(Fevereiro de 1538)
Logo que o
catur (pequena embarcação) que vigiava Panane chegou a Cananor com a informação
de que a armada malabar saíra daquela cidade e se dirigia para norte, Martim
Afonso de Sousa fez-se ao mar e foi estabelecer-se em cruzeiro nas proximidades
do monte Deli por lhe parecer ser esse o melhor local para interceptar o
inimigo que supunha interessado em ir buscar arroz aos portos da costa do
Canará como tinha acontecido nos anos anteriores. Mas o tempo passava e da
armada malabar... nem sombras! Após alguns dias de espera, Martim Afonso de
Sousa resolveu dirigir-se para sul em busca do inimigo. Foi então que encontrou
um tone que vinha de Cochim, que lhe deu conta de como fora ludibriado por
Patemarcar, da perda das três naus que vinham de Ceilão e dos riscos que haviam
corrido as que se encontravam à carga em Cochim e Coulão. Chegado à primeira
destas cidades, Martim Afonso foi posto mais pormenorizadamente ao corrente das
depredações efectuadas pela armada malabar e também de que já tinham saído de
Cochim, em sua perseguição, um galeão e uma nau pequena. Detendo-se em Cochim
somente o tempo indispensável para reabastecer os seus navios, Martim Afonso de
Sousa largou de novo para o mar a 2 de Janeiro de 1538 e dirigiu-se o mais
depressa que lhe foi possível para o cabo Comorim. Aí chegado, tal como previra
Patemarcar, constatou que por estar soprando a «vara do Coromandel» não tinha
possibilidade de penetrar no golfo de Manar com os navios de alto bordo nem
mesmo com as galeotas. Por essa razão, mandou regressar a Cochim o galeão e a
nau dessa cidade e ordenou às galeotas que fossem patrulhar a costa do Malabar.
Restavam-lhe vinte e duas fustas e oito catures, incluindo alguns que se lhe
tinham juntado em Cochim, com cerca de quinhentos portugueses, com os quais
entrou no golfo de Manar, navegando sempre a remos, junto à costa, em busca de
Patemarcar. Tratava-se, obviamente, de uma navegação extremamente lenta e
penosa. Com vento fresco e vaga da proa, os navios caturravam fortemente e a
surriada levantada pelas pancadas que davam na água molhava os tripulantes até
aos ossos. De tantas em tantas horas, para permitir que os remadores
recuperassem as forças, era necessário fundear.
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