Calabar (1609-1635) foi aí capturado na ocasião e, após
julgamento sumário, foi enforcado e esquartejado (22 de Julho), tendo os seus
despojos sido expostos em praça pública. Logo após, a posição foi abandonada,
de modo que à chegada de Sigismund van
Schkoppe, a 24 de Julho, a povoação foi encontrada deserta. Reocupada por
tropas portuguesas em Janeiro de 1636, as suas defesas foram reparadas e
reforçadas pelo conde de Bagnoli, na
iminência do ataque de Maurício de Nassau
(1604-1679) a Porto Calvo (1637).
"De
antemão [Bagnoli] fortificara as margens do rio [Manguaba] com trincheiras para
as quais se retirou, informado da chegada de Nassau, seja por desconfiar dos
armamentos, pois em soldados se avantajava a nós, seja com o fim de atrair os
nossos para debaixo do baluarte do referido porto [das Pedras]. Junto de um
ribeiro distante do forte uma légua, assentou, num monte, os arraiais, com
poder de 2.000 combatentes. Cercou o campo com dupla linha de trincheiras,
fechando os desfiladeiros com toros e troncos de árvores cortados por toda a
parte. O plano era conter aí o ímpeto dos holandeses para que ele, Bagnoli,
mais próximo da fortaleza, pudesse defendê-la com forças armadas e ser por ela
defendido."
E complementando sobre a retirada de Bagnoli para o
rio Camarajibe, abandonando Porto Calvo à própria sorte:
"O Conde
[de Nassau] conduziu o exército [neerlandês] vencedor pela raiz das colinas,
justamente para debaixo da fortaleza [de Porto Calvo]. Bagnoli, munidas as suas
estâncias no monte, fez fogo contra os nossos o dia inteiro, como também o
fizeram os que estavam no forte, mas com muito estrépito e pouco dano. Nesse
mesmo dia, Schkoppe com os seus soldados e Lichthart com os seus marinheiros
foram destacados pelo Conde [de Nassau] para tomarem a ilha [na confluência
fluvial, fronteira à povoação de Porto Calvo], facilitando-se destarte o
transporte das provisões. Durante a noite, o general espanhol ajuntou a bagagem
e escapuliu-se, abandonando três canhões de bronze. Temeu ficar na fortaleza
para não se envolver na rendição dela, e não se atreveu a impedir o cerco aos
nossos para não desfalcar os seus exércitos. No dia seguinte, Nassau,
examinando novamente as fortificações dos inimigos, (...) [quando] delas se
aproximava, saltaram com fogos ocultos que Bagnoli, saindo alta noite, lhes
deitara por cilada."
Destacam-se nesta ocasião a batalha de Barra Grande,
em que se notabilizou a tropa feminina de Clara Camarão (m. 1648), e a defesa
de 'Porto Calvo' pelo espanhol Miguel Guiberton, que capitulou com honras
militares ante os neerlandeses (Março de 1637) após um assédio de treze dias, descreve
a capitulação:
"Saindo
da praça o vice-governador espanhol Miguel Guiberton, ilustre nas lutas contra
a Holanda, oito capitães, sete alferes, quinhentos soldados, entre italianos,
portugueses e espanhóis, além dos enfermos e dos feridos, fizeram nossa vitória
gloriosa e útil, porquanto aos despojos de guerra se ajuntaram 22 peças de
bronze, 5 de ferro, 4 morteiros, grande quantidade degranadas e de balas de
ferro, morrões e outros petrechos bélicos e todo o arsenal do rei ali
existente."
Os vencedores
procederam-lhe os reparos devidos: "Providenciadas
as coisas necessárias à fortificação e resistência dos baluartes, foi Schkoppe
enviado para as Alagoas (...)."Nassau, no "Breve Discurso" de 14 de janeiro de 1638, sobre o tópico
"Fortificações",
descreve-o:
" (...)
Depois da conquista foi muito fortificado, mas ficou tal como era antes, muito
irregular, e se faz mister cercá-lo de uma contra-escarpa com uma sólida
paliçada. Este forte conserva ainda toda a sua artilharia e quase toda a
munição que nele foi encontrada, apenas fez-se retirar algumas peças que não
eram necessárias e estavam desmontadas. Está pois bem provido de tudo, e
guarnecem-no duas companhias de soldados. Este forte está assentado sobre um
monte alto e isolado, e não há na vizinhança outros montes altos que o dominem;
correm rios ao longo de dois dos seus lados. No forte há um poço com 18 braças
de profundidade, construído com pedras de cantaria quadradas, que se elevam
desde o fundo até à borda, e fornece água excelente."
Adriaen van der Dussen complementa, formando um efectivo
de quatro companhias, com 380 homens, estacionadas em Porto Calvo:
" (...)
o Forte Bom Sucesso, na povoação do Porto Calvo: trata-se de um bom forte,
situado no alto de um outeiro, de mais de 40 pés de altura a contar do fosso,
muito escarpado. Para ficar assegurada a estabilidade da muralha há, na parte
exterior, de 14 em 14 pés, uma berma; tem um fosso profundo, uma forte paliçada
e uma forte contra-escarpa. Contam-se 7 peças de bronze, a saber: 2 de 24 lb, 1
de 18 lb, 1 de 22 lb, 1 de 10 lb, 1 de 8 lb, 1 de 5 lb, uma peça de ferro de 6
lb e 2 pedreiros com suas câmaras, todas peças espanholas."
(Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas
no Brasil, 4 de Abril de 1640).
"Guardamos Porto Calvo com
um forte que tem nome de bom agoiro - Boaventura [sic]. Assentado no cume de um
alcantil, a quarenta pés de altura, é resguardado por fossos, bastidas e
coiraça e tem sete canhões de bronze, um de ferro e dois pedreiros."
Computa,
entretanto, uma guarnição de 480 homens distribuídos entre Camaragibe e Porto
Calvo. Esclarece que a estacada que cingia o forte foi erguida, por
determinação de Nassau, na iminência de ataque ao nordeste holandês por uma
frota espanhola (c. 1639): " (...)
Igual tarefa executou (...) o coronel [Johann von] Koin em Porto Calvo, onde
chuvas violentas e tempestades haviam danificado o forte Boaventura [sic],
fazendo-o ruir em mais de um lugar." Foi reconquistado por forças
portuguesas sob o comando do Capitão
Lourenço Carneiro, após quarenta e dois dias de cerco, a 17 de Setembro de
1645, tendo sido ocupado e arrasado, e a sua artilharia remetida para o ‘Arraial
Novo do Bom Jesus’. Segundo a tradição popular, o local do antigo forte ainda
era conhecido em meados do século XX como ‘Alto do Forte’.
O Quilombo dos Palmares foi um
quilombo da era colonial brasileira. Localizava-se na Serra da Barriga, na
então Capitania de Pernambuco, região hoje pertencente ao município de União
dos Palmares, no estado brasileiro de Alagoas. Conheceu o seu auge na segunda
metade do século XVII, constituindo-se no mais emblemático dos quilombos
formados no período colonial. Resistiu por mais de um século, o seu mito
transformando-se em moderno símbolo da resistência do africano à escravatura.
As primeiras referências a um
quilombo na região remontam a 1580, formado por escravos fugitivos de engenhos
das Capitanias de Pernambuco e da Bahia.
À época das invasões holandesas do Brasil
(1624-1625 e 1630-1654), com a perturbação causada nas rotinas dos engenhos de
açúcar, registou-se um crescimento da população em Palmares, que passou a
formar diversos núcleos de povoamento (mocambos). Os principais foram: ‘Macaco
- o maior’, centro político do quilombo, contando com cerca de 1.500
habitações; Subupira - centralizava as atividades militares, contando com cerca
de 800 habitações; Zumbi-o líder do seu povo. Tabocas. Embora não se possa
precisar o número de habitantes nos Palmares, de vez que a população flutuava
ao sabor das conjunturas, historiadores estimam que, em 1670, alcançou cerca de
vinte mil pessoas. Essa população sobrevivia graças à caça, à pesca, à colecta
de frutas (manga, jaca, abacate e outras) e à agricultura (feijão, milho,
mandioca, banana, laranja e cana-de-açúcar). Complementarmente, praticava o
artesanato: (cestas, tecidos, cerâmica, metalurgia). Os excedentes eram
comercializados com as populações vizinhas, de tal forma que colonos chegavam a
alugar terras para plantio e a trocar alimentos por munição com os quilombolas.
Pouco se sabe, também, acerca da organização política do quilombo. Alguns
supõem que se constituiu ali um verdadeiro Estado, nos moldes dos reinos
africanos, sendo os diversos mocambos governados por oligarcas sob a chefia
suprema de um líder. Outros apontam para a possibilidade de uma
descentralização do poder entre os diferentes grupos, pertencentes às diversas
etnias que formavam os núcleos de quilombos, que delegavam esse poder a
lideranças militares conforme o seu prestígio. As mais famosas lideranças foram
Ganga Zumba e seu sobrinho, Zumbi. Apesar disso, alguma forma de
trabalho compulsório também foi praticada dentro do quilombo.
Com a expulsão dos holandeses do Nordeste
do Brasil, acentuou-se a carência de mão-de-obra para a retomada de produção
dos engenhos de açúcar da região. Dado o elevado preço dos escravos africanos,
os ataques a Palmares aumentaram, visando a recaptura de seus integrantes. A
prosperidade de Palmares, por outro lado, atraía atenção e receio, e o governo
colonial sentiu-se obrigado a tomar providências para afirmar o seu poder sobre
a região. Em carta à Coroa Portuguesa, um Governador-geral reportou que os
quilombos eram mais difíceis de vencer do que os holandeses (neerlandeses).
Foram necessárias, entretanto, cerca de dezoito expedições, organizadas desde o
período de dominação holandesa, para erradicar definitivamente o Quilombo dos
Palmares. No último quartel do século XVII, Fernão
Carrilho ofereceu a Ganga Zumba, um líder que implementou tácticas de
guerrilha na defesa do território, um tratado de paz (1677). Por seus termos,
era oferecida a liberdade aos nascidos no quilombo, assim como terras inférteis
na região de Cocaú. Grande parte dos quilombolas rejeitou os termos desse
acordo, nitidamente desfavoráveis e, na disputa então surgida, Ganga Zumba foi envenenado, subindo ao
poder o seu irmão, Ganga Zona, aliado
dos portugueses. O acordo foi, desse modo, rompido, tendo os dissidentes se
restabelecido em Palmares, sob a liderança de Zumbi. No primeiro momento, Zumbi
substituiu a estratégia de defesa passiva por um tipo de estratégia de
guerrilha, com a prática de ataques de surpresa a engenhos, libertando escravos
e apoderando-se de armas, munições e suprimentos, empregando-os em novos
ataques.
Após várias
investidas relativamente infrutíferas contra Palmares, o governador e
Capitão-general da capitania de Pernambuco, Caetano
de Melo e Castro, contratou o bandeirante Domingos Jorge Velho e o Capitão-mor Bernardo Vieira de Melo para
erradicar de vez a ameaça dos escravos fugitivos na região. O quilombo passou a
ser atacado pelas forças do bandeirante e, mesmo experientes na guerra de
extermínio, tiveram grandes dificuldades em vencer as tácticas dos quilombolas,
mais elaboradas que a dos indígenas com quem haviam tido contacto.
Adicionalmente, tiveram problemas para contornar a inimizade surgida com os
colonos da região, vítimas de saques dos bandeirantes em diversas ocasiões. Em
janeiro de 1694, após um ataque frustrado, as forças do bandeirante iniciaram
uma empreitada vitoriosa, com um contingente de seis mil homens, bem armados e
municiados, inclusive com artilharia. Um quilombola, António Soares, foi capturado e, mediante a promessa de Domingos Jorge Velho de que seria
libertado em troca da revelação do esconderijo do líder, Zumbi foi encurralado e morto em uma emboscada, a 20 de Novembro de
1695. A cabeça de Zumbi foi cortada e
conduzida para Recife, onde foi exposta em praça pública, no alto de um mastro,
para servir de exemplo a outros escravos. Sem a liderança militar de Zumbi, por volta do ano de 1710, o
quilombo desfez-se por completo.
Apesar de Representar uma
resistência à escravidão, muitos quilombos contavam com a escravidão
internamente. Esta prática levou vários teóricos a interpretarem a prática dos
quilombos como um conservadorismo africano, que mantinha as diversas classes
sociais existentes na África, incluindo reis, generais e escravos. Contudo, a
escravidão nos quilombos em nada se assemelhava à escravidão dos brancos sobre
os negros, sendo os escravos considerados como membros das casas dos senhores,
aos quais deviam obediência e respeito. Semelhante à escravidão entre brancos,
comum na Europa na Alta Idade Média. Assim a prática da escravidão nos quilombos
tinha dupla finalidade: a primeira, de aculturar os escravos recém-liberto às
práticas do quilombos, que consistiam em trabalho árduo para a subsistência da
comunidade, já que muitos dos escravos libertos achavam que não teriam mais que
trabalhar; a segunda, que visava diferenciar os ex-escravos que chegavam aos
quilombos pelos próprios meios (escravos fugidos, que se arriscavam até
encontrar um quilombo. Sendo, neste trajecto, perseguidos por animais selvagens
e pelos antigos senhores, e ainda, correndo o risco de serem capturados por
outros escravistas), daqueles trazidos por incursões de resgates (escravos
libertados por quilombolas que iam às fazendas e vilas para libertar escravos).
REDUTOS DA PRAIA DE PARIPUEIRA
Os Redutos da praia de Paripueira localizavam-se na
praia de Paripueira (termo tupi que significa "canal velho"1 ), a
cerca de 29 quilómetros a norte do
centro histórico de Maceió, no litoral do estado de Alagoas, no Brasil.
Os denomina como Forte de Paripueira,
inscrevem-se no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil
(1630-1654). Tratar de redutos erguidos no caminho, margeando a costa, que ia
de Alagoas a Pernambuco. Foram erguidos pelo Coronel Crestofle d'Artischau Arciszewski em agosto de 1635, quando
da ofensiva neerlandesa daquele ano, e constituíam-se em dois redutos de
campanha, um sobre uma colina e outro sobre a praia. Dali saiu o referido
coronel, no ano seguinte, para bater as forças de dom Luís de Rojas y Borja, duque de Ganja, na batalha de ‘Mata
Redonda’ (18 de janeiro de1636). Garrido
descreve-nos o seu fim, citando:
"Aí
ainda se encontram destroços de um forte onde estiveram algum tempo os
holandeses, que o abandonaram em Novembro de 1636.".
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