sábado, maio 24, 2014

Fortes e Fortalezas de Costa - Atlântico - Açores VIII



FORTES E FORTALEZAS DE COSTA DO REINO DE PORTUGAL E ALGARVE



FORTES E FORTALEZAS DE COSTA-AÇORES
(GRUPO ORIENTAL)



FORTES E FORTALEZAS DE COSTA
Grupo Oriental-Ilha de Santa Maria

BATERIA DA LAJE DA PEÇA



A Bateria da Laje da Peça localizava-se na freguesia de Vila do Porto, concelho de mesmo nome, na ilha de Santa Maria, nos Açores. Erguia-se na ponta do Risco, aproximadamente a meio caminho entre a chamada "poça do carro" e a praia de Lobos. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma bateria destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.


Figueiredo assim refere o local e a sua fortificação em 1815:

"Este sítio [o lugar dos Anjos] era uma boa Caloira e ainda tem rasteiros de boas vinhas, tem um castello com seis peças e caza de vigia [Forte de Nossa Senhora da Praia dos Anjos], e um outro d'uma peça no porto onde se varam os barcos." E mais adiante: "Segue-se a Praia dos Lobos onde está um pequeno Castelo d'uma pessoa. (Mais adiante fica o Castelo)."

FORTE DA BAIA DE S. LOURENÇO


O 'Forte da Baía de São Lourenço' localizava-se no lugar de São Lourenço, na freguesia de Santa Bárbara, concelho da Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, nos Açores. Em posição dominante sobre o extremo norte da baía de São Lourenço, no litoral este da ilha, constituiu-se em uma bateria destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.



A baía de São Lourenço serviu, até à época dos antigos paquetes, como porto alternativo de abrigo ao de Vila do Porto. Figueiredo, assim refere o local e a sua fortificação em 1815:

"San Lourenço tem três casais de moradores, neste sítio está a ponta que já se disse chamada do Pe. Manoel de Sousa, um castelo com duas peças [de artilharia], vigia em dois lugares. (...)" Mais adiante esclarece: "(...) a Bahia de S. Lourenço (...), tendo duas Ermidas, cazas para recreio, um castelo e duas vigias e duas peças." E finaliza: "- Forte sito em S. Lourenço ao Nordeste tem duas peças com vigia."

FORTE DA BAIXA DO VIGÁRIO

O 'Forte da Baixa do Vigário' localizava-se na praia Formosa, na freguesia da Almagreira, concelho da Vila do Porto, a SSO na ilha de Santa Maria, nos Açores. Em posição dominante na chamada Baixa do Vigário, a este da baía da Praia, constituiu-se em uma bateria destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico. Cruzava fogos com o 'Forte de São João Baptista da Praia Formosa'.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) pode ser um dos dois redutos na baía da Praia sob a designação;

"O Forte (...), da Praia, e os dous Redutos." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". Figueiredo assim refere a baía da Praia e as suas fortificações em 1815: "(...) a Bahia da Praia com um grande areal d'areia branca, vaza ali a ribeira dos Gatos e a da Praia que tem os quatro moinhos, e tem três castelos de que já se fez menção." E complementa: "Dito [forte] sito no sítio da Praia chamado a Baixa do Vigário com três peças e um pedreiro, tudo coruto."

FORTE DA FIGUEIRA

O 'Forte da Figueira', também referido como 'Forte do Figueiral', localizava-se na baía do Figueiral, no lugar da Prainha, na freguesia da Vila do Porto, concelho de mesmo nome, na ilha de Santa Maria, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) pode estar referido como "O Forte sobre meia Baia." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".

FORTE DA FORCA

O chamado 'Forte da Forca', também referido como 'Castelo da Ponta da Forca', localizava-se na ponta da Forca, a oeste do porto de Vila do Porto, na freguesia da Vila do Porto, concelho de mesmo nome, na ilha de Santa Maria, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) pode estar referido como "O Forte na ponta donde se âncora." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".

Figueiredo assim refere o local e a sua fortificação em 1815:

"Logo adiante [do porto da Vila] fica para o Oeste o Calhau velho onde vazão umas grotas, e continuando para Oeste fica a ponta da Forca onde está um Castelo, assim intitulado. (...)". E complementa: "Castelo da Ponta de Forca [sic] ao Oeste do Porto da Villa tem quatro peças de ferro muito corutas dos tempos."

FORTE DA MAIA



O 'Forte da Maia' localizava-se na baía do Aveiro, no lugar da Maia, na freguesia do Santo Espírito, concelho da Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho da costa, constituiu-se em uma bateria destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico. Possivelmente cooperava com outra bateria na vizinha ponta do Castelete, referida como "Castelinho" e que se acredita remontar à época das invasões de piratas da Barbária no século XVII.



O lugar da Maia possuiu, em tempos idos, dois pequenos portos piscatórios: o da baía e o de Domingos de Moura. No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) pode estar referido como "O Forte de Nossa Senhora dos Prazeres, (...)." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710", uma vez que próximo ao local se ergue, desde 1685 uma ermida sob a mesma invocação (Ermida de Nossa Senhora dos Prazeres).

Figueiredo, assim refere o local e a sua fortificação em 1815:



"(...) Há também um castelo com duas peças [de artilharia] e duas vigias e uma ponta metida no mar chamada do Castelo, dista da Villa quatro léguas." E complementa: "- Dito [forte] sito na Fajã da Maia com duas peças corutas e tem vigia."



FORTE DA PRAINHA



O chamado 'Forte da Prainha' localiza-se em uma ponta na extremidade oeste da baía da Praia, no lugar da Prainha, na freguesia da Almagreira, concelho da Vila do Porto, a SSO na ilha de Santa Maria, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico. Cruzava fogos com o 'Forte de São João Baptista da Praia Formosa'.



No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) pode ser um dois redutos na baía da Praia sob a designação "O Forte (...), da Praia, e os dous Redutos." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".

Figueiredo, assim refere o local e a sua fortificação em 1815:

"Logo se segue a Prainha onde fica uma grota e um castelo com porto de varar barcos de pesca, aparecem algumas lagostas neste porto." E complementa: "- Dito [forte] na Prainha com duas peças de ferro."



Apresenta planta rectangular, em alvenaria de pedra argamassada. Em seus muros rasgam-se cinco canhoneiras. No interior do terrapleno erguia-se uma pequena casa para a guarnição, actualmente desaparecida.



FORTE DE N. S. DA PRAIA DOS ANJOS



O 'Forte de Nossa Senhora dos Anjos' localizava-se no lugar dos Anjos, na freguesia de Vila do Porto, concelho de mesmo nome, na ilha de Santa Maria, nos Açores. Nas suas imediações ergueu-se mais tarde a antiga 'Fábrica de Conservas Corretora'. Em posição dominante sobre este trecho do litoral noroeste da ilha, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.



Figueiredo, assim refere o local e a sua fortificação em 1815:

"Este sítio [o lugar dos Anjos] era uma boa Caloira e ainda tem rasteiros de boas vinhas, tem um castelo com seis peças e casa de vigia, (...)." Mais adiante, refere: "Apos [para adiante do porto de Santa Ana] está o Castelo de N. S.ª dos Anjos com seis peças inferiores e por fora um grande baixio, que bota mais d'uma légua ao mar Norte sul." E finaliza: "- O Forte chamado a Lage sito em N. S.ª dos Anjos ao Noroeste, (com desaseis digo) com seis peças corutas dos tempos, e tem vigia."





FORTE DE S. BRÁS DE VILA DO PORTO


O 'Forte de São Brás de Vila do Porto', também referido como 'Castelo de São Brás', localiza-se na freguesia da Vila do Porto, concelho de mesmo nome, a sudeste na ilha de Santa Maria, nos Açores. Em posição dominante no sítio do Cimo da Rocha, junto à Ermida de Nossa Senhora da Conceição, tinha a função de defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico. Cooperava com o 'Forte do Porto'.



Santa Maria, mesmo relativamente afastada das rotas das naus que retornavam das Índias e do Brasil, foi por diversas vezes atacada por corsários (Franceses em 1576, Ingleses em 1589 e piratas da Barbária em 1616 e 1675) em busca de suprimentos, e que aproveitavam as incursões para saquear e destruir solares, conventos, igrejas e ermidas, e capturar prisioneiros, escravizados ou, posteriormente, resgatados a bom preço. A análise da obra do cronista seiscentista Gaspar Frutuoso, que descreveu as coisas mais notáveis da ilha e relatou as diferentes incursões de corsários até então, não mostra qualquer referência a esta fortificação, o que pode indicar que a mesma ainda não existisse por volta de 1586-1590. Desse modo, acredita-se que a sua primitiva construção remonte ao início do século XVII, ou mesmo à segunda metade do mesmo século, quando o Capitão-mor João Falcão de Sousa, 10º capitão do donatário (1654-1657), exerceu o cargo de 'Superintendente das Obras de Fortificação da Ilha'. No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "A Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, na Villa sobre o Porto." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". 



Poucos anos mais tarde, o padre António Cordeiro, descreve as defesas da ilha:

"A defesa desta Villa, & de toda a Ilha, era de antes pouca, sendo que tem uma légua de postos [portos] por onde podia ser entrada, & o foi então três vezes, de Mouros, Ingleses, & Franceses; mas depois se lhe fizeram no Castelo da praia dous Fortes com catorze peças, & adiante hum Forte com algumas; na Villa dous Fortes com sua artilharia; o que tudo não só manda o Governador, & Capitão Donatário, [...] mas imediatamente hum Capitão de artilharia com trinta Artilheiros, além do Capitão-mor, oficiais, & gente da ordenança; que quando pelas mais partes da Ilha, é por natureza inconquistável, havendo alguém que das rochas só com pedras a defenda."



 Figueiredo, assim refere o local e a sua fortificação em 1815:        

"Castelo de S. Brás na Villa no meio do porto com catorze peças, sendo as duas melhores da casa do Capitão-mor Francisco Barbosa de Sousa Coutinho, e as do Castelo por estarem já corutas são de pouco trabalho." 



O forte é constituído por um pequeno baluarte de planta trapezoidal com uma guarita circular implantada no vértice mais agudo, encimada por cúpula semiesférica em cantaria rematada por um pináculo. O recinto definido pelo baluarte é limitado na parte posterior por um edifício de dois pisos, pela fachada lateral da 'Ermida da Conceição da Rocha' e pelo muro que os une. No muro rasga-se um portal em cantaria, com o vão rematado em arco abatido assente em impostas, encimado por três pináculos. O edifício da 'Casa do Comando e Quartel de Tropa', de planta quadrangular, em dois pavimentos, é construído em alvenaria de pedra rebocada e caiada com excepção dos cunhais, das molduras dos vãos e do remate superior do balcão, que são em cantaria. As janelas são de guilhotina de duas folhas. Está coberto por dois telhados paralelos, de quatro águas, em telha de meia-cana tradicional, rematados por beiral simples. O acesso faz-se por escada e balcão adossados à fachada principal, havendo na face do balcão duas portas para acesso ao piso térreo. 


FORTE DE S. JOÃO BAPTISTA DA PRAIA FORMOSA



O 'Forte de São João Baptista da Praia Formosa', também denominado como 'Castelo de São João Baptista' ou 'Castelo da Praia', localiza-se na praia Formosa, na freguesia da Almagreira, concelho da Vila do Porto, a SSO na ilha de Santa Maria, nos Açores. Em posição estratégica sobre este trecho da costa da ilha, constituiu-se em um forte destinado à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico. As recentes campanhas de prospecção arqueológica, nelas desenvolvidas levantam a possibilidade de constituir-se na mais antiga estrutura de fortificação no arquipélago.



A praia onde se localiza encontra-se referida no mapa dos Açores, de autoria de Luís Teixeira, datado de 1584, com o nome de "Praia Formosa". O Alvará Real de 6 de agosto de 1683 nomeou Vicente Pires Ferreira, por falecimento de seu pai, Rodrigo Gonçalves Ferreira, como condestável do Castelo e Redutos do lugar da praia de São João da ilha de Santa Maria, vencendo o mesmo soldo. No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Forte (...) , da Praia, e os dous Redutos." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". Poucos anos mais tarde, o padre António Cordeiro, ao descrever as defesas da ilha, refere o Castelo da Praia:

"A defesa desta Villa, & de toda a Ilha, era de antes pouca, sendo que tem uma légua de postos [portos] por onde podia ser entrada, & o foi então três vezes, de Mouros, Ingleses, & Franceses; mas depois se lhe fizeram no Castelo da praia dous Fortes com catorze peças, & adiante hum Forte com algumas; na Villa dous Fortes com sua artilharia; o que tudo não só manda o Governador, & Capitão Donatário, (...) mas imediatamente hum Capitão de artilharia com trinta Artilheiros, além do Capitão-mor, oficiais, & gente da ordenança; que quando pelas mais partes da Ilha, é por natureza inconquistável, havendo alguém que das rochas só com pedras a defenda."

Figueiredo, assim refere a baía da Praia e as suas fortificações em 1815:

"A Bahia da Praia com um grande areal d'areia branca, vaza ali a ribeira dos Gatos e a da Praia que tem os quatro moinhos, e tem três castelos de que já se fez menção." E complementa: "O Castelo de S. João Baptista no dito sítio da Praia com sete peças a saber duas de bronze de calibre doze e uma de ferro de calibre vinte e quatro, e três de ferro de sete, mas todas muito arruinadas."



Trata-se de uma fortificação de pequenas dimensões, implantada entre o caminho litoral e o mar, junto a uma ribeira. De planta poligonal irregular orgânica (adaptada ao terreno), aproximando-se de um trapézio, desenvolvendo-se no sentido este-oeste, atingindo 46 metros de extensão. É constituída por uma plataforma abaluartada, hoje parcialmente murada, onde se rasgam as canhoneiras pelo lado sul (voltadas ao mar) e oeste (voltadas à ribeira), e onde, confinando com o caminho público (a norte), está implantado um corpo torreado de que restam as paredes resistentes.





FORTE DE S. JOÃO EVANGELISTA

O 'Forte de São João Evangelista' localizava-se na praia Formosa, na freguesia da Almagreira, concelho da Vila do Porto, a SSO na ilha de Santa Maria, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma bateria destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) pode ser um dos dois redutos na baía da Praia sob a designação "O Forte (...), da Praia, e os dous Redutos." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".

Figueiredo, assim refere a baía da Praia e as suas fortificações em 1815:

"A Bahia da Praia com um grande areal d'areia branca, vaza ali a ribeira dos Gatos e a da Praia que tem os quatro moinhos, e tem três castelos de que já se fez menção." E complementa: "- O Forte de S. João também sito na Praia com duas peças de ferro." 

FORTE DO CABRESTANTE


O 'Forte do Cabrestante', também referido como 'Castelo do Cabrestante', localizava-se na ponta do Cabrestante, na freguesia de Vila do Porto, concelho de mesmo nome, na ilha de Santa Maria, nos Açores. Em posição dominante a nor-noroeste sobre o este trecho do litoral, constituiu-se em uma bateria destinada à defesa contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.



Figueiredo, assim refere o local e a sua fortificação em 1815:

"(...) e logo mais ao Oeste fica outra pedreira chamada do Cabrestante, onde está um Castelo com casa de vigia e corre uma gruta ou ribeiro chamado de Sant'Anna que cria ao Nordeste e vaza ao Sudeste da Vila uma légua." E refere mais adiante, na descrição da costa a Oeste do porto da Vila: "Mais adiante fica a ponta chamada do Cabrestante, onde está o Castelo d'uma pessoa e casa de vigia e um famoso caneiro onde se pode saltar a pé enxuto. Passando este está a ponta do Forado e à terra desagua a ribeira de Santa Ana, (...)." E complementa: "- O Castelo sitio no Cabrestante ao Oeste, com uma peça e [casa de] vigia."



FORTE DO MARVÃO

O 'Forte da ponta do Marvão', também referido simplesmente como 'Forte do Marvão', localizava-se na ponta do Marvão, a sudoeste da freguesia da Vila do Porto, concelho de mesmo nome, na ilha de Santa Maria, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, a sudeste de Vila do Porto, constituiu-se em uma bateria destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) pode estar referido como "O Forte no cabo da Villa sobre a Bahia." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".

Figueiredo. assim refere o local e a sua fortificação em 1815:

"Fica a Ponta do Marvão (ao Sudoeste digo) ao Sueste, tem o Castelo chamado do Marvão, segue-se o Figueiral, Touril, nestes sítios houve vinhas do melhor vinho, e também dão e tem dado muita pedra de cal." E complementa: "Em seguida fica a ponta do Marvão com um castelo e a furna chamada da Burra. "Para finalizar: "- Dito da Ponta do Marvão com quatro peças de ferro." Sousa, em 1822, a respeito do porto de Vila do Porto, refere: "(...) O seu Porto é uma pequena Enseada virada a sudoeste, entre as pontas de Marvão a sueste, e Força [Forca] a oeste; em ambas as quais há pequenas fortalezas. (...)".

FORTINS DO PORTO
(Vila do Porto)

Os chamados 'Fortins do Porto' localizavam-se no porto da Vila, na freguesia da Vila do Porto, concelho de mesmo nome, a sudeste na ilha de Santa Maria, nos Açores. Localizados ao nível do mar, tinham a função de defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico. Cooperavam com o Forte de São Brás de Vila do Porto.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referida uma estrutura como "O Forte sobre o Porto." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".

Poucos anos mais tarde, o padre António Cordeiro, descreve-o como um dos dois fortes da vila: 

"A defesa desta Villa, & de toda a Ilha, era de antes pouca, sendo que tem uma légua de postos [portos] por onde podia ser entrada, & o foi então três vezes, de Mouros, Ingleses, & Franceses; mas depois se lhe fizeram no Castelo da praia dous Fortes com catorze peças, & adiante hum Forte com algumas; na Villa dous Fortes com sua artilharia; o que tudo não só manda o Governador, & Capitão Donatário, [...] mas imediatamente hum Capitão de artilharia com trinta Artilheiros, além do Capitão-mor, oficiais, & gente da ordenança; que quando pelas mais partes da Ilha, é por natureza inconquistável, havendo alguém que das rochas só com pedras a defenda."

Figueiredo, em 1815 refere:

"Saindo do Porto da Villa para o Oeste a primeira cousa que se encontra são duas ribeiras uma chamada do Sancho e outra dos Poços (correm só d'inverno) e vazão em um só lugar no porto geral da Villa, chamado do Peixe, com um rasteiro e pequeno castelo." E complementa: "(...) Mais ao Oeste fica o desaguadouro da ribeira geral no Calha da Roupa onde tem o porto com duas baixas uma Grande e outra Rasa. A terras d’estas baixas estão dois castelos que defendem a Villa chamado um de São Brás e outro d'Areia." E finaliza: "Abaixo d’Este castelo [de São Brás] há dois fortins chamados da Areia, no Porto da Villa e rasteiros com o mesmo porto."

Nenhuma destas estruturas no porto chegou até aos nossos dias.

FORTES E FORTALEZAS DE COSTA
Grupo Oriental-Ilha de São Miguel

BATERIA DE N. S. DA CONÇEIÇÃO DE CALOURA



A 'Bateria de Nossa Senhora da Conceição de Caloura', também referida como 'Forte de Nossa Senhora da Conceição' e 'Forte da Caloura', localiza-se na povoação da Caloura, freguesia de Água de Pau, concelho da Lagoa, na costa sul da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa do porto da Caloura e do Convento de Nossa Senhora da Conceição contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

Foi erguida pelo filho de Manuel de Sousa Correia, Capitão-mor da Ribeira Grande, que entrou para a Recolecta em 8 de Junho de 1751, ocasião em que tomou o nome de Manuel do Sacramento, assumindo o comando do forte. Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de S. Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam, pelo major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:

"Forte de N. S. da Conceição-Da Villa à água e pão. Melhor situado que o referido, porque tem a esquerda um bom Porto para desembarque, mas não está ainda onde devera para bem o defender: foi feito por hum Irmão Leigo dos Recoletos de N. S. das Dores da Irmandade de S. Caetano: não tem mais que as muralhas com 3 canhoneiras, sem palamentas: Precisa guarnecido e municiada e em grão do lugar."

Por ser uma estrutura aberta, não pode ser classificada tecnicamente como um forte e sim como uma bateria. Constituía-se em um simples parapeito onde se abriam três canhoneiras. Não há informações sobre a sua artilharia nem sobre o seu paiol, provavelmente o próprio convento.

CASTELO BRANCO
(Vila Franca do Campo)


O chamado 'Castelo Branco' localiza-se na freguesia de Ponta Garça, no concelho de Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel, nos Açores. É acedido a partir da Estrada Regional entre Vila Franca do Campo e Furnas.

Foi erguida em época indeterminada por particulares. Em posição dominante no topo de uma elevação, teria a função de controle dos terrenos adjacentes por parte dos seus antigos senhores. Actualmente é utilizado como miradouro ("Miradouro do Castelo Branco"), de onde os visitantes podem descortinar uma ampla paisagem com destaque para o vale e a Lagoa das Furnas de um lado e a Vila Franca do Campo de outro. Trata-se de uma torre de pequenas dimensões, com o formato de uma "Domus Fortis" medieval. Divide-se internamente em dois pavimentos e é coroada por ameias.

CASTELO REAL DE VILA FRANCA

O 'Castelo Real de Vila Franca', também referido como 'Forte da Areia', localizava-se na Vila Franca, actual concelho de Vila Franca do Campo, na costa sul da ilha de São Miguel, nos Açores.

Em posição dominante sobre este trecho da costa, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa do ancoradouro da vila contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico. Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de São Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam, pelo major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava: "Castelo Real - Na Villa Franca, flanqueia a entrada do Ilhéu, e defende a da Vila por 2 pequenas praias em cujo meio está, situada sobre a roxa firme, conserva-se em bom estado: tem 6 canhoneiras e 4 peças montadas: palamenta nada, munições 50 balas de artilharia, e hum barril de pólvora." O mapa da "Força Militar material existente em S. Miguel em Outubro de 1925", que aponta quatro pontos fortificados com 51 bocas-de-fogo e respectiva palamenta na ilha, para este forte computa 3 peças de calibre 9 e 2 de 5.

Tratava-se de um pequeno forte, em cujos muros se abriam seis canhoneiras. Não foram localizados detalhes complementares sobre as suas edificações de serviço (Casa do Comando, Quartel de Tropa, Paiol de Pólvora) ou a sua evolução.

FORTE DA CANADA DO CASTELO

O 'Forte da Canada do Castelo' localiza-se na freguesia de Água de Pau, concelho da Lagoa, na costa sul da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

Estrutura inédita em termos de historiografia das fortificações no arquipélago, foi identificada em campo pelo pesquisador Sérgio Resendes, que informa não existirem quaisquer documentos que o refiram. Trata-se da fortificação erguida na cota mais elevada na ilha, dele subsistindo apenas ruínas.

Em posição dominante sobre o porto da Caloura, apresenta planta semicircular, de pequenas dimensões, e em seus muros rasgam-se cinco canhoneiras. Apresenta ainda os vestígios de uma guarita num dos vértices.

FORTE DA ESTRELA



O 'Forte da Estrela' localizava-se na freguesia da Matriz, concelho da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

FORTE DA FORCA
(Vila Franca do Campo)

O 'Forte da Forca' localizava-se na Vila Franca, actual concelho de Vila Franca do Campo, na costa sul da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

FORTE DA MÃE DE DEUS


O 'Forte da Mãe de Deus', também referido como 'Forte de Nossa Senhora Mãe de Deus', 'Reduto da Mãe de Deus' e 'Reduto Dom João VI', localiza-se no alto da ladeira da Mãe de Deus, na freguesia de São Pedro, concelho de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores.



O reduto remontará ao final do século XV ou primeira metade do século XVI, erguido como uma das primeiras defesas de Ponta Delgada, embora não se encontre referido por Gaspar Frutuoso, o que pode demonstrar a sua pouca importância, dado tratar-se de uma fortificação interior, comparativamente com a importância e poder de fogo do 'Forte de São Brás de Ponta Delgada', à beira-mar. A primeira referência a esta fortificação data de 1761, embora não seja citada em relações posteriores, de 1767, 1797, 1823, 1832 e 1862, o que pode reflectir a perda da sua função estratégica. Plantas datadas de 1815 e 1818 ("Planta do Reduto de Dom João Sexto construído sobre a colina da Sra. Mãe de Deus na cidade de Ponta Delgada", de autoria do capitão do Real Corpo de Engenheiros, Francisco Borges da Silva) confirmam a actual configuração do forte e seus subterrâneos. Em 1815, Borges da Silva concebeu para o 'Alto da Mãe de Deus' o primeiro projecto conhecido para um passeio público na cidade, tendo sido a sua execução ficado a cargo de outro militar, o então governador José Teixeira Homem de Brederode, com pequenas alterações. O mesmo Borges da Silva assina um projecto militar para a construção de uma cidadela militar no mesmo local, com data de 1818. Ambos os projectos assinalam a existência de um moinho de vento em frente à escadaria principal de acesso à plataforma do forte. A sua existência (e da cozinha do forte, com dois fornos de forma circular com cerca de 2,40 metros de diâmetro), será provavelmente a principal responsável pela peculiar configuração da 'Ladeira da Mãe de Deus', caracterizada pela existência contínua de pequenas lombas. O historiador Ernesto do Canto refere que o então Governador das Armas, Sebastião José de Arriaga Brum (1813-1821), foi quem mandou fortificar o alto, conforme o plano de Borges da Silva. Refere, entretanto, que este oficial chegou a São Miguel a 2 de Junho, vindo a falecer a 25 de Novembro de 1820. Perdida a sua função defensiva, foi ali erguida uma ermida sob a invocação da 'Mãe de Deus', por Diogo Afonso da Costa Columbreiro, um morador vizinho.





FORTE DA POVOAÇÃO


O 'Forte da Povoação' localizava-se na freguesia da Povoação, concelho da Vila da Povoação, a sudeste da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Reduto no lugar da Povoação." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de São Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam.

O major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:

"Forte da Povoação-No Distrito de Vila Franca, pouco mais de 3 léguas a Leste da Vila ficando o da Ribeira Quente 2 ½ esta situado em meio de uma pequena praia de seixo miúdo, e serve esta de porto do lugar: tem uma ruina em o flanco direito, Oeste, não tem portões, as casas abatidas; porem o mais em bom estado: tem 7 canhoneiras, e 7 peças desmontadas, palamenta, e munições nada."  

Constituiu-se em uma estrutura de pequenas dimensões, em cujos muros se abriam sete canhoneiras. Não foram localizados detalhes complementares sobre as suas edificações de serviço (Casa do Comando, Quartel de Tropa, Paiol de Pólvora) ou sua evolução.

FORTE DA PRAIA
(Ilha de São Miguel)

O Forte da Praia localizava-se no lugar da Praia, junto à Ribeira da Praia, em Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

FORTE DA RIBEIRA GRANDE


O 'Forte da Ribeira Grande', também referido como 'Castelo da Vila da Ribeira Grande', localizava-se na então vila (hoje cidade) da Ribeira Grande, concelho da Ribeira Grande, a norte da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: "21.°-Na Villa da Ribeira Grande está um Forte que se acha com alguma ruina, que precisa ser reparado, e pôr-se-lhe 8 peças, por não ter nenhuma." Ao final do século XVIII, a Relação dos Caste- los e mais Fortes da Ilha de S. Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam, pelo major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:

"Castelo da Vila da Ribeira Grade-Situado sobre os precipícios de uma roxa que elevando-se mais para Leste, do Porto de Santa Iria para diante, circunda a Ilha pelo Norte, Leste, e Sul até a Ribeira quente com roxas altíssimas sendo unicamente interceptada por algumas grotas, e nos lugares da Povoação, e Faial por 2 cais que as águas delas tem formado, e dos lugares para os outros não há comunicação senão por atalhos de difícil acesso: corre esta roxa digo em algumas partes como no Faial e Ribeira quente, e grandes em altura de 1200 braças, de sorte que as maiores serras que se elevam para o interior da Ilha sobre o terreno destas, como a serra escura, e os picos do Ferro, e da Vara, se aproximarão a 2000 braças fica pois o Castelo na extremidade desta cordilheira de roxas, e no principio de um grande areal de 455 braças e um palmo; 145 de seixo ou calhão, que pega com o Castelo, e 310, e um palmo de área; no fim deste areal, que corre Leste Oeste principia outra roxa que terá pouco mais da extensão no extremo do qual principia outro areal de 489 braças e meia na mesma direcção: O castelo não tem mais que as muralhas com as paredes de umas casas com 3 compartimentos tem 14 canhoneiras que nunca virão peças. Precisa reedificado, guarnecido, e municiado, e uma bataria na roxa oposta chamada o Bandejo, e outra no extremo para defesa do outro areal, chamado a praia de Santa Barbara." Em 1822, ao descrever o porto da Ribeira Grande refere: " (...) O seu porto é naturalmente defendido por um recife que borda quase toda a costa da vila (...); tem o seu forte de 8 peças. A sua guarnição é feita pelo seu Regimento de Milícia Nacional, que toma o nome da vila. (...).".

Esta estrutura não chegou até aos nossos dias. Constituiu-se em um forte marítimo, em cujos muros se abriam, em 1767 oito canhoneiras, e, ao final do século XIX, catorze.

FORTE DA RIBEIRA QUENTE


O 'Forte da Ribeira Quente' localizava-se no lugar da Ribeira, na convergência da Ribeira dos Tambores com o mar, na freguesia da Ribeira Quente, concelho da Povoação, no sudeste da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de São Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam.

O major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:

"Forte da Ribeira Quente - Termo da Vila Franca situado quase em 1/3 da extensão da praia, a maior da Ilha de 798 braças e oito palmos e meio, 240 braças e 7 palmos a esquerda do Forte, Leste, e 558 e palmo e meio a direita, Oeste; a sua baze é uma espécie de saibro, e pedra-pomes de que se compõem quase todos os montes, e serras circunvizinhos ao lugar das Furnas da lava que os vulcões subterrâneos na sua primeira erupção lançarão: Tem 5 canhoneiras e 5 peças desmontadas, palamenta e munições nada. Tão bem reputo este por inútil porque, além da extensão, o inimigo que aqui desembarcou não tinha nem podia abrir estradas, porque as serras altíssimas de tão difícil acesso que apenas dão um estreito atalho." Em um outro documento, sobre o forte o mesmo autor referiu ainda: "No distrito de Vila Franca, pouco mais de 3 léguas, a leste de Vila Franca o da ribeira quente [forte], 1/2; esta situado em meio de uma pequena praia de seixos miúdos, e serve de porto do lugar tem uma ruina em o flanco direito, Oeste, não tem pontões, as casas habitadas; porem em bom estado; tem 7 canhoneiras e 7 peças desmontadas, palamenta e munições nada".

Esta estrutura não chegou até aos nossos dias. Conserva-se apenas a toponímia "rua do Castelo". Constituiu-se em um forte de pequenas dimensões, em cujos muros se rasgavam cinco canhoneiras. Não foram localizados detalhes complementares sobre as suas edificações de serviço (Casa do Comando, Quartel de Tropa, Paiol de Pólvora) ou sua evolução.

FORTE DA VINHA DA AREIA

O 'Forte da Vinha da Areia', também referido possivelmente como 'Forte de Santo André', localizava-se sobre a actual praia da Vinha da Areia, na freguesia de São Miguel, concelho de Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

FORTE DE FAIAL


O 'Forte de Faial', também referido como 'Forte do Faial' e 'Forte de Nossa Senhora da Graça', localizava-se na freguesia de Faial da Terra, concelho da Povoação, a sudeste da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Reduto no lugar do Faial." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". No contexto da instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: "18.°-Forte de Nossa Senhora da Graça, no lugar do Faial. Este Forte precisa de Quartel e paiol pelo não ter, e abrirem-se-lhe 6 canhoneiras, para as quais precisa 6 peças, e reedificar-se as suas paredes, maiormente sendo este sitio o que mais tem sido perseguido dos Mouros." Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de S. Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam.

O major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:

"Forte do Faial - No termo de Vila Franca, assim chamam a uma trincheira de seixo lizo, solta, isto é sem barro ou argamassa, mas com uma boa peça de bronze de camara de 36, e 2 de ferro todas desmontadas, e não tem palamenta, nem munições: é o ultimo Forte da costa do Sul, e o 3º que eu abandono, porque não tem que defender, mais que a entrada de um porto, tão incógnito, como de si pequeno, pois não tem mais que 2 barcos, e do lugar para os mais da Ilha não há comunicação senão por caminhos, tão estreitos, e ariscados que a maior parte deles se vem os cavaleiros obrigados a apear."

Constituía-se em um simples entrincheiramento protegido por um parapeito de seixos lisos, em aparelho solto. Não possuía edificações de serviço (Casa do Comando, Quartel de Tropa, Paiol de Pólvora). Esta estrutura não chegou até aos nossos dias.

FORTE DE GONÇALO VELHO

O 'Forte de Gonçalo Velho' localizava-se na Vila Franca, actual concelho de Vila Franca do Campo, na costa sul da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

De acordo com Rezendes, foi erguido no mesmo local do arruinado 'Forte da Forca' ou de 'Forte de São Francisco de Vila Franca', em 1815. Dele subsistem apenas vestígios de uma das escarpas. Os seus muros terão contado com vinte canhoneiras.

FORTE DE JESUS, MARIA, JOSÉ

O 'Forte de Jesus, Maria, José' localizava-se na Vila Franca, actual município de Vila Franca do Campo, na costa sul da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Reduto de Jesus Maria José." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". No contexto da instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: "10.°-Forte de Jesus, Maria, José. Tem 5 canhoneiras e três peças de ferro incapazes; precisa 5." Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de S. Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam. 

O major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:

"Forte de Jesus, Maria, José - No termo de Vila Franca, e distante dela quase uma légua, em bom estado menos uma trincheira necessária tanto para aumentar a defesa de uma grade praia que lhe fica a direita, Norte, com extensão de 328 braças, como para conter que o mar não vá diluindo a baze em que está edificado: tem 3 peças de ferro no chão, palamentas e munições nada."

Constituiu-se em um forte de pequenas dimensões. Não foram localizados detalhes complementares sobre as suas edificações de serviço (Casa do Comando, Quartel de Tropa, Paiol de Pólvora) ou sua evolução. Esta estrutura não chegou até aos nossos dias.

FORTE DE N. S. DA SALVAÇÃO
(Ponta Delgada)

O 'Forte de Nossa Senhora da Salvação', também referido como 'Forte da Salvação de Santa Clara', 'Castelinho de Santa Clara' ou simplesmente 'Forte de Santa Clara', dado o desaparecimento de seu vizinho homónimo (Forte de Santa Clara), localiza-se na cidade de Ponta Delgada, na costa sudoeste da ilha de São Miguel, nos Açores.

Esta fortificação foi erguida com a função de repressão ao contrabando no porto de Ponta Delgada. No contexto da instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: "24.°-Forte de Nossa Senhora da Salvação. Tem 5 canhoneiras e 2 peças de bronze boas: precisa mais 3." Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de S. Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam.

O major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:

"Os Fortes de Santa Clara, e Salvação - Ambos na costa do Sul e subúrbio da Cidade totalmente inúteis segundo a sua situação, porque não têm que defender, por ser toda a costa adjacente inacessível por mar: tem cada um, uma peça de bronze e extraídas do Castelo de S. Braz, quado se edificarão para pretextar extravios da Fazenda Real, que nestas Ilhas tem sido, nem a Misericórdia, e Camara, o alvo d'agitada ambição de meia dúzia de monopolistas, e o instrumento, nas suas mãos, de lacerar a pobreza, de lhe esgotar o sangue, e aniquilar os braços uteis do Estado como no estado do mapa se demonstra."

Actualmente em ruínas, é objecto de projecto de prospecção arqueológica, sob responsabilidade da Direcção Regional da Cultura do Governo dos Açores, sob a coordenação do arqueólogo Ricardo Erasun Cortés.

Tratava-se de uma simples bateria, artilhada com apenas uma peça. Não foram localizados detalhes complementares sobre a sua edificação ou evolução.

FORTE DE N. S. DA VITÓRIA DE ÁGUA DE PAU

O 'Forte de Nossa Senhora da Vitória de Água de Pau' localizava-se na vila e freguesia de Água de Pau, concelho da Lagoa, na costa sul da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.


No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Reduto da Villa de Agua de Pau." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de São Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam.

O major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:

"Forte de N. S. da Victoria - Na Vila d'Agoa de Páo, arruinado em um angulo, as cazas danificadas, e sem portão, tem 5 canhoneiras, e 5 peças de ferro desmontadas: palamenta o mesmo que o d'Alagoa, munições um cartuxo de bala de mosquete que tem 8 arreteis: está edificado em uma alta roxa, continuada para um e outro lado, mais do alcance de ponto em branco das maiores peças, pelo que o reputo só necessário para sinais."

Rezendes refere-o como Forte da Caloura e dá-o como "entaipado esquecido junto ao porto". Constituiu-se em um forte de pequenas dimensões, erguido sobre um rochedo, em cujos muros se abriam cinco canhoneiras. Não foram localizados detalhes complementares sobre as suas edificações de serviço (Casa do Comando, Quartel de Tropa, Paiol de Pólvora) ou sua evolução. 'Forte de Santa Clara' (Ponta Delgada)

FORTE DE SANTA CLARA

O 'Forte de Santa Clara' localizava-se na cidade de Ponta Delgada, na costa sudeste da ilha de São Miguel, nos Açores.

Esta fortificação foi erguida com a função de repressão ao contrabando no porto de Ponta Delgada. No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Reduto de Santa Clara." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". No contexto da instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: "23.°-Forte de Santa Clara. Tem 5 canhoneiras e 1 só peça de bronze boa; precisa 4." Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de São Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam.

O major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:

"Os Fortes de S.ta Clara, e Salvação - Ambos na costa do Sul e subúrbio da Cidade totalmente inúteis segundo a sua situação, porque não têm que defender, por ser toda a costa adjacente inacessível por mar: tem cada um, uma peça de bronze e extraídas do Castelo de S. Braz, quando se edificarão para pretextar extravios da Fazenda Real, que nestas Ilhas tem sido, hem a Misericórdia, e Camara, o alvo d'agitada ambição de meia dúzia de monopolistas, e o instrumento, nas suas mãos, de lacerar a pobreza, de lhe esgotar o sangue, e aniquilar os braços uteis do Estado como no estado do mapa se demonstra." O mapa da "Força Militar material existente em S. Miguel em Outubro de 1925", que aponta quatro pontos fortificados com 51 bocas-de-fogo e respectiva palamenta na ilha, para este forte computa 1 peça de calibre 9 e 1 de 5.

Constituiu-se em uma simples bateria, artilhada com apenas uma peça. Não foram localizados detalhes complementares sobre a sua edificação ou evolução.

FORTE DE S. CRUZ DA LAGOA


O 'Forte de Santa Cruz da Lagoa', também referido como 'Forte da Lagoa', localiza-se na freguesia de Santa Cruz, concelho da Lagoa, a sudeste da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa do ancoradouro da vila e do porto dos Carneiros contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico. História: No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Reduto da Villa da Lagoa." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de São Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam.

O major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:

"Forte da Vila d'Alagoa - Tem uma ruina em o flanco direito, de 25 d'alto, e 14 na maior largura, com 3 a 5 de profundidade, isto é 3 no princípio próximo as canhoneiras, e 5 na raiz da muralha, em todo assim em cazas como muralhas está um pouco danificado, tem 6 canhoneiras, 2 de frente que defendem a entrada do Porto dos Carneiros rectilineamente e 2 em cada flanco para perturbar o desembarque do mesmo Porto, e de uma pequena praia de seixo grado; tem uma só peça montada, em uma carreta mui velha, e 2 outras no chão, tudo em muito mau estado: Palamenta algumas as tem velhas; munições, 50 pelouros, e 3 arráteis de pólvora." 

Constituía-se em um forte de pequenas dimensões, em cujos muros se abriam seis canhoneiras. Não foram localizados detalhes complementares sobre as suas edificações de serviço (Casa do Comando, Quartel de Tropa, Paiol de Pólvora) ou sua evolução.

FORTE DE SANTO AMARO
(Ilha de São Miguel)

O 'Forte de Santo Amaro' localizava-se no lugar dos Mosteiros, freguesia de Mosteiros, concelho de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontram-se referidos "Dous Redutos no lugar dos Mosteiros." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".

Esta estrutura não chegou até aos nossos dias.

FORTE DE SANTO ANTÓNIO
(Vila Franca do Campo)



O 'Forte de Santo António' localizava-se na actual freguesia da Ribeira das Tainhas, concelho de Vila Franca do Campo, na costa sul da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: "13.°-Forte de Santo António em Villa Franca. Tem 8 canhoneiras e 3 peças de ferro boas; precisa 5." Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de S. Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam.

O major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:

"Forte de S. Antonio - Na extremidade da Vila e da última praia, que lhe fica a direita, Oeste defendendo por tiros cruzados deste, e do dos Boeiros, auxilia a defesa rectilínea deste, e é útil como ele. E ambos, para defender e entrada do Sueste para o Ilhéu, como o de S. Francisco e Real, para a do boque-te do mesmo pelo Noroeste, e aproveitando-se as suas vantagens, e construindo-se no Ilhéu uma bataria então essenciais para reprimir o desembarque, que antes, o inimigo tentaria do que meter-se entre 2 fogos; e assim este merece a mesma atenção que aquele em reedificar-se, e guarnecer-se: tem 8 canhoneiras e 3 peças desmontadas palamentas e munições nada.".

Desta estrutura subsistem apenas vestígios dos alicerces e parte de um troço de muralha sobre a rocha em que se erguia.



Constituía-se em um forte de pequenas dimensões, em cujos muros se abriam oito canhoneiras.

FORTE DE S. BRÁS DE PONTA DELGADA

O 'Forte de São Brás', oficialmente Prédio Militar nº 001/Ponta Delgada, também referido como 'Castelo de São Brás', localiza-se na freguesia de São Sebastião (antiga Matriz), na cidade e concelho de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores. Considerado o mais importante exemplar de arquitectura militar do século XVI e a mais poderosa fortificação da ilha, foi erguido sobre uma ponta no primitivo ancoradouro de ponta Delgada, com a função de sua defesa contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do Oceano Atlântico.

O estudo para a defesa das ilhas do arquipélago dos Açores, contra os assaltos de piratas e corsários, atraídos pelas riquezas das embarcações que aí aportavam, oriundas da África, da Índia e do Brasil, iniciou-se em meados do século XVI. Bartolomeu Ferraz, em uma recomendação para a fortificação dos Açores apresentada a Dom João III de Portugal em 1543, chama a atenção para a importância estratégica do arquipélago: 

"E porque as ilhas Terceiras importam muito assi polo que per se valem, como por serem o valha couto e socorro mui principal das naos da India e os franceses serem tão desarrazoados que justo rei injusto tomam tudo o que podem, principalmente aquilo com que lhes parece que enfraquecem seus inimigos, (...)."

Ainda sob o reinado de Dom João III (1521-1557) e, posteriormente, sob o de Dom Sebastião de Portugal (1568-1578), foram expedidos novos Regimentos, reformulando o sistema defensivo da região, tendo-se destacado a visita do arquitecto militar italiano Tommaso Benedetto ao arquipélago, em 1567, para orientar a sua fortificação. Como Ferraz anteriormente, este profissional compreendeu que, vindo o inimigo forçosamente pelo mar, a defesa deveria concentrar-se nos portos e ancoradouros, guarnecidos pelas populações locais sob a responsabilidade dos respectivos concelhos.

Nesse contexto, a construção deste forte deveu-se a uma série de pedidos dos ilhéus a Dom João III (1521-1557), insistindo na necessidade de fortificar a ilha. Entre estes, o ouvidor da ilha, Manuel Nunes Ribeiro expôs ao soberano:

"Creia V.A. que é muito necessário fazer-se logo a dita fortaleza e mandar alguma artilharia para a defensão dos navios que surtem no porto, porque depois que se escreveu a V.A. vieram aqui, por duas ou três vezes, naus francesas e tomaram alguns navios em que tomaram um com cento e vinte e sete pessoas, em que estavam nove mulheres, do qual navio não há nenhuma nova e há mais de dez meses que o tomaram e por muito certo se afirma que todas as vezes que aqui vierem poderão roubar navios que no porto estiverem sem lhes poderem valer por falta de artilharia e fortaleza que não há, a qual agora é mais necessária por causa do grande crescimento que vai a ilha com os açúcares que agora se plantam."

(Carta do Ouvidor da Ilha de São Miguel, Manuel Nunes Ribeiro, ao rei, c. 1550.)

O primeiro projecto para a sua construção foi de autoria do "Mestre das obras das capelas" dos Açores, Manuel Machado que, a construir o molhe do porto de Ponta Delgada, apresentou um esboço em 1551, criticado no ano seguinte (1552) pelo matemático e arquitecto militar Isidoro de Almeida. Este, por sua vez, apresentou nova traça, profundamente alterada, já em 1553. Nesse ano, para as suas obras foi lançado um imposto de 2% sobre o pastel e o açúcar, além de outras contribuições da população, tendo a obra orçado os 36.672$542 cruzados. Nesse mesmo ano foi criada ainda a Confraria de Bombardeiros para guarnecê-lo, que chegou a São Miguel em 25 de Maio de 1554, integrada por nove bombardeiros sob o comando do Condestável Lourenço Baldaíque, trazendo artilharia, pólvora e munição. Posteriormente esses homens retornaram ao reino, permanecendo apenas o Condestável, para instrução a trinta micaelenses, alistados. O primeiro Alcaide-mor do Castelo foi Dom Manuel da Câmara, 6º capitão do donatário, entre 1552 e 1554, e o seu primeiro Sargento-mor, João Fernandes Grado. A sua primitiva traça apresentava quatro baluartes ligados por idêntico número de cortinas. Entretanto, esse projecto foi alterado entre 1560 e 1567: " (…) porventura sob risco de Isidoro de Almeida, teve plano reformulado enviado em Fevereiro de 1569, cuja autoria não pode deixar de reconhecer-se caber ao engenheiro Italiano Tommaso Benedetto, segundo planta de modelo abaluartado de matriz italiana maneirista (…) ". Essa planta, que apresenta uma estrutura no formato de um polígono quadrangular com quatro baluartes de orelhões nos vértices e casamatas, encontra-se actualmente na Biblioteca Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro e nela já se encontram identificadas as edificações de serviço, assim como os baluartes com formato pentagonal e as canhoneiras rasgadas nos parapeitos das muralhas. Pelo exterior, era cercado por um fosso com cinco metros de profundidade. Era acedido por uma ponte levadiça e em seu interior abria-se uma cisterna. Esta, de acordo com Gaspar Frutuoso, tinha capacidade para 1.200 pipas. O cronista faz menção ainda aos vigários da ermida do Castelo, estrutura essa que não chegou aos nossos dias. Acredita-se que a fortificação deva o seu nome ao fato de ter sido levantado no local de uma primitiva ermida consagrada aquele orago. Após a construção do forte, edificou-se em seu interior esta nova ermida, sob a invocação de Santa Bárbara, padroeira da Artilharia. As obras prosseguiram até, pelo menos 1577. Desde 1568, quando Benedetto faleceu, a direcção dos trabalhos ficara a cargo do "Mestre de Fortificação" Pero de Maeda, natural de Meruelo, na Cantábria. Em 1575, foi mandada apear a torre dos sinos do 'Convento de São Francisco', uma vez que a sua altura dominava o forte ainda em obras. Esta determinação mostrar-se-ia inútil, uma vez que, dois séculos mais tarde, em 1789, os terraços da mesma instituição sobrepunham-se aos parapeitos e ao terrapleno do forte.

No contexto da crise de sucessão de 1580 as obras da fortificação estariam próximo da conclusão, uma vez que, em 1580, o 7° capitão do donatário da ilha de São Miguel, Rui Gonçalves da Câmara, 1.º Conde de Vila Franca, nomeou homens de sua confiança para proteger e guardar a fortaleza que já estava "em forma defensável". Faltar-lhe-iam assim, apenas as obras complementares. Em 1582, António de Portugal, o prior do Crato, então refugiado em França, negociou com Catarina de Médicis a cedência de alguns territórios em troca de apoio. Nos dias 14 e 15 de Julho do mesmo ano, uma armada francesa de sessenta velas sob o comando do Almirante Filippo Strozzi, transportando oito mil homens, aproximou-se da ilha de São Miguel, que apoiava a Filipe II de Espanha. Em 16 de Julho, as forças de Dom António desembarcaram sem resistência da população. Decidindo resistir à invasão, as principais autoridades recolheram-se à fortaleza, entre as quais o capitão da mesma, Dom João de Castilho e o governador e capitão general de São Miguel, Martim Afonso de Melo. As casas no entorno da fortaleza foram incendiadas ou destruídas para que não estorvassem o fogo da artilharia dos baluartes. Na ocasião, enquanto era estabelecido o assédio à praça, as forças francesas entregavam-se ao saque de Ponta Delgada. O assédio à praça, entretanto, não foi prolongado; a 26 de Julho, a Armada espanhola sob o comando de Dom Álvaro de Bazán 1º marquês de Santa Cruz de Mudela, derrota as forças francesas na 'Batalha Naval de Vila Franca'. A partir de então, o forte passou a ser guarnecido por tropas espanholas, que acerca do estado do forte registaram: "El Castilho es una muy Ruyn fuerça (…) ", vindo a proceder-lhe diversas benfeitorias, entre as quais a implantação da cisterna ao centro da praça de armas, ao nível dos quartéis de tropa. Em 1585, a fortaleza entrou efectivamente em combate, quando um galeão espanhol foi atacado por duas naus de guerra inglesas. Com o apoio do fogo da fortaleza, as naus inglesas foram obrigadas a se retirar. Ao final do século, a cortina a leste foi reforçada com a adição de um revelim, com traça de Luís Gonçalves Cota que se encontrava inacabado ainda em 1612.



No contexto da 'Guerra da Sucessão Espanhola' (1702-1714) encontra-se referido como "O Castelo de S. Brás, sobre o Porto, e cidade." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". Conheceu obras de conservação por iniciativa do governador e sargento-mor da ilha de São Miguel, António Borges de Bettencourt na segunda metade do século, em particular no contexto da chamada "Guerra Fantástica" (1762). No contexto da instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767:

"1.°-Fortaleza de S. Braz. É a maior que tem a Ilha, foi reedificada na ocasião da guerra próxima passada; semelhantemente os mais Fortes que a Ilha tem: nesta somente uma obra que se fez de um corpo de guarda, não foi bem construída, por ser feita no fosso, concorrendo para isto o não ser projectada, por professor da arte militar. As mais obras que se fizeram na dita Fortaleza lhe eram indispensavelmente necessárias, e não precisa ao presente de obra alguma." E sobre a artilharia e munições: "Tem esta Fortaleza ao todo 30 peças de artilheria, das quais são 25 de bronze e destas 10 capazes e 45 incapazes; e 5 de ferro incapazes, precisa para se guarnecer, além das 10 que tem capazes, mais 12. Os Reparos devem-se fazer todos de novo, como acima fica dito, e as palamentas reformadas com as proporções que devem ter, a respeito das peças em que devem servir; também precisa igualmente de munições de guerra e pólvora, pois somente se acham no Armazém desta Ilha 14 barris."

Ao final do século, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de S. Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam, pelo major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:

"Castelo de S. Braz - Na Cidade de Ponta Delgada donde principiamos seguindo o rumo de Leste em torno da Ilha, e cuja ordem geográfica seguimos no mapa respectivo, e no da população: fica pois o do Castelo fronteiro ao ancoradouro, e defende de flanco o Porto da Alfandega: tem uma ruina de 53 palmos e 7 polegadas de extensão na face exposta ao mar, do Baluarte de S. Pedro, de 30 d'alto, e 21 de profundidade na raiz da muralha, em que bate incessantemente o mar, e que pede por isto uma pronta, e imediata ordem para se reedificar, a fim de evitar com a sua total ruina o decuplo da despesa agora necessária: algumas das suas prisões, Armazéns, e cazas estão sem sobrado, e as que o conservam é muito velho: chove em toda as partes, e geralmente precisa no todo reedificado; porem o urgentíssimo é a ruina do Baluarte, e os grãos nas peças de bronze que estão todas desfogonadas, de sorte que por algumas coubera o punho de um homem, se não fora a irregularidade com que o fogo as come por causa do estanho que entra na sua composição e que se derrete primeiro que o cobre: tem destas, isto é, peças de bronze 25, todas montadas e as caretas em bom estado, e de ferro 3 no chão: Palamenta muita pouca e quase toda velha. Munição: 3 (barril de pólvora), e 2363 bala de diversos calibres, e tão carcomidas de ferrugem, que mais ou quase todas desmentem a sua figura esférica, e assim precisa-se com a pólvora que o mapa aponta 30 balas para cada peça para os primeiros tiros, que pela distância requerem mais exacção no tiro."

Um conjunto de plantas de autor desconhecido, com data de 1796 apresenta-o já com três baterias casamatadas para instalação de artilharia de grosso calibre, complementando o poder de fogo da cortina sul, voltada ao mar, e respectivos baluartes.



No início do século XIX, o capitão do Real Corpo de Engenheiros, Francisco Borges da Silva, procedeu-lhe extensa remodelação visando tornar o forte capaz de garantir a segurança do Porto Franco estabelecido em Ponta Delgada pelo Alvará do Príncipe-regente Dom João, datado de 26 de Outubro de 1810. Nesta campanha, em 1812, procedeu-se, entre outras melhorias, à reconstrução das três baterias casamatadas ("Príncipe Regente", "Príncipe de Bragança" e "Ponta Delgada"), à construção de um armazém à prova de bombas para a pólvora e a palamenta, ao alargamento da esplanada exterior à custa da cerca do fronteiro 'Convento de São Francisco', e à abertura de um fosso externo. Foi também aumentada a artilharia com a instalação de morteiros e alargadas as cortinas com a construção de seis paióis à prova de bombas. Posteriormente, em 1819, apesar das recomendações em contrário daquele oficial engenheiro, foi erguido sobre a cortina leste um quartel para um batalhão de infantaria. O mapa da "Força Militar material existente em S. Miguel em Outubro de 1925", que aponta quatro pontos fortificados com 51 bocas-de-fogo e respectiva palamenta na ilha, para este forte computa 11 peças de calibre 24, 3 de 18, 2 de 14, 2 de 10, 3 de 5, 1 de 9, 2 de 6 e 1 de 5 1/2. Também deste período (início do século XIX) existe planta, de autoria do cônsul britânico em Ponta Delgada, William Read: "The Mole & Castle of St. Braz". Em 1822, ao descrever o porto de Ponta Delgada refere: "(...) A sua defesa marítima é o grande Castelo de São Braz, cujo nome lhe dá sua Ermida, construído em 1552, fortificado de 96 peças de grande calibre; (...).".

Apresenta planta no formato quadrangular, com quatro baluartes pentagonais irregulares nos vértices, em estilo Vauban, ligados por cortinas.

FORTE DE S. CAETANO DO PÓPULO

O 'Forte de São Caetano do Pópulo' localiza-se na praia do Pópulo, na freguesia de Livramento, no concelho de Ponta Delgada, na costa sudeste da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Fortim de S. Caetano." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". No contexto da instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: "6.°-Forte de S. Caetano. Tem 9 canhoneiras e 6 peças de ferro incapazes, precisa 9." Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de São Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam.

O major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:

"Forte de S. Caetano - No lugar de Rosto de Cam, situado em uma restinga, que divide o areal de S. Roque, de 192 braças de extensão, da prainha de 114, para defesa d'ambas, porem as suas faces, ou batarias mal dirigidas para este fim; precisa de uma bataria oposta, para defender o desembarque com tiros cruzados, pois que este deve ser deve ser considerado como o para o lugar em razão da costa, e da proximidade da cidade, pois o Forte de São Francisco referido, pouco auxilia: tem 6 canhoneiras e 4 peças tão bem no chão, as casas abatidas, sem portão, e consequente sem palamenta, nem munições."

Constituiu-se em um forte de pequenas dimensões, em cujos muros se rasgavam seis canhoneiras de acordo com Chaves e Melo. Outras fontes referem que apresentava a forma de duas meias lunetas (uma sobre cada praia), cada uma com cinco canhoneiras, e, em seu terrapleno, três construções e um torreão, este pelo lado de terra, junto ao portão de acesso.

FORTE DE SÃO FRANCISCO
(Vila Franca do Campo)

O 'Forte de São Francisco' localizava-se na Vila Franca, actual concelho de Vila Franca do Campo, na costa sul da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa do ancoradouro da vila contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Reduto de S. Francisco em Villa Franca." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". No contexto da instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: "11.°-Forte de S. Francisco. Tem 6 canhoneiras e 3 peças de ferro incapazes; precisa 6." Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de São Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam, pelo major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava: "Forte de S. Francisco - Na Villa Franca fronteiro ao boque-te do Ilhéu para defesa da sua entrada aproveitando-se as vantagens que oferece para o comercio com um surgidouro quase circular de 90 braças de diâmetro, que no estado de abandono tudo se faz inútil, e tudo se pode fazer para aproveitar, porque os lucros hão exceder muito a despesa: tem o do castelo, 8 canhoneiras, e 3 peças de ferro duas no chão, e outra montada em uma careta mui velha, palamenta, e munições nada; porem conserva-se em bom estado." Esta estrutura não chegou até aos nossos dias. De acordo com Rezendes, também terá tido a denominação de 'Forte da Forca', e terá sido reconstruído em 1815, com o nome de 'Forte de Gonçalo Velho'.

Constituiu-se em um forte de pequenas dimensões, em cujos muros se rasgavam oito canhoneiras. Não foram localizados detalhes complementares sobre as suas edificações de serviço (Casa do Comando, Quartel de Tropa, Paiol de Pólvora) ou sua evolução.

FORTE DE S. FRANCISCO XAVIER DE ROSTO DE CÃO

O 'Forte de São Francisco Xavier de Rosto de Cão' localiza-se na freguesia de São Roque, no concelho de Ponta Delgada, na costa sudeste da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: "5.°-Forte de S Francisco Xavier. Tem 6 canhoneiras e 5 peças de ferro, 4 incapazes e 1 boa: precisa 5." Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de São Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam, pelo major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:

"Forte de S. Francisco Xavier - No lugar de Rosto de camara, que defende uma pequena praia; está alguma coisa danificada nas cazas e em uma trincheira que repara a sua entrada, e não tem porta tem 8 canhoneiras, e 7 peças desmontadas, quase cobertas d'areia, e terra o flanco que defende a praia é mui curto: Palamenta e munições nada tem."

Constitui-se em um forte de pequenas dimensões, em cujos muros se rasgam oito canhoneiras.

FORTE DE S. JOSÉ DE ROSTO DE CÃO

O 'Forte de São José' localizava-se na freguesia de Livramento, no concelho de Ponta Delgada, na costa sudeste da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

FORTE DE SÃO PEDRO
(Ponta Delgada)

O 'Forte de São Pedro' localizava-se na cidade e concelho de Ponta Delgada, a sudeste da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico. Cruzava fogos com o Forte de São Brás de Ponta Delgada e com o Forte do Açougue.


No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Reduto de S. Pedro." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de S. Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam, pelo major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava: "Forte de S. Pedro - Na cidade que auxilia de flanco a 2 referidos, conserva-se em bom estado, tem 9 canhoneiras, 4 de frente, que defendem o ancoradouro com tiros fixantes; isto é com alguma obliquidade, e 5 de flanco, que defendem o Porto d'Alfandega: tem 2 peças de bronze de camara, e Ambos estes Fortes são municiados do Castelo de S. Braz, e por isso não se nota a sua palamenta."

Constituiu-se em um forte de pequenas dimensões, em cujos muros se rasgavam nove canhoneiras. Não foram localizados detalhes complementares sobre as suas edificações de serviço (Casa do Comando, Quartel de Tropa, Paiol de Pólvora) ou sua evolução.

FORTE DO AÇOUGUE
(Ponta Delgada)


O 'Forte do Açougue' localizava-se na cidade e concelho de Ponta Delgada, a sudeste da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico. Cruzava fogos com o Forte de São Brás de Ponta Delgada e o Forte de São Pedro.

Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de São Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam, pelo major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava: "Forte do Açougue - Na cidade fronteiro ao Porto d'Alfandega, e que o defende com tiros rectilíneos, conserva-se em bom estado, menos o portão: tem 6 canhoneiras, 4 de frente, e 2 de flanco para cruzar o seu fogo com o do Castelo; no caso de investirem o Portinho que fica a Leste do Castelo / a que vulgarmente chamam o areal / e que no todo do Conde da Ribeira foi um bom surgidouro para navios pequenos, porem hoje esta entulhado com pedras de lastro de navios, que nele deitarão por evitar transportes: tem só 2 peças de bronze da camara em bom estado, e óptimas para a defesa do lugar, porem as caretas velhas: os seus calibres e o das mais se vem no mapa."

Constituiu-se em um forte de pequenas dimensões, em cujos muros se rasgavam seis canhoneiras. Não foram localizados detalhes complementares sobre as suas edificações de serviço (Casa do Comando, Quartel de Tropa, Paiol de Pólvora) ou sua evolução.

FORTE DO BAIXIO DE VILA FRANCA

O 'Forte do Baixio de Vila Franca', também designado como 'Forte do Tagarete', 'Forte da Areia' e 'Castelo do Baixio', localiza-se no cais do Tagarete, na cidade e concelho de Vila Franca do Campo, na costa sul da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico. É o último exemplar que subsiste das demais fortificações que integraram a defesa da vila.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Forte de Tagarete." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". No contexto da instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: "14.°-Forte do Baixo. Tem 10 canhoneiras e 6 peças, 5 de ferro incapazes e 1 de bronze boa; precisa 9." Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de São Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam, pelo major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava: "Castelo do Baixio - No meio da Vila, para defesa do Porto da mesma, chamado o Tagarete, que defende com tiros rectilíneos, flanqueia 2 praias laterais, auxilia defesa do boque-te do Ilhéu com tiros rasantes a sua entrada; conserva-se em bom estado, tem 10 canhoneiras, e 3 peças, uma das quais só montada: palamentas e munições nada."

De planta pentagonal, em aparelho de pedra irregular, apresenta dois pequenos torreões de planta circular pelo lado do mar. Em seus muros rasgavam-se, primitivamente, dez canhoneiras.

FORTE DO CABRITO

O 'Forte do Cabrito' localizava-se no lugar da Praia, na ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

FORTE DO CORPO SANTO
(Vila Franca do Campo)

O 'Forte do Corpo Santo', também referido como 'Castelo das Taipas', localiza-se junto às docas na praia do Corpo Santo, na freguesia de São Miguel, actual concelho de Vila Franca do Campo, na costa sul da ilha de São Miguel, nos Açores. É considerado como a primeira fortificação a ser construída na vila. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Castelo do Corpo Santo." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". No contexto da instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: "15.°-Forte do Corpo Santo. Tem 6 canhoneiras e 4 peças, duas de ferro e 2 de bronze, todas boas; precisa 2." A "Relação" do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 informa que se encontrava inteiramente arruinado. Pela Resolução nº 176/1991 de 12 de Setembro as ruínas do antigo forte foram cedidas à Câmara Municipal de Vila Franca do Campo. Em nossos dias em seu terrapleno ergue-se a sede do "Clube de Pesca Desportiva Vila Franca do Campo". A estrutura original mantem-se até à altura do cordão do forte.

FORTE DO LIVRAMENTO

O 'Forte do Livramento' localizava-se na freguesia do Livramento no concelho de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

FORTE DO PORTO FORMOSO


O 'Forte de São Brás do Porto Formoso', também referido como 'Castelo do Porto Formoso', 'Forte do Porto Formoso' e 'Forte de Nossa Senhora da Graça', localiza-se na freguesia de Porto Formoso, concelho da Ribeira Grande, a norte da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Reduto do lugar do Porto Formoso." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". No contexto da instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: "19.°-Forte de Nossa Senhora da Graça, no Porto Formoso. Tem 8 canhoneiras e 3 peças de ferro, incapazes; precisa 8." Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de S. Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam, pelo major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:

"Castelo do Porto Formoso - No termo ainda de Vila Franca, ultimo do seu Distrito, e o 1.a da costa Norte, pois que desde a extremidade de Leste, da costa do Sul onde está a Vila do Nordeste, ate a ponta do Norte da costa de Leste onde está o lugar dos Fenais de Vera Cruz não há mais Forte, ou Castelo algum senão o deste lugar assim chamado por ser a maior baia que entra pela terra, mais como fica exposta ao Norte é a sua capacidade inútil; porque ruinado aqui muito os ventos deste quadrante, qualquer sopre embravece o mar de sorte que chega a roxa onde estão os barcos varados, que se faz necessário subi-los por corda e por este motivo tão bem julgo se deve abandonar. Tem 8 canhoneiras, e 5 peças pequenas no chão, palamenta e munições nada."

Constituiu-se em um forte de pequenas dimensões, em alvenaria de pedra argamassada, em cujos muros se abriam primitivamente oito canhoneiras. Uma planta, possivelmente do século XIX, mostra-o com planta poligonal irregular, com seis faces, com sete canhoneiras pelos lados de mar e edificação de serviço com dois compartimentos pelo lado de terra.

FORTE DOS BUEIROS DE VILA FRANCA

O Forte dos Bueiros de Vila Franca localizava-se na Vila Franca, actual concelho de Vila Franca do Campo, na costa sul da ilha de São Miguel, nos Açores.


Em posição dominante sobre este trecho da costa, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico. Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de São Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam, pelo major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:

"Forte dos Boeiros – Tão bem na Vila situado em meio de 2 praias que oferecem o melhor lugar de desembarque, e por isso mui útil para a defesa da Vossa; nota-se o lugar por melhor, por serem as praias mais extensas da Vossa, uma de 217 braças e meia (Leste); a outra não se mediu por ser defendida por tiros cruzados de ponto em branco, que do mais que igualmente se não medirão e ficam a queima-roupa: não tem cazas, nem peças, palamentas ou munições, e as muralhas alguma coisa danificadas do tempo do mar: precisa de ser guarnecida, e municiada pela importância do sítio."

Constituiu-se em um pequeno reduto ou bateria para complemento da defesa da vila. Cruzava fogos com o Forte de Santo António de Vila Franca. Não possuía edificações de serviço (Casa do Comando, Quartel de Tropa, Paiol de Pólvora). Esta estrutura não chegou até aos nossos dias.

FORTE DOS MOSTEIROS

O 'Forte dos Mosteiros' localizava-se no lugar dos Mosteiros, freguesia de Mosteiros, concelho de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontram-se referidos "Dous Redutos no lugar dos Mosteiros." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de São Miguel do seu estado do da sua Artilharia, Palamentas, Munições e do que mais precisam, pelo major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:

"Forte dos Mosteiros - Na costa do Norte para defesa do último Porto que nela há conservasse em bom estado, tem 7 canhoneiras, e 4 peças montadas, e as carretas mui velhas, palamenta algumas a estas quebradas, munições nada."

Constituiu-se em um forte de pequenas dimensões, em cujos muros se abriam sete canhoneiras. Não foram localizados detalhes complementares sobre as suas edificações de serviço (Casa do Comando, Quartel de Tropa, Paiol de Pólvora) ou sua evolução.

REDUTO DA MAIA
(Ribeira Grande)

O 'Reduto da Maia', posteriormente referido como 'Forte do Espírito Santo', localizava-se no então lugar da Maia, concelho da Ribeira Grande, a norte da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Reduto do lugar da Maya." Na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". No contexto da instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: "20.°-No lugar da Maya se conservam alguns vestígios de que houve ali um Forte chamado do Espirito Santo, e se deve novamente edificar, pela necessidade que tem aquele sítio de ser defendido." Esta estrutura não chegou até aos nossos dias.

ILHÉU DE VILA FRANCA



O ´'Ilhéu de Vila Franca' localiza-se na freguesia de São Miguel, concelho de Vila Franca do Campo, na costa sul da ilha de São Miguel, nos Açores. Constitui-se numa pequena ilhota vulcânica, distante cerca de 500 metros da costa de Vila Franca, e 1200 metros do cais do Tagarete, no centro da vila. Deste porto existem ligações regulares com o ilhéu durante a época balnear. Durante séculos foi apontado como sendo o local ideal para a construção de um porto de abrigo, tendo-se, em vários momentos, procedido a estudos e projectos para esse fim, o último dos quais por volta do ano de 1840. A ideia apenas foi definitivamente abandonada com a construção do porto de Ponta Delgada.



O ilhéu é um cone vulcânico de origem hidro magmática, muito desmantelado pela erosão marinha, pelos movimentos tectónicos e por assentamentos diferenciais. Na sua constituição predominam os tufos palagoníticos muito litificados, em formações caracterizadas por forte fracturação vertical, de que resultam grandes estruturas colunares e algumas cavidades subaquáticas. Apresenta forma semicircular, com uma área total de 95 hectares, dos quais estão emersos 61,6 hectares, com uma abertura por onde o mar penetra livremente na cratera. A cratera, com uma profundidade máxima de 20 metros, forma um círculo quase perfeito com 150 metros de diâmetro. A abertura, designada por Boquete, está voltada a Norte, isto é na direcção da costa da ilha, o que impede a entrada da agitação marítima para o interior. Apesar do solo esquelético, o ilhéu foi objecto de cultivo, subsistindo ainda restos das antigas curraletas de vinha que ocupavam a sua parte alta.



O povoamento da ilha de São Miguel iniciou-se pela parte sudeste, na chamada "Povoação Velha". Apenas após mais de um ano é que Gonçalo Vaz Botelho, o Grande, e a sua gente, nas palavras do cronista, "correndo a costa para o poente, foram dar ao ilhéu de Vila Franca". E complementa:

"ali defronte saíram em terra e habitaram, a qual semeando e cultivando lhe respondeu com muitas e abundantes novidades". Frutuoso afirma ser ainda ser este "o mais formoso ilhéu que há nas ilhas".

Com relação às lendas que envolviam o ilhéu o cronista regista ainda que, mandando o Infante Dom Henrique reconhecer pela segunda vez a ilha de São Miguel, frei Gonçalo Velho:

"achou primeiro o ilhéu de Vila Franca, onde saiu sem ver a ilha; e fazendo dizer nele missa, sem consagrar nela, por lhe parecer que estava no mar, como em navio, porque era o ilhéu pequeno." E prossegue: "Acabada a missa, começaram por ouvir uns gritos grandes que eles entendiam ser dos demónios, que gritavam e diziam - nossa é esta ilha, nossa é! (...) contudo, desembarcaram e tomaram posse dela, desapossando os demónios." 

O primeiro documento histórico relacionado à ilha é a sua carta de dada a João da Grã, cavaleiro da Ordem de Avis, passada a 13 de Junho de 1537 pelo 5º capitão do donatário da ilha de São Miguel, Dom Manuel da Câmara, "para criação de cabras ou outra qualquer criação e proveito que no dito ilhéu possa melhor fazer'". João da Grã requereu em 1540 ao monarca a confirmação da dada e o privilégio de que ninguém pudesse ir caçar coelhos ao ilhéu, contra a sua vontade e sem a sua prévia autorização. Logo após o terramoto de 22 de Outubro de 1522 - a que o ilhéu sobreviveu sem maiores danos, constituindo-se em refúgio para algumas embarcações, Dom João III de Portugal, a requerimento do capitão do donatário, mandou examinar o ilhéu para determinar da viabilidade de se construir no seu interior um porto de abrigo, "(...) e lhe apresentaram o plano de que a sua caldeira podia recolher 30 navios, devendo-se rebaixar e alargar o boquete e tapar as fendas que o circundam". Contudo, este projecto não teve execução. Quando da crise sísmica que assolou Vila Franca de 25 a 28 de Junho de 1563, novamente o ilhéu se converteu em refúgio de embarcações e gentes. É ainda o cronista quem refere: "Muitas pessoas se botavam a nado ao mar, não temendo esse perigo, por evitar o que na terra tinham, acolhendo-se aos barcos e navios ancorados e ao ilhéu, onde já estava muita gente acolhida, e para a cidade."



À época da Dinastia Filipina (1580-1640), após a derrota portuguesa na batalha Naval de Vila Franca (26 de Julho de 1582) o alto do ilhéu também foi palco de execuções exemplares, por ordem do marquês de Santa Cruz de Mudela: "O dia seguinte [2 de Agosto de 1582] se viram outras duas forcas no ilhéu, mas por andar o mar alterado não foi possível fazer-se então justiça, e assim ficou até o terceiro dia do mês, que se acabou de fazer a execução dela, enforcando dezoito ou dezanove franceses mancebos bem-dispostos. Dizem ser o intento do Marquês em os mandar enforcar no alto do ilhéu, para todos os que passassem ao longo dele e da terra, vendo aquela justiça não usassem semelhantes obras, e temessem outro tal castigo." Nesse período foram-lhe promovidos trabalhos de beneficiação, visando o antigo projecto de utilizá-lo como ancoradouro. Para esse fim, a entrada para a caldeira interior foi cavada a picão, facilitando o acesso a embarcações de menos de sessenta toneladas, "para passarem ali seguros o tempo das tormentas e do inverno". E complementa: "Agora está ornado com um forte muro que lhe defende por ali a entrada do mar e tem a boca preparada para nele poderem entrar galés". Cogitou-se ainda a fortificação do mesmo, conforme correspondência de 5 de Julho de 1593, do então Governador e Capitão da ilha de São Miguel, Gonçalo Vaz Coutinho, a Filipe II de Espanha, que pleiteava:

"De outra coisa há nesta ilha grandíssima necessidade assim para os navios dela, como e muito mais para os que vem de mar em fora; que é o conserto do ilhéu de Vila Franca, sobre que já os anos passados escrevi a V. M., e será pouco de custo porque eu me atrevo, com três mil cruzados fortificá-lo, e este sem serem da Fazenda de V. M. se não dos dois por cento, porque o sítio do ilhéu é tal que com pouca fábrica é mister: artilharia tem cá; soldados pode ir uma esquadra cada mês revezar-se, e assim os bombardeiros. Só será necessário ordenado para o capitão, escrivão, e despenseiro e capelão, que dos dois por cento se pode dar. V. M. veja a importância disto que é mui grande, porque será fazer um porto nestas ilhas de natureza é maravilhoso, dentro abrigado a todos os ventos, e fora aos mais, e capaz dentro de navios de até 80 toneladas, e fora de todo o porte." 

Poucos anos após essa solicitação, a ilha de São Miguel foi atacada pela armada inglesa sob o comando de Robert Devereux, 2º conde de Essex, no Outono de 1597, na sequência dos ataques às ilhas do Faial e do Pico. Gonçalo Vaz Coutinho dispôs a defesa de terra de 'Ponta Delgada' a 'São Roque', e da 'Lagoa' a 'Vila Franca do Campo'. Aproximaram-se do ilhéu de Vila Franca dezassete galeões ingleses, a pretexto de fazer aguada. Conforme aquele Governador referiu na sua "História do Sucesso", "foi a tempo que o inimigo vinha com as suas lanchas para terra e vendo-a [a defesa] tanto em ordem, desistiu do intento e se recolheu aos navios com a maior presteza." O mesmo documento relata que aquele governante "salvou quase de suas mãos quatro nossos [navios] que esperavam carga de trigo, mantidos no Ilhéu, porque logo em chegando mandou a ele Manoel de Escovar [(Manuel de Escobar)], capitão de Artilharia da Ilha [de São Miguel], e duas esquadras de soldados, com os quais, e com a gente dos navios guarneceu a boca da caldeira [do ilhéu], atravessando nela algumas âncoras e à mor cautela guarneceu também a faixa de Lés-sueste, com o que o inimigo de todo desesperou fazer presa, ainda que se deixou andar três dias sobre o Ilhéu volta ao mar, volta a terra com a demonstração de o tornar a acometer (...)" Em 1612 uma postura municipal suspendeu a criação de gado no ilhéu "pelo inconveniente que há de derrubarem a terra que corre por ele abaixo", sob pena do que fosse apreendido e pagamento de vinte cruzados para o acusador. O ilhéu mudou de mãos em 8 de Março de 1616, vendido por Leonor de Abreu, Maria Andrade e João de Grã de Abreu, a Fernão Corrêa de Sousa, por seu bastante procurador, Jordão Jácome Raposo, morador na vila de Nordeste, conforme instrumento lavrado por Baltasar de Abreu, tabelião de Vila Franca. Ainda nesse período, em 1624 outra postura municipal determinou proceder a colocação de "meurões" (mourões) de cerne, no lado norte, para amarração dos navios, e proibia a baldeação de lastros sob pena do pagamento de dez cruzados para a indispensável limpeza. Após a restauração da Independência Portuguesa, o Soberano solicitou ao então Governador de São Miguel, Luís Mendes de Vasconcelos, o estudo do antigo projecto de construção de um molhe na caldeira do ilhéu (1654). Para o efeito foi comissionado o padre Lázaro da Costa Lima, que o estimou capaz de abrigar quarenta navios e o custo do projecto em seis mil cruzados. Mais tarde, a governação de Vila Franca do Campo, por carta de 18 de Setembro de 1680 representou ao Soberano, insistindo no "conserto" do ilhéu, e, posteriormente ainda, Dom Pedro II de Portugal, em 1691, voltou a determinar o estudo daquele mesmo antigo projecto.



Em 1703 o ilhéu passou para a posse do capitão-mor da Ribeira Grande, Pedro da Ponte Raposo, e, em 1708, para a do seu sucessor, Manuel Raposo Correia. Passaria, ainda por sucessão, para o filho deste, António Manuel Raposo e, por morte deste, para a de Francisco Raposo Manuel Correia. Neste período o padre António Cordeiro, sobre a excelente posição do ilhéu, regista que "serviria também de melhor Fortaleza, como a do Bugio em a entrada do Tejo", acrescentando que, na sua caldeira, cabiam vinte navios. Com a criação da Capitania Geral dos Açores (1766, e por força do impulso reformador do marquês de Pombal, foram feitos novos estudos para o aproveitamento do Ilhéu, esbarrando uma vez mais a sua execução com a falta de fundos para financiar as obras. No final do século, uma série de relatórios foram produzidos acerca do aproveitamento do ilhéu, de acordo com o levantamento de Ernesto do Canto.


FORTE DE SÃO ROQUE
(Ponta Delgada)

O 'Forte de São Roque' localizava-se fronteiro ao ilhéu de Rosto de Cão, na freguesia de São Roque, no concelho de Ponta Delgada, na costa sudeste da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Reduto de S. Roque." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710". Esta estrutura não chegou até aos nossos dias.

FORTE DO PICO DAS CANAS

O 'Forte do Pico das Canas' localizava-se na freguesia de São Roque, no concelho de Ponta Delgada, na costa sudeste da ilha de São Miguel, nos Açores. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

Rezendes refere que este terá sido o último forte do complexo defensivo de Ponta Delgada, a ser erguido nas praias do Livramento/São Roque, mas que entretanto não terá chegado a ser concluído. Sem informações acerca da sua periodização, teria como função cortar o acesso a Ponta Delgada de qualquer coluna inimiga que lograsse desembarcar nos areais do Livramento/São Roque. Esta estrutura não chegou até aos nossos dias.


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