FORTES E FORTALEZAS DE COSTA NO BRASIL - PERNAMBUCO
ARRAIAL NOVO DO BOM JESUS
O Arraial Novo do Bom Jesus localizava-se a cerca de oito quilómetros do centro histórico do Recife e de Olinda, na antiga capitania de Pernambuco, no Estado do Brasil. Esta fortificação inscreve-se no contexto da segunda das invasões holandesas do Brasil. Souza localiza esta fortificação no lugar conhecido como "Gargantão", dominando Olinda, Recife e os Afogados. Garrido localiza-a em uma elevação, a uma légua do Recife. Barreto, menciona que um forte, com a denominação de Forte do Morro do Bom Jesus ou Forte do Bom Jesus, ergueu-se no "Gargantão", entre Olinda e Recife, próximo ao Forte de São João Batista do Brum, sobre o Arco do Bom Jesus, porta de entrada em Recife para quem vinha de Olinda (ver Portas do Recife de Olinda). Teria estado guarnecido por seis praças sob o comando de um Sargento, e teria sido artilhado com doze peças de bronze. O chamado Arraial Novo, erguido a partir de Setembro de 1645 por determinação do mestre-de-campo João Fernandes Vieira (1602-1681), foi inaugurado em 1 de janeiro de 1646. A sua função era a de guardar as munições de guerra e de boca das forças de resistência portuguesa, que aí se concentravam, e de onde saíram para a primeira Batalha dos Guararapes (19 de Abril de 1648), e para a segunda Batalha dos Guararapes (19 de Fevereiro de 1649). Deste arraial foi coordenado o assédio português a Mauritsstadt (a cidade Maurícia, atual Recife). Bento adita:
"O forte foi traçado pelo Mestre de Campo Teodósio Estrate, e erguido no local, onde, até bem pouco tempo funcionara o engenho Rotterdam do holandês Willem Bierboom."
Estava artilhado com oito peças de diversos calibres, vindas de Porto Calvo e de Penedo, reconquistadas. No local onde se ergueu o Forte do Arraial [novo] do Bom Jesus, desactivado com o fim da campanha (1654).
ARRAIAL VELHO DO BOM JESUS
O chamado Arraial Velho do Bom Jesus localizava-se à margem do rio Capibaribe, numa propriedade particular, provavelmente um engenho, cerca de seis quilómetros a Oeste do centro histórico de Olinda e Recife, na antiga capitania de Pernambuco, no Estado do Brasil. Souza, menciona ter existido anteriormente, nesse lugar, o Forte do Quebra-Pratos. Também conhecido como Bom Jesus do Arraial ou Forte Real do Bom Jesus, no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), constitui-se no acampamento entrincheirado de onde o Superintendente da Guerra da Capitania de Pernambuco, Matias de Albuquerque (c. 1590-1647), organizou a resistência ao invasor holandês, a partir de 1630. Nessa qualidade, coordenava a linha de cerco portuguesa e espanhola em torno de Olinda e seu porto, Recife, com o objectivo de confinar o invasor ao litoral, dificultando-lhe o abastecimento e o acesso aos engenhos de açúcar do interior. O seu estabelecimento assim foi descrito à época (1648):
"Foi neste tempo que o General Matias de Albuquerque ajuntando gente, e por conselho de homens práticos na guerra, fez uma fortaleza quase inexpugnável uma légua em distância do arrecife, e outra da vila, pouco mais ou menos, para fazer ao inimigo todo o mal que pudesse, e impedir-lhe a que não saísse por a terra dentro a destruir fazendas, e matar moradores; acabou-se a fortaleza com brevidade, e forneceu-se com artilharia, e formou-se ali arraial em forma: logo lhe acudiram de toda a Capitania muitos, e valorosos mancebos que divididos em estâncias, entre o arraial, vila, e arrecife, tinham tão encurralado o Holandês, que não era senhor nem de sair a buscar água para beber, nem faxina para suas fortificações, porque em saindo de suas trincheiras, logo davam sobre elas, e os matavam, e nem senhores eram de sair da vila para o arrecife, nem do arrecife para a vila, senão em grandes tropas, porque os nossos se deitavam a nado, e se era ocasião de maré vazia, passavam o rio: e postos em emboscada cada dia lhe faziam tanto dano, que andavam assombrados (...)."
Até 1635 resistiu a diversos ataques neerlandeses, inclusive àquele integrado por Domingos Fernandes Calabar (1609-1635). Naquele ano, a sua conquista, pelo coronel Crestofle d'Artischau Arciszewski, demorou quase três meses. Para isso, a primeira medida deste militar foi garantir o isolamento da praça e a segurança de sua própria linha de comunicação. Em seguida, ocupou um outeiro de onde planejou bombardear o Arraial. Para se defender das frequentes sortidas dos sitiados, fez erguer fortins e trincheiras. Reduzida pela fome, a guarnição do Arraial rendeu-se a 8 de junho de 1635. Além dos escravos e civis, entregaram-se 547 combatentes, dentre os quais Henrique Dias. Após a conquista, os seus muros foram demolidos pelos assaltantes e, com o entulho, aterrou-se o fosso. A sua queda foi seguida pela perda do Forte do Pontal de Nazaré no cabo de Santo Agostinho (2 de Julho de 1635). Esses foram os últimos focos da resistência portuguesa na capitania de Pernambuco, cuja queda abriu, às forças neerlandesas, o controle da chamada Zona da Mata Nordestina e seus engenhos. Matias de Albuquerque, com os destroços de suas forças e seguido por milhares de civis (cerca de 7.000), empreendeu uma retirada para o sul, rumo à capitania da Bahia. Em seu caminho recapturou Porto Calvo e fez enforcar Domingos Fernandes Calabar. Possivelmente com planta de Cristóvão Álvares, fontes da época indicam que se tratava de obra arquitectonicamente rústica, de extraordinária solidez, com perímetro irregular, dotada de fossos com a profundidade de uma lança e meia, e paredes tão verticais que qualquer invasor que neles caísse não poderia escapar. Pelo meio do fosso, um passadiço de terra apiloada, dividia-o em dois. O perímetro amuralhado contava com muralhas de uma lança e meia de altura, também verticais, para dificultar o seu assalto.
BATERIA DE SANTIAGO DO BURACO
Bateria de Santiago do Buraco localizava-se na margem esquerda da foz do rio Beberibe, sobre o istmo de areia que liga Olinda ao Recife, ao sul de Olinda, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil. Souza, relaciona esta estrutura (Bateria do Buraco de Santiago), como uma das antigas fortificações desaparecidas na região, quase fronteira ao Forte do Buraco. Garrido, relaciona-a como Reduto de São Tiago, no mesmo local, sem maiores detalhes, Barreto identifica-a apenas como um Reduto, erguido no contexto da segunda das invasões holandesas do Brasil (1630-1654).
BATERIA DO FORTE SEQUÁ
A Bateria do Forte Sequá localizava-se pelo lado do continente, na confluência do rio Capibaribe com o rio Beberibe, atual cidade do Recife, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil. Esta estrutura é relacionada como uma bateria fronteira ao Forte Waerdemburch (Forte das Três Pontas), cuja defesa complementaria. Garrido acrescenta que esta bateria esteve artilhada com alguns canhões. A iconografia da época da segunda das invasões holandesas do Brasil (1630-1654), entretanto, indica tratar-se de uma simples cortina, com uma Casa da Guarda na sua extremidade Oeste.
BATERIAS NA ENSEADA DE CALHETAS
As Baterias na Enseada de Calhetas localizavam-se na enseada de Calhetas, vizinha à enseada de Gaibu, no extremo norte do cabo de Santo Agostinho, no litoral sul do estado de Pernambuco, no Brasil. Apesar das dificuldades de identificação das defesas erguidas na região do cabo de Santo Agostinho, no contexto da segunda das invasões holandesas do Brasil (1630-1654) por ambos os contendores, uma estrutura foi identificada pelo Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco em campanha desenvolvida de Outubro a Novembro de 1997, como uma das duas baterias que existiram para a defesa na enseada de Calhetas, ponto de abastecimento de água potável das embarcações que navegavam na região (ver Forte de São Francisco Xavier de Gaibu). Podem, entretanto, estar confundidas com estruturas posteriores. No século XVIII, o Governador e Capitão General da Capitania de Pernambuco, Luís Diogo Lobo da Silva, reforçou as fortificações do litoral pernambucano tendo erguido trincheiras e redutos no Cabo de Santo Agostinho, inclusive fazendo reedificar a fortificação de Nazaré no outeiro.
"Trincheiras e Redutos, que se fizeram por ordem do Ilmo. e Exmo. Sr. Luís Diogo Lobo da Silva, Governador e Capitão General das Capitanias de Pernambuco, desde antes de chegar ao Reduto de S. Francisco Xavier do Gaibú, até ao monte de Nossa Senhora de Nazaré, ficando dentro das ditas trincheiras e redutos que se fizeram, a ponta do Charco, [a] enseada da Calheta, seu Reduto em cima do monte (...) tudo feito na presença do mesmo senhor (...)"; (c. 1762. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa).
CASA-FORTE DE DONA ANA PAIS
A Casa-forte de Dona Ana Pais localizava-se na planície de Boa Vista, no continente, a oeste de "Maurits Stadt" (a cidade Maurícia), atual Recife, no estado de Pernambuco, no Brasil. Souza localiza-a na planície que se estende da Boavista a Apipucos, associando-a ao combate e captura do General neerlandês Huss, em 1645. Este engenho de açúcar, fortificado no contexto da segunda das invasões holandesas do Brasil (1630-1654) pelos seus moradores, foi ocupado pelo remanescente das forças neerlandesas derrotadas na batalha do Monte das Tabocas (3 de Agosto de 1645). Na que ficou conhecida como Batalha da Casa-forte (17 de Agosto de 1645), foi retomado por forças portuguesas sob o comando do Sargento-mor Antônio Dias Cardoso, que daí expulsaram as forças neerlandesas, ocasião em que foi aprisionado o Tenente-coronel Hendrick Van Hans, que as comandava. Não foi possível identificar este engenho nas quatro principais relações de engenhos de açúcar apresentadas à Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais - a de José Israel da Costa (1623), a de Schott (1636), a de Maurício de Nassau (1638) e a de Adriaen van der Dussen (1644). Garrido complementa que o local havia sido assinalado por um monumento erigido pelo Instituto Histórico de Pernambuco, mas que havia sido removido para dar lugar, à época (1940), a um parque amazónico no local, onde eram exibidos exemplares de vitórias-régias.
CASA-FORTE DE DUARTE COELHO
Casa-forte de Duarte Coelho, também conhecida como Castelo de Olinda, localizava-se na povoação de Olinda, no alto da atual ladeira da Misericórdia, no litoral do atual estado de Pernambuco, no Brasil. Trata-se da residência fortificada erguida pelo donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho Pereira, quando se estabeleceu com os seus colonos numa colina ao sul da ilha de Itamaracá, ao fundar Olinda, a 9 de Março de 1535. Para defesa da nascente povoação e de suas gentes contra os gentios e os corsários, a partir de 1536 o donatário faz levantar uma Casa-forte no formato de uma torre, em pedra e cal, no estilo manuelino em uso no ultramar português do início do século XVI - o chamado Castelo de Olinda, ou Casa-forte de Duarte Coelho. De acordo com Bueno, ela ficava:
"…exactamente no centro e no topo da colina, onde hoje corre a rua Nova (antes chamada Rua dos Nobres e, depois Rua dos Ourives), ao lado do sítio no qual, em 1599, seria construída a igreja da Misericórdia, ainda existente. Até fins do século 17, as ruínas da 'torre' de Duarte Coelho ainda podiam ser vistas, antes de serem derrubadas para dar lugar ao desenvolvimento urbano de Olinda e à construção de novos prédios.".
A povoação de Olinda, visitada por Hans Staden em sua primeira viagem (1547-1548), aparece representada como um castelo sobre uma colina numa xilogravura em sua obra ("Descrição verdadeira de um país de selvagens nus, ferozes e canibais, situado no Novo Mundo, América", 1557). Está identificada como "Marin", segundo alguns autores o primitivo topónimo da aldeia indígena que existira no local. De acordo com o historiador Francisco Adolfo de Varnhagen, esta estrutura constituir-se-ia em; "uma espécie de castelo quadrado, à maneira das torres de menagem dos solares da Idade Média".
FEITORIAS DE IGARAÇU E NA ILHA DE ITAMARACÁ
As Feitorias de Igaraçu e na ilha de Itamaracá localizavam-se na altura da foz do rio Igaraçu e na vizinha ponta sul da ilha de Ascensão (hoje Itamaracá), nos atuais municípios de Igarassu e de Ilha de Itamaracá, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil. A primeira estrutura de defesa fixa portuguesa no litoral de Pernambuco foi uma feitoria de pau-brasil ("Caesalpinia echinata"), erguida à margem direita da foz do rio Igaraçu por Cristóvão Jaques no contexto de sua primeira expedição à costa brasileira (1516-1519), em substituição à Feitoria da Baía de Guanabara que fizera desactivar entre 1516 e 1517. Encontra-se referida nas Cartas de Doação de D. João III (1521-1557): Em favor de Pero Lopes de Sousa, ao determinar a colocação de um padrão a dez passos da casa de feitoria que;
"...de princípio fez Cristóvão Jaques pelo rio dentro, ao longo da praia"
Em favor de Duarte Coelho Pereira, em 10 de Maio de 1534:
"Cristóvão Jaques fez a primeira casa de minha feitoria e a cinquenta passos da dita casa da feitoria pelo rio a dentro ao longo da praia.".
As razões da transferência da baía de Guanabara para Pernambuco foram, em linhas gerais: a descoberta por estrangeiros daquela feitoria, com a consequente perda de lucratividade; a melhor qualidade do pau-brasil do litoral nordeste do Brasil; e uma economia de cerca de dois meses na viagem. Na sua segunda expedição (1521-1522), ao retornar do rio de Santa Maria (atual rio da Prata) rumo a Lisboa, Cristóvão Jaques carregou as suas caravelas com pau-brasil na feitoria de Pernambuco, onde desterrou o piloto português Jorge Gomes por desentendimentos. Visitada pela armada de Sebastião Caboto (1526), que aí esteve retida devido ao mau tempo e às correntes marítimas entre Junho e Setembro de 1526, foi aí que o piloto Jorge Gomes descreveu a Caboto as riquezas do rio da Prata, conduzindo-o ao porto dos Patos, ao sul da ilha de Santa Catarina. Nesse porto, ao escutar a mesma versão acerca das riquezas do rio da Prata, Caboto desistiu do seu objectivo original, o arquipélago das Molucas, para se dirigir ao rio da Prata. Cristóvão Jaques, quando da sua terceira expedição (1526-1528), aportou à feitoria de Pernambuco em Maio de 1527, onde foi informado, pelo náufrago espanhol D. Rodrigo de Acuña (da expedição de Jofre de Loyassa às Molucas, em 1525), da presença de quatro navios franceses carregando pau-brasil na baía de Todos os Santos. Cristóvão Jaques surpreendeu-os em fins de Junho, matando e aprisionando centenas de franceses. A feitoria de Pernambuco abrigou os feridos de Pero Lopes de Sousa, que capturara duas naus francesas ao Sul do cabo de Santo Agostinho:
"19/Fevereiro/1531 - (...) e mandou [o Capitão irmão, Martim Afonso de Sousa] levar todos os doentes a uma casa de feitoria que aí estava. (...).".
Dali partiram, nesse mesmo mês, uma das naus capturadas aos franceses, carregada com setenta toneladas de pau-brasil e trinta prisioneiros normandos (sob o comando de João de Souza), as duas caravelas que se dirigiram à exploração do rio Maranón ("Rosa" e "Princesa", sob o comando de Diogo Leite), e o restante da expedição para o rio da Prata. Ainda em consequência do incidente de Junho de 1527 na costa da Bahia, a feitoria no rio Iguaraçu foi bombardeada e conquistada pela nau "La Pelèrine" (Março de 1531), que zarpara do porto de Marselha para a costa do Brasil em Dezembro de 1530. Sob o comando do Capitão Jean Dupéret, transportava 120 homens, 18 canhões, munição e material de construção, em missão "militar, comercial, agrícola e feitoria". A feitoria estava ocupada pelo feitor Diogo Dias e mais cinco portugueses, que junto com algumas dezenas de indígenas, resistiram durante dois dias ao assédio francês. Em inferioridade numérica, foi assinado o termo de rendição da feitoria. Mediante o pagamento de 400 ducados os portugueses se comprometiam a auxiliar os franceses a erguer uma nova fortaleza para substituir a feitoria arrasada pela artilharia. A nova feitoria teria sido erguida, não à margem direita da foz do rio Igaraçu, mas na ilha de Itamaracá. De acordo com Castro, o forte teria custado 4.000 ducados, tendo os portugueses nele trabalhado na condição de cativos. A "La Pèlerine" zarpou de Itamaracá para Marselha em Junho de 1531), deixando a nova fortificação guarnecida por setenta homens. A nau, entretanto, foi aprisionada por uma embarcação portuguesa no mar Mediterrâneo, ao largo de Málaga, na Espanha, em Setembro de 1531, apreendendo-se em seus porões quinze mil toras de pau-brasil (cerca de 300 toneladas), três mil peles de onça, 600 papagaios, 300 quintais de algodão (cerca de 1,8 tonelada), óleos medicinais, sementes de algodão e amostras minerais. O fortim, erguido na ilha de Itamaracá, rebaptizada como "île Saint Alexis", sob o comando do Capitão Sr. de La Motte (Carta de D. João III a Martim Afonso de Sousa, em 28 de Setembro de 1532), foi atacado e destruído após um cerco de dezoito dias, por Pero Lopes de Sousa, quando de seu retorno de São Vicente a Portugal (Agosto a Novembro de 1532), fazendo reerguer a antiga feitoria à margem direita da foz do rio Igaraçu, mantendo o forte francês na ilha de Itamaracá, guarnecido por alguns homens sob o comando de Francisco de Braga. Em 1533 aportou à feitoria de Pernambuco a Caravela Espera, transportando Paulo Nunes, substituto do feitor Vicente Martins Ferreira. Na ocasião, tomou posse do Cargo de Condestável do forte Pêro ou Cristóvão Franco e seria rebaixado ao de bombardeiro, Diogo Vaz (Carta de D. João III, de 10 de Fevereiro de 1533). Ambas as feitorias se transformaram em povoações nos meados do próprio século XVI (ver Fortificações de Igaraçu e na Ilha de Itamaracá). Após a fundação de Olinda, por Duarte Coelho Pereira, a povoação junto à foz do rio Igaraçu passou a ser conhecida como "Pernambuco, o velho".
FORTALEZA DA MADRE DE DEUS E SÃO PEDRO
A Fortaleza da Madre de Deus e São Pedro, também referida como Forte do Matos, localizava-se na cidade do Recife, no estado de Pernambuco, no Brasil. Foi edificada entre 1684 e 1685, sobre um banco de areia aterrado com esse fim, no sul do Istmo do Recife (atual bairro do Recife), por Antônio Fernandes de Matos, após autorização do então governador da capitania de Pernambuco, D. João de Sousa e do soberano Pedro II de Portugal (1683-1706). Recebeu esta designação uma vez que era vizinha ao Convento da Madre de Deus e em homenagem ao próprio soberano. Matos foi um mestre-de-obras e empresário português que teve um papel relevante na reconstrução da cidade após a capitulação dos holandeses (26 de janeiro de 1654), custeando muitas obras às próprias expensas. Esta fortificação foi o único empreendimento de Matos na arquitectura militar e valeu-lhe a patente de capitão e um soldo. Após ter construído o forte para o governo, utilizou o restante do terreno para a construção de casas de sua propriedade. Manteve-se operacional até 1750, passando a ter outros usos após essa data. No século XIX, foi demolida em 1847. O historiador José António Goncalves de Mello, entretanto, refere que as modificações provocadas pelos aterros feitos para a sua construção começaram a assorear o porto do Recife e que, após muitas polémicas, nos últimos meses de 1727 e princípios de 1728, o forte foi demolido e as suas pedras reaproveitadas para a expansão do porto. A fortificação apresentava planta semicircular pelo lado da água (face sul) - acompanhando os limites entre o aterro e o rio Capibaribe -,e dois semi-baluartes pelo lado de terra defendendo o portão de armas. Internamente, no terrapleno, erguiam-se as edificações de serviço.
FORTE DA BARRETA
O Forte da Barreta localizava-se nos Afogados, limite Sul de "Maurits Stadt" (a cidade Maurícia), atual Recife, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil. Esta fortificação inscreve-se no contexto da segunda das invasões holandesas do Brasil. Bento, menciona o Forte da Barreta e o Forte dos Afogados como estruturas distintas, ao referir-se à cronologia da queda do Recife para o dia 17 de Janeiro de 1654. Ver Forte Príncipe Guilherme.
FORTE DA SANTA CRUZ DE TAMANDARÉ
O Forte da Santa Cruz de Tamandaré localizava-se na praia de Tamandaré, ao sul do cabo de Santo Agostinho, no litoral do atual estado de Pernambuco, no Brasil. Esta fortificação inscreve-se no contexto da segunda das invasões holandesas do Brasil. O historiador brasileiro Sebastião da Rocha Pita menciona dois fortes em Tamandaré, um sob a invocação da Santa Cruz (Forte da Santa Cruz), outro sob a invocação de Santo Inácio (Forte de Santo Inácio de Tamandaré), com planta no formato quadrangular, abaluartados e com muita artilharia. No contexto da segunda das invasões holandesas do Brasil (1630-1654), Barretto, menciona que um pequeno forte, sob a invocação da Santa Cruz, teria sido erguido em 1630, no porto de Tamandaré, certamente um reduto de campanha com a função estratégica de defesa daquele ancoradouro.
FORTE DE SANTO INÁCIO DE TAMANDARÉ
A enseada de Tamandaré era reputada, como um dos melhores ancoradouros na capitania de Pernambuco, superior inclusive ao do cabo de Santo Agostinho, uma vez que era capaz de abrigar, "de todos os ventos", embarcações de maior calado, com até dezoito pés. Na realidade, compreendia duas áreas: um ancoradouro de pequenas dimensões a norte, abrigado dos ventos, com profundidades de 8 a 9 metros e outra, oposta, desabrigada, que não comportava embarcações maiores. No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), Domingos Luís, um piloto experiente desta costa, em 1635 teria recomendado que as tropas de D. Luís Rojas Y Borja desembarcassem em Tamandaré, pois ali "poderiam surgir entre 30 e 40 galeões". De qualquer modo, a enseada de Tamandaré recebeu o desembarque das forças de Salvador Correia de Sá e Benevides (Junho de 1645) compreende que, na ocasião (Julho de 1645), o Mestre-de-Campo João Fernandes Vieira (1602-1681) fez erguer um reduto de campanha para defesa desse ancoradouro. Pouco mais tarde, a frota do Almirante Joan Cornellizon Lichthart aí encontrou, e derrotou, a armada do Capitão-mor de Mar Jerónimo Serrão de Paiva (Batalha da baía de Tamandaré, 9 de Setembro de 1645), abandonada pela frota de Salvador Correia de Sá e Benevides que, receoso da sua carga de açúcar, havia rumado directamente a Lisboa. Esta fortificação, com planta no formato quadrado, foi conquistada pelas forças neerlandesas do Almirante Lichthart, que lhe procederam reparos e a ampliaram. Posteriormente recuperada por forças portuguesas, foi guarnecida por tropas de Salvador Correia de Sá e Benevides (Julho de 1646), Souza, entretanto, entende ter sido esta última data a de início da fortificação, concordando com o nome de Vieira. Abandonado ao final da campanha após 1654, o forte foi reconstruído em 1677 pelo mesmo João Fernandes Vieira, agora no cargo de Superintendente das Obras de Fortificação da Capitania de Pernambuco. As obras receberam grande apoio dos moradores locais, que colaboraram fornecendo materiais de construção, mão-de-obra, carros e animais. As pedras foram trazidas, via marítima, de Porto Calvo nas Alagoas. Novos trabalhos foram procedidos no forte a partir de 1683, sob direcção do Mestre Francisco Pinheiro (que empreitou as obras), concluídos em 1691. A capela do forte, entretanto, só foi construída em 1780, sob a invocação de Santo Inácio. Esta estrutura foi reconstruída pelo Governador e Capitão-general da Capitania de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro (1804-1817), a partir de 1808, recebendo formato de um polígono quadrangular com baluartes pentagonais nos vértices, em estilo Vauban. Pelo lado de terra erguia-se edificação de dois pavimentos, contendo as dependências de serviço (Corpo da Guarda, Calabouço, Casa da Palamenta, Casa da Pólvora, Quartel da Tropa, Cozinha, Casa do Comando). Estava guarnecida por um Sargento-mor, um Tenente, um Capitão, um Sargento, um Condestável (chefe dos artilheiros), um Almoxarife, e um destacamento de infantaria compreendendo um Alferes, um Sargento, um Tambor, 40 soldados fuzileiros e dois artilheiros, artilhada com vinte e oito peças (vinte e quatro de ferro e quatro de bronze), de diferentes calibres. O forte apresenta planta no formato quadrangular, com baluartes pentagonais nos vértices, em estilo Vauban. Os baluartes são ligados por terraplenos, em três, lados e pelo pavimento superior frontal. A entrada do forte é feita por um portão em verga recta e no trânsito (passagem de entrada) podem ser observadas seteiras. O portão era precedido por ponte móvel, porém tanto a rampa quanto o fosso já não existem mais. Símbolo de Tamandaré, à excepção das fortificações de Fernando de Noronha, é hoje o único forte pernambucano fora da área metropolitana da capital Recife.
FORTE DE MADAME BRUYNE
O Forte de Madame Bruyne localizava-se no istmo de areia que liga a cidade do Recife à de Olinda, ao sul desta última, no litoral do atual estado de Pernambuco, no Brasil. Esta fortificação inscreve-se no contexto da segunda das invasões holandesas do Brasil. Souza, identifica esta estrutura como Forte de Santo Antônio do Buraco, referindo que antes da invasão neerlandesa de 1630, denominava-se Guarita de João Albuquerque. Localiza-o no istmo, meia milha ao norte do Forte de São João Batista do Brum, cuja defesa coadjuvou na ocasião. Barretto, denomina-o de Forte Madame Bruyne e Forte do Buraco, afirmando ter sido erguido no local onde anteriormente existira o Fortim do Bom Jesus ou Forte de São Jorge Velho. Esta estrutura foi erguida entre 1630 e 1632 por forças neerlandesas como um reduto de campanha para a defesa avançada do norte do Recife de Olinda. Foi denominado como Forte Madame Bruyne ("Domina Bruninis") em homenagem à esposa de Johan Bruyne, integrante do Conselho de comissários que governou o Brasil neerlandês. A sua planta apresentava o formato de um polígono quadrangular regular, com quatro meio-baluartes nos vértices. Sobre esta estrutura, Maurício de Nassau, no "Breve Discurso" de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", informa:
"A tiro de mosquete deste hornaveque [do forte de Bruyne] fica um reduto que serve de guarda-avançada."
O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa:
"(...) a um tiro longo de mosquete daí [do forte de Bruyne], está situado um reduto chamado de Madame de Bruyn, com uma boa paliçada em volta e no qual estão 2 peçazinhas forjadas, de bronze, de 6 libras. O Fortinho, que fica ao sul da cidade de Olinda está sendo reparado, de modo a comportar 15 a 20 homens de guarnição, com 4 a 5 canhões de ferro, de modo a que sirva de refúgio para a burguesia de Olinda no caso de ataque de campanhistas."
Barléu transcreve a informação:
"(...) A distância igual deste [não longe do Forte do Brum], acha-se a Torre ou Reduto, que se orgulha com o nome de Madama Bruyne. Essa torre é também circundada por sua cerca e protegida por dois canhões de bronze. Está-se actualmente trabalhando em restaurar o forte arruinado do sul para receber uma guarnição de 15 ou 20 homens, de modo que sirva de refúgio aos olindenses contra a soldadesca vagabunda e devastadora."
Figura nos mapas de Frans Post (1612-1680) da Ilha de Antônio Vaz (1637), e de Mauritiopolis (1645. Biblioteca Nacional do Brasil), e no mapa "A Cidade Maurícia em 1644", de Cornelis Golijath. Quando do assalto final ao Recife, em Janeiro de 1654, esta estrutura foi abandonada pelas forças neerlandesas a 17 de Janeiro. No século XVIII, a partir de 1705 foi reconstruído em alvenaria de pedra, com três faces rectas e uma abaluartada. Neste período estava guarnecido por um Capitão, um Sargento, um Condestável (chefe de artilheiros), infantes destacados dos Terços do Recife, dez fuzileiros e dois artilheiros, e artilhado com vinte e três peças de calibres 24 a 12. Figura na colecção de "Mapas de vários regimentos da Capitania de Pernambuco" (cerca de 1763) sob o título Forte de Santo Antônio dos Coqueiros do Buraco (Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa).
FORTE DE N. S. DOS PRAZERES DO PAU AMARELO
O Forte de Nossa Senhora dos Prazeres do Pau Amarelo, popularmente conhecido como Forte do Pau Amarelo, localiza-se na praia de Pau Amarelo, atual município de Paulista, a cerca de dezasseis quilómetros ao norte do centro histórico de Olinda, no litoral do estado de Pernambuco, Brasil. No contexto da segunda das invasões holandesas do Brasil, esta praia foi o local escolhido para o fundeio da esquadra da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais, de sessenta e cinco embarcações, sob o comando do almirante Hendrick Corneliszoon Lonck (14 de Fevereiro de 1630). No dia seguinte, desembarcada uma força de sete mil duzentos e oitenta homens, sob o comando do coronel Diederick van Waerdenburch, marcharam por terra e conquistaram Olinda e Recife. A Carta-régia de 15 de Setembro de 1703 determinou a construção de um forte na enseada do Pau Amarelo, definindo os recursos a serem utilizados (oriundos da própria capitania de Pernambuco, encaminhando a planta e respectivas notas explicativas, de autoria do engenheiro militar Luiz Francisco Pimentel. Em 1707, entretanto, aquele engenheiro morreu afogado no rio Doce. Uma cópia aguarelada desse projecto subsiste em Portugal ("Planta de uma projectada Fortaleza na barra do Pau Amarelo, na Capitania de Pernambuco", c. 1702. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa). Alterações estavam previstas, de modo "a melhor se acomodarem ao terreno" a critério do Sargento-mor Engenheiro da Capitania. Havia também, à época, um projecto para a construção da fortaleza sobre os recifes da barra, de autoria de D. Fernando Martins Mascarenhas de Lencastre, considerando uma melhor eficiência da artilharia. O forte foi iniciado a partir de 1729 pelo Governador e Capitão General da Capitania de Pernambuco, Duarte Sodré (1729-1738). Em 1745 apenas estavam concluídos uma bateria e dois meio-baluartes, além de uma muralha da segunda bateria, que servia para dar sustentação ao terrapleno, ainda não concluído. Os Quartéis, cobertos de palha, abrigavam o Corpo da Guarda, a Cozinha, o Paiol e a Casa da Palamenta. Estava guarnecido à época por um Tenente, um Condestável, cinco fuzileiros e dois artilheiros, e artilhado com quatro peças. Posteriormente, quando o Governador e Capitão General, Luís Diogo Lobo da Silva, reforçou as fortificações do litoral pernambucano, fez abrir o fosso e erguer o revelim desta fortificação ("Planta de parte da bateria do Pau Amarelo; (...) nesta dita bateria nunca se lhe fez fosso, pelo que foi servido o Ilmo. e Exmo. Sr. Luís Diogo Lobo da Silva, Governador e Capitão General das Capitanias de Pernambuco, mandá-lo fazer erguer (...), ficando lezíria entre o dito fosso e a dita bateria, fazendo-se-lhe o Revelim, (...) tudo feito na presença do mesmo senhor (...); 1762". Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa). Em 1801 a estrutura estava guarnecida e artilhada com doze peças dos calibres de 40 a 10, embora em 1808, no contexto da Guerra Peninsular e da transferência da Família Real Portuguesa para o Brasil, uma nova planta para a sua reedificação fosse elaborada. Em 1817 estava artilhado com três peças de bronze e vinte e quatro de ferro de diferentes calibres, guarnecida por 14 praças sob o comando de um Tenente. Uma descrição, de autoria do Major Salvador Coelho de Drummond e Albuquerque, dá conta de que o forte era constituído por uma muralha e duas guaritas voltadas para o mar. Sobre o terrapleno, calçado em cantaria, havia nove banquetas e seis canhoneiras, estando as oito peças de artilharia que se encontravam no forte, quase todas desmontadas. Os quartéis, o calabouço, o paiol abobadado e as casas para o comando e a arrecadação, assim como a sua capela encontravam-se, à época, em bom estado. A estrutura apresenta planta no formato de um polígono rectangular, com duas guaritas nos vértices voltados para o mar. Por não possuir muralhas defendendo o seu perímetro, tecnicamente é considerado apenas uma bateria. Ao abrigo do terrapleno, acedido por uma rampa de 85 palmos de comprimento por dezoito de largura, encontram-se as dependências de serviço, a saber: Casa de Comando, Quartel da Tropa, Paiol abobadado, Armazém, Calabouço e Capela, esta sob a invocação de Nossa Senhora dos Prazeres.
FORTE DE N. S. DOS REMÉDIOS DE FERNANDO NORONHA
O Forte de Nossa Senhora dos Remédios de Fernando de Noronha localiza-se ao norte da ilha de Fernando de Noronha, no arquipélago de mesmo nome, no estado de Pernambuco, no Brasil. Em posição dominante sobre o ancoradouro na baía de Santo Antônio, constituiu-se na principal estrutura de defesa da ilha e do arquipélago.
Esta fortificação foi erguida sobre as ruínas de uma antiga posição neerlandesa, remontando às vésperas da segunda das Invasões holandesas do Brasil, abandonada após a capitulação do Campo do Taborda (Recife) em 1654 (ver Fortificações na Ilha de Fernando de Noronha). Dessa primitiva estrutura existe planta ("Planta da fortaleza velha de Fernando de Noronha", s.d.. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa).
A ilha foi ocupada por forças da Companhia Francesa das Índias Ocidentais sob o comando do Capitão Lesquelin, em fins de 1736, desalojadas sem resistência por tropas portuguesas sob o comando do Tenente-coronel João Lobo de Lacerda no ano seguinte (6 de Outubro de 1737). Sobre os remanescentes da antiga posição neerlandesa que defendia o ancoradouro, estas tropas iniciaram a construção do chamado Forte dos Remédios, com risco do Engenheiro militar Diogo da Silveira Veloso, sob a direcção do próprio Tenente-coronel João Lobo de Lacerda.
Em alvenaria de pedra e cal, a sua planta recebeu a forma de um polígono irregular orgânico com 14 ângulos (nove salientes e cinco reentrantes), quatro edificações ao centro do terrapleno e baterias corridas, à barbeta. Acredita-se seja desse período a planta sem data, intitulada:
"Planta do Forte de Nossa Senhora dos Remédios na ilha de Fernando de Noronha, em um alto bastantemente elevado, em que se acharam vestígios da antiga fortificação; é este sítio todo cortado a pique, e inacessível por toda a parte, com um só passo estreito por onde se sobe a ele; não admite outra forma de fortificação em razão de sua irregularidade; (...) os vestígios que se acharam da fortificação antiga, são de obra mais restrita. Achou-se também neste sítio, um armazém de abóbada subterrâneo, de pólvora, enxuto (...)".
Esta estrutura sofreu obras de ampliação a partir de 1741, quando passou a contar com seis baterias. Em seu terrapleno distribuíam-se os edifícios do Quartel de Comando, Quartel da Tropa, Corpo da Guarda, Arrecadação, Casa da Pólvora e Cisterna. Ao abrigo das muralhas, distribuíam-se os calabouços, subterrâneos. O conjunto tinha o acesso por um portão monumental, de cantaria. Encontrava-se guarnecida, à época, por um Capitão e trinta e dois praças, e artilhada com seis peças de diferentes calibres. Estas obras encontram-se indicadas em plantas posterior, sem data, onde já figura a torre circular que actualmente domina o conjunto. Um mapa inglês da ilha de Fernando de Noronha, exibe o Forte dos Remédios junto à primitiva povoação, constituída pela Casa do Governador, a Capela e Quartéis, dominando a enseada e a praia do Cachorro. A sua defesa era complementada pelo Reduto de Nossa Senhora da Conceição de Fernando de Noronha, que lhe era oposto na enseada, e com quem cruzava fogos. Do mesmo período existe também planta, de autoria de José Fernandes Portugal, datada de 1798. Comparação entre as plantas do primitivo forte e o figurado por José Fernandes Portugal (1798).
O conjunto possui uma área 6.300 metros quadrados, erguendo-se a 45 metros acima do nível do mar. De planta poligonal orgânica (adaptada ao terreno), possuía seis baterias e edificações de serviço (Casa do Comandante, Quartel da Tropa, Corpo da Guarda, Casa da Palamenta, capela, calabouços e cisterna).
O Forte de Santa Cruz de Itamaracá, popularmente referido como Forte Orange, localiza-se na ilha de Itamaracá, a 50 quilómetros do Recife, no litoral norte do estado de Pernambuco, no Brasil. No contexto da segunda das invasões holandesas do Brasil situava-se numa pequena ilhota (hoje desaparecida) em frente à ponta sudeste da ilha de Itamaracá, de onde dominava a barra sul do canal de Santa Cruz.
Foi iniciado, a partir de maio de 1631, como uma fortificação de campanha, por forças neerlandesas, sob o comando de Steyn Callenfels, tendo recebido a denominação de Forte Orange, em homenagem à Casa de Orange-Nassau, que então governava os Países Baixos. O objetivo era a conquista da Vila da Conceição, atual Vila Velha, então defendida pelas forças de Salvador Pinheiro.
Em faxina e taipa, ficou guarnecido por um destacamento de 366 homens sob o comando do capitão polonês Crestofle d'Artischau Arciszewski. Este efectivo resistiu ao ataque das forças portuguesas sob o comando do conde de Bagnoli que, afinal derrotado (1632), retirou-se abandonando a sua artilharia: quatro peças de bronze trazidas do Arraial Velho do Bom Jesus. Após essa conquista (1633), o forte foi reparado e ampliado, sob o comando de Sigismund van Schoppe. Sobre esta estrutura, Maurício de Nassau reportou:
"(...) Dentro da barra [da ilha de Itamaracá] apresenta-se em primeiro lugar o forte Orange, situado sobre um baixo de areia separado de terra firme por uma angra, que é vadeável de baixa-mar. Este forte domina a entrada do porto, visto que como os navios que entram têm que passar por diante dele a tiro de arcabuz. É quadrado, com quatro baluartes [nos vértices], e ultimamente foi elevado e reparado, mas quase não tem fossos, nem estacada ou paliçada, o que é necessário que se faça, bem como convém aprofundar o fosso e cercar o lado exterior com uma contra-escarpa. Diante deste forte, do lado do Norte, por onde o inimigo pode se aproximar, há um hornaveque."
Essa descrição é complementada pela de van der Dussen, que lhe atribui duas companhias, com um efectivo de 182 homens:
"(...) o forte Orange, na entrada sul do canal, que é o principal porto da Ilha [de Itamaracá]. É um forte quadrangular com 4 baluartes, elevado, tendo em certo trecho um fosso, mas pouco profundo e seco; está cercado por uma forte estacada. Aí estão 12 peças, a saber: 6 de bronze e 6 de ferro. As de bronze são: 1 de 26 libras, 1 de 18 lb, 3 de 12 lb e 1 de 6 lb; as de ferro são: 2 de 5 lb e 4 de 4 lb."
Bariéu transcreve a informação:
"(...) o [forte] de Orange, na boca meridional do porto. Tem quatro bastiões e é cercado de uma estacada, por falta de água nos fossos. Está armado de 12 canhões, 6 de bronze e 6 de ferro."
Atribui-lhe o mesmo efectivo de 182 homens. Com relação à estacada, foi esta determinada por Nassau na iminência do ataque de uma frota espanhola ao nordeste holandês (c. 1639):
"(...) Protegeu Maurício também o forte de Orange, na ilha de Itamaracá, cingindo-o de estacada (...)."
Esta posição integrava o sistema defensivo da ilha composto, a sul pela vila Schoppe, diversos redutos e por um grande alojamento, e a norte pelo Fortim da Ponta de Catuama. De acordo com Bento, quando da contra-ofensiva portuguesa à ilha da Itamaracá, em junho de 1646, pelas forças combinadas do Mestre-de-Campo André Vidal de Negreiros (1606-1680) e do Mestre-de-Campo João Fernandes Vieira (1602-1681), o Sargento-mor Antônio Dias Cardoso foi o encarregado de atacar e arrasar as fortificações holandesas, o que foi cumprido, apresando dezoito peças de artilharia, e organizando redutos fronteiros à ilha com algumas dessas peças. Embora não esteja claro se este forte em particular foi conquistado ou não, na ocasião sofreu pesados estragos, tendo sido reconstruído a partir de 1649.
Após a capitulação holandesa em Recife (1654), o forte foi abandonado e subsequentemente ocupado pelas forças portuguesas sob o comando do Coronel Francisco de Figueiroa. Sobre a sua estrutura, a engenharia militar portuguesa ergueu o atual forte, sob a invocação da Santa Cruz: o Forte de Santa Cruz de Itamaracá.
Apesar de sofrer reparos nos anos de 1696 - quando sua guarnição se compunha de um Sargento-mor, um Capitão, um Tenente, um Sargento, um Condestável, e duas companhias dos Terços do Recife, estando artilhado com vinte e cinco peças dos calibres de 20 a 12 -, e de 1777, em 1800, abandonado, encontrava-se em ruínas.
Embora historiograficamente se considere que a engenharia militar portuguesa apenas realizou trabalhos de reforma e ampliação da praça neerlandesa, como por exemplo revestindo com alvenaria de pedra a primitiva muralha de terra, a pesquisa arqueológica constatou que efectivamente se trata de duas estruturas diferentes. Embora com estrutura similar, o atual forte apresenta maiores dimensões, com as dependências internas justapostas à contramuralha (a parede interna da fortificação), ao contrário da primitiva estrutura, onde se encontravam separadas.
O portão de armas neerlandês, erguido em alvenaria de tijolos trazidos dos Países Baixos, era voltado para o canal de Santa Cruz, sendo entaipado por um muro de pedra pelos portugueses que, entretanto, rasgaram o atual voltado para terra.
Em alvenaria de pedra de calcário e cal, o atual forte apresenta planta na forma de um polígono quadrangular regular com baluartes pentagonais nos vértices no sistema Vauban, guaritas de cantaria, portão armoriado, além de quartéis para a tropa, Casa de Comando e paióis ao abrigo das muralhas, envolvendo o terrapleno.
O Forte de Santo Inácio de Tamandaré, também denominado como Fortaleza da Barra Grande ou Forte de Tamandaré, mas mais conhecido na actualidade como Forte de Santo Inácio de Loyola, localiza-se na enseada de Tamandaré, município de Tamandaré, ao sul do cabo de Santo Agostinho, no estado de Pernambuco. Sebastião da Rocha Pita menciona dois fortes em Tamandaré, um sob a invocação da Santa Cruz (Forte da Santa Cruz), outro sob a invocação de Santo Inácio (Forte de Santo Inácio), com planta no formato quadrangular, abaluartados e com muita artilharia.
A enseada de Tamandaré era reputado, como um dos melhores ancoradouros na capitania de Pernambuco, superior inclusive ao do cabo de Santo Agostinho, uma vez que era capaz de abrigar, "de todos os ventos", embarcações de maior calado, com até dezoito pés. Na realidade, compreendia duas áreas: um ancoradouro de pequenas dimensões a norte, abrigado dos ventos, com profundidades de 8 a 9 metros e outra, oposta, desabrigada, que não comportava embarcações maiores. No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), Domingos Luís, um piloto experiente desta costa, em 1635 teria recomendado que as tropas de D. Luís Rojas Y Borja desembarcassem em Tamandaré, pois ali "poderiam surgir entre 30 e 40 galeões". De qualquer modo, a enseada de Tamandaré recebeu o desembarque das forças de Salvador Correia de Sá e Benevides (Junho de 1645). Garrido compreende que, na ocasião (Julho de 1645), o Mestre-de-Campo João Fernandes Vieira (1602-1681) fez erguer um reduto de campanha para defesa desse ancoradouro. Pouco mais tarde, a frota do Almirante Joan Cornellizon Lichthart aí encontrou, e derrotou, a armada do Capitão-mor de Mar Jerónimo Serrão de Paiva (Batalha da baía de Tamandaré, 9 de Setembro de 1645), abandonada pela frota de Salvador Correia de Sá e Benevides que, receoso da sua carga de açúcar, havia rumado directamente a Lisboa. Esta fortificação, com planta no formato quadrado, foi conquistada pelas forças neerlandesas do Almirante Lichthart, que lhe procederam reparos e a ampliaram. Posteriormente recuperada por forças portuguesas, foi guarnecida por tropas de Salvador Correia de Sá e Benevides (Julho de 1646). Souza, entretanto, entende ter sido esta última data, a de início da fortificação, concordando com o nome de Vieira. Abandonado ao final da campanha após 1654, o forte foi reconstruído em 1677 pelo mesmo João Fernandes Vieira, agora no cargo de Superintendente das Obras de Fortificação da Capitania de Pernambuco. As obras receberam grande apoio dos moradores locais, que colaboraram fornecendo materiais de construção, mão-de-obra, carros e animais. As pedras foram trazidas, via marítima, de Porto Calvo nas Alagoas. Novos trabalhos foram procedidos no forte a partir de 1683, sob direcção do Mestre Francisco Pinheiro (que empreitou as obras), concluídos em 1691. A capela do forte, entretanto, só foi construída em 1780, sob a invocação de Santo Inácio.
Esta estrutura foi reconstruída pelo Governador e Capitão-general da Capitania de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro (1804-1817), a partir de 1808, recebendo formato de um polígono quadrangular com baluartes pentagonais nos vértices, em estilo Vauban. Pelo lado de terra erguia-se edificação de dois pavimentos, contendo as dependências de serviço (Corpo da Guarda, Calabouço, Casa da Palamenta, Casa da Pólvora, Quartel da Tropa, Cozinha, Casa do Comando). Estava guarnecida por um Sargento-mor, um Tenente, um Capitão, um Sargento, um Condestável (chefe dos artilheiros), um Almoxarife, e um destacamento de infantaria compreendendo um Alferes, um Sargento, um Tambor, 40 soldados fuzileiros e dois artilheiros, artilhada com vinte e oito peças (vinte e quatro de ferro e quatro de bronze), de diferentes calibres.
O forte apresenta planta no formato quadrangular, com baluartes pentagonais nos vértices, em estilo Vauban. Os baluartes são ligados por terraplenos, em três, lados e pelo pavimento superior frontal. A entrada do forte é feita por um portão em verga recta e no trânsito (passagem de entrada) podem ser observadas seteiras. O portão era precedido por ponte móvel, porém tanto a rampa quanto o fosso já não existem mais. Símbolo de Tamandaré, à excepção das fortificações de Fernando de Noronha, é hoje o único forte pernambucano fora da área metropolitana da capital Recife.
FORTE DE SÃO FRANCISCO DA BARRA
O Forte de São Francisco da Barra, também conhecido como Castelo do Mar, Forte da Barra, Forte do Picão e Forte da Laje, localizava-se no extremo norte da cidade do Recife, sobre os recifes de pedra que protegiam o seu porto, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil.
Erguido a partir de 1608 com risco do Engenheiro-mor e dirigente das obras de fortificação do Estado do Brasil, Francisco de Frias da Mesquita (1603-1634), destinava-se a proteger a barra do canal de acesso e o porto do Recife de Olinda. Com planta no formato de um polígono hexagonal irregular, foi artilhado originalmente com seis peças de bronze. Deve ter sido terminado por volta de 1614, uma vez "que depois de haver acabado com grande louvor a Fortaleza da Lajem do Recife, [Francisco da Mesquita] se ofereceu para acompanhar Jerónimo de Albuquerque [Maranhão contra os franceses em São Luís].". No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), materializada a invasão da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais em Fevereiro de 1630, esta fortificação - que os invasores chamaram de Castelo do Mar -, junto com o Forte de São Jorge Velho (o Castelo de Terra), que lhe era fronteiro e com quem cruzava fogos, foram as únicas a oferecer resistência, capitulando aquela a 20 de Fevereiro, e esta a 2 de Março. Sobre esta estrutura, Maurício de Nassau, no "Breve Discurso" de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", reporta:
"Defronte do Castelo de São Jorge, sobre o arrecife de pedra, no mar e na entrada da barra, fica um outro belo castelo de pedra, por nós denominado Castelo do mar. Este tem sido um tanto danificado pelo mar, que, batendo nele com toda a força e em todas as marés, tem arrancado na parte inferior algumas pedras. Tratamos com o mestre, que foi o seu primitivo construtor, para que, com o auxílio de pedreiros portugueses, tape o rombo e o segure contra o mar, o que é indispensável para prevenir futuros danos."
De fato, a estrutura recebeu obras de recuperação em 1638, a cargo dos Engenheiros neerlandeses Vasser e Castell. O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de1640, complementa:
"Em frente ao Castelo de Terra [Forte de São Jorge] situa-se, do lado do mar, na entrada da barra, sobre o recife de pedra, o Castelo do Mar, construído com pedras, elevado, sem flancos; é de forma arredondada, octogonal. Ali há 7 peças de bronze, todas espanholas, a saber: 1 de 24 libras, 1 de 20 lb, 2 de 12 lb, 1 de 18 lb e 2 de 10 [lb]; domina a barra e todo o porto e o istmo que lhe fica em frente, podendo alcançar com seus tiros o Recife, o Castelo de São Jorge, o Forte do Brum e o reduto."
Barléu transcreve a informação:
"(...) Em frente do Castelo da Terra, vê-se o do Mar, de forma redonda, formidável por sete peças de bronze, destinado à defensão do porto, da barra e do litoral. Ficam-lhe ao alcance o Recife, os fortes de São Jorge e do Brum e o Reduto."
Figura nos mapas de Frans Post (1612-1680) da Ilha de Antônio Vaz (1637), e de Mauritiopolis (1645. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro), e no mapa "A Cidade Maurícia em 1644", de Cornelis Golijath. O francês Moreau, acerca do período entre 1646-1648, relata:
"O Recife está construído (...) numa das orlas desta passagem [abertura na costa do recife de pedra], da largura de cem passos e sobre a própria rocha, do lado meridional. Há um forte de pedra, redondo, de cem passos de círculo, que o mar banha de todos os lados, munido de vinte grandes peças de ferro fundido e de uma guarnição ordinária de cinquenta homens, e do qual os navios que chegam devem dar-se conta para não se aproximar muito; ancoram a meia légua dele e depois vêm dar-se a conhecer nos escaleres com as cartas trazidas para Recife; isto feito, envia-se uma deputação a estes navios a fim de examiná-los, antes de conceder-lhes entrada no porto. (...)"
Foi evacuado pelas forças neerlandeses quando da Capitulação do Campo do Taborda em 1654.
O Forte de São Francisco Xavier de Gaibu, também denominado como Reduto de São Francisco Xavier ou Reduto de Nossa Senhora do Monte do Carmo e São Tomé, localizava-se em posição dominante sobre a enseada e praia de Gaibu, no extremo norte do cabo de Santo Agostinho, no litoral sul do estado de Pernambuco, no Brasil. No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), esta fortificação remonta a um reduto erguido a partir de 1630 por forças portuguesas para defesa daquele ancoradouro, acesso à retaguarda das suas posições defensivas no cabo de Santo Agostinho. No século XVIII, o Governador e Capitão-general da Capitania de Pernambuco, Luís Diogo Lobo da Silva, reforçou as fortificações do litoral pernambucano tendo erguido trincheiras e redutos no Cabo de Santo Agostinho, inclusive reedificado a fortificação de Nazaré no outeiro ("Trincheiras e Redutos, que se fizeram por ordem do Ilmo. e Exmo. Sr. Luís Diogo Lobo da Silva, Governador e Capitão General das Capitanias de Pernambuco, desde antes de chegar ao Reduto de S. Francisco Xavier do Gaibú, até ao monte de Nossa Senhora de Nazaré, ficando dentro das ditas trincheiras e redutos que se fizeram, a ponta do Charco, [a] enseada da Calheta, seu Reduto em cima do monte (...) tudo feito na presença do mesmo senhor (...);" c. 1762. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa). Sofreu obras de reparos em 1775, ainda durante o governo de Luís Diogo Lobo da Silva, tendo sido reconstruído a partir de 1797, durante o de Tomás José de Melo, sendo artilhado com doze peças. Desta última existem três plantas, em mapa topográfico de autoria Capitão de Artilharia José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque ("Mapa topográfico do lugar do Gayabú, no qual se mostra o plano do reduto de Nossa Senhora do Monte do Carmo e S. Tomé, sobre a ponta do Gayabú, que defende a enseada do mesmo nome, e foi construída por ordem do Ilmo. e Exmo. Sr. D. Thomás José de Mello; 1799". Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa). Data dessa época, assim, a denominação de Reduto de Nossa Senhora do Monte do Carmo e São Tomé. A sua planta apresenta o formato de um polígono pentagonal irregular, com quatro baterias em nível mais elevado e duas em nível inferior, artilhado com doze peças de diferentes calibres. À parte das baterias, erguiam-se as edificações para Quartéis de Tropa, Casa de Comando, Casa de Palamenta e Casa da Pólvora.
FORTE DE SÃO JOÃO BATISTA DO BRUM
O Forte de São João Batista do Brum localiza-se no bairro do Recife, na cidade do mesmo nome, no estado de Pernambuco, no Brasil. Erguia-se ao norte da primitiva povoação do Recife, no istmo de areia que a ligava a Olinda.
Sousa denomina-o simplesmente de Forte de São Jorge, localizando-o meia milha ao sul do Forte de Santo Antônio (ver Forte de Madame Bruyne), no lugar chamado Fora de Portas. Nesse sentido, este seria o também denominado Forte de São Jorge Novo. De acordo com o autor, sobre os alicerces de uma antiga trincheira portuguesa, conquistada pelo corsário inglês James Lancaster em Abril de 1595 (ver Forte de São Jorge Velho), os neerlandeses edificaram o Forte do Brum. Atribui, incorrectamente, o sobrenome Brum ao General neerlandês Vanderbourg, registrando que a estrutura era denominada pelos pernambucanos como Forte Perrexil. Garrido localiza a Fortaleza do Brum poucos metros ao norte do Forte de São Jorge, meia milha ao sul do Forte de Santo Antônio, complementando que foi iniciado em 1629, pelo engenheiro Diogo Pais (Forte Diogo Pais), com a função de defesa da barra do Recife. Na iminência da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), face à precariedade das defesas do Recife, o Superintendente da Guerra da Capitania de Pernambuco, Matias de Albuquerque (c. 1590-1647), ordenou a demolição do arruinado Forte de São Jorge, e com o material deste, e a sua artilharia, a construção de um novo forte.
O Forte Novo de São Jorge foi iniciado em Outubro de 1629, com risco do Engenheiro militar português Diogo Pais, com as suas obras a cargo do Sargento-mor Engenheiro Pedro Correia da Gama, a ser artilhado com vinte e quatro peças de diferentes calibres. Foi invadido em Fevereiro de 1630, ainda na fase inicial de suas obras, quando não devia passar de uma simples bateria ou entrincheiramento. Incompleto e danificado pelo assalto, foi concluído a partir de Abril-Maio de 1630 pelos engenheiros neerlandeses Tobias Commersteyn, Andréas Drewich e Pieter van Bueren. Foi denominado Forte Bruyne (por corruptela, Brum), em homenagem a Johan Bruyne, integrante do Conselho de Comissários que governou o Brasil neerlandês. A sua estrutura era uma forte estacada dupla de madeira preenchida com areia, contratada por empreitada com o Alferes do Capitão Ellert, Ludolf Nieuwenhuysen e com o Sargento do Capitão Craey, Joris Bos. Sobre esta estrutura, Maurício de Nassau, no "Breve Discurso" de 14 de janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", reporta:
"Adiante do Castelo de São Jorge, sobre a praia de areia que vai ter à cidade de Olinda, está o forte de Bruyne. É quadrangular, tem do lado do mar somente meios baluartes pequenos, e do lado do rio [Beberibe] baluartes inteiros e acabados. Acha-se em boa ordem e em perfeito estado, mas não tem fosso e nem as necessárias paliçadas. Há diante dele um hornaveque que está um tanto estragado. A tiro de mosquete deste hornaveque fica um reduto que serve de guarda-avançada."
O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa, atribuindo-lhe a Companhia do Sr. Ghijselin com um efectivo de 125 homens:
"À distância de um tiro longo de mosquete do Castelo de São Jorge em direcção à cidade de Olinda, fica o forte de Bruyn, que é um forte de quatro baluartes, se bem que, do lado do mar, em consequência do descaimento da praia, os baluartes e os flancos não puderam ser completados; possui um hornaveque, não tem fosso mas uma sólida paliçada em torno, sendo o forte de uma altura regular. Nele há 7 canhões de bronze a saber: 2 de 24 libras, 1 de 18 [lb], 1 de 16 [lb] (sendo uma peça espanhola), 1 de 10 lb, também [peça] espanhola, e 2 bombardas de 6 lb, todos montados."
Barléu transcreve a informação:
"(...) Não longe do Forte de São Jorge, avista-se o do Brum com quatro bastiões e sete peças de bronze, fechado, demais, com a sua estacada.".
Atribui-lhe o mesmo efectivo de 125 homens. Figura nos mapas de Frans Post (1612-1680) da Ilha de Antônio Vaz (1637), e de Mauritiopolis (1645. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro), e no mapa "A Cidade Maurícia em 1644", de Cornelis Golijath. Reconquistado por forças portuguesas ao final do conflito (1654), quando estava artilhado com 14 e peças, foi rebaptizado como Forte de São João Batista. O governador da Capitania de Pernambuco, Bernardo de Miranda Henriques, solicitou à Coroa permissão para restaurar o forte (18 de Setembro de 1667), tendo em vista a sua importância para a defesa da Capitania. Com a nomeação de Antônio Correia Pinto para o cargo de Engenheiro da Capitania de Pernambuco (15 de Dezembro de 1668), foi elaborada planta para a sua reconstrução, cujas obras ficam a cargo da Câmara Municipal de Olinda, empregando-se a pedra retirada das ruínas abandonadas do Forte de São Jorge Novo (arenito retirado dos recifes). A partir de 1671 as obras passam à responsabilidade de João Fernandes Vieira (1602-1681) no cargo de Superintendente das Obras de Fortificação da Capitania de Pernambuco, acrescentando-se-lhe um fosso inundado no exterior, protegido por um pequeno muro, concluindo-se as suas obras em 1690, no governo de Antônio Luiz Goncalves da Câmara. Obras complementares prosseguiram até 1715.
FORTE DE SÃO JORGE VELHO
O Forte de São Jorge Velho localizava-se no istmo de areia que liga a cidade do Recife a Olinda, ao sul desta última, no litoral do atual estado de Pernambuco, no Brasil.
A estrutura denominada de Forte de São Jorge, conforme o histórico descrito será o Forte Novo de São Jorge (ver Forte de São João Batista do Brum). Embora confusas ambas as estruturas (Forte Velho e Forte Novo de São Jorge), o mesmo autor remonta o Forte de São Jorge (neste caso, o Forte Velho) a uma trincheira portuguesa conquistada pelo corsário inglês James Lancaster e retomada um mês mais tarde, em Maio de 1595, quando foi reconstruída "com mais solidez". Garrido aprofunda a divergência, quando admite as três estruturas: O Forte Velho de São Jorge - que denomina de Fortim do Bom Jesus, localizando-o próximo à Guarita de João Alberto e sobre cujos vestígios teria sido erguido o Forte de Santo Antônio do Buraco (Forte de Madame Bruyne). O Forte Novo de São Jorge - que remonta à trincheira tomada por Lancaster em 1695, que teria sido transformada em Fortim por Matias de Albuquerque em 1629, conquistada por forças neerlandesas em 1630, e por este denominado de Forte Sanct-Joris; a Fortaleza de São João Batista do Brum - iniciada em 1626 (1629?) por Diogo Pais e concluída pelas forças neerlandesas. Barretto, denomina esta estrutura como Fortim de São Jorge Velho, remontando-o a 1590, tendo sido sucedido, posteriormente, pelo Forte de Santo Antônio do Buraco (Forte de Madame Bruyne). O mesmo autor prossegue, referindo que, à época da invasão neerlandesa (1630), esta estrutura encontrava-se em ruínas e a sua demolição foi ordenada pelo Superintendente da Guerra da Capitania de Pernambuco, Matias de Albuquerque (c. 1590-1647), devendo o seu material e armamento serem aproveitados para a construção do novo Forte de São Jorge. Encontra-se figurado por João Teixeira Albernaz, o velho no mapa do Recife e Olinda como "E - O forte velho que junta a terra" (Livro que dá Razão do Estado do Brazil, c. 1616. Biblioteca Pública Municipal do Porto). De acordo com as fontes neerlandesas coevas, materializada a invasão em Fevereiro de 1630, o Forte Velho de São Jorge, em alvenaria de pedra, que os neerlandeses denominaram de Castelo de Terra, junto com o Forte de São Francisco (o Castelo do Mar), que lhe era fronteiro e com quem cruzava fogos, foram os únicos a oferecer resistência. Com as muralhas arrasadas pela artilharia inimiga, o seu comandante, Capitão Antônio de Lima, capitulou, com honras militares, a 2 de Março de 1630. O francês Moreu, assim descreve a sua conquista:
"(...) [Cientes da tomada de Olinda, os ricos comerciantes de Amsterdão] despacharam logo outros navios que, mal chegaram, se juntaram às primeiras tropas e foram atacar um forte de pedra distanciado da cidade de Olinda uns três quartos de légua, situado sobre um dique [o istmo de areia que liga Recife a Olinda], ou melhor, uma ilha de uma légua de comprimento e quinhentos passos de largura, entre a terra firme e esta rocha comprida e larga [o recife de pedra] que borda toda a costa do Brasil, a um tiro de mosquete em direcção ao mar."
"Fora do Recife encontra-se primeiro o velho castelo denominado São Jorge. Achando-se este castelo muito arruinado, os administradores do hospital pediram-no para servir de enfermaria, com promessa de repararem-no interiormente e conservarem-no à sua custa, utilizando-se dele até que seja necessário ao serviço militar e à defesa do Recife, o que resolvemos conceder-lhe para poupar despesas à Companhia, e porque este castelo é actualmente inútil, e sê-lo-á talvez também para o futuro. Contudo ficaram aí todas as peças."
O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa:
"À distância de dois tiros de mosquete do Recife, em direcção à cidade de Olinda, pelo istmo, está o Castelo de São Jorge, feito de pedra, tendo do lado da cidade de Olinda um baluarte e um meio-baluarte, de construção elevada e no qual estão 13 peças de ferro, 1 de 12 libras, 1 de 9 lb, 6 de 6 lb, 3 de 5 lb, 1 de 4 lb, 1 de 3 lb; domina o istmo e a barra."
Barléu transcreve a informação:
"(...) A dois tiros de mosquete do Recife, no caminho de Olinda, mesmo na costa, surge, num cimo bastante alto, o Forte de São Jorge, feito de pedra e resguardado por um bastião de mármore e assentando treze bocas de fogo contra a entrada do porto."
Moreau, acerca do período entre 1646-48, ratifica, complementando:
"(...) há sobre o dique [o recife de pedra], também, um bom forte de pedra, que serve como hospital e onde, pelo menos, há sempre uma companhia de guarda, três baterias de quatro canhões dominando o dique, o porto e o rio salgado."
Abandonado posteriormente, o material de suas ruínas foi aproveitado para a restauração do Forte de São João Batista do Brum (1667). No seu local foi erguida a Igreja de Nossa Senhora do Pilar.
FORTE DE SÃO TIAGO DAS CINCO PONTAS
O Forte de São Tiago das Cinco Pontas localiza-se na cidade do Recife, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil. No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil, o Coronel Diederick van Waerdenburch, comandante das forças de terra neerlandesas no assalto a Olinda e Recife (Fevereiro de 1630), determinou a construção de uma fortificação dominando o porto na foz do rio dos Afogados e as cacimbas de água potável de Ambrósio Machado. Este primitivo forte, que recebeu o nome de "Frederick Hendrick" em homenagem a Frederico-Henrique, príncipe de Orange (1584-1647), tio de Maurício de Nassau, localizava-se na Ilha de Antônio Vaz, ao sul do bairro de Santo Antônio, limite de Maurits Stadt (a cidade Maurícia). Projectado pelo Engenheiro Militar Tobias Commersteyn como uma estrutura de campanha, apresentava planta no formato de um polígono pentagonal com baluartes nos vértices, tendo sido executada, em faxina e terra, por Pieter van Bueren. Ainda em obras resistiu com sucesso a um contra-ataque das forças portuguesas que o tentaram arrasar, sem sucesso, em agosto de 1630.
A seu respeito, Nassau comentou:
"O forte Frederik Hendrik, chamado das Cinco Pontas, (...) tem cinco baluartes regulares. Está situado em uma ponta na Ilha de [Antônio Vaz, no bairro de] Santo Antônio, de onde se descobrem totalmente os navios surtos no porto do Recife, e por isto serve este forte para defesa do mesmo porto. Acha-se edificado sobre um solo alto, que é o único caminho que poderia proporcionar ao inimigo o ensejo de aproximar-se do grande alojamento de Antônio Vaz, e protege também as cacimbas, as únicas que podem fornecer água ao Recife e Antônio Vaz em ocasião de necessidade e cerco. A princípio as muralhas deste forte não tinham mais de 12 ou 13 pés de altura, e, quando S. Exa. e os Conselheiros Supremos aqui chegaram estavam tão arruinadas, que um cavaleiro com todas as suas armas poderia galgá-las; a estacada e as paliçadas se achavam de todo podres e derribadas, toda a obra muito aluída, os fossos bastante secos pelo movimento das areias. Mandamos alargar e aprofundar os fossos e alargar e elevar as muralhas até à altura do velho parapeito, e construir por cima delas um novo parapeito; também mandamos cercar o lado exterior do fosso com uma contra-escarpa, e construir uma sólida sapata sobre o lado do mar, com o que este forte se acha agora fortalecido e defensável, o que tudo custará à Companhia uns 20.000 florins, somente quanto ao que se novo se faz. Este forte teve mais, ao lado sul, um sólido hornaveque, que se estendia para o lado do antigo Forte Emília, e em frente ao mesmo hornaveque um outro pequeno, que seguia a mesma direcção, e é daquele dominado, o que tudo se acha ainda em sofrível estado."
Adriaen van der Dussen complementa, atribuindo-lhe um efectivo de duas companhias com 230 homens:
"(...) o forte Frederik Hendrik, que é um forte pentagonal, com cinco baluartes, um fosso largo e uma forte contra-escarpa e, em redor, na berma, uma sólida estacada. Diante deste forte está situado um bom hornaveque e, em frente a este, um hornaveque mais leve, cobrindo os terrenos altos que há nas proximidades, sendo que o forte domina todas as terras baixas e os hornaveques. As terras baixas são inundadas pelas marés, de modo que o inimigo não tem onde se alojar. Neste forte encontram-se 8 peças de bronze, a saber: 3 de 24 libras, 2 espanholas, sendo 1 de 18 libras e 1 de 10 libras, 2 peçazinhas forjadas de 6 libras e uma peçazinha forjada e cortada de 12 libras."
Caspar Barlaeus transcreve o Relatório de Dussen:
"(...) Neste último forte [de Frederico] puseram-se cinco peças de bronze. Chama-se das Cinco Pontas em razão do número de seus bastiões. Rodeia-o um fosso bem largo, um parapeito com uma sebe, acrescentando-se, para resistência, duplo hornaveque, um maior, outro menor. Com oito canhões de bronze, defende da aproximação dos inimigos toda a praia, assim como esses hornaveques."
Atribui-lhe o mesmo efectivo de 230 homens. Com relação à estacada, foi esta determinada por Nassau na iminência do ataque de uma frota espanhola ao Nordeste holandês (c. 1639):
"(...) o mesmo [protecção cingindo-o de estacada] fez com (...) o de Frederico na Ilha de Antônio Vaz (...)".
Tanto o forte quanto os seus hornaveques figura, nos mapas de Frans Post (1612-1680) da Ilha de Antônio Vaz (1637), e de Mauritiopolis (1645. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro), e no mapa "A Cidade Maurícia em 1644", de Cornelis Golijath. Post retractou o forte em uma tela ("Forte Frederick Hendrick", 1640) actualmente no acervo do Instituto Ricardo Brennand. Quando do assalto final ao Recife, em janeiro de 1654, os neerlandeses evacuaram e incendiaram todas as fortificações de Olinda e do Recife, concentrando a sua derradeira defesa nesta fortificação. Cercada pelas tropas do Mestre-de-Campo André Vidal de Negreiros (1606-1680), pediu o fim das hostilidades (23 de janeiro), o que levou ao pedido de armistício pelos neerlandeses (Capitulação do Campo do Taborda, Recife, 26 de janeiro). No dia 28 de janeiro, o comandante do Exército Libertador, Mestre-de-Campo General Francisco Barreto de Menezes (1616-1688), entrou solenemente no forte e Sigismund van Schkoppe entregou a cidade do Recife, o que pôs fim ao domínio neerlandês do Nordeste.
Rebaptizado como Forte de São Tiago, mas também conhecido entre os locais como Forte das Cacimbas, por esta época, o forte estava artilhado com dezasseis peças de diferentes calibres. Reconstruído em alvenaria de pedra e cal a partir de 1684, pelo Engenheiro Militar Francisco Correia Pinto, perdeu um dos baluartes, assumindo a forma quadrangular que apresenta hoje. Os edifícios, de dois pavimentos, com as dependências dos Quartéis da Tropa, da Casa do Comando, da Casa da Pólvora, e outros, encontram-se dispostos em torno do terrapleno, ao abrigo das muralhas. No século XVIII, no contexto da Guerra dos Mascates (1710), recolheu em seu calabouço o Sargento-mor Bernardo Vieira de Melo, defensor da independência de Pernambuco, sob um regime republicano em moldes do dos Países Baixos ou de Veneza. Este pioneiro da independência foi posteriormente transferido para Lisboa, vindo a falecer nas celas do Limoeiro.
O Forte do Pontal de Nazaré, também referido como Castelo do Mar, localizava-se no pontal de Nazaré, no cabo de Santo Agostinho, no litoral sul do atual estado de Pernambuco, no Brasil.
Há uma certa confusão entre os estudiosos sobre a(s) fortificação(ões) denominada(s) "de Nazaré", no cabo de Santo Agostinho, no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654): o Forte do Pontal de Nazaré, sobre o pontal, e o Reduto de Nossa Senhora de Nazaré, no alto do morro, na vila de mesmo nome. Em termos estratégicos, o primeiro foi mais importante na região, cobrindo o ancoradouro na garganta, entre o cabo e o recife, entrada da barra do rio Suape e do rio Ipojuca, considerada como uma das mais importantes da costa pernambucana.
Na sequência da conquista de Olinda e Recife, a "Memória" de 20 de Maio de 1630, oferecida ao governo neerlandês de Pernambuco por Adriaen Verdonck, descreve a importância de esse ancoradouro e a sua defesa:
"(...) junto à foz do rio [Ipojuca] há 2 ou 3 canhões a fim de impedir a entrada ao inimigo (...); aí vão as barcas carregar de 100 a 110 caixas de açúcar para transportá-las ao Recife, como o fazem em todos os outros lugares."
A primitiva bateria foi ampliada e reforçada com a pedra granítica abundante no local, na contra-ofensiva portuguesa e espanhola de 1631, pelas forças de defesa comandadas por Bento Maciel Parente, ficando guarnecida por 14 homens e artilhada com cinco peças de bronze. Tinha, na ocasião, a função de proteger o desembarque de reforços e suprimentos. Garrido informa que a sua planta, em alvenaria de pedra "em forma de cauda de andorinha", compreendia três baterias artilhadas com cinco peças de bronze e dois pedreiros. Reforçada pelo terço napolitano de Giovanni di San Felice, conde de Bagnoli, esta estrutura sustentou o assalto combinado das forças neerlandesas (1.500 homens do almirante Joan Cornellizon Lichthart e de Sigismund van Schkoppe em Fevereiro de 1634), ante as quais virá a capitular, com honras militares, a 2 de Julho de 1635, sendo rebaptizada como Forte van der Dussen. A rendição do Arraial Velho do Bom Jesus desde 8 de Junho de 1635, e a desta praça, abriram aos neerlandeses, em meados desse ano, a ocupação da Zona da Mata Nordestina. O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria do próprio Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa, atribuindo-lhe um efectivo de duas companhias com 196 homens:
"O Cabo de Santo Agostinho tem, (...) no Pontal, o Forte Van der Dussen, que é uma bateria murada, com um hornaveque do lado do morro, em forma de tenalha e circundada de uma forte paliçada; serve para manter sob nosso domínio todo o porto, porque os seus tiros atingem a barra, dominando assim o porto. Nessa fortificação estão 6 peças de bronze, a saber: 2 de 24 lb, 2 de 12 lb e 2 de 6 lb."
Barléu transcreve a informação:
"(...) o [forte] de Van der Dussen, no Cabo de Santo Agostinho, o qual defende o porto com seis bocas de fogo."
Atribui-lhe, entretanto, guarnição de apenas 170 homens. Com relação à paliçada, foi esta determinada por Maurício de Nassau na iminência do ataque de uma frota espanhola ao nordeste neerlandês (c. 1639):
"(...) Igual tarefa executou Herckmann [protecção cingindo-o de estacada] no Cabo de Santo Agostinho, onde está o forte de Van der Dussen (...)".
Uma década mais tarde, a 10 de Setembro de 1645, quando sob o comando do neerlandês Hoogstraten, este entrega-o aos portugueses mediante a soma de 18 mil escudos [cruzados?] e o comando de um Regimento. Foi guarnecida por um Tenente, um Condestável, dez fuzileiros, dois artilheiros e praças de Infantaria dos Terços do Recife. Esta estrutura sofreu reparos em 1763, ocasião em que se informava que a face voltada para a enseada "fora de novo principiada mas não fora concluída", continuando aberta no lado voltado para o continente. A estrutura apresentava então duas baterias, uma das quais caída à época. Internamente cinco cómodos serviam como Corpo da Guarda, Armazém, Casa da Palamenta e Casa da Pólvora. Um pequeno vestíbulo dava acesso à Casa da Pólvora. As dependências dos Quartéis da Tropa e da Casa do Comando ficavam numa estrutura em separado, a montante: o Quartel do Forte. Figura na "Colecção de Mapas de vários regimentos da Capitania de Pernambuco (c. 1763)" como um "Reduto na barra" ("Planta do Reduto que se acha na barra de N. S. de Nazaré". Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa). Com o formato de um polígono heptagonal aberto, além do terrapleno e das muralhas, podem ser vistos, à entrada, as ruínas da Casa da Pólvora e do Quartel da Tropa.
Na sequência da conquista de Olinda e Recife, a "Memória" de 20 de Maio de 1630, oferecida ao governo neerlandês de Pernambuco por Adriaen Verdonck, descreve a importância de esse ancoradouro e a sua defesa:
"(...) junto à foz do rio [Ipojuca] há 2 ou 3 canhões a fim de impedir a entrada ao inimigo (...); aí vão as barcas carregar de 100 a 110 caixas de açúcar para transportá-las ao Recife, como o fazem em todos os outros lugares."
A primitiva bateria foi ampliada e reforçada com a pedra granítica abundante no local, na contra-ofensiva portuguesa e espanhola de 1631, pelas forças de defesa comandadas por Bento Maciel Parente, ficando guarnecida por 14 homens e artilhada com cinco peças de bronze. Tinha, na ocasião, a função de proteger o desembarque de reforços e suprimentos. Garrido informa que a sua planta, em alvenaria de pedra "em forma de cauda de andorinha", compreendia três baterias artilhadas com cinco peças de bronze e dois pedreiros. Reforçada pelo terço napolitano de Giovanni di San Felice, conde de Bagnoli, esta estrutura sustentou o assalto combinado das forças neerlandesas (1.500 homens do almirante Joan Cornellizon Lichthart e de Sigismund van Schkoppe em Fevereiro de 1634), ante as quais virá a capitular, com honras militares, a 2 de Julho de 1635, sendo rebaptizada como Forte van der Dussen. A rendição do Arraial Velho do Bom Jesus desde 8 de Junho de 1635, e a desta praça, abriram aos neerlandeses, em meados desse ano, a ocupação da Zona da Mata Nordestina. O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria do próprio Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa, atribuindo-lhe um efectivo de duas companhias com 196 homens:
"O Cabo de Santo Agostinho tem, (...) no Pontal, o Forte Van der Dussen, que é uma bateria murada, com um hornaveque do lado do morro, em forma de tenalha e circundada de uma forte paliçada; serve para manter sob nosso domínio todo o porto, porque os seus tiros atingem a barra, dominando assim o porto. Nessa fortificação estão 6 peças de bronze, a saber: 2 de 24 lb, 2 de 12 lb e 2 de 6 lb."
Barléu transcreve a informação:
"(...) o [forte] de Van der Dussen, no Cabo de Santo Agostinho, o qual defende o porto com seis bocas de fogo."
Atribui-lhe, entretanto, guarnição de apenas 170 homens. Com relação à paliçada, foi esta determinada por Maurício de Nassau na iminência do ataque de uma frota espanhola ao nordeste neerlandês (c. 1639):
"(...) Igual tarefa executou Herckmann [protecção cingindo-o de estacada] no Cabo de Santo Agostinho, onde está o forte de Van der Dussen (...)".
Uma década mais tarde, a 10 de Setembro de 1645, quando sob o comando do neerlandês Hoogstraten, este entrega-o aos portugueses mediante a soma de 18 mil escudos [cruzados?] e o comando de um Regimento. Foi guarnecida por um Tenente, um Condestável, dez fuzileiros, dois artilheiros e praças de Infantaria dos Terços do Recife. Esta estrutura sofreu reparos em 1763, ocasião em que se informava que a face voltada para a enseada "fora de novo principiada mas não fora concluída", continuando aberta no lado voltado para o continente. A estrutura apresentava então duas baterias, uma das quais caída à época. Internamente cinco cómodos serviam como Corpo da Guarda, Armazém, Casa da Palamenta e Casa da Pólvora. Um pequeno vestíbulo dava acesso à Casa da Pólvora. As dependências dos Quartéis da Tropa e da Casa do Comando ficavam numa estrutura em separado, a montante: o Quartel do Forte. Figura na "Colecção de Mapas de vários regimentos da Capitania de Pernambuco (c. 1763)" como um "Reduto na barra" ("Planta do Reduto que se acha na barra de N. S. de Nazaré". Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa). Com o formato de um polígono heptagonal aberto, além do terrapleno e das muralhas, podem ser vistos, à entrada, as ruínas da Casa da Pólvora e do Quartel da Tropa.
FORTE DO QUEBRA PRATOS
O Forte do Quebra-Pratos localizava-se à margem do rio Capibaribe, numa propriedade particular, provavelmente uma fazenda, cerca de seis quilómetros a Oeste das cidades do Recife e de Olinda, no atual estado de Pernambuco, no Brasil. Há incerteza na historiografia quanto à existência e localização desta fortificação, que teria existido anteriormente à segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654). É mencionada por Souza, seguido por Garrido e por Barretto, que a seu turno informa que esta estrutura seria a fortificação primitiva que existia no Arraial Velho do Bom Jesus.
FORTE DO RIO DOCE
O Forte do Rio Doce localizava-se às margens da foz do rio Doce, ao norte de Olinda, no litoral do atual estado de Pernambuco, no Brasil. Esta fortificação é citada por Bento, no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), quando constitui-se em um dos locais onde se concentrou a primeira resistência portuguesa ao invasor, após a queda de Olinda e Recife (Fevereiro-Março de 1630). Na realidade, é mais correto classificá-la como uma linha defensiva improvisada diante das forças neerlandesas desembarcadas na praia do Pau Amarelo, em marcha sobre Olinda, com a missão de impedir ou retardar o quanto possível os invasores. Rompida, os seus defensores recuaram para as portas de Olinda onde prosseguiram o combate, até à queda daquela capital. De acordo com o mesmo autor, guiadas por Domingos Fernandes Calabar (1609-1635), as forças neerlandesas ter-se-iam apoderado, em 1632, da vila de Igaraçu (atual Igarassu) e do Forte do Rio Doce. Esta estrutura encontra-se cartografada na "Demonstração da costa de Pernambuco da cidade de Olinda até Itamaracá", de autoria do Engenheiro Luís Francisco Pimentel, datada de 1702. Ainda no século XVIII, o Governador e Capitão-general da Capitania de Pernambuco, Luís Diogo Lobo da Silva, reforçou as fortificações do litoral pernambucano tendo erguido trincheiras no rio Doce para defesa da sua barreta e a passagem de sua ponte ("Trincheiras feitas de faxina, estacaria e terra que por ordem do Ilmo., e Exmo. Sr. Luís Diogo Lobo da Silva, Governador e Capitão General das Capitanias de Pernambuco na sua presença mandou erigir no lugar do rio Doce [...], c. 1762".Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa).
FORTE DO RIO TAPADO
O Forte do Rio Tapado localizava-se na margem direita do rio Tapado, a cerca de cinco quilómetros a norte do centro histórico de Olinda, no litoral do atual estado de Pernambuco, no Brasil. Embora relacionada por Sousa como uma fortificação ligeira, erguida em 1630, foi iniciada por Matias de Albuquerque (1590-1647) quando governador e Capitão-general do Estado do Brasil (1624-1627), após a primeira das Invasões holandesas do Brasil, à capital, Salvador de 1624 a 1625, "(...) para defesa do desembarque naquele porto e nas praias da parte do Pau Amarelo", via de acesso ao norte de Olinda. No contexto da segunda das Invasões Neerlandesas (1630-1654), ao retornar ao Brasil em Outubro de 1629 como Superintendente da Guerra da Capitania de Pernambuco, Matias de Albuquerque encontrou-a desmantelada e sem a artilharia que ali deixara para a sua defesa. Sem tempo hábil para o desenvolvimento dos trabalhos de recuperação, iniciados às pressas, o forte não passou de um entrincheiramento de campanha, sendo evacuado ante a superioridade dos invasores, em Fevereiro de 1630. No século XVIII, o Governador e Capitão General da Capitania de Pernambuco, Luís Diogo Lobo da Silva, reforçou as fortificações do litoral pernambucano tendo erguido trincheiras de faxina, estacaria e terra, inclusive até ao rio Tapado ("Trincheira, que por ordem do Ilmo., e Exmo. Sr. Luís Diogo Lobo da Silva, Governador e Capitão General das Capitanias de Pernambuco mandou erigir na marinha da cidade de Olinda, desde o Dique ou Varadouro, até por todo o rio Tapado [...], c. 1762". Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa).
FORTE DOS PARACHIS
O Forte dos Parachis localizava-se ao norte da cidade do Recife, no istmo de areia que a liga a Olinda, no litoral do atual estado de Pernambuco, no Brasil. Trata-se de fortificação citada por Barretto que também a denomina como Forte dos Parregis, e com o mesmo nome por Bento, que informa ter sido ocupado por forças portuguesas em 17 de Janeiro quando da ofensiva final ao Recife, em Janeiro de 1654. Acredita-se ter se tratado de um simples entrincheiramento de campanha, com existência efémera.
FORTE EMÍLIA
O Forte de Emília, mais propriamente Forte Amália, também denominado como Forte Milhou ou simplesmente Hornaveque, localizava-se na ilha de Antônio Vaz, ao sul do futuro bairro de Santo Antônio em "Maurits Stadt" (a cidade Maurícia), atual cidade do Recife, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil. Esta estrutura encontra-se relacionada por Souza como Forte Milhou ou Hornaveque, vizinho ao Forte de São Tiago das Cinco Pontas, nos Afogados. No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), após o assalto português às recém-iniciadas obras do Forte Frederik Hendrik em Agosto de 1630, as forças neerlandesas decidiram erguer um reduto auxiliar, a cerca de quatrocentos metros ao sul deste forte denominando-o Reduto Amélia. Esta estrutura de campanha inscreve-se no contexto da conquista da região dos Afogados (1632-1633), ao sul do Recife de Olinda, vindo posteriormente a perder importância para as fortificações vizinhas - o Forte Príncipe Guilherme ao sul, e o Forte Frederik Hendrik ao norte. A seu respeito, Maurício de Nassau, no "Breve Discurso" de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", reporta:
"(...) o Forte Emília, situado na Ilha de Santo Antônio [Antônio Vaz], construído diante dos hornaveques do Forte Frederik Hendrik, mas foi também abandonado por inútil e mandou-se arrasá-lo."
No mapa "A Cidade Maurícia em 1644", de Cornelis Golijath, esse local, ao sul do "Castrum Fr. Henrici", está denominado "Amélia", sobre a praia na altura da foz no rio dos Afogados, o mesmo se repetindo no mapa de Frans Post (1612-1680) (Mauritiopolis, 1645. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro). Bento informa ter sido o Forte Amélia conquistado pelas forças portuguesas combinadas do Mestre-de-Campo André Vidal de Negreiros (1606-1680) e do Sargento-mor Antônio Dias Cardoso, a 22 de Janeiro, quando da ofensiva final ao Recife (Janeiro de 1654), confundindo-o com o Forte Frederik Hendrick (Forte de São Tiago das Cinco Pontas).
FORTE ERNESTO
O Forte Ernesto localizava-se na ilha de Antônio Vaz, para defesa do sector norte de "Maurits Stadt" (a cidade Maurícia), atual bairro da Boa Vista na cidade do Recife, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil.
Fortificação erguida no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654) sobre o Convento de Santo Antônio, de franciscanos descalços, que remontava a 1612-1613. Quando da invasão e conquista do Recife (1630), as instalações deste Convento, abandonadas às pressas pelos religiosos, foram utilizadas como quartel pelas tropas neerlandesas. Em torno desse improvisado quartel, foi erguida a fortificação, com o nome de Forte Ernesto, também conhecido pelos locais como Forte de Santo Antônio. Cópia das "Instruções e especificações segundo as quais deverá ser feito um forte na Ilha de Antônio Vaz, em redor do convento ali existente", datadas de 29 de Abril de 1630, encontram-se no Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. O "Relatório" de Serva as Carpentier, datado de Junho de 1636, informa que as obras foram contratadas por Jan Comans, sargento da Companhia de Van Els (lado sul); Christoffel Deterson, soldado da Companhia de Waerdenburch (lado oeste); e Hans Willem Louys, alferes da Companhia de Rembach (lado norte). À época não foi erguido o lado leste, voltado para a cidade do Recife, permanecendo fechado pelo muro do convento. Com o fim da resistência portuguesa em 1635, a ilha de Antônio Vaz tornou-se estrategicamente mais segura para os invasores, e passou a abrigar a nova capital, "Maurits Stadt", a cidade Maurícia. Maurício de Nassau, no seu "Breve Discurso" datado de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", relata:
"O forte Ernestus está situado em torno do convento [franciscano] de Santo Antônio; seria (se estivesse concluído) um forte quadrangular com quatro baluartes [nos vértices]. No lado do norte, sul e ocidente está acabado; quanto ao lado oriental porém, se acha somente fechado pelo velho muro do convento, o qual ameaça agora desabar. Discutimos se convinha derribar e fechar o forte com uma muralha de terra em forma de tenalha, mas, por causa das despesas foi a obra adiada, porque o forte não está nesta parte sujeito a perigo algum, e porque é muito necessário aprofundar os fossos tanto do grande alojamento [de Antônio Vaz] quanto do forte Ernestus (pois de pouco valem) e com a terra tirada dos fossos construir uma contra-escarpa em volta de ambas estas obras."
O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa, atribuindo-lhe o efectivo de duas companhias totalizando 180 homens:
"O forte Ernesto, situado na ilha de Antônio Vaz, a oeste do Recife, e que circunscreve o Convento dos Franciscanos, é um forte quadrangular, do lado do rio tendo dois meio-baluartes e do lado de terra dois baluartes completos. É muito alto e tem um fosso largo. No lado externo será construída uma contra-escarpa ou passagem coberta. Está cercado de uma sólida estacada. Este forte domina o rio e os terrenos baixos circunvizinhos e principalmente o grande alojamento ou vila de Antônio Vaz, inclusive as muralhas e ruas desta. No forte estão 4 peças de bronze, sendo 2 bombardas de 24 libras, 1 de 16 lb e uma peça espanhola de 10 lb."
Barléu transcreve a informação:
"O forte de Ernesto ergue-se na ilha de Antônio Vaz, ao ocidente do Recife. Tem três faces e é munido de um fosso assaz largo, de paliçadas e bastiões. Com quatro bocas-de-fogo, guarda ele o rio, as planícies da ilha e a vila de António Vaz, que aí nasceu."
Atribui-lhe o mesmo efectivo de 180 homens. Com relação à estacada, foi esta determinada por Nassau na iminência do ataque de uma frota espanhola ao nordeste holandês (c. 1639):
"(...) o mesmo [protecção cingindo-o de estacada] fez com (...) o de Ernesto (...) na Ilha de Antônio Vaz (...)".
Figura nos mapas de Frans Post (1612-1680) da Ilha de Antônio Vaz (1637), e de Mauritiopolis, e no mapa "A Cidade Maurícia em 1644", de Cornelis Golijath. O francês Moreau, acerca do período entre 1646-1648, relata:
"Um pouco aquém, ao lado e bem junto [de Maurits Stadt], há um outro forte com cinco [?] baluartes chamado o Claustro, porque foi outrora um convento de franciscanos, e ainda um pouco adiante sobre o rio está a bela casa que mandou construir o Conde João Maurício de Nassau, na qual se fez um corpo de guarda para conservá-la e também as passagens, por que ali se podia vir a vau pelo lado e pelo rio salgado, quando a maré está baixa. Este claustro e a casa do Conde Maurício de Nassau estão separados da Cidade Maurícia por um canal, onde se faz passar este rio salgado pelo porto, sobre o qual há uma ponte levadiça."
Quando da Capitulação de 1654, na "Relação dos Bens Holandeses no Recife" consta que o forte estava artilhado com dezanove peças de ferro e bronze de diversos calibres, bem como um trabuco (morteiro). O antigo convento e sua igreja voltaram às mãos dos franciscanos, que recuperaram suas antigas feições, demolindo o forte e entulhando o fosso.
FORTE GHIJSSELINGH
O Forte Ghijsselingh localizava-se na ilha denominada de Walcheren, ao sul do cabo de Santo Agostinho, no litoral sul do atual estado de Pernambuco, no Brasil. Constituiu-se numa fortificação de campanha erguida no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654) por forças neerlandesas; não sobreviveu ao conflito. Acerca do Forte Ghijsselingh (ou ainda Giselingh ou Ghijselin), assim denominado em homenagem a Johan Ghijsselingh, membro do Alto e Secreto Conselho que governava o Brasil Neerlandês - conduzindo os assuntos relativos ao Estado, ao governo civil e à Guerra. Maurício de Nassau, no seu "Breve Discurso" de 14 de Janeiro de1638, sob o tópico "Fortificações", reporta:
"O forte Ghijselin, que fica defronte [ao Forte do Pontal], sobre uma ilha, tem sido também de tal modo minado pelo mar que, apesar das fortes sapatas que existem diante dele, e têm sido sempre renovadas, a bateria e toda a frente caíram. Como, depois da conquista de todo o Cabo, não tínhamos mais necessidade deste forte, e somente servia para ser inutilmente guarnecido e trazer gente ociosa, resolvemos por último esbulhá-lo de tudo e deixar que o mar o consumisse à sua vontade."
Essa informação remete a provável existência dessa fortificação à ofensiva neerlandesa de 1632-1635, após o que foi abandonada. Barléu descrevendo os feitos do Conselheiro Neerlandês, confunde este com o Forte do Pontal:
"Não foi menos valoroso João Gisseling. (...) Marchara também contra (...) as terras do Cabo de Santo Agostinho, onde se apoderou do forte do Pontal, que ainda hoje lhe guarda o nome."
FORTE PRÍNCIPE GUILHERME
O Forte Príncipe Guilherme localizava-se junto à ponte sobre o rio dos Afogados, no continente, cerca de nove quilómetros a sudoeste de "Maurits Stadt" (a cidade Maurícia), atual Recife, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil.
Souza, refere esta estrutura como uma bateria (Bateria da Barreta), erguida por Maurício de Nassau, nos Afogados, sem maiores detalhes. Garrido considera-o como um forte (Forte da Barreta, Forte da Boa Viagem), distinto do Forte Príncipe Guilherme, ambos atribuídos a Nassau, em 1638. Barretto segue essa distinção, e denomina-o ainda de Torre dos Afogados. No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), a fortificação dos Afogados remonta ao passo dos Afogados ou ao passo de Francisco Barreiros, onde se concentrou a resistência ao invasor, por se tratar da chave de acesso aos engenhos de açúcar do vale do rio Capibaribe. O assalto neerlandês de Junho de 1631 foi repelido com sucesso, porém, na madrugada de 18 de Março de 1633, forças neerlandesas sob o comando do Coronel Remback conseguiram sucesso, dominando esse ponto estratégico. Para a sua defesa, foi levantado o Forte Príncipe Guilherme, conhecido pelos locais como Forte dos Afogados ou Forte de Piranga. A seu respeito, Nassau, no seu "Breve Discurso" datado de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", informa:
"O primeiro deles [dos fortes do Recife de Olinda] é o Príncipe Willem, situado nos Afogados. É um forte de quatro pontas com quatro baluartes, e está muito bem colocado, porque nos assegura o caminho da Várzea [do rio Capibaribe] e de toda a terra, e defende a passagem da ilha de Antônio Vaz para os Afogados. Está situado em uma planície e na sua parte mais elevada, dominando assim o campo até onde o canhão pode alcançar. Para o lado do noroeste tem fossos fundos; ao sudeste porém, os fossos não são fundos, e o solo é mais alto, pelo que o inimigo pode aproximar-se por meio de aproches. É necessário que este forte seja cercado de uma contra-escarpa, pois não sendo assim, faltar-lhe-á fortaleza. É construído de uma terra singular, que, de verão, quando seca, é tão dura como pedra, e de inverno, quando chove, é mole como argamassa, sulcando-a as águas de modo que é necessário grande dispêndio para repará-lo e conservá-lo."
O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa, atribuindo-lhe um efectivo de três companhias com 263 homens:
"(...) o forte Prins Willem, nos Afogados, que é um belo forte quadrangular, com muralhas altas e bem feitas, com uma forte estacada em volta e um fosso largo e profundo. Está situado no caminho pelo qual se vai para a Várzea do [rio] Capibaribe e para o interior do país. Neste forte estão 8 peças de bronze, 2 de 24 libras, 2 de 18 lb, 2 de 12 lb e 2 peças forjadas de 3 lb e uma de ferro de 6 lb."
Barléu transcreve e complementa a informação:
"No rio dos Afogados, existe o forte do Príncipe Guilherme, notável pela altura das trincheiras, pela solidez, elegância e forma quadrada, garantido, além disso, por uma paliçada e um fosso. Guarda, com seis canhões de bronze, a estrada da Várzea (...) e as estradas que levam ao sertão."
Atribui-lhe o mesmo efectivo de 263 homens. Com relação à estacada, foi esta determinada por Nassau na iminência do ataque de uma frota espanhola ao nordeste neerlandês (c. 1639):
"(...) o mesmo [protecção cingindo-o de estacada] fez com (...) o do Príncipe Guilherme nos Afogados.".
Figura nos mapas de Frans Post (1612-80) da Ilha de Antônio Vaz (1637), e de Mauritiopolis, e no mapa "A Cidade Maurícia em 1644", de Cornelis Golijath. O francês Pierre Moreau ("História das Últimas Lutas no Brasil entre Holandeses e Portugueses"), acerca do período entre 1646-1648, confirma:
"(...) à borda do mar e a três quartos de légua do Recife na terra firme, a uma mosquetada da rocha, foi construído outro forte, chamado Barreta, de forma quadrada, bem cercado por bons fossos revestidos de duplas paliçadas, que domina os que chegam por mar e por terra, do lado do Cabo de Santo Agostinho, para guardar cuidadosamente o Recife."
Conquistado por forças portuguesas (1648), foi retomado pelos neerlandeses, e ocupado sem combate por tropas portuguesas quando da ofensiva final a Recife (17 de Janeiro de 1654). Bento menciona como estruturas distintas o Forte da Barreta e o Forte dos Afogados, ao se referir à cronologia da queda do Recife para essa data. Permaneceu abandonado até 1687. Foi mandado reconstruir por determinação do Governador e Capitão-general da Capitania de Pernambuco, João da Cunha Souto Maior, porém em 1746 já não integrava o sistema de defesa da cidade. Foi demolido no início do século XIX (c. 1813), e utilizado como material de aterro.
"O primeiro deles [dos fortes do Recife de Olinda] é o Príncipe Willem, situado nos Afogados. É um forte de quatro pontas com quatro baluartes, e está muito bem colocado, porque nos assegura o caminho da Várzea [do rio Capibaribe] e de toda a terra, e defende a passagem da ilha de Antônio Vaz para os Afogados. Está situado em uma planície e na sua parte mais elevada, dominando assim o campo até onde o canhão pode alcançar. Para o lado do noroeste tem fossos fundos; ao sudeste porém, os fossos não são fundos, e o solo é mais alto, pelo que o inimigo pode aproximar-se por meio de aproches. É necessário que este forte seja cercado de uma contra-escarpa, pois não sendo assim, faltar-lhe-á fortaleza. É construído de uma terra singular, que, de verão, quando seca, é tão dura como pedra, e de inverno, quando chove, é mole como argamassa, sulcando-a as águas de modo que é necessário grande dispêndio para repará-lo e conservá-lo."
O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa, atribuindo-lhe um efectivo de três companhias com 263 homens:
"(...) o forte Prins Willem, nos Afogados, que é um belo forte quadrangular, com muralhas altas e bem feitas, com uma forte estacada em volta e um fosso largo e profundo. Está situado no caminho pelo qual se vai para a Várzea do [rio] Capibaribe e para o interior do país. Neste forte estão 8 peças de bronze, 2 de 24 libras, 2 de 18 lb, 2 de 12 lb e 2 peças forjadas de 3 lb e uma de ferro de 6 lb."
Barléu transcreve e complementa a informação:
"No rio dos Afogados, existe o forte do Príncipe Guilherme, notável pela altura das trincheiras, pela solidez, elegância e forma quadrada, garantido, além disso, por uma paliçada e um fosso. Guarda, com seis canhões de bronze, a estrada da Várzea (...) e as estradas que levam ao sertão."
Atribui-lhe o mesmo efectivo de 263 homens. Com relação à estacada, foi esta determinada por Nassau na iminência do ataque de uma frota espanhola ao nordeste neerlandês (c. 1639):
"(...) o mesmo [protecção cingindo-o de estacada] fez com (...) o do Príncipe Guilherme nos Afogados.".
Figura nos mapas de Frans Post (1612-80) da Ilha de Antônio Vaz (1637), e de Mauritiopolis, e no mapa "A Cidade Maurícia em 1644", de Cornelis Golijath. O francês Pierre Moreau ("História das Últimas Lutas no Brasil entre Holandeses e Portugueses"), acerca do período entre 1646-1648, confirma:
"(...) à borda do mar e a três quartos de légua do Recife na terra firme, a uma mosquetada da rocha, foi construído outro forte, chamado Barreta, de forma quadrada, bem cercado por bons fossos revestidos de duplas paliçadas, que domina os que chegam por mar e por terra, do lado do Cabo de Santo Agostinho, para guardar cuidadosamente o Recife."
Conquistado por forças portuguesas (1648), foi retomado pelos neerlandeses, e ocupado sem combate por tropas portuguesas quando da ofensiva final a Recife (17 de Janeiro de 1654). Bento menciona como estruturas distintas o Forte da Barreta e o Forte dos Afogados, ao se referir à cronologia da queda do Recife para essa data. Permaneceu abandonado até 1687. Foi mandado reconstruir por determinação do Governador e Capitão-general da Capitania de Pernambuco, João da Cunha Souto Maior, porém em 1746 já não integrava o sistema de defesa da cidade. Foi demolido no início do século XIX (c. 1813), e utilizado como material de aterro.
FORTE WAERDEMBURCH
O Forte Waerdenburch localizava-se em uma ponta de terra na confluência do rio Beberibe com o rio Capibaribe, atual cidade do Recife, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil.
Existe divergência entre os estudiosos sobre esta fortificação, que no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654) trocou sucessivamente de mãos entre os beligerantes. Mantendo como fio condutor a localização (uma ilha na confluência dos rios Biberibe e Capibaribe, posteriormente aterrada) e a estrutura arquitectónica (com planta no formato de um polígono quadrangular regular, com baluartes nos vértices), pode-se afirmar que a sua primitiva estrutura remonta a uma bateria de campanha na ilha da Asseca, erguida em fins de 1629 na iminência da invasão neerlandesa, com o nome de Casa da Asseca ou Bateria Asseca. Conquistada por forças neerlandesas (1630), a partir de 1631 foi ampliada na forma de um polígono quadrangular regular, com baluartes nos vértices, recebendo o nome de Forte Waerdemburch, uma homenagem ao Coronel Diederick van Waerdenburch, comandante das forças de terra neerlandesas no assalto a Olinda e Recife. Maurício de Nassau, no seu "Breve Discurso" datado de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", informa:
"Ao norte do [forte] Ernestus fica o forte Waerdemburch em um terreno que avança a partir do continente; é quadrangular, mas a escassez de terreno não permitiu que tivesse mais de três baluartes, a saber, no norte, ocidente e oriente, faltando o do sul. Um fosso o separa da terra firme, está cercado de água e sofre forte embate do rio, pelo que se faz necessário conservá-lo dispendiosamente por meio de sapatas. Como não parece que este forte seja necessário, e se entende que basta um reduto para guardar aquele terreno, resolveu-se deixar que o rio o vá destruindo, e reduzi-lo à forma de um reduto."
O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa:
"O forte Waerdenburch, situado no continente, próximo às Salinas e fronteiro ao Recife, ao noroeste, tinha sido a princípio um forte quadrangular fechado, com três baluartes, pois à falta de terreno firme do lado do Recife e Antônio Vaz, onde está situado, não foi possível construir-se o quarto baluarte. Se este forte, por qualquer infelicidade, viesse a ser perdido, pois está sujeito a um ataque, incomodaria muito o Recife e Antônio Vaz; por isto resolveu-se derrubar as cortinas que ficam em frente a esses lugares e deixar o forte aberto desse lado. Além disto foram transformados os três baluartes em três redutos fechados, bem mais altos que os antigos muros, permanecendo, entretanto, encerrados pelas cortinas primitivas, com o que se protegeu de ataques do exterior a sua praça interna. Nesses redutos estão 5 peçazinhas de bronze, 1 de 6 libras, 2 de 4 lb (ambas espanholas) e 2 bombardas de 3 lb."
Barléu transcreve e complementa a informação:
"O forte de Waerdemburch jaz ao lado da terra firme, ao pé das salinas. Tinha outrora quatro pontas e agora é resguardado por três bastiões, por não permitir a natureza viciosa do terreno pôr-se-lhe o quarto. Julgando-se fosse acessível aos estratagemas dos inimigos, lançaram-se-lhe cortinas duplas e valor da banda por onde podiam entrar. Levantaram-se agora guaritas sobre os três bastiões, mais elevadas que as trincheiras, colocando-se nelas peças de bronze para afugentar o adversário."
Figura nos mapas de Frans Post (1612-1680) da Ilha de Antônio Vaz (1637), e de Mauritiopolis, e no mapa "A Cidade Maurícia em 1644", de Cornelis Golijath. Também denominado como Forte de Santo Antônio Novo, Forte Alternar, Vila Alternar, Forte das Três Pontas e Forte do Séqua, posteriormente a sua defesa foi complementada por uma bateria (Bateria do Forte Sequá) que lhe era fronteira pelo continente. Conquistado por forças portuguesas (16??), foi reocupado por forças neerlandesas após a retirada de Diogo Esteves Pinheiro que o comandava (20 de Abril de 1648), sendo reconquistado definitivamente por forças portuguesas no contexto da ofensiva final a Recife (17 de Janeiro de 1654). Não há informações posteriores ao conflito sobre ambas as estruturas (forte e bateria). Tanto a fortificação quanto a ilha da Asseca, na qual se situava, desapareceram em virtude de aterro que ligou a ilha ao continente.
FORTIFICAÇÕES DE IGARAÇU E NA ILHA DE ITAMARACÁ
As Fortificações de Igaraçu e na ilha de Itamaracá localizavam-se na altura da foz do rio Igaraçu ("canoa grande", em língua tupi), atuais municípios de Igaraçu e de Ilha de Itamaracá, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil.
A ocupação europeia da região remonta às feitorias de pau-brasil ("Caesalpinia echinata"), no continente e na ilha fronteira, que darão origem a povoações distintas (ver Feitorias de Igaraçu e na Ilha de Itamaracá). No continente, a chamada vila "velha" de Igaraçu (vila dos Cosmos, ou dos Santos Cosme e Damião), foi uma das primeiras povoações fundadas pelos portugueses na costa brasileira, pelo próprio donatário, Duarte Coelho Pereira, desde 1535. Na ilha de Itamaracá floresceria a vila "nova" de Igaraçu, depois vila da Conceição, atual cidade de Itamaracá. Ambas as vilas foram visitadas por Hans Staden em sua primeira viagem (1547-1548) - Igaraçu representada como uma paliçada à moda indígena, artilhada por quatro canhões em suas carretas, Itamaracá como um castelo numa ilha, grafada como "Ipaussú-Itamaracá" (ilha grande de Itamaracá) -, em xilogravura ilustrando a sua "Descrição verdadeira de um país de selvagens nus, ferozes e canibais, situado no Novo Mundo, América" (1557). Ele relata as circunstâncias:
"Rebentou então, por culpa dos portugueses, uma revolta dos índios [Caeté], que anteriormente se mostravam pacíficos, e o chefe da terra pediu-nos, pelo amor de Deus, que fôssemos à pressa auxiliar o lugar de Igaraçu, distante cinco milhas de Olinda, do qual os indígenas queriam se apoderar. Os habitantes da povoação de Olinda, defronte da qual nos achávamos, não podiam dar aos outros, nenhum adjutório, pois desconfiavam que os selvagens queriam também atacá-los. Tomamos 40 homens dentre a guarnição do nosso navio, para prestar socorro aos colonos de Igaraçu e seguimos em um pequeno barco através dum braço de mar, que se estendia duas milhas terra a dentro, e no qual jazia a povoação. O número dos defensores montava, incluindo-nos, a cerca de noventa cristãos. Acrescente-se a esse número trinta negros e escravos brasileiros, a saber, selvagens que pertenciam aos colonos. Os selvícolas que nos sitiavam estimavam-se em oito mil. Nossa única protecção consistia numa estacada de cepos. O lugar onde estávamos sitiados era rodeado de mata. Nesta haviam disposto os selvagens duas fortificações com ajuda de grossos troncos de árvores. Aí se recolhiam durante a noite e esperavam pelas nossas sortidas. De dia permaneciam em valas, que haviam cavado ao redor da povoação, das quais saíam para escaramuças. Quando lhes atirávamos, estendiam-se no chão para escapar às balas. Assim sitiaram-nos de tal modo que, donde estávamos, ninguém podia entrar ou sair. (...) Como víssemos que iriam faltar-nos víveres, fomos com duas barcas à colônia de Itamaracá, a fim de abastecer-nos. (...) assim pudemos prosseguir até Itamaracá e obter víveres de seus habitantes. (...) Por fim [escapando ao cerco a Igaraçu] trouxemos víveres [de Itamaracá] à povoação, e como os índios viram que nada conseguiriam, fizeram a paz e foram-se de novo. O cerco tinha durado um mês. Dos índios, alguns pereceram; de nós cristãos, porém, nenhum."
Ao longo do século XVI, dada a expansão da lavoura canavieira e os desentendimentos com os indígenas na região, a vila velha, no continente, perdeu importância estratégica para a vila nova, na ilha (vila da Conceição, onde estava instalada a Alfândega de Itamaracá em 1628), e económica para Goiana, onde se fixaram os colonos mais bem-sucedidos. No século seguinte, no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), a vila velha de Igaraçu foi conquistada por tropas neerlandesas (1 de Maio de 1632), seguida pela vila da Conceição (Junho de 1633), esta rebaptizada como Schkoppe, em homenagem a Sigismund van Schkoppe. Maurício de Nassau, no seu "Breve Discurso" de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", informa acerca das defesas da ilha conquistada:
"A pequena cidade de Schkoppe, sita na mesma ilha [de Itamaracá], está fortificada desde velhos tempos, como foi fortificada quando nós a tomamos. O extenso parapeito feito pelos portugueses, que não havia tropa que o guarnecesse, tinha necessariamente de ser abandonado, e nós deixamos que se arruinasse; a igrejinha que fica ao sul da cidade, foi ligada à bateria que flanqueia o rio, ficando assim a salvo de algum súbito acontecimento do inimigo ou então da tropa que havia na terra; mas não é isso bastante contra o inimigo que, com notável poder, vier de fora, encontrando-se ainda tudo ao modo antigo. No extremo norte da pequena cidade, na entrada do passo de Tapessima, há um pequeno reduto que serve de guarda avançada, e não é grande defesa."
O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa, atribuindo-lhe a Companhia do Capitão Cappel, com um efectivo de 93 homens:
"(...) a cidade Schkoppe, onde a igreja e a bateria estão cercadas com um muro, mas não é obra de importância; nessa bateria, que domina o porto, há 11 peças: 2 de bronze de 32 libras, peças espanholas de berço e 9 de ferro a saber: 5 de 6 lb, 3 de 4 lb, 1 de 3 lb. No extremo norte da cidadezinha, sobre a estrada, situa-se um reduto que serve de atalaia e para defesa da porta [da cidade]."
Barléu transcreve a informação:
"(...) Constitui a fortaleza da vila de Schkoppe uma munição construída em redor de uma igreja e de uma bateria. Essa fortificação protege o porto, e uma torre de atalaia, ao norte, guarda a porta da vila. Na bateria acham-se montados onze canhões, dois de bronze e nove de ferro. Na boca setentrional, há outra torre quadrada, que garante a entrada do canal com três peças de ferro."
Atribui-lhe o mesmo efectivo de 93 homens. De acordo com Bento, a cidade de Schkoppe foi abandonada pelas forças neerlandesas após a ofensiva das forças combinadas do Mestre-de-Campo João Fernandes Vieira (1602-1681), do Mestre-de-Campo André Vidal de Negreiros (1606-1680), e do Sargento-mor Antônio Dias Cardoso, que na ocasião apresaram três embarcações neerlandesas fundeadas entre a ilha de Itamaracá e o continente (Junho de 1646).
"Rebentou então, por culpa dos portugueses, uma revolta dos índios [Caeté], que anteriormente se mostravam pacíficos, e o chefe da terra pediu-nos, pelo amor de Deus, que fôssemos à pressa auxiliar o lugar de Igaraçu, distante cinco milhas de Olinda, do qual os indígenas queriam se apoderar. Os habitantes da povoação de Olinda, defronte da qual nos achávamos, não podiam dar aos outros, nenhum adjutório, pois desconfiavam que os selvagens queriam também atacá-los. Tomamos 40 homens dentre a guarnição do nosso navio, para prestar socorro aos colonos de Igaraçu e seguimos em um pequeno barco através dum braço de mar, que se estendia duas milhas terra a dentro, e no qual jazia a povoação. O número dos defensores montava, incluindo-nos, a cerca de noventa cristãos. Acrescente-se a esse número trinta negros e escravos brasileiros, a saber, selvagens que pertenciam aos colonos. Os selvícolas que nos sitiavam estimavam-se em oito mil. Nossa única protecção consistia numa estacada de cepos. O lugar onde estávamos sitiados era rodeado de mata. Nesta haviam disposto os selvagens duas fortificações com ajuda de grossos troncos de árvores. Aí se recolhiam durante a noite e esperavam pelas nossas sortidas. De dia permaneciam em valas, que haviam cavado ao redor da povoação, das quais saíam para escaramuças. Quando lhes atirávamos, estendiam-se no chão para escapar às balas. Assim sitiaram-nos de tal modo que, donde estávamos, ninguém podia entrar ou sair. (...) Como víssemos que iriam faltar-nos víveres, fomos com duas barcas à colônia de Itamaracá, a fim de abastecer-nos. (...) assim pudemos prosseguir até Itamaracá e obter víveres de seus habitantes. (...) Por fim [escapando ao cerco a Igaraçu] trouxemos víveres [de Itamaracá] à povoação, e como os índios viram que nada conseguiriam, fizeram a paz e foram-se de novo. O cerco tinha durado um mês. Dos índios, alguns pereceram; de nós cristãos, porém, nenhum."
Ao longo do século XVI, dada a expansão da lavoura canavieira e os desentendimentos com os indígenas na região, a vila velha, no continente, perdeu importância estratégica para a vila nova, na ilha (vila da Conceição, onde estava instalada a Alfândega de Itamaracá em 1628), e económica para Goiana, onde se fixaram os colonos mais bem-sucedidos. No século seguinte, no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), a vila velha de Igaraçu foi conquistada por tropas neerlandesas (1 de Maio de 1632), seguida pela vila da Conceição (Junho de 1633), esta rebaptizada como Schkoppe, em homenagem a Sigismund van Schkoppe. Maurício de Nassau, no seu "Breve Discurso" de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", informa acerca das defesas da ilha conquistada:
"A pequena cidade de Schkoppe, sita na mesma ilha [de Itamaracá], está fortificada desde velhos tempos, como foi fortificada quando nós a tomamos. O extenso parapeito feito pelos portugueses, que não havia tropa que o guarnecesse, tinha necessariamente de ser abandonado, e nós deixamos que se arruinasse; a igrejinha que fica ao sul da cidade, foi ligada à bateria que flanqueia o rio, ficando assim a salvo de algum súbito acontecimento do inimigo ou então da tropa que havia na terra; mas não é isso bastante contra o inimigo que, com notável poder, vier de fora, encontrando-se ainda tudo ao modo antigo. No extremo norte da pequena cidade, na entrada do passo de Tapessima, há um pequeno reduto que serve de guarda avançada, e não é grande defesa."
O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa, atribuindo-lhe a Companhia do Capitão Cappel, com um efectivo de 93 homens:
"(...) a cidade Schkoppe, onde a igreja e a bateria estão cercadas com um muro, mas não é obra de importância; nessa bateria, que domina o porto, há 11 peças: 2 de bronze de 32 libras, peças espanholas de berço e 9 de ferro a saber: 5 de 6 lb, 3 de 4 lb, 1 de 3 lb. No extremo norte da cidadezinha, sobre a estrada, situa-se um reduto que serve de atalaia e para defesa da porta [da cidade]."
Barléu transcreve a informação:
"(...) Constitui a fortaleza da vila de Schkoppe uma munição construída em redor de uma igreja e de uma bateria. Essa fortificação protege o porto, e uma torre de atalaia, ao norte, guarda a porta da vila. Na bateria acham-se montados onze canhões, dois de bronze e nove de ferro. Na boca setentrional, há outra torre quadrada, que garante a entrada do canal com três peças de ferro."
Atribui-lhe o mesmo efectivo de 93 homens. De acordo com Bento, a cidade de Schkoppe foi abandonada pelas forças neerlandesas após a ofensiva das forças combinadas do Mestre-de-Campo João Fernandes Vieira (1602-1681), do Mestre-de-Campo André Vidal de Negreiros (1606-1680), e do Sargento-mor Antônio Dias Cardoso, que na ocasião apresaram três embarcações neerlandesas fundeadas entre a ilha de Itamaracá e o continente (Junho de 1646).
FORTIFICAÇÕES DE SALINAS
O Forte de Salinas localizava-se no antigo lugar de Salinas, próximo a onde hoje se localiza o Cemitério dos Ingleses, na cidade do Recife, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil. No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), as salinas de Francisco do Rêgo Barros e a sua moradia tornaram-se um importante foco de resistência contra o invasor. Da Casa do Rêgo ou Forte do Rêgo, partiram comandos de emboscadas para conter o invasor nas posições conquistadas em Recife e Olinda e, em particular, impedir as obras neerlandesas no Forte do Brum. Foi atacada e incendiada em torno de 1631. Mesmo apesar da perda da Casa do Rêgo, as atividades de emboscada na área das Salinas prosseguiram, adquirindo importância as trincheiras de Luiz Barbalho [Bezerra], outra residência fortificada como um reduto, protegida por um fosso, com estacadas e parapeito, guarnecida por dois artilheiros sob o comando do Capitão Luís Barbalho Bezerra, e artilhada por três peças de calibre 6 libras. Esta posição foi abandonada a partir de 1634 com a queda do Arraial Velho do Bom Jesus e a do Forte do Pontal de Nazaré, no cabo de Santo Agostinho. O Capitão Barbalho retirou-se com sua gente, combatendo por terra, para a capitania da Bahia, onde se notabilizou na defesa de Salvador em 1638 (ver Forte do Barbalho). No contexto da contra-ofensiva portuguesa um novo entrincheiramento, sob o comando do Capitão Apolinário Gomes Barroso, foi erguido em 1649 na região de Salinas. Na mesma região também foi erguida, posteriormente, uma fortificação neerlandesa: o Forte Soutpanne, denominado pelos naturais de Reduto ou Forte de Salinas. Souza também a denomina como Forte do Rêgo; Barretto; Bento, e ainda, como Casa de Rêgo. Quando da ofensiva final a Recife, em Janeiro de 1654, o Forte Soutpanne, considerado o mais vulnerável por ser o mais afastado do Recife e de Olinda, foi o primeiro a ser atacado (14 de Janeiro). Sob o comando de Hugo van Meyer, encontrava-se guarnecido por setenta soldados e seus oficiais. O reforço enviado em socorro do forte, representado pelo terço de infantaria neerlandesa, interceptado por forças portuguesas sob o comando do Mestre-de-Campo João Fernandes Vieira (1602-1681), auxiliadas pelas do Mestre-de-Campo André Vidal de Negreiros (1606-1680), foi forçado a recuar de volta a Recife. Na madrugada seguinte (15 de Janeiro), os ocupantes do forte capitularam, marcando o início da reconquista do Recife. Souza computa a data dessa conquista como 16 de Janeiro de 1654, e Barretto como 17 de Janeiro de 1645, o que envolve, para este ano, um erro tipográfico. Ao término do conflito, o Forte de Salinas continuou integrando o sistema defensivo do Recife e de Olinda, encontrando-se arruinado em 1816. Desde 1681, o Morgado das Salinas, Francisco do Rêgo Barros, fizera erguer uma capela sob a invocação de Santo Amaro, santo do dia da capitulação neerlandesa do forte, razão pela qual também é denominado como Forte de Santo Amaro das Salinas.
FORTIFICAÇÕES DO CABO DE SANTO AGOSTINHO
As Fortificações no Cabo de Santo Agostinho localizavam-se sobre a barra do cabo de Santo Agostinho, no litoral sul do atual estado de Pernambuco, no Brasil. No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), além do Forte do Pontal de Nazaré, do Reduto de Nossa Senhora de Nazaré e do Forte Ghijsselingh, outras fortificações portuguesas e neerlandesas foram erguidas na região: Forte Thyszoon e Reduto da praia no cabo de Santo Agostinho. Sobre a praia na ilha denominada de Walcheren, ao sul do Forte do Pontal teria existido este pequeno forte de faxina e terra, apoiado por um Reduto, para complemento da sua defesa. Parece mais correto tratar-se de algumas das pequenas estruturas de campanha, erguidas na ofensiva de 1634 pelos neerlandeses, sobre a praia, vizinhas ao Forte Ghijsselingh na ilha que denominaram Walcheren, essa sim ao sul do pontal, como figurado no mapa "Caertien vande Cabo st. Augustin en t'Eylant nu genaemt Walcheren", de 1634. Esse mapa mostra um forte de planta poligonal quadrangular com baluartes nos vértices, ladeado por um reduto de planta quadrangular, em frente à barreta ou barra tinga - abertura no recife de pedra que permitia o acesso de embarcações de menor calado. Esse raciocínio aponta para o entrincheiramento de campanha erguido em 1634, por Domingos Fernandes Calabar (1609-1635), a serviço das forças neerlandesas, quando do assédio e conquista do Cabo de Santo Agostinho, denominado de Forte Thyszoon.
Reduto do Pontal - Sobre o Reduto do Pontal, Maurício de Nassau, no seu "Breve Discurso" de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", reporta:
"O reduto do Pontal, que mantivemos sempre contra toda a força do inimigo, está agora de tal modo destruído pelo mar, que um dos lados caiu e o mar o levou, e todo o esforço que se tem feito com a construção de sapatas para conservá-lo tem sido inútil."
Esse reduto talvez possa ser a estrutura identificada por Barléu como Fortim de Domburg: "(...) Diante dele [do Forte Van der Dussen] estende-se o fortim de Domburg contra os assaltos súbitos do inimigo."
"O reduto do Pontal, que mantivemos sempre contra toda a força do inimigo, está agora de tal modo destruído pelo mar, que um dos lados caiu e o mar o levou, e todo o esforço que se tem feito com a construção de sapatas para conservá-lo tem sido inútil."
Esse reduto talvez possa ser a estrutura identificada por Barléu como Fortim de Domburg: "(...) Diante dele [do Forte Van der Dussen] estende-se o fortim de Domburg contra os assaltos súbitos do inimigo."
Forte Velho e Reduto no cabo de Santo Agostinho - Localizavam-se à margem esquerda do rio Moqueripe, ao sul do cabo de Santo Agostinho. No mesmo contexto, este pequeno forte de campanha, em faxina e terra, conhecido como Forte Velho, era apoiado por um Reduto, para complemento da sua defesa.
Bateria e Reduto holandeses da barra do cabo de Santo Agostinho - Localizavam-se sobre a barra do cabo de Santo Agostinho. Constituíam-se numa pequena arquitectura e um reduto de campanha em alvenaria de pedra, levantados por forças neerlandesas nas vizinhanças do Forte do Pontal. A, seu respeito Nassau, no "Breve Discurso", sob o tópico "Fortificações", comenta:
"(...) a bateria sobre a barra, que aí sempre existiu. É verdade que esta bateria não poderia ser defendida, se algum inimigo desembarcasse com bastante poder: é aberta por trás e não pode ser fechada, de modo que o inimigo poderia chegar até aí encobertamente, porque esta bateria fica abaixo de dois montes altos, donde se pode fazer fogo com mosquetes directamente contra ela, e não é possível livrá-la desse perigo por meio de uma muralha, por muito alta que se a faça. Para defender a mesma bateria há somente um reduto, que fica sobre o mais meridional daqueles dois montes [padrastos à bateria da barra], donde se faz fogo contra o outro, e assim se defende de algum modo a bateria da barra."
O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa:
"(...) a bateria ao pé do morro, na barra ou entrada do porto, construída de pedra, muito boa e segura para castigar os navios que entrarem, mas é aberta por detrás e não pode ser fechada de modo a oferecer aos que estejam no interior dela, garantia e cobertura, em consequência de dois altos morros abaixo dos quais está. Aí se encontram 3 peças de ferro de 4 libras."
Barléu transcreve a informação:
"(...) Na entrada da barra, ao sopé do monte, há uma bateria de mármore, com três canhões e muito conveniente para impedir a aproximação das naus. É aberta pelo lado de trás e não se poderá fechar por aí por causa dos morros bastante elevados e de uma e de outra banda, dos quais está muito próxima."
No século XVIII, o Governador e Capitão-general da Capitania de Pernambuco, Luís Diogo Lobo da Silva, reforçou as fortificações do litoral pernambucano tendo erguido trincheiras e redutos no Cabo de Santo Agostinho, inclusive reedificada a fortificação de Nazaré no outeiro ("Trincheiras e Redutos, que se fizeram por ordem do Ilmo. e Exmo. Sr. Luís Diogo Lobo da Silva, Governador e Capitão General das Capitanias de Pernambuco, desde antes de chegar ao Reduto de S. Francisco Xavier do Gaibú, até ao monte de Nossa Senhora de Nazaré, ficando dentro das ditas trincheiras e redutos que se fizeram, a ponta do Charco, a enseada da Calheta, seu Reduto em cima do monte (...) tudo feito na presença do mesmo senhor (...); c. 1762". Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa).
"(...) a bateria sobre a barra, que aí sempre existiu. É verdade que esta bateria não poderia ser defendida, se algum inimigo desembarcasse com bastante poder: é aberta por trás e não pode ser fechada, de modo que o inimigo poderia chegar até aí encobertamente, porque esta bateria fica abaixo de dois montes altos, donde se pode fazer fogo com mosquetes directamente contra ela, e não é possível livrá-la desse perigo por meio de uma muralha, por muito alta que se a faça. Para defender a mesma bateria há somente um reduto, que fica sobre o mais meridional daqueles dois montes [padrastos à bateria da barra], donde se faz fogo contra o outro, e assim se defende de algum modo a bateria da barra."
O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa:
"(...) a bateria ao pé do morro, na barra ou entrada do porto, construída de pedra, muito boa e segura para castigar os navios que entrarem, mas é aberta por detrás e não pode ser fechada de modo a oferecer aos que estejam no interior dela, garantia e cobertura, em consequência de dois altos morros abaixo dos quais está. Aí se encontram 3 peças de ferro de 4 libras."
Barléu transcreve a informação:
"(...) Na entrada da barra, ao sopé do monte, há uma bateria de mármore, com três canhões e muito conveniente para impedir a aproximação das naus. É aberta pelo lado de trás e não se poderá fechar por aí por causa dos morros bastante elevados e de uma e de outra banda, dos quais está muito próxima."
No século XVIII, o Governador e Capitão-general da Capitania de Pernambuco, Luís Diogo Lobo da Silva, reforçou as fortificações do litoral pernambucano tendo erguido trincheiras e redutos no Cabo de Santo Agostinho, inclusive reedificada a fortificação de Nazaré no outeiro ("Trincheiras e Redutos, que se fizeram por ordem do Ilmo. e Exmo. Sr. Luís Diogo Lobo da Silva, Governador e Capitão General das Capitanias de Pernambuco, desde antes de chegar ao Reduto de S. Francisco Xavier do Gaibú, até ao monte de Nossa Senhora de Nazaré, ficando dentro das ditas trincheiras e redutos que se fizeram, a ponta do Charco, a enseada da Calheta, seu Reduto em cima do monte (...) tudo feito na presença do mesmo senhor (...); c. 1762". Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa).
FORTIFICAÇÕES NA ILHA DE FERNANDO NORONHA
As fortificações da Ilha de Fernando de Noronha localizam-se na ilha homónima no oceano Atlântico, em águas territoriais brasileiras. O arquipélago de Fernando de Noronha está localizado abaixo do Equador, a cerca de 345 quilómetros da costa brasileira na altura do atual estado do Ceará, embora sob a jurisdição de Pernambuco. Composto por diversas ilhas de origem vulcânica, a maior delas e que dá nome ao arquipélago possui cerca de 17 quilómetros quadrados de superfície.
Descoberta provavelmente em 1502 por Fernão de Noronha, quando foi denominada como ilha de São João (ilha da Quaresma no Planisfério de Cantino, de fins de 1502), foi redescoberta pela segunda expedição de Gonçalo Coelho (1503-1504), quando passou a ser denominada como ilha de São Lourenço. Nos recifes que a circundam, naufragou, a 10 de agosto de 1503, a nau capitânia, onde viajava Gonçalo Coelho. Foi a primeira das capitanias do Brasil, doada (com o seu primeiro nome, de São João) a 24 de janeiro de1504 pelo rei D. Manuel I (1495-1521), e confirmada a 3 de Março de 1522 por D. João III (1521-1557), a Fernando de Noronha, como passou a ser conhecida, permanecendo na posse dos descendentes deste até meados do século XVII. Este comerciante liderou o consórcio privado que arrendou, por contrato, à Coroa Portuguesa, a exploração comercial do Brasil. Semelhante aos instituídos pelo rei D. Afonso V (1438-1481) no século anterior para a exploração da costa africana, nele está prevista a primeira disposição para fortificação do Brasil: "(…) e fazer uma fortaleza no [território] descoberto e mantê-la nos ditos três anos [do contrato] (…)." (carta de Pietro Rondinelli. Sevilha: 3 de Outubro de 1502.)
Durante a Dinastia Filipina (1580-1640), a ilha foi utilizada como escala pelos franceses da expedição de Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière, que aqui estiveram quinze dias a caminho da capitania do Maranhão em 1612, onde estabeleceriam a França Equinocial. No mesmo contexto, foi ocupada pelos neerlandeses (Dezembro de 1629) que, a caminho para a invasão da capitania de Pernambuco, aí ergueram uma pequena bateria de campanha, atribuída ao Capitão Cornelie Corneliszon Jol, artilhada com oito peças, dominando a baía de Santo Antônio, seu principal ancoradouro a norte. Por determinação do Superintendente da Guerra da capitania de Pernambuco, Matias de Albuquerque (c. 1590-1647), essa guarnição foi expulsa, em janeiro de 1630). Com a queda do Arraial Velho do Bom Jesus e do cabo de Santo Agostinho, os neerlandeses retornaram em 1635, reforçando posteriormente a artilharia do antigo reduto (1646), e retirando-se somente após a capitulação em Recife (1654). Em ambos os períodos de ocupação, os neerlandeses erigiram outras pequenas estruturas de fortificação na ilha, mas tanto estas, como o Reduto da baía de Santo Antônio permaneceram abandonados após 1654, arruinando-se naturalmente.
Considerada como uma possessão ultramarina insular portuguesa no Atlântico Sul (não pertencia à Colônia brasileira), pela Carta-régia de 24 de Setembro de 1700, o arquipélago foi incorporado à capitania de Pernambuco. Ocupada por forças da Companhia Francesa das Índias Ocidentais sob o comando do Capitão Lesquelin em fins de 1736, foi denominada "île Dauphine". Ciente do fato, a Coroa portuguesa determinou a sua retomada, colonização e fortificação, ao governador da capitania de Pernambuco, Henrique Luiz Pereira Freire Tibau, que o faz executar por uma força de duzentos homens sob o comando do Tenente-coronel João Lobo de Lacerda, no ano seguinte (6 de Outubro de 1737), sem encontrar resistência, iniciando-se a construção do Forte de Nossa Senhora dos Remédios de Fernando de Noronha, do Reduto de Santo Antônio de Fernando de Noronha e do Reduto de Nossa Senhora da Conceição de Fernando de Noronha, obras ampliadas a partir de 1741.
Lista de fortificações da ilha:
Forte de Nossa Senhora dos Remédios de Fernando de Noronha
Fortim da Praia da Atalaia de Fernando de Noronha
Reduto de Nossa Senhora da Conceição de Fernando de Noronha
Reduto de Santa Cruz do Morro do Pico de Fernando de Noronha
Reduto de Santana de Fernando de Noronha
Reduto de Santo Antônio de Fernando de Noronha
Reduto de São João Batista de Fernando de Noronha
Reduto de São Joaquim de Fernando de Noronha
Reduto de São José do Morro de Fernando de Noronha
Reduto de São Pedro da Praia do Boldró de Fernando de Noronha
Reduto do Bom Jesus de Fernando de Noronha
FORTIM DA PONTA DE CATUAMA
O Fortim da Ponta de Catuama localizava-se no extremo norte da ilha de Itamaracá, dominando a barra norte do canal de Santa Cruz (a barra de Catuama), no litoral do atual estado de Pernambuco, no Brasil.
Este fortim foi erguido por forças portuguesas, provavelmente desde o final do século XVI, com a função estratégica de defesa da barra norte do canal da ilha e do seu pequeno ancoradouro. No contexto segunda das invasões holandesas do Brasil (1630-1654), a "Memória" de 20 de Maio de 1630, oferecida ao governo neerlandês da capitania de Pernambuco por Adriaen Verdonck, cita:
"(...) há nessa ilha [de Itamaracá], em cima de um monte na entrada do rio, um pequeno reduto com 5 ou 6 peças que podem lançar balas de 6 a 7 libras e são chamadas meios-sacres."
Maurício de Nassau, no seu "Breve Discurso" datado de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", informa acerca desta estrutura:
"Na extremidade setentrional da mesma ilha [de Itamaracá], na entrada da barra do norte, há também um reduto com uma bateria que domina a dita entrada. Está assentado sobre um solo alto e pedregoso, pelo que não pode ter fossos fundos, mas está cercado de uma paliçada. Este reduto se acha inteiramente arruinado, e é forçoso que seja reconstruído."
O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa:
"Na entrada Norte do canal ou Barra de Catuama, está situado um reduto quadrangular, em uma pequena eminência, que serve para impedir a barra. Monta 3 pequenas peças de ferro."
De acordo com Bento, quando da contra-ofensiva portuguesa à ilha de Itamaracá, em Junho de 1646, o Sargento-mor Antônio Dias Cardoso foi o encarregado de atacar e arrasar as fortificações neerlandesas, o que foi cumprido, apresando dezoito peças de artilharia, e organizando redutos fronteiros à ilha com algumas dessas peças. Posteriormente, no século XVIII, o Governador e Capitão-general da Capitania de Pernambuco, Luís Diogo Lobo da Silva, reforçou as fortificações do litoral pernambucano tendo erguido um novo reduto na ponta da Catuama, fronteiro à barra, para a sua defesa ("Reduto que por ordem do Ilmo., e Exmo. Sr. Luís Diogo Lobo da Silva, Governador e Capitão General das Capitanias de Pernambuco mandou erigir em o lugar chamado da Catuama (...), tudo executado na presença do mesmo senhor; c. 1762". Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa).
"(...) há nessa ilha [de Itamaracá], em cima de um monte na entrada do rio, um pequeno reduto com 5 ou 6 peças que podem lançar balas de 6 a 7 libras e são chamadas meios-sacres."
Maurício de Nassau, no seu "Breve Discurso" datado de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", informa acerca desta estrutura:
"Na extremidade setentrional da mesma ilha [de Itamaracá], na entrada da barra do norte, há também um reduto com uma bateria que domina a dita entrada. Está assentado sobre um solo alto e pedregoso, pelo que não pode ter fossos fundos, mas está cercado de uma paliçada. Este reduto se acha inteiramente arruinado, e é forçoso que seja reconstruído."
O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa:
"Na entrada Norte do canal ou Barra de Catuama, está situado um reduto quadrangular, em uma pequena eminência, que serve para impedir a barra. Monta 3 pequenas peças de ferro."
De acordo com Bento, quando da contra-ofensiva portuguesa à ilha de Itamaracá, em Junho de 1646, o Sargento-mor Antônio Dias Cardoso foi o encarregado de atacar e arrasar as fortificações neerlandesas, o que foi cumprido, apresando dezoito peças de artilharia, e organizando redutos fronteiros à ilha com algumas dessas peças. Posteriormente, no século XVIII, o Governador e Capitão-general da Capitania de Pernambuco, Luís Diogo Lobo da Silva, reforçou as fortificações do litoral pernambucano tendo erguido um novo reduto na ponta da Catuama, fronteiro à barra, para a sua defesa ("Reduto que por ordem do Ilmo., e Exmo. Sr. Luís Diogo Lobo da Silva, Governador e Capitão General das Capitanias de Pernambuco mandou erigir em o lugar chamado da Catuama (...), tudo executado na presença do mesmo senhor; c. 1762". Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa).
FORTIM DA PRAIA DA ATALAIA DE FERNANDO NORONHA
O Fortim da Praia da Atalaia de Fernando de Noronha localizava-se na ilha de Fernando de Noronha, no arquipélago de mesmo nome, no estado de Pernambuco, no Brasil. Integrava a defesa do sector sudeste da ilha, dominando a enseada da praia da Atalaia. Desconhecido da historiografia tradicional brasileira em história das fortificações, acredita-se tratar-se de um posto de vigia (uma atalaia), defendendo a cacimba de água potável no local. Teria dado origem às atuais toponímias - "cacimba da Atalaia" e "praia da Atalaia". Esta estrutura figura em um mapa inglês da ilha de Fernando de Noronha, assinalada apenas com o nome de Forte.
FORTIM DE SANTA CRUZ DE OLINDA
O Fortim de Santa Cruz de Olinda localizava-se na praia dos Milagres, ao sul da cidade de Olinda, no litoral do atual estado de Pernambuco, no Brasil. Souza, acerca do Forte do Buraco (Forte de Madame Bruyne), esclarece que este, anteriormente à segunda das Invasões holandesas do Brasil, denominava-se Guarita de João Albuquerque, tendo participado da defesa de Olinda na ocasião (ver Forte de São Jorge Velho), sendo abandonado pelas forças neerlandesas quando da ofensiva final portuguesa ao Recife (1654). Barretto anota que em Olinda teria existido um fortim com o nome de Fortim de Santa Cruz, mais tarde denominado Guarita de João de Albuquerque, situado no local onde se acha o Convento de São Bento, que remonta a 1582. Este fortim teria sido reconquistado por forças portuguesas quando da retomada de Olinda em 1645. De acordo com o levantamento histórico do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco, parece correto acreditar que esta defesa foi erguida por determinação do governador e Capitão-General da Capitania de Pernambuco, Matias de Albuquerque (1590-1647), por Cristóvão Álvares, de 1620 a 1622, com o nome de Forte de Santa Cruz do Mar. Provavelmente de faxina e terra, e em precárias condições de conservação, como as demais defesas da Capitania, foi tomado pelas forças invasoras em 1630. Figura na cartografia neerlandesa de 1641 como Guarda dos Judeus. O fortim foi conquistado por forças portuguesas em 1645 quando da reconquista de Olinda, e recuperada pelos neerlandeses em seguida. Ao final da campanha, foi reconquistada definitivamente pelas forças portuguesas sob o comando do Capitão Braz de Barros, a 23 de Abril de 1648. De acordo com a mesma fonte, em 1763 o forte ainda existia, artilhado com duas peças de 25 libras, uma de 20, duas de 14, e duas de 10, guarnecida por 14 homens (Tenente Domingos dos Santos de Almeida, Sargento Ignácio Luiz do Ó, Condestável Francisco José Roiz, sete soldados do Regimento de Olinda e quatro soldados da Companhia de Artilharia). Figura na "Colecção de Mapas de vários regimentos da Capitania de Pernambuco" (cerca de 1763) sob o título Forte de Santa Cruz do Mar (Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa).
FORTIM DE SÃO FRANCISCO DE OLINDA
O Fortim de São Francisco de Olinda, também conhecido como Forte Montenegro e Fortim do Queijo, localiza-se na praia de São Francisco, em Olinda, no litoral do atual do atual estado de Pernambuco, no Brasil.
Na iminência da segunda das invasões holandesas do Brasil (1630-1654), a sua primitiva fortificação remonta a um reduto de campanha, em faxina e terra, erguido em fins de 1629 por determinação do Superintendente da Guerra da Capitania de Pernambuco Matias de Albuquerque (c. 1590-1647), artilhado com duas peças de bronze, para defesa do ancoradouro de Olinda. O francês Moreau, assim descreve a sua conquista em Fevereiro de 1630:
"(...) [as forças dos ricos comerciantes de Amsterdão na] Capitania de Pernambuco, tomaram de assalto em pleno meio-dia um forte na costa, no sopé de um monte, em cujo topo está construída a cidade de Olinda, a oito graus além da Linha [do Equador] e a uma légua do Recife (...)."
Ocupado por forças neerlandesas, foi mais tarde ampliado, com planta no formato de um polígono rectangular. Voltou a ser reocupado por forças portuguesas quando da reconquista de Olinda em 1648. No início do século XIX foi reconstruído em alvenaria pelo Governador e Capitão-general da Capitania de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro (1804-1817), pelo que ficou conhecido por Forte Montenegro.
MURALHAS DE MAURITS STADT
As Muralhas de Maurits Stadt envolviam a cidade Maurícia, que compreendia Antônio Vaz e o Recife de Olinda, na confluência dos rios dos Afogados, Capibaribe e Biberibe, atual cidade do Recife, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil.
"Maurits Stadt" foi o grande legado urbanístico do governo de Maurício de Nassau (1637-1644) no Brasil Neerlandês. Fruto do projecto de intervenção urbana de autoria de Pieter Post em 1639, foi materializado no traçado das ruas dos bairros de Santo Antônio (a velha Maurícia) e de São José (a nova), em pouco tempo repletas de residências e de mercados, onde se misturavam protestantes, católico se judeus. Sobre a defesa do "grande alojamento de Antônio Vaz", Nassau, no seu "Breve Discurso" de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", comenta:
"(...) Está cercado de uma muralha muito alta que, ao ocidente e ao noroeste tem dois baluartes inteiros, e se vai prender ao fosso do forte Ernestus por uma linha que a fecha. No sul, contra a praia, tem um meio baluarte, de onde surge uma asa ou linha que, correndo ao longo do rio [dos Afogados] e passando por diante do alojamento de S. Exa. vai terminar também no fosso do forte Ernestus, diante do qual fica em aberto. Este lugar está dividido em ruas e terrenos, onde muita gente tem começado a edificar, e muitas casas já estão acabadas; as ruas são alinhadas de modo que todas se abrem diante do forte Ernestus, que as domina, bem como as muralhas [do bairro]."
O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa, atribuindo-lhe a Companhia da Guarda de S. Exa. com um efectivo de 293 homens:
"(...) o grande alojamento ou vila [de Antônio Vaz], o qual do lado do forte Ernesto é aberto e do lado do continente é cercado por uma muralha alta, tendo dois baluartes e do lado do rio meio-baluarte e além disto, externamente um largo fosso. É projecto ou desígnio prolongar e ampliar a seu tempo essa muralha e também a vila, ou melhor, as construções, pois já quase não há lugar ou terrenos vagos ali do lado de dentro e já algumas casas são construídas do lado de fora: a muralha seria estendida até o forte Frederik Hendrik, ficando protegida assim a zona compreendida entre esses dois fortes, isto é o Ernesto e o Frederik Hendrik. Nessa muralha estão 5 peçazinhas de bronze, duas de 24 libras, 2 peçazinhas espanholas de 22 lb e uma espanhola de 16 lb."
As obras de "Maurits Stadt" foram concluídas em 1642. Pouco depois, o francês Moreau, acerca do período entre 1646-1648, testemunha:
"Na ponta do Recife este rio salgado [o canal exterior] se divide; uma parte de água no porto, outra penetra pela terra e a contorna num circuito de uma légua e meia, quase em oval, formando uma ilha do lado mais próximo e que fica situada no Recife; só se pode fazer um trajecto, sobre o qual mandaram construir uma ponte de madeira, e sobre a margem está construída uma outra cidade chamada, antigamente, pelos portugueses, Santo Antônio e, presentemente, pelos holandeses, Mauritsstadt ou Cidade Maurícia, cercada por bons baluartes de terra, com paliçadas em cima e em baixo, plataformas, meia-lua e revelim, duplos fossos e contra-escarpas e bem o mesmo número de casas que em Recife e com três praças d'armas muito mais bonitas, grandes e largas como as do Recife, onde são sempre mantidos mil homens de guarnição."
Após a capitulação neerlandesa (1654), essas estruturas de defesa não sobreviveram ao crescimento urbano do Recife.
PORTAS DO RECIFE DE OLINDA
As Portas do Recife de Olinda localizavam-se na cidade do Recife, no litoral do atual estado de Pernambuco, no Brasil. No contexto da segunda das invasões holandesas do Brasil (1630-1654), o Recife de Olinda, que se constituía no porto exportador mais importante da Capitania de Pernambuco, passou a ser o local de residência dos Altos e Secretos Conselheiros, e dos Conselheiros Políticos, que compunham a administração do Brasil Neerlandês. Aí se sediava o Quartel-General de Campanha da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais, bem como os armazéns gerais de munições de boca e de guerra, artilharia e mercadorias. Sobre a defesa da povoação do Recife de Olinda, Maurício de Nassau, no seu "Breve Discurso" datado de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", descreve:
"Trabalha-se em cercar e fechar este lugar [do Recife] com uma forte e bem flanqueante paliçada, já que a escassez de terreno não permite que, quer contra o lado do mar, quer contra o do rio interior [o rio Biberibe], seja cercado por uma muralha. Esta paliçada há-de custar seguramente de 8 a 10.000 florins, que esperamos obter das casas, terrenos, armazéns existentes aqui no Recife, tanto dos particulares quanto da Companhia. Na frente, sobre o caminho para a cidade de Olinda e contra o mar, há uma bateria murada de pedra, e contra o rio interior um reduto de terra, cujo sopé sai do rio e é formado de pedras soltas sem cal. Estas duas obras estão ligadas uma à outra por uma forte paliçada de madeira, e aí é a saída [da povoação]."
O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriaen van der Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa, atribuindo-lhe um efectivo de duas companhias totalizando 277 homens:
"O Recife (...), tem, em primeiro lugar, do lado do istmo que vem de Olinda, duas baterias, sendo que a que está do lado do porto ou do mar é uma bateria construída com pedras e a que está do lado do rio é construída com areia, sendo essas duas baterias ligadas uma à outra por meio de um fortim, no meio do qual fica a porta pela qual se entra e sai do Recife, de modo que o conjunto é uma espécie de hornaveque; nos seus flancos, fora das baterias ou hornaveque, há uma forte paliçada. Na bateria de pedra há 7 canhões de bronze, 1 de 16 libras (que é uma peça espanhola), 1 de 12 lb, 4 de 10 lb (dos quais 2 são espanhóis) e 1 de 6 lb bombarda, também espanhol, todos montados em suas carretas. Na bateria de terra estão 5 canhões de bronze, 1 de 22 lb, 1 de 18 lb, bombarda, 1 de 16 lb (peça espanhola comum), o quarto de 6 lb, bombarda, o quinto uma peça forjada de 6 lb, todos montados nas suas carretas e 2 peças de ferro de 5 lb. Este hornaveque domina toda a praia, tanto dela para fora como para dentro e alcança com suas balas a entrada da barra e o porto."
Barléu transcreve o Relatório de Dussen, complementando:
"(...) Da banda que entesta com Olinda, [Recife] tem diante de si dois baluartes em forma de obras cornutas, um de pedra, olhando para o mar e para o porto, o outro de terra, pondo para o rio. Une-os uma cortina que corre entre os dois, defendida por uma paliçada. No meio dela abre-se uma porta para dar passagem aos que saem do Recife ou nele entram. O baluarte de pedra protege-se com sete peças de bronze; o de terra, provido de cinco peças de bronze e duas de ferro, serve para segurança do interior da costa e do exterior do porto."
Note-se a semelhança destas "portas" com as portas de Macau, cidade com topografia e funções semelhantes, no Extremo Oriente português. Com relação à paliçada projectada à época de Nassau, o "Relatório (...)" de 1640, esclarece:
"Todo o Recife está também cercado por uma forte paliçada, com flancos bem guarnecidos, sendo que nos dois primeiros flancos ao longo do porto, partindo da bateria de pedra, fizeram-se duas baterias, a primeira próxima à casa da pólvora, com 1 peça de bronze de 12 lb, 1 de ferro de 5 lb e 1 de ferro de 3lb, estendendo-se a linha do lado de dentro da bateria de pedra e comandando o porto; um pouco adiante, próximo ao desembarcadouro, está a segunda bateria, com 1 peça de bronze de 12 lb e 1 de ferro de 8 lb."
Barléu, também a descreve:
"Uma bastida solidíssima mune o recife inteiro, em disposição conveniente para se jogar a artilharia. Erguem-se aí, junto da costa, duas baterias, uma próxima da casa da pólvora, debruçando-se sobre o porto; a outra ainda mais vizinha, ambas munidas de canhões de bronze e de ferro."
Os seus baluartes e muralhas encontram-se figurados no mapa de Frans Post (1612-1680) de "Mauritiopolis". Sobre a praça-forte em que Recife se transformou sob o domínio da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais, o francês Moreau, acerca do período entre 1646-1648, relata:
"Pode-se dizer que esta praça é a mais forte do Brasil e uma das mais fortes do mundo; (...) Dependem desta fortaleza várias outras; sua situação é maravilhosa e não poderia ser melhor escolhida."
Este mesmo autor descreve a conquista do Recife e a construção dos baluartes que defendiam o seu acesso pelo lado de Olinda:
"Depois dessa proeza [a conquista do Forte de Diogo Paes], foram um quarto de légua mais adiante, ao Recife, construído na ponta deste dique [o istmo de areia], que contava, então duzentas casas. Facilmente o tomaram e tendo-se assegurado, aí construíram bons baluartes de terra sobre as passagens do dique."
De acordo com Bento, o assédio final à praça-forte do Recife iniciou-se a 14 de Janeiro de 1654, estendendo-se até à Capitulação do Campo do Taborda (26 de Janeiro de 1654).
REDUTO CASA DE JOÃO PAIS BARRETO
O Reduto Casa de João Pais Barreto localizava-se na região a oeste do cabo de Santo Agostinho, no litoral sul do atual estado de Pernambuco, no Brasil. No contexto da segunda das invasões holandesas do Brasil (1630-1654), na residência deste proprietário no cabo de Santo Agostinho, teria sido erguido um Reduto de campanha. Efectivamente, nas quatro principais relações de engenhos de açúcar apresentadas pelos invasores à Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais - a de José Israel da Costa (1623), a de Willem Schott (1636), a de Maurício de Nassau (1638) e a de Adriaen van der Dussen (1644) -, no tocante à região do cabo de Santo Agostinho, figuram dois engenhos que pertenceram a João Pais Barreto. O "Inventário" de Schott, Conselheiro Político do Brasil Neerlandês entre 1633 e 1638, lança alguma luz sobre estas propriedades e seu estado à época:
"1 - Engenho Velho, pertencente a João Paes Barreto, fugido com Matias de Albuquerque, está situado uma milha [c. 5,5 km] a oeste do rio da Jangada, tem sua casa de purgar com paredes de alvenaria e o telhado é pela metade novo, mas o resto está arruinado. (...) a casa das caldeiras também tem paredes de alvenaria, mas o telhado está parcialmente destruído; a custo razoável poderá ser consertado, como também a moenda, ou o moinho, com o qual de mói a cana; a casa na qual morava o senhor do engenho está em muitos lugares desmoronada e não poderá ser recuperada e reconstruída senão com grande despesa; mói com água, mas o açude se rompeu e secou, o que se pode consertar com custo razoável. Se não houver inconveniências inesperadas, este engenho mói anualmente 10.000 a 11.000 arrobas de açúcar; tem uma milha de terra, em cujas várzeas é plantada a cana; (...). As caldeiras deste engenho foram encontradas jogadas no mato. (...) No mesmo engenho foram encontradas (...) na casa de purgar 1.503 formas de açúcar, (...) das quais 514 formas competem ao lavrador Luís de Paiva, mas porque, tanto pelos soldados do inimigo como pelos nossos muitas formas estavam quebradas, foi feito um acordo [da Companhia] com o mesmo de 480 formas (...). 2 - Engenho da Guerra, pertencente ao citado João Paes Barreto, fica a menos de meia milha [c. 2 km] ao sudoeste do seu mencionado Engenho Velho; este engenho mói com bois, tem duas moendas que anualmente moem 6.000 a 8.000 arrobas de açúcar; as canas crescem nos vales em redor do engenho, tendo a terra destinada para isto a extensão de uma milha; a casa de purgar tem paredes de taipa, como também um lado da casa das caldeiras, (...). Aqui não havia casa de morada para o senhor do engenho. (...)"
Por esta fonte, portanto, confirma-se que a casa mencionada por Barretto é a casa-grande do Engenho Velho, que estava arruinada em 1635-1636, e pela qual passaram sucessivamente soldados portugueses e neerlandeses durante os embates pela posse da região do cabo (1633-1635). Sob o tópico "Engenhos da freguesia do Cabo Santo Agostinho", no "Breve Discurso" da autoria de Nassau, datado de 14 de Janeiro de 1638, constam os dois engenhos confiscados a João Pais Barreto: o Engenho Velho e o Engenho Guerra. Este proprietário é dado como ausente nesta relação neerlandesa. Ambos os engenhos (um movido a água e outro a bois, respectivamente), moíam, isto é, estavam operando, tendo sido vendidos pela Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais a Nicholas de Ridder.
REDUTO DA BOA VISTA
O Reduto da Boa Vista localizava-se na ilha de Antônio Vaz, a noroeste do bairro de Santo Antônio, em "Maurits Stadt" (a cidade Maurícia), atual Recife, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil.
Este reduto foi erguido no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), anteriormente a 1637, dominando o ponto de travessia sobre o rio Capibaribe que ligava a ilha de Antônio Vaz ao continente. A seu respeito, Maurício de Nassau, no seu "Breve Discurso" de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", comenta:
"A um tiro de arcabuz do forte Frederik Hendrik, para o lado do noroeste, fica, junto ao [rio] Capibaribe, um reduto, que serve de guarda avançada para se descobrir se o inimigo tenta atravessar o rio."
Certamente um dos pequenos redutos que figuram no mapa da ilha de Antônio Vaz (Recife) de Frans Post (1612-1680) sem identificação pelo lado do rio Capibaribe (1637), o seu local figura no mapa "A Cidade Maurícia em 1644", de Cornelis Golijath, como "Schoonzigt" (Bela Vista), futuro bairro da Boa Vista. Não há informações posteriores sobre esta estrutura, absorvida pelo progresso urbano do Recife. Garrido registra uma Torre da Boa Vista, estrutura remanescente do arrasado Palácio da Boa Vista (o "Schoonzigt" de Nassau), que estaria artilhada com duas peças, quando do cerco final por tropas portuguesas (1653-1654) ao Recife. De acordo com o autor, os seus vestígios podiam ser observados à época (1940), bem conservados, engastados no bloco do Convento dos Carmelitas, naquela cidade.
REDUTO DE NAZARÉ DA MATA DO RIO AI
O Reduto de Nazaré da Mata do Rio Ai localizava-se na foz do rio Ai, no litoral do atual estado de Pernambuco, no Brasil. No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), esta fortificação, provavelmente uma bateria de campanha com a função estratégica de defesa daquele ancoradouro, foi atacada, sem sucesso, por forças neerlandesas sob o comando de Sigismund van Schkoppe (1632).
REDUTO DE N. S. DA CONCEIÇÃO DE FERNANDO NORONHA
O Reduto de Nossa Senhora da Conceição de Fernando de Noronha localiza-se na ilha de Fernando de Noronha, no arquipélago de mesmo nome, no estado de Pernambuco, no Brasil. Erguido em posição dominante sobre a praia da Conceição, integrava a defesa do sector norte da ilha, cooperando para esse fim com o Reduto de Santa Cruz do Morro do Pico de Fernando de Noronha. Foi erguido a partir de fins de 1737, com planta do Engenheiro militar Diogo da Silveira, sob a direcção do Tenente-coronel João Lobo de Lacerda, no formato de um trapézio com dois edifícios no terrapleno pelo lado de terra. Esteve guarnecido por um Alferes e trinta e dois praças, e artilhado com dez peças de ferro de diferentes calibres. A sua planta, colorida, é vista em anexo a documento de 12 de Dezembro de 1739. Um mapa inglês da ilha de Fernando de Noronha, exibe o Forte da Conceição dominando a enseada e a praia do Cachorro em posição oposta ao Forte de Nossa Senhora dos Remédios de Fernando de Noronha a nordeste, e as praias do Meio e da Conceição, a sudoeste.
REDUTO DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ
O Reduto de Nossa Senhora de Nazaré localizava-se no outeiro, na povoação de Nossa Senhora de Nazaré, no cabo de Santo Agostinho, no litoral sul do atual estado de Pernambuco, no Brasil. Há uma certa confusão entre os estudiosos sobre a(s) fortificação(ões) denominada(s) "de Nazaré", no cabo de Santo Agostinho, no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654): o Forte do Pontal de Nazaré, sobre o pontal, e o Reduto de Nossa Senhora de Nazaré, no alto do morro, na vila de mesmo nome. Em termos estratégicos, o primeiro foi mais importante na região do cabo, cobrindo o ponto de desembarque de reforços e suprimentos portugueses e espanhóis na sua contra-ofensiva de 1631. A conquista neerlandesa do Cabo deu-se em 1635. Sobre o Reduto de Nossa Senhora de Nazaré, Maurício de Nassau, no "Breve Discurso" de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", reporta:
"A [fortificação] que o inimigo [português e espanhol] levantou em torno da Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, sita sobre o monte mais alto do Cabo [de Santo Agostinho], há muito foi arrasada por imprestável."
No século XVIII, o Governador e Capitão-general da Capitania de Pernambuco, Luís Diogo Lobo da Silva, reforçou as fortificações do litoral pernambucano tendo erguido trincheiras e redutos no Cabo de Santo Agostinho, inclusive reedificado a fortificação de Nazaré no outeiro ("Trincheiras e Redutos, que se fizeram por ordem do Ilmo. e Exmo. Sr. Luís Diogo Lobo da Silva, Governador e Capitão General das Capitanias de Pernambuco, desde antes de chegar ao Reduto de S. Francisco Xavier do Gaibú, até ao monte de Nossa Senhora de Nazaré, ficando dentro das ditas trincheiras e redutos que se fizeram, a ponta do Charco, [a] enseada da Calheta, seu Reduto em cima do monte (...) tudo feito na presença do mesmo senhor (...); c. 1762". Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa).
REDUTO DE S. CRUZ DO MORRO DO PICO DE FERNANDO NORONHA
O Reduto de Santa Cruz do Morro do Pico de Fernando de Noronha, também referido simplesmente como Fortim do Pico, localizava-se na ilha de Fernando de Noronha, no arquipélago de mesmo nome, no estado de Pernambuco, no Brasil. Erguido no sopé do Morro do Pico, integrava a defesa do sector noroeste da ilha, com a função de evitar qualquer eventual desembarque inimigo na praia da Conceição, cooperando com o Reduto de Nossa Senhora da Conceição de Fernando de Noronha, na outra extremidade da praia, a nordeste. Esta estrutura não consta do mapa inglês da ilha de Fernando de Noronha, baseado em informações francesas de 1760, sendo possivelmente contemporâneo do Reduto de São Pedro da Praia do Boldró de Fernando de Noronha e do Reduto de São João Batista de Fernando de Noronha (c. 1757).
REDUTO DE SANTANA DE FERNANDO NORONHA
O Reduto de Santana de Fernando de Noronha, também referido como Parque de Santana ou Reduto do Armazém, localizava-se na ilha de Fernando de Noronha, no arquipélago de mesmo nome, no estado de Pernambuco, no Brasil.
Erguido na praia do Cachorro, integrava a defesa do sector norte da ilha, e destinava-se à defesa da vila do Cachorro, vizinha ao Forte de Nossa Senhora dos Remédios de Fernando de Noronha, de acordo com o Relatório do 2º Tenente Paulo Amberim de Paiva. Esta estrutura não consta do mapa inglês da ilha de Fernando de Noronha, baseado em informações francesas de 1760, sendo possivelmente contemporâneo do Reduto de São Pedro da Praia do Boldró de Fernando de Noronha e do Reduto de São João Batista de Fernando de Noronha (c. 1757).
REDUTO DE SANTO ANTÓNIO DE FERNANDO NORONHA
O Reduto de Santo António de Fernando de Noronha, também referido como Fortim de Santo Antônio, localizava-se no extremo nor-noroeste da ilha de Fernando de Noronha, no arquipélago de mesmo nome, no estado de Pernambuco, no Brasil. Em posição dominante na praia de Santo Antônio, integrava a defesa da baía de Santo Antônio, principal ancoradouro da ilha. Erguido a partir de fins de 1737 com planta do Engenheiro militar Diogo da Silveira, sob a direcção do Tenente-coronel João Lobo de Lacerda, recebeu a forma de um trapézio, com oito canhoneiras e duas edificações no terrapleno, pelo lado de terra, conforme planta colorida da época ("Planta do Forte de Santo Antônio, sobre o porto principal da ilha de Fernando de Noronha, fundado sobre uma rocha a prumo", c. 1739. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa). Do mesmo modo que o Reduto de Nossa Senhora da Conceição de Fernando de Noronha, deve ter sofrido acréscimos em 1741, uma vez que, em planta posterior, figuram dez canhoneiras nas suas baterias e uma terceira edificação no terrapleno. Esteve guarnecido por um Capitão e trinta e três praças, e artilhado com dez peças de ferro de diferentes calibres. Encontra-se figurado como Forte de Santo Antônio, em um mapa inglês da ilha de Fernando de Noronha.
REDUTO DE S. JOÃO BATISTA DE FERNANDO NORONHA
O Reduto de São João Batista de Fernando de Noronha, também referido como Fortim de São João ou Reduto Dois Irmãos, localizava-se na ilha de Fernando de Noronha, no arquipélago de mesmo nome, no estado de Pernambuco, no Brasil. Em posição dominante na encosta do morro Dois Irmãos, integrava a defesa do sector Noroeste da ilha. Cruzava fogos com o Reduto de São Pedro da Praia do Boldró de Fernando de Noronha, na defesa das praias da Cacimba do Padre e praia do Sancho, as últimas do chamado "mar de dentro" onde era possível um desembarque.
Foi erguido a partir de 1757 com planta no formato de um polígono trapezoidal com três baterias, com acesso por um revelim de ponte levadiça. Sobre o terrapleno, pelo lado de terra, erguiam-se dois edifícios. Foi guarnecido à época por um 1º Sargento e treze praças, e artilhado com seis peças de ferro. Figura em um mapa inglês da ilha de Fernando de Noronha, com o nome de Forte de São Joaquim, tradicionalmente localizado pela historiografia brasileira em história das fortificações, no lado oposto da ilha, onde o mesmo mapa exibe um forte com o nome de Forte Sul (ver Reduto do Bom Jesus de Fernando de Noronha).
REDUTO DE S. JOAQUIM DE FERNANDO NORONHA
O Reduto de São Joaquim, também referido como Fortim de São Joaquim ou Reduto do Sueste, localiza-se na ilha de Fernando de Noronha, no arquipélago de mesmo nome, no estado de Pernambuco, no Brasil. Em posição dominante na baía do Sueste, integrava a defesa do sector sueste da ilha. Este reduto, erguido a partir de 1739, apresentava planta no formato de um polígono quadrangular regular, com três baterias, com acesso por um pequeno revelim. Foi guarnecido por um Sargento e treze praças, e artilhado com oito peças de ferro. Encontra-se indicado no mapa inglês da ilha de Fernando de Noronha, com o simples nome de Forte, não sobre a ponta Sul como comumente indicado, mas sim sobre a praia, próximo à foz de um riacho, indicado como bom para aguada.
REDUTO DE S. JOSÉ DO MORRO DE FERNANDO NORONHA
O Reduto de São José do Morro, também referido como Fortim de São José do Morro, localiza-se na ilha São José, no arquipélago de Fernando de Noronha, no estado de Pernambuco, no Brasil. Em posição dominante no extremo norte na baía de Santo Antônio, cruzava fogos com o Forte de Nossa Senhora dos Remédios de Fernando de Noronha. Foi erguido de 1758 a 1761 como complemento da defesa da baía de Santo Antônio, principal ancoradouro da ilha. Possuía baterias corridas, à barbeta, portão monumental em cantaria lavrada, capela, dependências para Quartel do Comando e Quartel da Tropa, cisterna, Casa da Pólvora, e calabouços em arcada, sob as baterias. Esta estrutura figura em um mapa inglês da ilha de Fernando de Noronha, com o nome de Ilha do Forte.
REDUTO DE S. PEDRO DA PRAIA DO BOLDRÓ DE FERNANDO NORONHA
O Reduto de São Pedro da Praia do Boldró de Fernando de Noronha, também referido como Fortim Boldró, localizava-se na ilha de Fernando de Noronha, no arquipélago de mesmo nome, no estado de Pernambuco, no Brasil. Em posição dominante sobre a praia do Boldró, a nordeste, e a praia da Quixaba, a sudoeste, integrava a defesa do sector noroeste da ilha. Do mesmo modo que Reduto de São João Batista de Fernando de Noronha com o qual cruzava fogos na defesa da praia da Quixaba, foi erguido com planta no formato de um polígono trapezoidal com três baterias, com acesso por um revelim com ponte levadiça, presumivelmente na mesma época (c. 1757), guarnecido e artilhado, também presumivelmente, de forma semelhante. Esta estrutura não consta do mapa inglês da ilha de Fernando de Noronha, baseado em dados franceses de 1760.
REDUTO DE TEJUCUPAPO
O Reduto de Tejucupapo localizava-se em São Lourenço de Tejucupapo, atual município de Goiana, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil. No contexto segunda das invasões holandesas do Brasil (1630-1654), constituiu-se em um reduto de campanha erguido por forças portuguesas, com a função estratégica de defesa daquela povoação agrícola, tradicionalmente dedicada ao plantio da mandioca. Souza, destaca a resistência, até à morte, dos trinta homens que o guarneciam, sob o comando do Capitão Agostinho Nunes, ante o assalto das forças neerlandesas da esquadra do Almirante Joan Cornellizon Lichthart, em Setembro de 1645. No ano seguinte, uma força neerlandesa estimada em seiscentos homens tentou um novo assalto ao povoado, em busca de víveres. Feriu-se, assim, a chamada batalha do Monte das Trincheiras, em 24 de Abril de 1646, em que se destacaram as mulheres da povoação.
REDUTO DO BOM JESUS DE FERNANDO NORONHA
O Reduto do Bom Jesus de Fernando de Noronha, também referido como Fortim do Bom Jesus ou Reduto do Leão, localizava-se na ilha de Fernando de Noronha, no arquipélago de mesmo nome, no estado de Pernambuco, no Brasil. Em posição dominante sobre a praia do Leão, integrava a defesa do sector sudoeste da ilha. Erguido a partir de 1778, a sua planta apresentava o formato de um polígono pentagonal irregular.
REDUTO DO RIO FORMOSO
O Reduto do Rio Formoso localizava-se à margem direita, cerca dois quilómetros acima da foz do rio Formoso, entre os povoados da barra do rio Formoso e da Pedra, no litoral do atual estado de Pernambuco, no Brasil. No contexto da segunda das invasões holandesas do Brasil (1630-1654), foi erguido como um reduto de campanha em 1632 por Matias de Albuquerque (1590-1647), com a função estratégica de defesa daquele ancoradouro. Guarnecida por vinte homens sob o comando do Capitão Pedro de Almeida Albuquerque, e artilhada com duas peças, resistiu a três assaltos por um destacamento neerlandês, sob o comando de Sigismund van Schkoppe. Foi finalmente conquistada no quarto assalto, a 7 de Fevereiro de 1633, quando dezoito dos seus defensores já estavam mortos, e o seu capitão, juntamente com seu primo Jerónimo de Albuquerque, gravemente feridos. Os atacantes computaram oitenta baixas.
REDUTO DOS MARCOS
O Reduto dos Marcos localizava-se na localidade de Barra dos Marcos, junto à barra sul do canal de Santa Cruz, atual município de Igarassu, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil. As pesquisas arqueológicas do provável sítio da feitoria de Itamaracá iniciaram-se no final da década de 1960, após uma forte ressaca marítima ter colocado a descoberto vestígios de antigos muros de pedra. Uma campanha teve lugar em 1967 sob a direcção do Prof. Marcos de Albuquerque, da Universidade Federal de Pernambuco, quando foram identificados restos de cerâmica indígena e europeia, pregos, facas e balas de arcabuz, bem como alicerces de pedra argamassada. O Forte dos Marcos foi estudado por Mário Melo.
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