FORTES E FORTALEZAS DE COSTA NO BRASIL - SANTA CATARINA
BATERIA DE IMBITUBA
A Bateria de Imbituba localizava-se na ponta de Imbituba, atual cidade de Imbituba, no litoral sul do estado de Santa Catarina, no Brasil. Fortificação de menor importância, 5 léguas ao norte de Laguna, esta bateria terá sido erguida por iniciativa do então capitão-mor de Laguna, Jerónimo Francisco Coelho, em 1801. Encontrava-se há muito desaparecida já em torno de 1885. Foi erguida por determinação do governador da Capitania de Santa Catarina, coronel Joaquim Xavier Curado, cuja gestão se iniciou em 8 de Dezembro de 1800.
BATERIA DE JOSÉ MENDES
A Bateria de José Mendes localizava-se na ponta de José Mendes, próximo à ilha das Vinhas, ao sul da antiga cidade do Desterro, atual Florianópolis, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil. Souza computa esta bateria incorrectamente como Bateria de João Mendes, referindo que a sua posição se acha indicada na (então) moderna planta da cidade [do Desterro], traçada pelo Major Antônio Florêncio Pereira do Lago, nomeada neste levantamento apenas como Antiga Trincheira. A Ponta de José Mendes fica muito próxima de outra, denominada Ponta das Almas, segundo o mesmo mapa de 1876 e também segundo outros autores. Por isso, há uma dúvida se a Bateria de José Mendes poderia ser o mesmo Forte da Ponta das Almas, citado em relatório do engenheiro Sepúlveda Everard, em 1841, ou se efectivamente se tratam de duas fortificações diferentes. O antigo topónimo Ponta das Almas, não deve ser, portanto, confundido com aquele outro pelo qual é conhecida hoje uma localidade da Lagoa da Conceição, assim nominada em época bem mais recente.
BATERIA DE SÃO CAETANO DA PONTA GROSSA
A Bateria de São Caetano da Ponta Grossa localiza-se na Ponta Grossa, ilha de Santa Catarina, estado de Santa Catarina, no Brasil. Esta bateria foi construída em 1765, no Governo de Francisco de Sousa e Meneses, segundo projecto do Sargento-mor Francisco José da Rocha, estando localizada a aproximadamente duzentos metros a Leste da Fortaleza de São José da Ponta Grossa. Sua função era a de complementar as defesas da Fortaleza da Ponta Grossa, na barra Norte da Ilha de Santa Catarina, dando-lhe cobertura pelo lado voltado para a praia de Jurerê e praia de Canavieiras, que ficava, até então, desprotegido. Foi artilhada com seis peças que lá se achavam por ocasião da invasão dos espanhóis, ocorrida em 1777.
BATERIA DE SÃO FRANCISCO DO SUL
A Bateria de São Francisco do Sul localizava-se na ponta José Dias, na margem direita da barra de acesso a São Francisco do Sul, no litoral Norte do estado de Santa Catarina, no Brasil. Souza, refere ter existido no local, anteriormente a 1826, uma bateria de pau-a-pique (faxina e terra), artilhada com quatro peças. À época (1885), nada mais restava da mesma. Garrido (1940) segue-lhe a informação, mas computa-lhe apenas duas peças.
ENTRINCHEIRAMENTO DA AGRONÓMICA
O Entrincheiramento da Agronómica localizava-se na elevação onde se situava a antiga Estação Agronómica de Florianópolis (atual Palácio da Agronómica), no bairro de mesmo nome, em Florianópolis, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil. Esta estrutura encontra-se referida por Boiteux, que menciona a existência de trincheiras no local, erguidas em 1775, por determinação do governador militar da ilha de Santa Catarina, Marechal Antônio Carlos Furtado de Mendonça (1775-1777), no contexto da iminência de uma invasão espanhola, concretizada em 1777.
ENTRINCHEIRAMENTO DA PONTA GROSSA
O Entrincheiramento da Ponta Grossa localizava-se na encosta do morro da Ponta Grossa, a Noroeste da ilha de Santa Catarina, onde actualmente se ergue a Fortaleza de São José da Ponta Grossa, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil. Constituiu-se em um simples entrincheiramento que remontava a 1653, no local onde, a partir de 1740, foi erguida a Fortaleza de São José. Barretto segue a mesma informação, mas remontando-a a 1635, tendo ocorrido, aparentemente, uma inversão de dígitos.
ESTACADA DA PRAIA DE FORA
A Estacada da Praia de Fora localizava-se na antiga praia de Fora, sobre a Baía Norte da ilha de Santa Catarina, em Florianópolis, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil. Esta estacada foi erguida por determinação do governador militar da ilha de Santa Catarina, Marechal Antônio Carlos Furtado de Mendonça (1775-1777), no contexto da iminência de uma invasão espanhola, concretizada em 1777, visando prevenir um desembarque inimigo por aquele trecho do litoral. Remonta possivelmente a 1775, como outras estruturas defensivas erguidas por aquele oficial na ilha, e deveria se estender entre o Forte de São Francisco Xavier da Praia de Fora e a Forte de São Luís da Praia de Fora.
FORTALEZA DE N. S. DA CONCEIÇÃO DE ARAÇATUBA
A Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba, ou simplesmente Fortaleza de Araçatuba, se faz na ilha de Araçatuba, na barra Sul do canal da ilha de Santa Catarina, atual município de Palhoça, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil.
Projectada e construída pelo Brigadeiro José da Silva Pais, primeiro governador da Capitania de Santa Catarina (1739-1745), fechando a barra da baía Sul, foi a última peça do sistema defensivo da ilha na primeira metade do século XVIII, integrado pelo triângulo defensivo da barra da baía Norte: a Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, a Fortaleza de Santo Antônio de Ratones e a Fortaleza de São José da Ponta Grossa. Juntas, deveriam proteger a ilha de Santa Catarina, consolidando a ocupação do sul do Brasil, e actuando como base estratégica para a manutenção do domínio português sobre a Colônia do Sacramento. Sob a invocação da Conceição da Virgem, a construção da fortaleza teve início em 1742 e, acredita-se, foi terminada cerca de dois anos mais tarde. Foi artilhada com dez peças de ferro e bronze, portuguesas e holandesas: quatro de calibre 18 libras, três de 12 e três de 8. Em 1750, atendendo uma solicitação do próprio Silva Pais dois anos antes, uma Provisão Real determinou que a guarnição desta fortificação fosse composta por 60 soldados, um capitão, um alferes, um tenente e dois sargentos, e que "tivesse, ademais, um Sargento-mor e um ajudante, igualmente cientes da artilharia e da infantaria, para que os soldados ficassem conhecendo ambas as armas". A mesma provisão determinava ainda que fossem incluídos na guarnição da fortaleza os oficiais e soldados a elas já pertencentes, "para nela residirem, se já casados ou em termos de tomar estado (...)." Em 1760, por determinação do ministro Marquês de Pombal (1750-1777), o governador da capitania do Rio de Janeiro, capitão-general Gomes Freire de Andrade (1733-1763), enviou o engenheiro militar tenente-coronel José Custódio de Sá e Faria, do Real Corpo de Engenheiros, para fazer um levantamento das defesas erguidas pelo brigadeiro Silva Pais na ilha de Santa Catarina. Procedeu-lhe assim o levantamento das instalações ("Demonstração da Ilha e Fortaleza da Barra do Sul da Ilha de Santa Catarina"), apontando-lhe o precário estado de conservação, o que levou à execução de pequenos reparos (1761), e à recomendação do reforço na artilharia, o que não se sabe se efectivamente chegou a ocorrer. Ante as notícias da invasão espanhola do Vice-rei do Rio da Prata, D. Pedro de Ceballos (Fevereiro de 1777), a sua guarnição desertou, tendo os invasores encontrado a posição abandonada. Sofreu reparos em 1780. Um novo levantamento foi feito em 1786 pelo Alferes José Correia Rangel, quando recebeu reforços na artilharia. Encontra-se mencionada por Auguste de Saint-Hilaire, no curso de sua viagem à Província de Santa Catarina.
Fortificação com planta orgânica, adaptada ao terreno, nela se destaca a bateria principal de artilharia coroando o conjunto, com planta em formato circular com quatro braças de raio, erguida em alvenaria de pedra, composto por:
Fortificação com planta orgânica, adaptada ao terreno, nela se destaca a bateria principal de artilharia coroando o conjunto, com planta em formato circular com quatro braças de raio, erguida em alvenaria de pedra, composto por:
Bateria principal (ou elevada)
Muralhas
Quartéis de Tropa
Casa da Pólvora
Casa da Guarda
Ancoradouro
Forte (Paiol da Pólvora)
Das edificações primitivas - Corpo da Guarda, Casa da Farinha, Casa da Palamenta, Casa do Comandante, Quartel da Tropa e Oficiais, Paiol da Pólvora, e Baterias dos canhões -, restam, das duas primeiras as fundações, e das demais as paredes, o mesmo ocorrendo com uma edificação datada provavelmente do século XIX. A muralha em cantaria, que confronta com o canal navegável e que contém o terrapleno e protege as baterias, com planta de formato poligonal irregular, encontra-se em bom estado de conservação, o mesmo ocorrendo com a muralha em pedra, de planta circular, que abrigava a bateria principal, dominando o conjunto. O conjunto era integrado ainda por uma Fonte que, segundo Monsenhor Pizarro, era de água salobra. As reformas realizadas no século XIX dotaram os edifícios da fortaleza de alguns elementos arquitectónicos classicistas, que alteraram as suas feições coloniais. Além do arruinamento provocado pelo tempo e pelo abandono, os exercícios de tiro real que a utilizaram como alvo comprometeram-lhe severamente as muralhas e as edificações. Também conhecida como Fortaleza da Conceição da Barra do Sul ou Fortaleza de Araçatuba, este último autor denomina-a incorrectamente também como Forte Marechal Moura, outra estrutura, de construção bem mais recente, no extremo sul da ilha de Santa Catarina. Barretto amplia a divergência denominando-a ainda como Fortaleza de Naufragados e Fortaleza General Moura.
FORTALEZA DE SANTA CRUZ DE ANHATOMIRIM
A Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, ou simplesmente Fortaleza de Anhatomirim, ergue-se na ilha de Anhatomirim ("ilha pequena do diabo" em língua tupi), na barra norte do canal da ilha de Santa Catarina, atual município de Governador Celso Ramos, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil.
Projectada e construída pelo brigadeiro José da Silva Pais, primeiro governador da Capitania de Santa Catarina (1739 - 1745), a Fortaleza de Anhatomirim foi o vértice inicial do triângulo defensivo da barra da baía norte da ilha, integrado pela Fortaleza de São José da Ponta Grossa e pela Fortaleza de Santo Antônio de Ratones, iniciadas em 1740. Esse sistema defensivo foi completado pela Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba, na barra da baía sul, iniciada em 1742. Juntas, tinham a função de proteger a ilha de Santa Catarina, consolidando a ocupação do sul do Brasil, e actuando como base estratégica para a manutenção do domínio português sobre a Colônia do Sacramento.
Sob a invocação da Santa Cruz, a sua construção teve início em 1739, tendo sido concluída em 1744. O mesmo autor complementa que só foi artilhada após 1749. No ano seguinte estava artilhada com 36 peças de diversos calibres, a saber: dezoito de 24, nove de 18, seis de 12, duas de 8, duas de 6, quatro de 4 e duas de 2 libras de bala. Com planta de formato poligonal orgânico, os seus trabalhos empregaram a mão-de-obra de cento e cinquenta soldados, de cerca de duzentos escravos africanos, e de indígenas, utilizando a matéria-prima local e as técnicas construtivas tradicionais do período. Por determinação do Marquês de Pombal (1750 - 1777), o governador e capitão-general da Capitania do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade (1733 - 1763), enviou, em 1760, o tenente-coronel José Custódio de Sá e Faria, do Real Corpo de Engenheiros, para fazer um levantamento das defesas da ilha de Santa Catarina, erguidas pelo brigadeiro José da Silva Pais. Como nas demais fortificações da região, este oficial procedeu-lhe pequenos reparos e reforço na artilharia, tendo recebido na ocasião "carretame, palamenta, pólvora, balas e petrechos para fazerem uma vigorosa defensa nos casos de surpresas ou ataques".
O brigadeiro Antônio Carlos Furtado de Mendonça, em sua defesa após a invasão espanhola de 1777, atribuiu-lhe cinquenta peças, quando a metrópole lhe supunha noventa. Tendo a barra norte sido abandonada pela esquadra sob o comando do almirante escocês Robert McDouall, esta fortaleza foi abandonada pelos seus defensores. Cercada por cinco navios espanhóis na tarde de 24 de Fevereiro, que a intimaram à rendição, estava guarnecida por apenas dois soldados. Com a assinatura do Tratado de Santo Ildefonso (1777), onde Portugal cedeu à Espanha a Colônia do Sacramento e o território das Missões, em troca da restituição da ilha de Santa Catarina, esta fortificação foi novamente guarnecida. Em 1785, o mapa da sua artilharia, remetido à Coroa, computava-lhe cinquenta e sete peças: trinta e oito de ferro (calibres 24, 18, 12, 8, 6, 4, 3 e 2) e dezanove de bronze (calibres 24, 12, 8 e 6 de bala).
No levantamento do alferes José Correia Rangel (1786), importante material iconográfico que registra as modificações ocorridas no seu desenho, o mapa da artilharia aponta-lhe o mesmo número de peças, mas assim distribuídas: trinta e oito peças de ferro (onze de calibre 28, nove de 18, dez de 12, quatro de 8, uma de 6, uma de 4, uma de 3 e uma de 2), e dezanove de bronze (seis de calibre 28, cinco de 12, sete de 8 e uma de 6 de bala). Entre as funções da fortificação, no período, encontrava-se a de controlo do movimento de embarcações que adentrassem a Baía Norte. Ao identificar a aproximação de embarcações de bandeira estrangeira, o comandante da fortaleza ordenava o disparo de salvas de artilharia, sinalizando-se com bandeiras, saudando e comunicando aos capitães que deveriam aguardar autorização para fundear e proceder ao desembarque. No século XIX, o viajante Adam Johann von Krusenstern (1803) observou-lhe apenas vinte peças, quase todas imprestáveis.
O maior e mais monumental complexo da arquitectura colonial portuguesa existente no sul do país, o conjunto ocupa uma área de 2.678m², integrado pelas seguintes estruturas:
Entrada - conjunto de escadaria de acesso e de um pórtico monumental em estilo oriental, ladeado por duas cortinas de muralhas
Quartel do Comandante - erguido ao centro da Ilha
Quartel da Tropa - erguido sobre o terrapleno, voltado para o oceano Atlântico
Armazém da Pólvora - construído sobre uma elevação, afastado do conjunto principal
Paiol de Farinha - erguido entre o Quartel da Tropa e o do Comandante
Casa da Palamenta - destinada à guarda de armamento, resta apenas trechos dos seus alicerces
Rampa - passagem subterrânea que liga o terrapleno do Quartel da Tropa à Bateria Norte ("falsa braga d'água"), sob as canhoneiras da bateria no terrapleno.
As construções obedecem a diferentes orientações arquitectónicas, integrando diferentes estilos, mesmo tendo sido erguidas num mesmo período, o meado do século XVIII. Ao final do século XIX, alguns de seus edifícios já haviam desaparecido e outros haviam sido construídos, como o novo Paiol e a nova Casa do Comandante.
FORTALEZA DE SANTO ANTÓNIO DE RATONES
A Fortaleza de Santo António de Ratones localiza-se na Ilha Ratones Grande, na baía norte da ilha de Santa Catarina, entre aponta da Gamboa e a ponta do Sambaqui, em Florianópolis, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil.
A ilha de Ratón Grande é maior das duas ilhas "Ratones" assim denominadas, afirma-se, pelo explorador espanhol D. Álvar Núñez Cabeza de Vaca (1492-15??), que nomeado governador do rio da Prata, aportou em 29 de Março de 1541 à baía norte da ilha de Santa Catarina onde permaneceu alguns meses. Na sua obra "Comentários", entretanto, a denominação "ratones" é aplicada às pedras existentes nas águas do porto da ilha de Santiago de Cabo Verde, que "roíam" as correntes das âncoras dos navios, e onde a sua esquadra fez escala antes de alcançar a ilha de Santa Catarina. Sob a invocação de Santo Antônio de Lisboa, esta fortaleza, junto com as outras duas da barra norte (a Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim e a Fortaleza de São José da Ponta Grossa, e com a da barra sul (a Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba) integrava o sistema defensivo da ilha de Santa Catarina no século XVIII, e auxiliava a consolidar a ocupação do sul do Brasil, actuando como base estratégica para a manutenção do domínio português sobre a Colônia do Sacramento.
Projectada e construída pelo engenheiro militar, Brigadeiro José da Silva Pais, primeiro governador da Capitania de Santa Catarina (1739-1745), as suas obras tiveram início logo após as da Fortaleza da Ponta Grossa (1740), e, como ela, foi concluída cerca de quatro anos após. Guarnecida, foi artilhada com treze peças, distribuídas em duas baterias à barbeta. Em 1760, por determinação do Marquês de Pombal (1750-1777), o governador da capitania do Rio de Janeiro, Capitão-general Gomes Freire de Andrade (1733-1763), enviou o Engenheiro Militar Tenente-coronel José Custódio de Sá e Faria, do Real Corpo de Engenheiros, para fazer um levantamento das defesas da ilha de Santa Catarina, erguidas pelo Brigadeiro José da Silva Pais. Como nas demais fortificações procedeu-lhe a pequenos reparos e reforço na artilharia. Contava, nessa ocasião, com doze peças de ferro (cinco de calibre 24, três de 18, três de 12 e uma de 4), e duas de bronze, de calibre 12. Guarnecida por soldados do Regimento de Infantaria de Linha da Ilha de Santa Catarina, como as irmãs também foi abandonada sem luta quando da invasão espanhola de 1777, embora se afirme que ela chegou a disparar quatro tiros de canhão contra a esquadra inimiga. Um novo levantamento de seu estado foi feito em 1786 pelo Alferes José Correia Rangel. Em 1786encontrava-se praticamente em ruínas, tendo o governador da Capitania de Santa Catarina, Tenente-coronel João Alberto de Miranda Ribeiro (1793-1800), proposto em 1793 a sua reconstrução à Coroa, o que não ocorreu. No século XVIII o seu armamento montava a doze peças de ferro (cinco de calibre 24 libras, três de 18, três de 12 e uma de 4), e duas de bronze, de calibre 12.
Entre as estruturas erguidas por Silva Pais, esta talvez seja a que menos sofreu alterações posteriores. Protegida na retaguarda pela encosta rochosa da ilha, onde se preserva um trecho remanescente de Mata Atlântica, a fortificação apresenta planta de formato poligonal orgânico, em forma de "L", com cerca de 800 metros quadrados de área construída. Alinhados pelo lado maior no terrapleno encontram-se os edifícios dos Quartéis de Oficiais e de Tropa, a Casa da Palamenta, o Paiol de Farinha, o Armazém da Pólvora (com dois pavimentos) e o Calabouço, guarnecidos por uma muralha de pedra que se desenvolve ao norte, em formato curvo, seguindo rectilineamente para noroeste. Com excepção do Armazém da Pólvora, em posição elevada no conjunto, os edifícios localizam-se todos em um único platô, guarnecido por uma muralha de pedra que se desenvolve ao norte, em formato curvo, seguindo rectilineamente para noroeste. O material de construção empregado foi a rocha local, de tipo riólito, à excepção da cantaria presente no portão de armas (em granito rosa), na fonte de água e na escadaria de acesso ao armazém de pólvora. Todas as alvenarias, nas muralhas e nas edificações, foram rebocadas e caiadas. A partir da portada, com verga curva encimada por um frontão triangular, uma rampa em curva dá acesso ao interior da fortaleza. Esta portada era acedida originalmente por uma ponte levadiça sobre um fosso de três metros de profundidade. São também significativas a fonte de água e um interessante sistema de aqueduto - que conduzia as águas pluviais captadas - para o abastecimento da guarnição.
FORTALEZA DE SÃO JOSÉ DA PONTA GROSSA
A Fortaleza de São José da Ponta Grossa localiza-se entre as praias do Forte e do Jurerê, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil.
Ergue-se em posição dominante na encosta do morro da Ponta Grossa, a noroeste da ilha de Santa Catarina, dominando a baía Norte. Projectada e construída pelo brigadeiro José da Silva Pais, primeiro governador da Capitania de Santa Catarina (1739-1745), é um dos vértices do triângulo defensivo da barra da baía Norte da ilha na primeira metade do século XVIII, integrado pela Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim e pela Fortaleza de Santo Antônio de Ratones. O sistema defensivo foi completado pela Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba, na barra da baía Sul. Juntas, deveriam proteger a ilha de Santa Catarina, consolidando a ocupação do sul da Colônia, e actuando como base estratégica de apoio para a manutenção do domínio português sobre a Colônia do Sacramento.
Sucedeu a um entrincheiramento no local, que remontava a 1653 (ver Entrincheiramento da Ponta Grossa). Sob a invocação de São José, a construção desta fortaleza teve início em agosto de 1740, tendo sido concluída cerca de quatro anos após. Em 1760, por determinação do ministro Marquês de Pombal (1750-1777), o governador da capitania do Rio de Janeiro, capitão-general Gomes Freire de Andrade (1733-1763), enviou o Engenheiro Militar tenente-coronel José Custódio de Sá e Faria, do Real Corpo de Engenheiros, para fazer um levantamento das defesas erguidas pelo brigadeiro Silva Pais na ilha de Santa Catarina. Como nas demais fortificações procedeu-lhe a pequenos reparos.
Para completar a defesa do seu flanco leste foi levantada, a partir de 1765, a Bateria de São Caetano da Ponta Grossa. Quando da invasão espanhola de 1777, ante o desembarque dos atacantes na praia de Canasvieiras, esta bateria foi abandonada por seus defensores, que se recolheram à Fortaleza de São José, por sua vez também abandonada após ter disparado dois tiros (24 de Fevereiro).
Foi ocupada por forças espanholas sob o comando do D. Ventura Caro. Tanto esta fortaleza, quanto a Bateria que se lhe subordinava, se encontravam sob o comando do Capitão Simão Rodrigues de Proença, do Regimento de Linha de Infantaria da Ilha de Santa Catarina, oficial experimentado nas Campanhas do Sul, com impecável fé de ofício. Seguindo ordens do Governador da Capitania, Pedro Antônio da Gama Freitas (1776-1777), retirou-se da Praça-forte ao terceiro dia de cerco, sem combate. Julgado e condenado por esse ato pela Coroa portuguesa, durante o processo da Devassa aberta para esse fim, morreu na prisão. A ilha de Santa Catarina permaneceu sob o domínio espanhol até ao ano seguinte (1778), quando foi devolvida aos portugueses pelo Tratado de Santo Ildefonso (1777).
De acordo com o levantamento do Alferes José Correia Rangel para a Coroa portuguesa (1786), o armamento de Ponta Grossa compunha-se de trinta e uma peças de artilharia, assim distribuídas: cinco de bronze, sendo quatro de calibre 12 e uma de 8, e vinte e seis peças de ferro, sendo nove de calibre 24, duas de 18, seis de 12, seis de 8, uma de 4 e duas de 2. Estes armamentos vieram, na sua maioria, das fortificações da Bahia, sendo alguns ingleses e outros anteriores ao século XVII. Segundo Cabral, no século XVIII, o seu armamento compunha-se de trinta e uma peças de artilharia, assim distribuídas: cinco de bronze, sendo quatro de calibre 12 libras e uma de 8, e vinte e seis peças de ferro, sendo nove de calibre 24, duas de 18, seis de 12, seis de 8, uma de 4 e duas de 2.
A fortaleza apresenta planta em formato poligonal orgânico (adaptada ao terreno em que se inscreve), em três planos distintos, protegidos à retaguarda pela encosta do morro, com as baterias voltadas para o mar. Os edifícios estão distribuídos pelos três diferentes terraplenos em cotas distintas, interligados por rampas e cercados por espessas muralhas em alvenaria de pedra e cal. O portão de acesso perdeu a ponte levadiça e o frontão originais, e o corredor de acesso, a abóbada em alvenaria de tijolos. Ladeando este último, a sala do calabouço, com porta e janela outrora gradeadas, e a Casa da Guarda, iluminada naturalmente por duas janelas em forma de seteiras.
O corredor de acesso apresenta ainda as frestas na parede, por onde corria a lâmina que fechava o acesso em caso de ataque, conduzindo ao terrapleno inferior, onde se distribui a primeira ordem de Baterias. Junto a elas se encontram os vestígios de antiga Casa da Palamenta, com piso de alvenaria de tijolos, onde eram guardadas armas leves e os apetrechos necessários à manutenção e operação das peças de artilharia. Por se desconhecer a estrutura das paredes e respectiva cobertura, a mesma não foi restaurada. Completam o conjunto duas guaritas redondas sobre respectivos piões, em vértices opostos da muralha. A cantaria do Pórtico, dos edifícios, e a base de algumas canhoneiras é talhada em pedra de lioz. No terrapleno intermediário, localiza-se a segunda ordem de baterias e o Quartel da Tropa, com piso em alvenaria de tijolos, com a Cozinha anexa. Restaurado, é ocupado hoje pelas artesãs de renda de bilros, que ali trabalham e comercializam a sua arte.
No terrapleno superior ergue-se a Casa do Comandante, um imponente sobrado de dois pavimentos, geminado com o Paiol da Pólvora, também assobradado com dois pavimentos. Na Casa do Comandante foi assinada a capitulação ante os espanhóis em 1777. O abastecimento de água potável da guarnição era feito na fonte (com cisterna), edificação externa às muralhas da fortaleza.
FORTE DA PONTA DAS ALMAS
O Forte da Ponta das Almas localizava-se na ilha de Santa Catarina, no atual perímetro urbano de Florianópolis, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil. Constituiu-se em uma fortificação temporária ou de campanha. É citada como existente ainda em 1841, embora em precárias condições, pelo Capitão-major do Corpo de Engenheiros, Patrício Antônio de Sepúlveda Everard, em Ofício ao então Presidente da Província de Santa Catarina, como abaixo:
"Ilmo. Snr. Antero José Ferreira de Brito, Brigadeiro Presidente da Província: (...) Respondendo ao ofício que V. Exa. se dignou dirigir-me em data de 1º do corrente, no qual me ordenou o informe se a obra de fortificação passageira levantada na Ponta das Almas em terrenos da órfã D. Clara Augusta Silveira é indispensável, ou menos essencial à defesa desta Ilha, e que, julgando-o assim, levantei a planta do dito terreno bem como a do em que existe o Forte Lessa para serem desapropriados: devo responder a V. Exa. que considera a defesa desta Ilha puramente marítima, em pequena conta tenho os ditos fortes, construídos em crise extraordinária, e dos quais a segunda grande despesa ainda exige para a sua conclusão - Por outra parte, o terreno em que está colocado o primeiro é de oitenta e cinco braças de frente, e valendo, quando menos 15$000 réis cada uma. Terá a Fazenda a empregar 1.300$000 réis sem proveito algum ou aplicação conhecida, podendo a exemplo os proprietários dos outros de maior extensão exigirem igual medida, que lhes não poderá ser negada justamente - Parece-me por tanto mais conveniente que tirando-se dos edifícios dos mesmo forte tarimbas, cabidos e os mais utensílios aproveitáveis, se proponha a compra dos ditos edifícios ao proprietário dos terrenos, ficando na convicção que, de qualquer modo que se utilize este negócio. Sempre será mais conveniente à Fazenda Pública do que a desapropriação dos terrenos com empate de fundos de que tanto carecemos para estas aplicações. É o meu parecer, mas se não merecer aprovação de V. Exa. passarei a levantar as plantas como V. Exa. ordena - Deus guarde a V. Exa. muitos anos. Cidade do Desterro, 3 de Março de 1841. (ass.:) Patrício Antônio de Sepúlveda Everard, Major d'Engenheiros."
Estrutura actualmente desaparecida, os autores se dividem quanto à sua exacta localização, dando-a como, na região da Lagoa da Conceição, na localidade hoje denominada como Ponta das Almas; ou afirmando que se trata na realidade da mesma Bateria de José Mendes. Em favor da segunda alternativa, o estudioso Virgílio Várzea afirma ter existido, na localidade de José Mendes, próximo ao Centro histórico de Florianópolis, a toponímia "Ponta das Almas".
FORTE DE IMBIASSAPE
O denominado Forte de Inbiassape ter-se-ia localizado na antiga baía dos Patos, ao Sul da ilha de Santa Catarina, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil. A descrição do local tem como referência básica a obra de Hans Staden Descrição verdadeira de um país de selvagens nus, ferozes e canibais, situado no Novo Mundo, América, publicado originalmente em Marburg (1557), e conhecido no Brasil pelo título Duas viagens ao Brasil. Em sua segunda viagem ao Brasil (1550-1555), integrando a expedição espanhola ao rio da Prata sob o comando do capitão Juan de Salazar y Spinoza, Staden aportou à Baía Sul da ilha de Santa Catarina em 25 de Novembro de 1550, fazendo contacto com um espanhol de Bilbao chamado Juan Hernandez Biscainho, que habitava com os Carijós no aldeamento de Acutia (Cutia), no continente, na altura do estreito. Neste trecho, embora Staden não seja claro, através de outros documentos da época (carta de Domingos de Irala de 25 de Julho de 1555 e do Capitão Salazar, da capitania de São Vicente, em 25 de junho de 1553), depreende-se que, saídos da ilha de Santa Catarina aprovisionados para seis meses, a embarcação maior naufragou na barra do Viaçá, ficando, desta forma, impedido o prosseguimento da expedição para Assunção, no rio da Prata. Os sobreviventes viram-se obrigados a permanecer na região por dois anos - presumivelmente tendo erguido algum tipo de estrutura temporária para a sua defesa -, tendo-se esgotado, com o tempo, os objectos para o escambo por mantimentos com os indígenas. Passaram por muitos perigos e privações. No local, foi construída uma pequena embarcação e o grupo se dividiu: o grupo maior seguiu por terra para Assunção, auxiliado por alguns indígenas. O grupo menor seguiu por mar na embarcação construída, em busca de auxílio no estabelecimento português em São Vicente. No capítulo doze do livro, Staden narra: Saímos, pois, do porto de Imbeaçã-pe, que fica a 28 graus e meio de latitude Sul e alcançamos, depois de dois dias pouco mais ou menos e de uma viagem de cerca de quarenta milhas, uma ilha, a dos Alcatrazes. A expressão utilizada por Staden no original é "hauingen Inbiassape", traduzida na edição de 1930 da Academia Brasileira de Letras como "forte", mas em outras edições como "porto". A polémica prossegue uma vez que, em seu mapa, localiza-o na altura da atual cidade de Laguna, mencionando 28 graus e meio de latitude Sul, ao passo que outros autores associam-no à baía dos Patos, na ilha de Santa Catarina.
FORTE DE N. S. DA CONCEIÇÃO DA LAGOA
O Forte de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa localizou-se na margem Leste da lagoa da Conceição, na antiga Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa, em Florianópolis, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil. Acredita-se que tenha sido erguido por volta de 1775, por determinação do governador militar da ilha de Santa Catarina, Marechal Antônio Carlos Furtado de Mendonça (1775-1777), no contexto da iminência de uma invasão espanhola, concretizada em 1777. A estrutura integra o levantamento feito pelo Ajudante de Infantaria com exercício de Engenheiro, José Correia Rangel para a Coroa portuguesa (Plano para servir de demonstração dos lugares fortificados da Ilha de Santa Catarina, 1786. in: Defesa da Ilha de Santa Catarina e do Rio Grande de São Pedro. Ministério da Guerra, Lisboa). Segundo o seu relatório, o comando do forte era então ocupado pelo Capitão Manuel Gonçalo Leite de Barros, estando artilhado com quatro peças de ferro montadas em carretas, sendo três de calibre 12 libras e uma de 8 lb, servidas por 581 balas, 3 arrobas de pólvora, além de conservar em depósito mais quatro peças avariadas, 37 granadas e outros apetrechos bélicos.
Historiograficamente, discute-se a sua exacta localização: conforme a tradição oral, na barra do sangradouro da lagoa da Conceição, de frente para o Oceano Atlântico, conforme o plano de Correia Rangel, que o assinala fronteiro à Freguesia, às margens da lagoa. Sobre a praia da Lagoa, perto da ponta da Galheta, abaixo da ilha das Aranhas, com a finalidade de guardar o ancoradouro da Lagoa, dando-o, à época (1885), como desmantelado ou desaparecido. Este mesmo autor, a propósito do Forte do Ribeirão, refere que as posições dele e do Forte da Lagoa, se acham indicadas em Carta, levantada em 1842, por José Joaquim Machado de Oliveira.
Historiograficamente, discute-se a sua exacta localização: conforme a tradição oral, na barra do sangradouro da lagoa da Conceição, de frente para o Oceano Atlântico, conforme o plano de Correia Rangel, que o assinala fronteiro à Freguesia, às margens da lagoa. Sobre a praia da Lagoa, perto da ponta da Galheta, abaixo da ilha das Aranhas, com a finalidade de guardar o ancoradouro da Lagoa, dando-o, à época (1885), como desmantelado ou desaparecido. Este mesmo autor, a propósito do Forte do Ribeirão, refere que as posições dele e do Forte da Lagoa, se acham indicadas em Carta, levantada em 1842, por José Joaquim Machado de Oliveira.
FORTE DE NOSSA S. DA LAPA DO RIBEIRÃO DA ILHA
O Forte de Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão da Ilha localizava-se ao norte da ponta de Caiacanga-Açú, na antiga freguesia de Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão da Ilha, no extremo sul da ilha de Santa Catarina, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil.
O "Relatório do governador da Capitania, Tenente-coronel João Alberto de Miranda Ribeiro (1793-1800) ao Vice-rei D. José Luís de Castro (1790-1801), datado de 1797", reporta que, no Distrito do Ribeirão, onde se situa a Capela de Nossa Senhora da Lapa, se fazia mister haver uma freguesia, para o socorro espiritual daqueles povos. Tal fato viria a ocorrer apenas em 1809, durante o governo de D. Luís Maurício da Silveira (1805-1817), com a denominação de Freguesia de Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão da Ilha, compreendendo todo o território meridional da Ilha de Santa Catarina.
FORTE DE SANTA BÁRBARA DA VILA
O Forte de Santa Bárbara da Vila, ou simplesmente Forte de Santa Bárbara, localiza-se na cidade de Florianópolis, na ilha e estado de Santa Catarina, no Brasil. Este forte foi erguido para defesa da antiga Vila de Nossa Senhora do Desterro (atual cidade de Florianópolis), em uma pequena ilha fronteira à antiga praia do Canto (ou da Vila), no estreito do canal pelo lado da baía Sul.
Existem controvérsias entre os pesquisadores acerca da data precisa de início de sua construção, assim como do autor do seu projecto. Alguns remontam-no à gestão do governador da Capitania, Tenente-coronel João Alberto de Miranda Ribeiro (1793-1800). Outros atribuem-no ao Engenheiro Militar, Tenente-coronel José Custódio de Sá e Faria, do Real Corpo de Engenheiros, que, em 1760, efectuou um levantamento das defesas da ilha de Santa Catarina erguidas pelo brigadeiro José da Silva Pais. Plantas e mapas da época, indicam que a estrutura já existia em 1774, e integra o levantamento do Alferes José Correia Rangel para a Coroa portuguesa.
A sua planta original, no formato de um polígono irregular, levantada em alvenaria de pedra e cal, abrigava em seu terrapleno um edifício de um pavimento com cobertura em quatro águas, compreendendo o Quartel da Tropa, o Armazém e a Casa da Pólvora. O terrapleno era guarnecido por uma muralha com cerca de 70 centímetros de espessura na parte superior, com altura de quase 5 metros acima do nível do mar na maré baixa, comunicando-se com a terra por uma ponte em alvenaria de pedra sobre arcadas. Encontrava-se artilhado com doze peças de bronze e uma de ferro de diversos calibres, estando registrada iconograficamente nas obras de Jean-François de La Pérouse (1797), Adam Johann von Krusenstern (1803), Georg Heinrich von Langsdorff (1812), Jean-Baptiste Debret (1822) e outros.
FORTE DE SANTANA DO ESTREITO
O Forte de Sant'Ana do Estreito, ou simplesmente Forte de Santana, localiza-se na cidade de Florianópolis, estado de Santa Catarina, no Brasil.
Em posição dominante na altura do estreito entre a ilha de Santa Catarina e o continente, destinava-se à defesa do antigo ancoradouro da Vila de Nossa Senhora do Desterro (hoje cidade de Florianópolis).
Em 1760, por determinação do ministro Marquês de Pombal (1750-1777), o governador e capitão-general da Capitania do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade (1733-1763), enviou o tenente-coronel José Custódio de Sá e Faria, do Real Corpo de Engenheiros, para fazer um levantamento das defesas erguidas pelo brigadeiro José da Silva Pais na ilha de Santa Catarina. Como resultado, aquele oficial concluiu que, se as fortalezas da barra Norte da ilha fossem ultrapassadas ou contornadas, a vila do Desterro ficaria sem defesa ante um invasor. Propôs desse modo a construção de dois fortins ou baterias, um na praia de Fora, ao Norte da vila (o Forte de São Francisco Xavier da Praia de Fora), outro na ponta da ilha mais próxima ao continente - o Forte de Sant'Ana do Estreito. Construído em 1763, no governo do coronel Francisco Antônio Cardoso de Meneses e Sousa (1762 - 1765), com planta do próprio Tenente-coronel Sá e Faria, destinava-se à defesa daquele ancoradouro no estreito, passagem entre as baías Norte e Sul da ilha. Por ter como padrasto o morro em cuja encosta se ergue, Monsenhor Pizarro afirma que o morro de Rita-Maria, que lhe é próximo, era o melhor local para se erguer uma fortaleza que dominasse o estreito, a praia de Fora, e a vila. Essa posição foi reforçada a partir de 1793 com a construção do Forte de São João do Estreito, que lhe era fronteiro, pelo Continente. O primeiro comandante conhecido do forte foi o Alferes Rodrigo José Brandão, natural da Bahia. Artilhado originalmente com nove peças, conservava dez de diferentes calibres (seis de ferro e quatro de bronze, em precário estado de conservação), quando do levantamento efectuado em 1786 pelo Alferes José Correia Rangel para a Coroa Portuguesa.
O Forte de Santana, em alvenaria de pedra e cal, foi erguido sobre um único terrapleno, sustentado por muralhas de 1,20 metros de espessura no parapeito, com planta na forma de um hexágono irregular, e uma única guarita circular sobre o respectivo pião, no vértice da muralha vigiando o canal da baía norte. O projeto original compreende um conjunto linear de edificações de um pavimento, em alvenaria de pedra, com cobertura em quatro águas, que se abrem para o terrapleno onde se dispunham sete canhoneiras em tijoleira à barbeta, apresentando apenas o estritamente necessário para o funcionamento regular da fortificação:
Corredor de Acesso e Portada
Plataforma ou terrapleno, com sete canhoneiras dispostas
Quartel dos Soldados (Quartel da Tropa)
Cozinha
Quartel dos Oficiais (Casa do Comandante)
Corpo da Guarda
Casa da Palamenta
Casa da Pólvora (Paiol da Pólvora)
Com relação à pretensa passagem de Tiradentes por este forte em Santa Catarina, o historiador mineiro Augusto de Lima Jr., afirma que o Alferes Joaquim José da Silva Xavier (1746-92) - o Tiradentes -, que sentou praça (ingressou na vida militar) em 1769 na Companhia de Cavalaria de Guarda dos Vice-Reis, passando pelos postos de soldado, cabo, furriel e sargento, para ser promovido a alferes em 1776, ainda no posto de praça de pré, teria seguido para Santa Catarina com a tropa de reforços contra o invasor D. Pedro Ceballos. Os Autos da Devassa, entretanto, esclarecem que Tiradentes "sentou praça em 1º de Dezembro de 1775" na 6ª Companhia do Regimento de Cavalaria Regular da Capitania de Minas Gerais, no posto de alferes, percebendo um soldo de 24$000 (vinte e quatro mil réis), do qual firmou recibo. Entre 1776 e 1779 a defesa do Rio de Janeiro foi reforçada com efectivos de outras regiões, ante a ameaça de um possível ataque de forças espanholas, em ofensiva no Sul. Jardim, informa que a amizade entre o Alferes Joaquim José e o então major da Guarda dos Vice-Reis Francisco de Paula Freire de Andrada "nascera no Rio de Janeiro, quando em 1779 lá se encontraram, estando Tiradentes e Francisco de Paula designados para conduzir soldados aos Sul do país." Teria Tiradentes estado em Santa Catarina entre 1777-1779?
Do conjunto de edifícios originais, somente a sala do Paiol da Pólvora não está presente na construção atual. Na fachada, as aberturas com molduras de pedra alternam vergas rectas e em arco abatido, sobressaindo a portada de granito à entrada do forte. O telhado, em suave inclinação, reproduz um aspecto da arquitectura oriental. Forte e Museu podem ser visitados diariamente à avenida Beira-Mar Norte, sob a Ponte Hercílio Luz, centro de Florianópolis. A entrada é franca e o conjunto possui estacionamento próprio.
FORTE DE S. FRANCISCO XAVIER DA PRAIA DE FORA
O Forte de São Francisco Xavier da Praia de Fora localizava-se na ilha de Santa Catarina, no caminho que, vindo da vila de Nossa Senhora do Desterro (atual cidade de Florianópolis), alcançava a praia de Fora (atual Avenida Beira-Mar Norte), à altura da atual praça Esteves Júnior, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil. Em 1760, por determinação do Marquês de Pombal (1750-1777), o governador e Capitão General da Capitania do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade (1733-1763), enviou o Tenente-coronel José Custódio de Sá e Faria, do Real Corpo de Engenheiros, para fazer um levantamento das defesas da ilha de Santa Catarina, erguidas pelo Brigadeiro José da Silva Paes. Aquele oficial concluiu que, se as fortalezas da Barra Norte da ilha fossem ultrapassadas ou contornadas, a vila do Desterro ficaria sem defesa ante o invasor. Propôs desse modo a construção de dois fortins ou baterias, um na praia de Fora, ao Norte da vila (Forte de São Francisco Xavier da Praia de Fora), outro na ponta da ilha mais próxima ao continente - o Forte de Santana do Estreito. O Forte de São Francisco foi construído em 1763, no governo do Coronel Francisco Antônio Cardoso de Meneses e Sousa (1761-1765), com planta do Tenente-coronel José Custódio de Sá e Faria, destinava-se complementarmente a coibir a atracação de embarcações de contrabandistas no local.
Foi artilhado com duas peças. Segundo levantamento do Alferes José Correia Rangel, de 1786, o Forte chegou a possuir um conjunto de armamentos com dezanove peças: uma de bronze de calibre 6 libras, e dezoito de ferro (duas de 8, seis de 6, quatro de 4, quatro de 2 e duas de 1). De acordo com Correia Rangel, esta estrutura apresentava planta em formato poligonal estrelado irregular, com uma muralha semicircular voltada para o mar. Ao centro do seu terrapleno, um acesso por um corredor abobadado após a Portada, onde se dispunham dez canhoneiras à barbeta, erguiam-se os edifícios de um pavimento, a saber:
Casa do Comando (Quartel do Comandante)
Quartel de Soldados (Quartel da Tropa)
Cozinha
Quartel de Pólvora (Casa da Pólvora)
Trânsito de [ilegível no original]
Casa da Palamenta
Contornando o pátio central, numa plataforma elevada tendo um acesso por um único lance de escadas, encontravam-se as baterias de canhões.
FORTE DE SÃO JOÃO DO ESTREITO
O Forte de São João do Estreito localizava-se pelo lado do continente, no estreito do canal da ilha de Santa Catarina (atual bairro do Estreito, na cidade de Florianópolis), no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil. Remonta a uma bateria de faxina erguida a partir de 1793 pelo governador da Capitania de Santa Catarina, João Alberto de Miranda Ribeiro, com risco do Sargento-mor Joaquim Correia da Serra, artilhada com seis peças. Destinava-se a, pelo lado do continente, cruzar fogos com o Forte de Santana do Estreito, na ponta do estreito na ilha de Santa Catarina. Coelho, seguido por Paiva, informa que o governador da Capitania, Tenente-coronel João Alberto de Miranda Ribeiro (1793-1800), devido "à fermentação bélica na Europa", fez construir entrincheiramentos na praia do forte de São João da terra firme. Os autores concordam que um forte no local foi erguido a partir de 1793, em faxina e terra, com risco do Sargento-mor Engenheiro Joaquim Correia de Lacerda ou Joaquim Correia Serra. O viajante escocês James George Semple Lisle, de passagem pela vila do Desterro em 1797, informa que este forte se encontrava em construção, tendo sido apresentado ao Major de Engenheiros Joaquim Correia da Serra. Segundo Souza, o Forte de São João do Estreito, possuía um portão abobadado, exposto completamente aos fogos que partiam do canal. À direita localizava-se a bateria, em ângulo saliente, e à esquerda, uma muralha de alvenaria disposta esteticamente, mas primando pela falta de solidez. Sua artilharia, seis peças de bronze, provinha da Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim.
FORTE DE SÃO LUIS DA PRAIA DE FORA
O Forte de São Luís da Praia de Fora localizava-se no final da antiga praia de Fora, no caminho que levava ao Norte da ilha de Santa Catarina, à altura da atual Praça Lauro Müller, em Florianópolis, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil. Destinado a complemento da defesa do Forte de Santana do Estreito e do Forte de São Francisco Xavier da Praia de Fora (erguidos entre 1761 e 1765), esta nova estrutura também tinha a função de defender o acesso à Vila de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, e dificultar a atracação de pequenas embarcações de contrabandistas, frequentes à época devido à existência de um córrego para aguada no local (Córrego das Lavadeiras). Foi erguido a partir de 1771, no governo do tenente Francisco de Sousa e Meneses (1765-1775), com projecto do Sargento-mor Francisco José da Rocha, por Francisco José da Rosa, autor do projecto da Bateria de São Caetano da Ponta Grossa (1765). Na iconografia do Ajudante de Infantaria com exercício de Engenheiro, José Correia Rangel, a bateria de canhões e o Paiol da Pólvora aparecem situados junto às muralhas, com o Quartel da Tropa, a Casa do Comandante e a Cozinha, localizados numa única edificação mais afastada da praia. Segundo Cabral, o forte teria sido armado com cinco peças de ferro, uma de calibre 8 libras e quatro de 6.
FORTE DO LESSA
O Forte do Lessa localizava-se na elevação onde se situava a antiga "Estação Agronómica de Florianópolis" (atual Palácio da Agronómica), no bairro de mesmo nome, em Florianópolis, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil. Este forte é citado a propósito do Forte da Ponta das Almas, pelo Capitão-major do Corpo de Engenheiros Patrício Antônio de Sepúlveda Everard, em Ofício ao Presidente da Província de Santa Catarina, Antero José Ferreira de Brito. Existiria ainda em 1841, embora em precárias condições de conservação, sendo lícito presumir tratar-se mais propriamente de um simples entrincheiramento, estacada ou bateria, actualmente desaparecido.
FORTE MARECHAL MOURA DE NAUFRAGADOS
O Forte Marechal Moura de Naufragados, ou simplesmente Forte de Naufragados, localiza-se no atual município de Florianópolis, no estado de Santa Catarina, no Brasil.
Foi erguido na ponta dos Naufragados, em posição dominante na barra do canal da baía Sul, num das encostas da praia dos Naufragados, no extremo sul da ilha de Santa Catarina, cruzando fogos com a Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba, na ilha de Araçatuba. A toponímia Naufragados possui duas versões: uma refere-se ao naufrágio de uma das embarcações da expedição de Juan Díaz de Solís, ali ocorrida em Abril de 1516, ao buscar o abrigo da baía Sul. Aleixo Garcia e mais cerca de dez tripulantes sobreviveram a este naufrágio, tendo vivido por alguns anos entre índios Carijós, que habitavam aquele litoral; outra versão atribui essa toponímia ao naufrágio, no mesmo local, de uma embarcação que conduzia imigrantes açorianos para o Rio Grande do Sul, em 1753. De entre as fortificações que integravam o antigo sistema defensivo da ilha de Santa Catarina, o Forte Marechal Moura de Naufragados é a mais recente e a única que não foi construída no século XVIII. Sua função era a de complementar as defesas da Fortaleza de Araçatuba, guarnecendo a entrada da barra da baía Sul a partir de uma posição mais elevada.
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