Portugueses
na Ásia
A
presença pioneira dos portugueses na Ásia foi responsável por muitos dos que
seriam os primeiros contactos entre europeus com os países no Oriente. O ponto
de partida foi o primeiro contacto a 20 de Maio de 1498 após a viagem comandada
por Vasco da Gama até Calecute.1 O objectivo de Portugal no Oceano Índico foi o
de assegurar o monopólio do comércio de especiarias, estabelecendo várias
fortalezas e feitorias comerciais.
A Ásia sempre exerceu um fascínio sobre os portugueses. Daí vinham as tão valorizadas especiarias, produtos luxuosos como o marfim, as pedras preciosas e os produtos corantes usados na indústria tintureira. A imprecisão dos conhecimentos geográficos antes Descobrimentos fazia crer que a Ásia tinha início no Rio Nilo e não no Mar Vermelho, o que permitia a inclusão da Etiópia no continente asiático e a extensão da palavra Índia, que passava a incorporar estas e outras regiões da África Oriental. Aqui, segundo uma velha lenda, viveria um imperador cristão, abastado e poderoso, conhecido como Preste João. A designação de Preste João parece derivar de zan hoy (meu senhor), um termo etíope usado para designar a forma como esta população se dirigia ao seu rei. No século XV, o Preste João foi identificado com o rei da Etiópia; após alguns contactos estabelecidos entre as duas partes, para os portugueses restava agora saber como chegar à Etiópia, apesar de serem escassas as informações sobre o seu império. Estes conhecimentos eram transmitidos por viajantes, geógrafos, peregrinos, comerciantes e políticos que regressavam a casa após longas viagens.
1497-1499
- Vasco da Gama, acompanhado por Nicolau Coelho e Bartolomeu Dias, foi o
primeiro europeu a chegar à Índia navegando do Atlântico para o Índico, por uma
rota exclusivamente marítima.
1500-1501
- Após o descobrimento do Brasil, Pedro Álvares Cabral com metade da frota
original de 13 navios e 1.500 homens realiza a segunda viagem portuguesa À
Índia. As naus eram comandadas por Cabral, Bartolomeu Dias, Nicolau Coelho,
Sancho de Tovar, Simão de Miranda, Aires Gomes da Silva, Vasco de Ataíde, Diogo
Dias,Simão de Pina, Luís Pires, Pêro de Ataíde e Nuno Leitão da Cunha. Não se
sabe qual dos comandantes Gaspar de Lemos ou André Gonçalves comandava o navio
que retornou a Portugal com a notícia da descoberta. Luís Pires retornou a Portugal
por Cabo Verde. Os navios de Vasco de Ataíde, Bartolomeu Dias, Simão de Pina e
Aires Gomes perderam-se perto do Cabo da Boa Esperança. O Navio comandado por
Diogo Dias separou-se e descobriu Madagáscar, seguiu depois pelo Mar Vermelho,
no que foi o primeiro a atingir por mar. Nuno Leitão da Cunha, Nicolau Coelho,
Sancho de Tovar, Simão de Miranda, Pero de Ataíde completaram a viagem à Índia.
Entre outros passageiros seguiam: Pêro Vaz de Caminha e o franciscano Frei
Henrique de Coimbra.
1501-?
João da Nova comanda a terceira expedição portuguesa à Índia. No caminho
descobre a Ilha de Ascensão (1501) e Ilha de Santa Helena (1502), no Atlântico.
1502-1503
- Segunda viagem de Vasco de Gama à Índia.
1503-1504
- Afonso de Albuquerque estabelece o primeiro forte português em Cochim, Índia.
1505
- Francisco de Almeida é nomeado o primeiro Vice-rei da Índia portuguesa
(Estado Português da Índia). Parte de Lisboa com uma armada de 22 navios,
incluindo 14 carracas e 6 caravelas transportando uma tripulação de 1.000 e 1.500
soldados. O seu filho, Lourenço de Almeida, explora a costa sul e atinge
Ceilão, actual ilha do Sri Lanka.
1485
- Duarte Barbosa (f. 1521) foi reputadamente, o primeiro português a visitar o
Bahrain, então parte do estado Jabrid com centro em Al-Hasa. A sua obra
"Livro de Duarte Barbosa" publicado em 1518 relata os territórios
costeiros do Oceano Índico.
1507-1510
- Afonso de Albuquerque captura o reino de Ormuz no Golfo Pérsico. É então
nomeado segundo Vice-rei da Índia em 1508. Em 1510 captura Goa, que rapidamente
se tornaria o mais próspero assentamento português na Índia.
1511
- Afonso de Albuquerque conquista Malaca, após aí ter estado Diogo Lopes de
Sequeira em 1509. Malaca torna-se uma base estratégica para a expansão
portuguesa no Sueste asiático.
Ainda
durante a conquista, dada a sua influência na península de Malaca, envia Duarte
Fernandes à corte de Rama T'ibodi II do Reino do Sião.
Em
Novembro desse ano, após assegurar Malaca e ficando a saber a localização das
chamadas "ilhas das especiarias", as ilhas Banda, nas Molucas, enviou
uma expedição de três navios comandados pelo seu amigo de confiança António de
Abreu, com Francisco Serrão e Afonso Bisagudo, para as encontrar.
1512
- Pilotos malaios guiaram Abreu e os portugueses via Java, as Pequenas Ilhas de
Sunda e da ilha de Ambão até Banda, onde chegaram no início de 1512. Aí
permaneceram, como primeiros europeus a chegar às ilhas, durante cerca de um
mês, comprando e enchendo os seus navios com noz moscada e cravinho. Abreu
partiu então velejando por Ambão enquanto o seu vice-comandante Francisco
Serrão se adiantou para as ilhas Molucas mas naufragou terminando em Ternate.
Ocupados com hostilidades noutros pontos do arquipélago, como Ambão e Ternate,
só regressariam em 1529. Serrão estabelece um forte na ilha de Ternate
(Indonésia).
1518
- O Rei D. Manuel I enviou ao Reino do Sião uma embaixada com ofertas e a
proposta de formalização de um tratado de aliança comercial, política e
militar, que incluia a possibilidade dos siameses comerciarem em Malaca.
1522
- É assinado o Tratado de Sunda Kalapa em 21 de Agosto entre o Reino de Sunda e
Portugal, com vista a uma aliança militar e construção de um forte, que não
seria realizado, assinalado com um padrão de pedra, conhecido como o Padrão
Luso Sundanês.
1522
- Após a viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães, em 1519, Espanha
exige rever a demarcação Este do Tratado de Tordesilhas. Esse limite seria
imposto sobre as ilhas Molucas, usadas como referência. Portugal e Espanha
enviam várias expedições de reconhecimento para defender os seus respectivos
interesses.
1525
- Gomes de Sequeira e Diogo da Rocha são enviados pelo governador Jorge de
Meneses, à descoberta de territórios a norte das Molucas, foram os primeiros
europeus a chegar às Ilhas Carolinas, a nordeste da Nova Guiné, que então
nomearam "Ilhas de Sequeira".
1586 - António da Madalena, um frade Capuchinho português, foi um dos primeiros
visitantes ocidentais a chegar a Angkor, no actual Camboja). Aí participou num
esforço de reconstrução da cidade, mas o projecto não teve êxito.
1513
- Jorge Álvares é o primeiro europeu a aportar à China, na Ilha de Lintin, no
estuário do Rio das Pérolas.
1517
- O mercador português Fernão Pires de Andrade estabelece o primeiro contacto
comercial moderno com os chineses no estuário do Rio das Pérolas e depois
em Cantão (Guangzhou).
1524
- Terceira viagem de Vasco da Gama à Índia.
1542
- Após uma viagem através de Sumatra, na Malásia, ao Reino do Sião (Tailândia),
China, possivelmente na Coreia e Cochinchina (Vietname), Fernão Mendes Pinto é
um dos primeiros europeus a chegar ao Japão.
1542
- António da Mota é arrastado por uma tempestade à ilha de Nison, chamada pelos
chineses Jepwen (Japão).
1549
- No regresso da sua segunda viagem ao Japão, Fernão Mendes Pinto traz consigo
um fugitivo japonês conhecido como Angiró e apresenta-o ao jesuíta Francisco
Xavier.
1557
- Estabelecimento oficial do entreposto comercial de Macau, junto à foz do rio
das Pérolas, a sul de Cantão.
1602
- Em Setembro, Bento de Góis partiu de Goa com um grupo restrito, em busca do
lendário Grão-Cataio, reino onde se afirmava existirem comunidades cristãs nestorianas. (A viagem cobriu mais de 6 mil quilómetros) em três anos. Em inícios de 1606
Bento de Góis chegou a Sochaw (Suzhou, agora denominada Jiuquan, junto da Muralha
da China, uma cidade próxima de Dunhuang na província de Gansu). Góis provou
assim que o reino de Catai e o reino da China eram afinal o mesmo, tal como a
cidade de Khambalaik, de Marco Polo, era efectivamente a cidade de Pequim.
1610
- Chegou à China o Padre Manuel Dias (Yang Ma-No), missionário jesuíta, que
chegaria a Pequim em 1613. Apenas três anos após Galileu ter divulgado o
primeiro telescópio, Manuel Dias divulgou os seus princípios e funcionamento
pela primeira vez na China. Em 1615 foi autor da obra Tian Wen Lüe (Explicatio
Sphaerae Coelestis), que apresenta os mais avançados conhecimentos astronómicos
europeus da época na forma de perguntas e respostas às questões postas pelos
chineses.
1672
- Chegou a Macau Tomás Pereira, que viveu na China até à sua morte em 1708. Foi
apresentado ao imperador Kangxi pelo colega jesuíta Ferdinand Verbiest.
Astrónomo, geógrafo e principalmente músico, foi autor de um tratado sobre a
música europeia traduzido para Chinês, responsável pela criação dos nomes
chineses para os termos técnicos musicais do Ocidente, muitos dos quais usados
ainda hoje.
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