sexta-feira, julho 04, 2014

Batalhas e Combates-1798 IV

Ilha de São Miguel
(21 de Outubro de 1798)
       
      
   
A 12 de Abril de 1798 largaram de Goa com destino a Lisboa a nau mercante ‘Nossa Senhora da Conceição’, armada com 31 peças de artilharia ao comando do Capitão-de-mar-e-guerra Joaquim José da Silva, e dois outros navios de menor porte. A 10 de Junho um temporal fez desgarrar a nau dos seus companheiros. A 14 começaram os tripulantes da ‘Conceição’ a prepará-la para a passagem do Cabo, transferindo a artilharia da coberta e da tolda para o porão a fim de aumentar a estabilidade do navio. A 30 de Junho já a nau se encontrava livre dos temporais do Cabo. A 16 de Julho fundeou em Santa Helena, onde permaneceu, fazendo aguada, até 1 de Agosto. Depois foi uma viagem sem história até aos Açores. Porém a 21 de Outubro, pelas seis da manhã, encontrando-se a ‘Nossa Senhora da Conceição’ a navegar com vento moderado de SSE ao rumo E ¼ E, a umas doze ou quinze milhas da costa norte da ilha de São Miguel, foi avistado pela amura de EB um navio que dava mostras de a querer interceptar e que mais tarde se reconheceu ser uma fragata de mais trinta peças. O Capitão-de-mar-e-guerra Joaquim José da Silva, mandou tocar a postos de combate e ficou a aguardar o desenrolar dos acontecimentos, uma vez que, por o seu navio ser mais lento e estar a sotavento do outro, nada mais podia fazer. Cerca das nove, estando já muito perto, a fragata disparou um tiro de pólvora seca intimando a nau a atravessar. Como esta continuasse como dantes, dez minutos depois disparou novo tiro, mas agora com bala, ao mesmo tempo inçava a bandeira Francesa. Respondeu o Capitão-de-mar-e-guerra Joaquim José da Silva, mandando arriar um pouco a bandeira e logo a iça-la firmada com um tiro com bala, tal como havia o Francês. Simultaneamente ordenou que fossem ferrados os Papafigos e os joanetes.


Surpreendida com o arreganho de uma nau que parecia mercante mas que procedia como um navio de guerra, a fragata francesa foi-se aproximando cautelosamente e disparou uma salva de apenas cinco tiros como um último aviso para aquela se render. Ripostou o Capitão-de-mar-e-guerra Joaquim José da Silva, com uma bordada completa. E logo se acendeu um furioso duelo de artilharia que se haveria de prolongar por três horas. A ‘Nossa Senhora da Conceição’ teve quatro mortos e alguns feridos e ficou com o aparelho muito danificado. A fragata francesa teve vários mortos e feridos, perdeu um escaler e a bandeira e sofreu avarias graves no aparelho. Um pouco do meio-dia, reconhecendo que a nau portuguesa era um osso muito duro de roer, largou todo pano, meteu à orça e afastou-se, pondo termo ao combate.

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