sábado, julho 05, 2014

Batalhas e Combates-1798 III

Costa do Pará
(21 de Setembro de 1798)

      

A 11 de Agosto de 1798 largou de Lisboa com malas do correio para o Pará, Maranhão e Pernambuco o bergantim de guerra ‘Voador’, ao comando do Primeiro-Tenente António Garcia Álvares. A 21 de Setembro, encontrando-se já relativamente perto da costa brasileira, foi o dito bergantim perseguido por duas fragatas francesas, a ‘Regenerée’ e a ‘Vertu’, das quais não conseguiu escapar-se por serem de melhor pé (andarem mais e bolinarem melhor) que ele. Chegando primeiro Junto do ‘Voador’, a ‘Regenerée’ colocou-se a sotavento dele e intimou-o a amainar. Mas o Primeiro-Tenente António Garcia Álvares impulsionado pelo ardor dos seus verdes anos, recusou-se altivamente a faze-lo, disposto que estava a combater. Não tendo outra alternativa disparou uma bordada sobre o bergantim, a que este respondeu de pronto com arreganho, dando inicio a um combate de “David e Golias”, em que o primeiro estava de antemão condenado ao insucesso. Entretanto chegou a outra fragata a ‘Vertu’, que se aproximou do ‘Voador’ por Barlavento na intenção clara de o abordar. Vendo-se perdido o Primeiro-Tenente António Garcia Álvares pegou num morrão acesso e correu para o paiol de pólvora disposto a pôr-lhe fogo e fazer saltar o navio juntamente com a fragata.


Impedido de concretizar o seu intento por alguns marinheiros, voltou à tolda, onde, muito contrafeito, autorizou que a bandeira fosse finalmente arriada. Indignado pelo que considerou ser uma atitude de estúpida arrogância do Primeiro-Tenente António Garcia Álvares o ter querido bater-se contra duas fragatas com um minúsculo bergantim, o comandante da fragata ‘Regenerée’ ameaçou-o de o mandar enforcar. Mas ele nem pestanejou. Depois da perda do seu querido navio, provavelmente o primeiro comando, que lhe foi confiado, tanto se lhe dava viver como morrer. Impressionado com a sua serenidade e a sua coragem, o francês acabou por lhe perdoar, passando a tratá-lo com todas as deferências durante todo o tempo em que o conservou a bordo como prisioneiro.   

       

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