A Academia Real da Marinha foi fundada em Lisboa por decreto de 5 de Agosto de 1779, por sugestão do Conde de São Vicente, que foi o seu presidente. Tinha como funções dar aos oficiais da marinha de guerra e da marinha mercante os conhecimentos julgados de interesse na ciência náutica e fortificação para a sua formação. Para isto, era ministrado um curso de Matemática com a duração de três anos, dado por três professores. Ao primeiro professor estava incumbida a Aritmética, Geometria e Trigonometria Plana, ao segundo a Álgebra aplicada à Geometria, os Cálculos Diferencial e Integral e os princípios da Física (Estática, Dinâmica, Hidrostática, Hidráulica e Óptica) e ao terceiro estava confiada a Trigonometria Esférica e a Navegação Teórica e Prática. Os dois primeiros anos eram de preparação para o curso de engenharia militar dado na Aula de Desenho e Fortificação. Os professores eram equiparados aos da Universidade de Coimbra, sendo o ensino feito no edifício do Colégio dos Nobres. A admissão a esta academia era feita por um exame para os alunos com idade inferior a 14 anos, sendo obrigados a comparecer às aulas e ter bons resultados nos exames. Por decreto de 14 de Dezembro de 1782 foi restabelecida a classe dos Guarda-Marinhas para o serviço da costa, sendo estes, mais tarde, instruídos no sentido de seguirem a instrução na Academia Real da Marinha, cujo director do curso era o Marquês de Angeja. A 1 de Abril de 1796 foi criada a Academia Real dos Guarda-Marinhas, que funcionava no arsenal da Marinha.
As aulas eram idênticas às da Academia Real da Marinha. Os alunos que acabavam os seus cursos na Academia Real da Marinha ingressavam na Armada como voluntários, passando a oficiais depois de um tempo de prática. A Academia Real dos Guarda-Marinhas foi transferida para o Brasil (Rio de Janeiro), em 1807, devido às Invasões Francesas, ficando o ensino naval em Lisboa reservado à Academia Real da Marinha.
Academia Real de Marinha e Comércio
A Academia Real de Marinha e Comércio foi criada em 29 de Julho de 1803, na dependência da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (CGAVAD), com o objectivo principal de formar os seus futuros quadros técnicos. A ser criada, a nova Academia absorveu duas escolas já existentes anteriormente, a Aula de Náutica e a Aula de Desenho e Debuxo. A Aula de Náutica tinha sido criada em 1762, pelos grandes comerciantes do Porto, com o objectivo de formar oficiais de marinha para servirem na frota de navios da CGAVAD, sendo instalada no edifício do antigo Colégio de Nossa Senhora da Graça dos Meninos Órfãos. A Aula de Desenho e Debuxo havia sido criada também pela CGAVD, em 1779, para ministrar uma formação artística, saindo dali artistas famosos como é o caso de Vieira Portuense. Na Academia da Marinha e Comércio seriam realizados os cursos de matemática, de pilotagem, de comércio, de desenho e de agricultura Para instalar a Academia, logo em 1803, foi projectado um novo edifício por José da Costa e Silva, a ser construído no local do antigo Colégio da Graça. No entanto, o projecto definitivo, seria realizado apenas em 1807, por Carlos Amarante. A construção do edifício iria prolongar-se por um longo período. Para ajudar ao seu financiamento, a Junta Administrativa da CGAVAD iria lançar o Subsídio Literário, um imposto sobre cada quartilho de vinho vendido no Porto e nas áreas de jurisdição da Companhia. Contribuiria também, para aquela construção, a Câmara Municipal do Porto.
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