(21 de Outubro de 1798)
A 12 de Abril de
1798 largaram de Goa com destino a Lisboa a nau mercante ‘Nossa Senhora da Conceição’,
armada com 31 peças de artilharia ao comando do Capitão-de-mar-e-guerra
Joaquim José da Silva, e dois outros navios de menor porte. A 10 de
Junho um temporal fez desgarrar a nau dos seus companheiros. A 14 começaram os
tripulantes da ‘Conceição’ a prepará-la para a passagem do Cabo, transferindo a
artilharia da coberta e da tolda para o porão a fim de aumentar a estabilidade
do navio. A 30 de Junho já a nau se encontrava livre dos temporais do Cabo. A
16 de Julho fundeou em Santa Helena, onde permaneceu, fazendo aguada, até 1 de
Agosto. Depois foi uma viagem sem história até aos Açores. Porém a 21 de Outubro,
pelas seis da manhã, encontrando-se a ‘Nossa Senhora da Conceição’ a navegar com vento moderado de
SSE ao rumo E ¼ E, a umas doze ou quinze milhas da costa norte da ilha
de São Miguel, foi avistado pela amura de EB um navio que dava mostras
de a querer interceptar e que mais tarde se reconheceu ser uma fragata de mais trinta
peças. O Capitão-de-mar-e-guerra Joaquim José da Silva, mandou tocar a postos
de combate e ficou a aguardar o desenrolar dos acontecimentos, uma vez que, por
o seu navio ser mais lento e estar a sotavento do outro, nada mais podia fazer.
Cerca das nove, estando já muito perto, a fragata disparou um tiro de pólvora
seca intimando a nau a atravessar. Como esta continuasse como dantes, dez
minutos depois disparou novo tiro, mas agora com bala, ao mesmo tempo inçava a
bandeira Francesa. Respondeu o Capitão-de-mar-e-guerra Joaquim José da Silva,
mandando arriar um pouco a bandeira e logo a iça-la firmada com um tiro com
bala, tal como havia o Francês. Simultaneamente ordenou que fossem ferrados os Papafigos
e os joanetes.
Surpreendida
com o arreganho de uma nau que parecia mercante mas que procedia como um navio
de guerra, a fragata francesa foi-se aproximando cautelosamente e disparou uma
salva de apenas cinco tiros como um último aviso para aquela se render.
Ripostou o Capitão-de-mar-e-guerra
Joaquim José da Silva, com uma bordada completa. E logo se acendeu um
furioso duelo de artilharia que se haveria de prolongar por três horas.
A ‘Nossa Senhora da Conceição’ teve quatro mortos e alguns feridos e
ficou com o aparelho muito danificado. A fragata francesa teve vários mortos e
feridos, perdeu um escaler e a bandeira e sofreu avarias graves no aparelho. Um
pouco do meio-dia, reconhecendo que a nau portuguesa era um osso muito duro de
roer, largou todo pano, meteu à orça e afastou-se, pondo termo ao combate.
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