terça-feira, junho 25, 2013

Editais e Noticias 1806 - IV



Editais e Noticias – Abril de 1806


Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Terça-feira de 1 de Abril de 1806

Grã-Bretanha-Londres 27 de Fevereiro de 1806

       As últimas notícias, das Gazetas dos Estados Unidos da América trouxeram notícias de grande importância.


      

       
        Os nossos Diários notam a esse respeito o seguinte:

        “Sentimos ter de observar o modo pouco prudente com que o poder legislativo da República Americana apadrinha os supostos motivos de queixa contra este país. É porem de esperar que a pluralidade da Câmara dos Representantes desaprove esta violência, ou que pelo menos assim o faça o Senado, se houver falta de moderação na Assembleia Popular.- Enquanto ao serem os marinheiros Americanos presos, pelos nossos navios de guerra, é muito possível que disso tenha havido exemplos, se bem que o facto pede melhor autoridade que os clamores de Capitães Americanos. Por outra parte, porem é notório haver muitos marinheiros ingleses, empregados agora a bordo de navios Americanos, que, reclamados que sejam, se possam representar como vassalos daquela Republica. Igualmente é bem sabido que muitos marinheiros naturais da Grã-Bretanha, por terem saído à dois anos de algum porto Americano, ou por meios ainda mais simples e compendiosos, tais como certidões falsas, estão tornados cidadãos dos Estados Unidos, e que talvez estes sejam, em muitos casos, os marinheiros Americanos que se dão por presos. Não pode haver duvida alguma de que em 19 casos de 20 presos são vassalos Britânicos por nascimento, que dolosa e falsamente se certificam ser Americanos. Concedendo porem que sujeitos naturais da América possam ter sido presos por embarcações Britânicas (acaso não é isso um agravo que se posa amigavelmente ajustar entre do dois Governos?). Por ventura é necessário que o Governo Americano, como se lhe tivesse denegado justiça e satisfação, estabeleça leis, que no seu espírito e tendência equivalham a uma legislação, que destrói os direitos e privilégios de outras nações independentes? Se o Governo Americano deve dar leis para a definição de pirataria, e também para o seu castigo, por uma forma sumária, verá no que isto pode vir a parar. A proposta feita para legislar contra um suposto agravo, e para prescrever uma nova lei municipal sobre a ofensa cometida por estrangeiros, tem visos de novidade por não dizer de espírito presunçoso; porque se o agravo é de natureza que justifica o recorrer à força, na denegação da justiça, a guerra é o remédio própria. O procedimento adoptado com efeito respira um espírito de hostilidade, sendo que parece estabelecer um novo e falso princípio de legislação. O defender-se cada um de um ataque injusto é o direito de todos; mas o animar os homens por prémios a resistir, quando provavelmente a sem razão está da sua parte, ou ao menos quando lhes é franco o recorrer legalmente à justiça, e um procedimento sumamente extraordinário. Um Capitão de uma fragata Inglesa pode ser processado e justiçado como pirata, por um Tribunal dos Estados Unidos, por querer tornar a haver de bordo de um barco de pescaria Americano um dos seus marinheiros fugitivos; e a toda a pessoa que resistir a esta tentativa se promete um prémio de 200 patacas: e se um marinheiro Americano for preso, ele e seus herdeiros &c. tem direito a cobrar 60 patacas por mês, por embargo feito nas somas devidas ao país que o prender.- O outro ponto de pilhagens cometidas por este país, e é de grande delicadeza; mas, quando é tão manifestamente do interesse de ambas as partes o vir a um ajuste amigável, é verosímil que a disputa se possa concluir por uma composição. Talvez tenham os Americanos motivo de queixar-se de que, depois do que eles entendiam como uma modificação admitida do rigor da antiga lei contra o comercio feito por nações neutras com Potencias beligerantes, fundados nos mais sãos sentidos do Direito Publico. Toda esta importante questão porém provavelmente terá de ser discutida de oficio entre os dois países; e não sofre duvida de que ao mesmo tempo que por uma parte se á de conceder uma pronta reparação por toda ofensa fundamentada, não se à de ceder nem um ápice daqueles direitos que este país tem sempre mantido e exercitado como justos para com os outros, e essenciais para a sua própria conservação”.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sexta-feira de 4 de Abril de 1806

      

Grã-Bretanha-Londres 16 de Março de 1806

        Havendo aqui chegado na tarde de 27 do mês passado o Capitão Downmam, do navio de linha ‘Diadema’, e o Tenente-Coronel Baird, com despachos do cavaleiro Hope Popham, e do cavaleiro David Baird a quem se confiara a expedição contra o Cabo da Boa Esperança, nessa mesma tarde dirigiu o Presidente do Almirantado ao Lord Maior de Londres o aviso seguinte:

        “Secretaria do Almirantado 27 de Fevereiro de 1806. Esta tarde chegou aqui o Capitão Downmam, do navio de linha ‘Diadema’, com despachos do cavaleiro Hope Popham, datados no Cabo da Boa Esperança a 13 de Janeiro próximo passado. Pelas notícias que trouxe este Oficial consta que a Esquadra comandada pelo cavaleiro Hope Popham, chegou á altura do Cabo a 4 daquele mês; que o desembarque das tropas se efectuou a 6; e que depois de uma acção travada a 8, em que o inimigo perdeu cerca de 700 homens, e as forças de S. M. uns 240 homens entre mortos e feridos, se assinou a 10 uma capitulação, pela qual a Praça do Cabo e as suas dependências se entregarão às armas de S. M. O General Jansens, por quem eram comandadas as tropas do inimigo, se retirou com o resto da sua força, que era de 1.800 a 2.000 homens, para o interior do país.”

       Em consequência desta interessante noticia houve nessa tarde salvas de artilharia do Parque e da Torre, e às 11 horas da noite do dia seguinte saíram em um suplemento extraordinário à Gazeta da Corte os despachos mencionados. Nele se lê em primeiro lugar uma carta, dirigida ao Lord Visconde Castlereagh, e recebida na tarde de 27 de Fevereiro na secretaria de estado de Mr. Windham, da parte do Major General Sir David Baird, escrita da Praça do Cabo a 12 de Janeiro próximo passado, cuja substancia coincide com o Aviso referido; e após esta carta vem a capitulação, que se dará na Folha seguinte.

Lisboa - Noticias divulgadas na Gazeta de Lisboa na edição de Terça-feira de 8 de Abril de 1806




Grã-Bretanha-Londres 22 de Março de 1806

       Os nossos Diários anunciam que a 8 do corrente se despedirão 25 marinheiros Americanos de bordo da fragata ‘Cidade de Milão’, ao comando do Capitão Roberto Laurie, que voltou ultimamente de Halifax. Dizem que se passou ordem para serem despedidos de bordo dos nossos navios todos os súbditos dos Estados Unidos que neles se acham. Na manhã de 19 do corrente pela volta das 7 horas chegou de Bolonha defronte de Dover um pequeno barco de pescaria com bandeira parlamentaria Francesa, o qual foi logo abordado pela fragata ‘Vénus’: nele vinha um oficial Francês com despachos, que foram logo levados a Deal ao Almirante Holloway. Passou-se recibo pelo maço que os continha, e deu-se ordem ao barco de tornar logo para a costa de França. Estava a curiosidade dos habitantes de Deal fortemente excitada por esta circunstância, senão quando chegou ali uma galera de 10 remos, em que vinha Mr. Johnson, Comandante do lugre ‘Nilo’, acompanhado de um oficial Francês de graduação. Ao saírem em terra, foi o Oficial logo ter com o Almirante Holloway. Na tarde do mesmo dia, chegou aqui o dito Oficial, e dirigindo-se logo ao Secretário de Estado Mr. Fox lhe apresentou na sua secretaria uma carta de Mr. Talleyrand, Ministro dos Negócios Estrangeiros da França, a qual dizem contem propostas de paz, que Bonaparte faz ao nosso soberano. Mr. Fox, assim que recebeu a dita carta, foi ao palácio da Rainha, e comunicou o seu conteúdo ao Rei (…) que a base prescrita para a negociação proposta se fazia em grande parte inadmissível; mas que S. M. estaria sempre pronto a tratar de paz em termos honrosos e justos (…).


      


Lisboa 8 de Abril de 1806

        S. A. R. foi servido, por decreto de 3 de Março dito, fazer mercê a José Antonio de Sousa Cardoso, Capitão das Companhias fixas da fortaleza de São João da foz do Douro, do hábito da Ordem de São Bento de Avis.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sexta-feira de 11 de Abril de 1806

Grã-Bretanha-Londres 22 de Março de 1806

       De Gibraltar se acabam de receber cartas em data de 5 do corrente, por onde consta que o General Craig desembarcou em Messina a 17 do mês passado com 8.000 homens. É pois de crer que esta força, sustida por aquela parte do Exército Napolitano, que se reunira dante mão, e pelos esforços dos Sicilianos, baste para defender a Sicília do desembarque das tropas Francesas que se acham já na Calábria, ou de outra qualquer força que contra ela se destine. Da Barbada se acabam de receber cartas em data de 20 de Janeiro, próximo passado, segundo as quais é de conjurar que a esquadra de Rochefort, ou parte da de Brest anda naqueles mares, no desígnio de dar saque às ilhas de Sotavento: a 18 do dito mês foram avistadas por uma escuna Inglesa na latitude da Martinica 5 velas estranhas, e a mesma escuna foi acossada nessa noite por um bergantim; mas conseguiu escapar-lhe. A Esquadra do Almirante Duckworth foi reforçada com os navios ‘Atlas’ e ‘Northumberland’, e a 15 de Janeiro se acha defronte da Martinica.

Lisboa - Noticias divulgadas na Gazeta de Lisboa na edição de Sábado de 12 de Abril de 1806

Turquia–Constantinopla 25 de Janeiro de 1806

       A este porto acabam de chegar do Mar Negro, com destino para as ilhas Jónicas, uma fragata Russiana, 2 bergantins e várias embarcações de transporte com algumas centenas de Cossacos, cavalos, munições e mantimentos.

Itália–Trieste 14 de Fevereiro de 1806

       O bloqueio que formam umas tantas fragatas Inglesas causa bastante prejuízo ao comércio e navegação de Trieste.

Rússia–Petersburgo 7 de Fevereiro de 1806

        Havendo-se aqui recebido de França notícia de ofício de terem sido conduzidos aos portos Franceses, vários navios comerciantes Russianos, e enviadas as equipagens para o interior do país, fez o nosso Ministério uma comunicação a este respeito a Mr. Lesseps, Comissário Geral de Relações Comerciais com a França em Petersburgo, o qual não tem deixado de residir aqui durante esta guerra. Assegura-se que se declarou oficialmente ao dito Agente Francês:

        “ (…) Que o comportamento praticado com os sobreditos navios e equipagem era directamente contrário ao Tratado de Comércio, subsistente entre Rússia e a França, e que se a França não pose-se termo a semelhantes medidas, seria forçoso usar de reciprocidade com os bens que os Franceses possam ter na Rússia”.

        Mr. Lesseps expediu um correio a Paris para transmitir a nota russiana, que lhe fora dirigida a este respeito.

      

Grã-Bretanha-Londres 25 de Março de 1806

       As armas de S. M. alcançarão uma nova batalha naval de uma das esquadras do inimigo que ultimamente conseguirão escapar da Europa. A este respeito se publicou aqui anteontem em um Suplemento extraordinário à Gazeta da Corte, por parte do Almirantado, a notícia seguinte:

        “Secretaria do Almirantado 23 de Março de 1806. Hoje pela manhã cedo chegou o Capitão Cochrane, comandante que foi da chalupa de ‘S. M. Kingsfisher’, com despachos do Vice-Almirante Duckworth, datados defronte da cidade de São Domingos a 7 e 8 do mês passado, nos quais participa que a 6 daquele mês, descobri-o uma esquadra Francesa de 5 naus de linha (uma das quais, que era de três pontes, se dominava ‘Imperial’) duas fragatas e uma corveta, sobre o ferro na baía de São Domingos; e com a esquadra do seu comando, composta de 7 naus de linha, 2 fragatas e 2 chalupas, foi logo atacá-la, e, depois de um combate de 2 horas, a deixou de toda destroçada. Caíram em nosso poder 3 naus de linha do Inimigo, e duas, inclusa a de 3 pontes, (em que tremulava a bandeira do Contra-Almirante le Seigle) foram varadas na praia onde ficarão incapazes de tornar a servir, e, depois de havermos tomado posse deles, foram queimadas. As fragatas e a corveta conseguirão escapar. Supõe-se que os mortos e feridos a bordo dos navios inimigos passarão de 1.200 homens: só um dos ditos navios perdeu 300 homens. A perda que houve em mortos e feridos dos navios de S. M. chegou a 338 homens; mas nenhum Oficial Britânico perdeu a vida. O Capitão Stopford, e o Tenente Seymur, do navio de linha ‘Northumberland’ (que foi o navio que mais sofreu na acção) ficaram feridos, aquele leve e este gravemente; o segundo porém se restabeleceu depois, e chegou no navio ‘Kingsfisher’. O Vice-Almirante Duckworth foi com as suas presas para a Jamaica. Os despachos que dele se receberão se farão amanhã públicos em um Suplemento extraordinário à Gazeta da corte”.

(Na seguinte Folha se dará o seu extracto.)

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Terça-feira de 15 de Abril de 1806

        

Grã-Bretanha-Londres 25 de Março de 1806

        Extracto dos despachos que o Vice-Almirante João Tomás Duckworth, Comandante de uma Esquadra de S. M. dirigiu ao Almirantado pelo Capitão Cochrane. A bordo do navio de linha ‘Soberbo’ a 12 léguas a sotavento da cidade de São Domingos a 7 de Fevereiro de 1806:

        “Como considero ser da maior importância para o serviço de S. M. que o Almirantado saiba quanto antes dos movimentos da esquadra do meu comando, por não ter outra embarcação mais que o navio ‘Kingsfisher’, mando por ela a notícia do feliz acontecimento que ontem houve. Como vai com esta a minha carta de 3 do corrente, só tenho de dizer, que não perdi um só instante em tomar pelo Passo de Mona, e que na tarde de 5 do corrente se me uniu o navio ‘Magicienne’, pelo qual, conforme o que tinha ouvido de diversas embarcações com quem falara, se corroborou a notícia de andar nestes mares uma força inimiga de 10 naus de linha, com outras tantas fragatas e corvetas. Portanto continuei a aproximar-me à altura da cidade de São Domingos, havendo ordenado ao Capitão Dunn, do navio ‘Acasta’, que fosse com a ‘Magicienne’ ao comando do Capitão Mackenzie, duas horas antes do romper do dia, reconhecer os mares, senão quando às 6 da manhã fez sinal a ‘Acosta’ de haver descoberto 2 fragatas do inimigo; e antes das 7, nove embarcações sobre ferro; e meia hora depois fez outro sinal de que se dispunham para desferrar. A esquadra do meu comando partiu então unida com todo o pano, levando a minha bandeira na nau de linha ‘Soberbo’, e tão depressa me adiantei que antes das 8 horas, pude descobrir que o inimigo ia numa linha cerrada a todo o pano com vento em popa para Cabo Nisao, a barlavento da baía de Ocoa; e como a sua força só consistia em 5 naus de linha, 2 fragatas e 1 corveta (cujos os nomes depois se darão) conclui das notícias que eu tinha que o Inimigo procurava unir-se com o resto da sua força; conseguintemente dirigiu, a minha derrota de sorte que frustrasse o seu intento, o que se realizou pouco depois das 9 horas pela certeza de um combate. Fiz pois sinal á esquadra 3 quartos depois das 9 a fim de que os navios se dispusessem para a acção, e travassem com o Inimigo de tão perto como fosse possível, senão quando pouco depois das 10 caio o ‘Soberbo’ sobre a proa do ‘Alexandre’, guia do inimigo, e deu principio ao combate; como ele porém, depois de 3 bandas de artilharia, se retirasse, fez-se sinal para peleja mais cerrada, e então pudemos atacar o Almirante Francês na nau de linha ‘Imperial’ (precedentemente ‘le Vengeur’) cujo fogo havia carregado muito sobre o ‘Northumberland’, em que tremulava a bandeira do Contra-Almirante Cochrane. A esse tempo o ‘Alexandre’, pelo movimento que fizera, ficou entre a divisão de sotavento; e como o Contra-Almirante Luiz se aproveitasse por felicidade desta circunstância, tornou-se geral a acção, e prosseguiu assim com grande vigor até às 11 horas e meia; então a Capitania Francesa, muito danificada, e de todo batida, tomou para terra; e, como não distasse dela uma milha, ficou varada na costa 20 minutos antes do meio-dia, não tendo então arvorado mais que o mastro do traquete, que caiu assim que ela se rendeu: a esse tempo o ‘Soberbo’, por não se achar mais que em 17 braças de água, teve de fazer-se ao largo para evitar o mesmo perigo: passado pouco tempo porém o navio francês ‘Diomedes’ de 84 peças encalhou ao pé da sua Capitania, e então lhe caíram todos os mastros, a cujo tempo fez todos os sinais de que se rendia, se bem que o seu Comandante não correspondeu depois a eles. Às 11 horas e 50 minutos cessou o fogo; e, como se dissipasse o fumo, achei em nosso poder as naus de linha ‘Brave’, ‘Alexandre’ e ‘Júpiter’. Quando contemplo que 5 naus de linha se renderão ou ficarão aparentemente destruídas em menos de 2 horas, não posso assaz louvar os nobres e valerosos esforços dos Contra-almirantes Cochrane e Luiz, e dos Capitães, Oficiais, marinheiros e tropas de marinha debaixo do meu comando. Depois da acção, por haver na baía de São Domingos demasiado fundo para ali ancorar, foi preciso arribar com as presas a fim de reparar os danos padecidos, pôr os navios em estado de navegar, e mudar os prisioneiros, o que me levou uma grande parte desta tarde; e agora vou com o ‘Canopus’, ‘Acasta’ e ‘Magicienne’ para a altura de São Domingos, a fim de ter a certeza de que os navios ‘Imperial’ e ‘Diomedes’ ficam de todo perdidos na costa, depois do que intento passar à Jamaica.= J. T. Duckworth =.

        A linha Britânica se compunha das naus de linha ‘Soberbo’, ‘Northumberland’, ‘Spencer’ de 74 peças cada um e do ‘Agamémnon’ de 64 peças, que formavam a divisão de barlavento; e do ‘Canopus’, ‘Donnegal’ e ‘Atlas’, de 74 peças cada um, que formavam a divisão de sotavento; e das fragatas ‘Acasta’, ‘Magicienne’, ‘Kingsfisher’ e ‘Epervier’.

       A linha francesa se compunha da nau de linha ‘Alexandre’ de 84 peças, ao comando do Capitão Garreau, que teve 300 homens mortos ou feridos, e foi tomado: ‘Imperial’ de 120 peças ao comando do Contra-Almirante le Siegle, Capitão de bandeira le Pigot, o número de mortos e feridos não se sabe, mas decerto foi grande; perdido na costa: ‘Diomedes’ de 84 peças, ao comando do Capitão Henry; em quanto a mortos e feridos como o procedente; de todo perdido na costa: ‘Júpiter’ de 74 peças, ao comando do Capitão Laignel; 200 mortos e feridos; tomado; ‘Brave’ de 74 peças, ao comando do Capitão Condé; 200 mortos ou feridos; Tomado. As fragatas ‘Felicidade’ e ‘Cometa’, e a corveta ‘Diligencia’, conseguiram escapar. A perda por nossa parte foi de 74 homens mortos e 264 feridos.




Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sexta-feira de 18 de Abril de 1806

Grã-Bretanha-Londres 25 de Março de 1806

       Na Gazeta da Corte de 22 do corrente se publicou uma carta do Almirante Conde de São Vicente, Comandante em chefe da Esquadra do Canal &c. Escrita a bordo da nau de linha ‘Hibernia’ no porto de Plymouth a 19 deste mês pela qual, referindo-se à que lhe dirigira de bordo da nau ‘Egyptienne’ na altura do Cabo Finisterra a 9 de Março, o Capitão Paget, participava ao Almirantado que tendo constado a este Capitão que no porto de Muros se achava um grande corsário Francês, resolveu valer-se da primeira ocasião que tivesse de tomá-lo. Conseguintemente fez ancorar o navio de seu comando defronte daquele porto na noite de 8, e logo expediu as suas lanchas a fim de procurarem corta-lo e traze-lo dali: o que realizarão, apesar de estar ancorado perto de terra, e debaixo da protecção de duas baterias, que fizeram fogo incessantemente até que ficou fora do seu alcance o dito corsário. Depois se soube ser este o ‘Alcides de Bordéus’. Fragata que pode montar 34 peças, construída havia somente dois anos, e cuja equipagem, quando ultimamente andou no mar, era de 240 homens. A dita empresa, que tanta honra faz aos que a desempenharão, foi dirigida pelo Capitão Handfield, sustido pelos Tenentes Alleyn e Garthwaiate da tropa da Marinha &c.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sábado de 19 de Abril de 1806

Dinamarca–Copenhaga 3 do Março de 1806

        A força naval, que aqui se vai aprontando, consiste de 19 naus de linha, que são uma de 90 peças, 2 de 80 peças, 12 de 74 peças e 4 de 64 peças de artilharia; em 15 fragatas e 6 bergantins: demais disso à, 42 embarcações armadas em baterias flutuantes, lanchas artilheiras, cuters, Pramas &c. Estão bem guarnecidas de artilharia de duas baterias que defendem a nossa baia: a das ‘Três Coroas’ tem 66 peças de artilharia e 3 morteiros, e a de ‘Christiano VII’ 44 peças de artilharia e 2 morteiros.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Terça-feira de 22 de Abril de 1806

      

Grã-Bretanha-Londres 8 de Abril de 1806:
   
        “ (…) S. M. com o parecer do seu Conselho Privado, houve por bem de ordenar, que a nenhuns navios ou embarcações pertencentes a quaisquer dos seus vassalos, seja permitir entrar em nenhum dos portos da Prússia ou sair para eles despachados, até segunda ordem: e outro sim à S. M. por bem de ordenar um embargo geral ou detenção se ponha em todos os navios e embarcações Prussianas, sejam quais forem, que agora se achem, ou que em diante entrarem em qualquer dos portos, baias ou ancoradouros que ficam dentro do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, juntamente com todas as pessoas e efeitos que se acharem a bordo dos ditos navios e embarcações; mas que se proceda com o maior cuidado enquanto à conservação de toda e qualquer dos ditos navios e embarcações, de sorte que não sofram dano ou extravio qualquer que seja. E os muito honoríficos Comissários do Tesouro de S. M. e os Comissários do Almirantado, e o Governador dos Cinco Portos terão de dar a este respeito as ordens necessárias, segundo lhes competir respectivamente = Estevão Cottrell =”

        Anteontem chegarão aqui de Hamburgo 8 embarcações que formavam parte de uma frota de 24 velas Britânicas que se achavam ancoradas naquele porto. A 30 do mês passado pelas 4 da tarde lhes comunicou ali de repente o nosso Vice-Cônsul uma ordem peremptória para que saíssem daquele porto, em 12 horas, e do Elba sem perda de tempo. Procedeu aquela ordem de ter o cônsul da Prússia em Hamburgo declarado de ofício que todos portos dos domínios Prussianos, e todos os demais no Norte da Europa onde S. M. Prussiana tem alguma intendência, deviam ficar fechados para as embarcações e manufacturas Inglesas. É fácil de supor a consternação que a referida notícia produzi-o em Hamburgo. Alguns navios saíram dali em lastro tão-somente, e um sem ele: uns com todas as cargas que tinham levado, e outros meio descarregados. Tão urgente era a ordem Oficial da chalupa de ‘S. M. Spy’, que de conserva com um bergantim tinha ido pelo Elba até Siadt, para proteger os navios ao vir dali, declarou que toda a embarcação que ficasse atrás depois do tempo dado teria de ser queimada. Uma das ditas embarcações, ao descer o Elba, encalhou da banda Dinamarquesa do rio, e foi ali detida por causa de uma disputa suscitada a este respeito. Três grandes navios Russianos tiveram de ficar para trás, em razão de se lhes haver tirado todo o seu aparelho. Como se levantasse depois um temporal, vários navios, inclusos 5 Ingleses, foram varados na cesta, e tiveram algum tempo à espera da chalupa ‘Spy’ e do bergantim, com o resto do comboio; mas, como se lhes não unissem, julgaram não dever demorar por mais tempo a sua viagem. A cada momento se espera agora que cheguem as embarcações que faltam ao dito comboio.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sexta-feira de 25 de Abril de 1806

Lisboa 25 de Abril de 1806

       Despachos e Provimentos Militares para o Ultramar - Por decreto de 22 de Abril de 1806, reformado no posto de Chefe de Divisão da Marinha de Goa, com o soldo por inteiro, Diogo da Costa de Ataíde Teive. Por decreto de 25 de Abril de 1806, reformado no posto de Chefe de Divisão da Marinha de Goa, o Capitão-de-mar-e-guerra, D. Cristóvão Perira de Castro.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de Sábado de 26 de Abril de 1806

Grã-Bretanha-Londres 8 de Abril de 1806

       Na sessão da Câmara do Comuns de 28 do mês passado apresentou o Lord Henrique Petty, Chanceler do Tesouro, o seguinte recado de S. M.

        “Jorge Rei. S. M. desejando dar alguma mostra assinalada do Real favor e aprovação ao Vice-Almirante Duckworth, Cavaleiro do Banho, em consequência dos relevantes serviços que fez no combate travado com a esquadra Francesa a 6 de Fevereiro próximo passado, quando todas as naus de linha da dita esquadra foram tomadas ou destruídas, e do valor e perícia, que ele manifestou nessa ocasião, recomenda aos seus fiéis Comuns que habilitem para assegurar-lhe uma pensão de mil libras por ano, durante a sua vida natural.”

        Outro semelhante recado foi dirigido à Câmara dos Pares. Havendo-se deliberado sobre este objecto em ambas as Câmaras a 31 de Março, resolveu-se unanimemente que se apresentasse uma memória a S. M. agradecendo-lhe o seu benigno recado, e assegurando-lhe que o Parlamento está pronto a concorrer para qualquer mostra do Real favor que se haja de conferir ao valoroso Duckworth. Já a 25 tinham resolvido ambas as Câmaras do Parlamento, sem discrepância de votos, que se desse o seu agradecimento ao dito Vice-Almirante, aos Contra-Almirantes Cochrane e Luiz, aos Capitães e Oficiais da esquadra &c. pela sobredita vitoria. Nessa ocasião observou Mr. Rose na Câmara dos Comuns que as presas feitas nesta distinta vitória completavam um total de 109 naus de linha tomadas ao inimigo e unidos à nossa própria força durante a Administração do grande Pitt, que já não existia, e que por tanto tempo dirigira os negócios deste país. A 28 do mês passado desembarcou em Deal um correio, acompanhado por dois Oficiais Franceses, e logo partirão para esta capital, onde chegarão nessa noite. O dito correio trousse novos despachos do Governo Francês; mas tanto sobre estes despachos, como os precedentes do Ministro Francês Talleyrand se tem aqui procedido com o maior segredo. É muito provável que o dito correio trouxesse uma resposta à carta que Mr. Fox dirigira àquele Ministro na noite de 21 de Março. Ontem chegou a Dover outra embarcação com bandeira parlamentária, e trousse também despachos, que foram logo transmitidos ao Governo. A chegada da dita embarcação deu logo um impulso extraordinário aos fundos.

Lisboa - Noticias divulgadas na Gazeta de Lisboa na edição de Terça-feira de 29 de Abril de 1806.

        

Estados Unidos da América–Washington 8 de Fevereiro de 1806

        A 5 deste mês no Senado dos Estados Unidos, o General Smith, de Maryland, em nome da Deputação, a cujo exame se entregara a 15 de Janeiro próximo passado aquela parte do recado do Presidente, que diz respeito às pilhagens que tem sofrido o nosso comércio em alto mar, e dá a saber os novos princípios adoptados pelos Almirantados Britânicos, como um pretexto para serem as nossas embarcações julgadas por presas naqueles Tribunais, submeteu à consideração do Senado as resoluções seguintes:

I.º Que o serem os navios Americanos com as suas carregações tomados por ordem do Governo Britânico e adjudicados pelos seus Tribunais do Almirantado, sob pretexto de se haverem empregado, com os inimigos da Grã-Bretanha, num comércio proibido em tempo de paz, é uma agressão não provocada contra os bens dos cidadãos destes Estados Unidos, uma violação dos seus direitos neutrais, e uma usurpação de sua Independência Nacional.

II.º Que se requeira ao Presidente dos Estados Unidos, que exija com toda a instância a restituição dos bens dos seus cidadãos tomados e condenados sob pretexto de se haverem empregado, com os inimigos da Grã-Bretanha, um comércio proibido em tempo de paz; insistindo igualmente em que os ditos cidadãos Americanos sejam indemnizados das perdas e danos que tiverem sofrido pelas sobreditas presas e condenações; e que entre o Governo Britânico, sobre esta e outras diferenças subsistentes entre as duas Nações (em especial a respeito da prisão de marinheiros Americanos) naqueles ajustes que forem compatíveis com a honra e interesses dos Estados Unidos; manifestando o quanto estes desejam sinceramente obter para si e para os seus cidadãos, por meio de uma negociação amigável, a justiça que lhes compete:

III.º Que convém proibir por uma lei que se importem para os Estados Unidos os seguintes efeitos, géneros ou mercadorias, de produção ou fábrica do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, ou de suas dependências, convém saber; lanifícios, fazendas brancas, chapéus, pregos, espelhos, água-ardente de cana, quinquilharia, ardosia, sal, carvão, botas, sapatos, fitas, sedas, e objectos de vidro e de casquinha de prata, devendo a dita proibição começar desde o dia … menos que de antemão se façam ajustes amigáveis entre os dois Governos sobre as diferenças que entre eles subsistem; e prosseguir até estes ajustes fiquem concluídos.

        Lida que foi esta conta, determinou-se que sobre ela se houvesse de deliberar noutra ocasião. A dita conta, em que se intentam incluir os agravos em matéria de comércio de que se queixão os negociantes de New York, Filadelfia, Baltimore, Boston, Salem, e outros portos marítimos, mostra o como se à de proceder para conseguir que eles reparem.





Grã-Bretanha-Londres 15 de Abril de 1806

        Na Gazeta da Corte de 29 do mês passado se publicou uma carta do Vice-Almirante Dacres, Comandante em chefe das forças navais de S. M. na Jamaica, datada no Porto Real, a 13 de Janeiro próximo passado, por onde participava que os navios de ‘S. M. Malabar’ ao comando do Capitão Hall, e o ‘Wolfe’ ao comando do Capitão Mackenzie, tomarão a 2 daquele mês no porto de Azarades, na ilha de Cuba, os corsários Franceses ‘Regulador’ e ‘Napoleão’, dois dos maiores que tinham saído de Santiago, apesar das rochas que protegiam a sua situação: o ‘Regulador’ se achava armado com uma peça de bronze do calibre 18, e 4 do de 6, e 80 homens a bordo; e o ‘Napoleão’ com uma de 9, duas de 12 e duas de 4, e 66 homens a bordo. Houve um combate que durou sem intermissão por uma hora e três quartos, senão quando os das equipagens dos navios inimigos que lhe sobreviverão abandonarão os ditos navios, e saíram em terra nos matos, de sorte que não aprisionámos mais que 4, um dos quais estava mortalmente ferido. Então se trouxeram a reboque para fora das rochas as duas presas; mas o ‘Regulador’ foi logo a pique, com 2 franceses que nele se achavam feridos, e um soldado nosso da marinha: à excepção deste homem, nada mais se perdeu a bordo do ‘Malabar’. A bordo do ‘Wolfe’ houve 2 homens mortos e 4 feridos. Na Gazeta da Corte de 8 deste mês, fez público ter o rei mandado significar por Mr, Fox, seu Secretário dos Negócios Estrangeiros, aos Ministros das Potencias neutrais residentes nesta corte, que estão tomadas de ordem de S. M. as medidas necessárias para o bloqueio da entrada dos rios Ems, Weser, Elba e Trave; e que desde aquela data todas as medidas autorizadas pelo Direito das Gentes, e pelos Tratados respectivos entre sua S. M. e as diferentes Potencias neutrais, se ão, de adoptar e por em execução relativamente a todas as embarcações, que tentarem violar o dito bloqueio. A proclamação Prussiana, para excluir o comércio Britânico, &c. é do teor seguinte:

        “Por um Tratado concluído entre S. M. Prussiana, e o Imperador da França e Rei de Itália, se estipulou que os portos do Oceano Germânico (Mar do Norte) e os rios que nele vão desaguar fiquem fechados aos navios e comércio da Grã-Bretanha, do mesmo modo que se praticou em quanto ocupavam Hanôver as tropas Francesas. As tropas Prussianas por tanto tem ordem de negar entrada a todos os navios Britânicos, que tentarem entrarem nos ditos portos e rios, e faze-los retroceder. Também se ão de dar providencia, para impedirem que se desembarquem e transportem mercadorias Inglesas. Dado no Quartel-general de Hanôver a 28 de Março de 1806. = Schulemburgo =.”


      





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