(10 de Junho de 1797)
A 6 de Junho de
1797 largou de Lisboa para patrulhar a costa a corveta ‘Andorinha’ de 24 peças
e 166 homens de guarnição, sob o comando do Capitão-de-fragata Francisco José de Canto e Castro e Mascarenhas.
Na manhã de 10, ao largo de Vila Nova de Milfontes, foram avistadas duas velas.
Tratava-se da escuna francesa ‘Oiseau’, de 10 peça e 50 homens
de guarnição, e da polaca de Regusa ‘Santa Catalina’, de 10 peças, que aquela
capturara junto ao cabo Espichel e na qual metera uma tripulação de presa de
dezassete homens. O vento estava a soprar com força, provavelmente de norte ou
Noroeste. Navegando à popa com gáveas rizadas, a ‘Andorinha’, ia a dar uns bons
onze nós, o que lhe permitiu alcançar com relativa facilidade os navios
avistados. Já perto deles içou a bandeira portuguesa firmada com um tiro de
peça a fim de que se identificassem. Responderam os dois, içando a bandeira
francesa, igualmente firmada com tiros de peça, para mostrar que eram nossos
inimigos e que estavam preparados para a luta. Tirando partido da sua maior
velocidade, a ‘Andorinha’, colocou-se entre a escuna e a polaca e abriu fogo
com as baterias de ambos bordos. Ripostaram animosamente os franceses. Mas,
depois de ter recebido a segunda salva da nossa corveta que a deixou com a
mastreação e o aparelho muito maltratados, a polaca rendeu-se. Nessa altura a
escuna meteu à orça e afastou-se no bordo da terra. O Capitão-de-fragata Francisco José de Canto e Castro e Mascarenhas, atravessou,
e mandou arriar um escaler que foi tomar conta da ‘Santa Catalina’ e deixou
nela uma tripulação de presa de doze homens. Feito isso e recolhida a
embarcação, meteu também à orça e lançou-se em perseguição da ‘Oiseau’, que já
se encontrava a uma distância considerável. Para aumentar a velocidade do seu
navio o Capitão-de-fragata Francisco José
de Canto e Castro e Mascarenhas, mandou desfazer os rizes das gáveas e
largar os joanetes, o que era uma temeridade com o vento e o mar que estavam. E
mais uma vez a Fortuna favoreceu o audacioso! Apesar de ir a navegar com a
borda quase a rasar a água, a mastreação e o aparelho da corveta aguentaram e
ao fim de dois bordos o fugitivo era alcançado! Colocou-se então a ‘Andorinha’
a barlavento da ‘Oiseau’ e à curta distância dela, navegando só com gáveas,
para não a ultrapassar, e a artilharia pronta a disparar. Dispondo de um navio
de muito menos força, poderia o comandante francês, sem desonra, ter-se rendido.
Mas não o fez, preferindo lutar até ao fim como costumavam fazer os portugueses
dos tempos passados. Travou-se então um furioso duelo de artilharia, que apesar
de os adversários estarem a curta distância, poucos efeitos deve ter produzido,
uma vez que ambos estavam atravessados à vaga, o que conforme já foi explicado
noutra altura, tornava muito difíceis as pontarias. Vendo o tempo passar sem
que o inimigo parecesse disposto a render-se, o Capitão-de-fragata Francisco José de Canto e Castro e Mascarenhas, resolveu
tentar a abordagem. Com grande
perícia fez descair a corveta para cima da escuna até se encostar a ela. Nesse
instante um numeroso grupo de soldados portugueses saltou afoitamente para o
convés da ‘Oiseau’ e dominou em poucos minutos a sua valente guarnição. Tendo
guarnecido a escuna francesa com gente sua, o Capitão-de-fragata Francisco José de Canto e Castro e Mascarenhas,
comboiou-a juntamente com a ‘Santa Catalina’, até ao Tejo, onde deu entrada a
15 de Junho. Esta acção da ‘Andorinha’ parece indicar que por esta época a
qualidade do pessoal e do material da nossa Marinha de Guerra eram bastante
boas.
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