Larache
(24 de Julho de 1504)
A partir da descoberta do caminho marítimo, da Europa para a Índia multiplicaram-se os ataques dos piratas marroquinos, argelinos, tunisinos, franceses e, mais tarde, ingleses contra as naus portuguesas que regressavam a Lisboa ricamente carregados com os produtos do Oriente, bem como contra os navios portugueses e estrangeiros que levavam esses mesmos produtos de Lisboa para o mar do Norte e para o Mediterrâneo. Para proteger o comércio maritimo tornou-se habitual, a partir do reinado de D. Manuel I, manter permanentemente em cruzeiro três esquadras; uma nas costas de Portugal, outra nas proximidades do estreito de Gibraltar, para impedir aos piratas argelinos e tunisinos a saída do Mediterrâneo, e uma terceira na zona dos Açores, para dar protecção directa às naus da Índia que na torna-viagem tinham de ir tomar a latitude daquele arquipélago. Numerosos deveriam ter sido os combates travados pelas referidas esquadras contra os piratas e corsários das diversas nacionalidades, mas são poucos os relatos que acerca deles chegaram até nós.
Um desses combates foi o que travou a esquadra do Estreito a 24 de Julho de 1504, no porto de Larache, contra piratas marroquinos. Compunha-se a dita esquadra de três caravelas, sob o comando de Garcia de Melo, quando o governador de Arzila, D. João de Menezes, tendo conhecimento de que Larache, ninho de piratas mouros, se encontravam quatro caravelas portuguesas por eles apresadas, resolveu tentar recuperá-las. Para isso armou três caravelas que estavam em Arzila e juntando-se à esquadra de Garcia de Melo convenceu-o a irem ambos atacar Larache.
Ao alvorecer do dia 24 de Julho, encontrava-se a pequena armada portuguesa à vista daquela cidade, sendo recebida com intenso fogo de artilharia, principalmente de uma bateria que defendia o acesso ao porto interior. D. João de Menezes ordenou que uma das caravelas, que para o efeito já ia com o costado protegido por colchões e sacos de lã para diminuir o efeito dos projécteis inimigos, fosse atacar a bateria de perto, ao mesmo tempo que as restantes, a coberto desta acção, forçavam a entrada. Atingido o ancoradouro, as nossas caravelas, fundearam, começando logo a desembarcar os soldados que transportavam. Os navios inimigos estavam varados na praia, tendo no meio deles as quatro caravelas portuguesas que haviam apresado. Ali se travou um feroz combate, acabando os mouros por ser desbaratados. Os portugueses conseguiram recuperar uma das suas caravelas e capturarm cinco galeotas e dois bergantins mouros. Não podendo pôr a nado as outras três caravelas e uma grande galé que haviam tomado, lançaram-lhes o fogo. Depois do sucesso alcançado, fizeram-se de novo ao mar, seguindo D. joão de Menezes para Arzila, com as presas e a caravela recuperada, e Garcia de Melo para a sua zona habitual de cruzeiro.
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