quarta-feira, dezembro 23, 2015

Afonso VII de Leão e Castela



Afonso VII de Leão e Castela, o Imperador (Caldas de Reis, 1 de março de 1105 - Viso del Marqués? 21 de agosto de 1157), foi o primeiro Rei da Casa de Borgonha. Rei da Galiza a partir de 1111, Rei de Leão a partir de 1126, Rei de Castela e de Toledo a partir de 1127, e Imperador da Hispânia a partir de 1135. Era filho de Raimundo de Borgonha, Conde da Borgonha e de Urraca I de Leão e Castela, filha do Rei Afonso VI de Leão e Castela e de Constança da Borgonha. O seu Reinado, o primeiro da dinastia de Borgonha nesses Reinos, caracterizou-se pela tentativa de hegemonia de toda a Península Ibérica, fracassada pela Independência de Portugal, pela criação da Coroa de Aragão e pela resistência moura ao invasor cristão. Rei de Galiza, Leão e Castela. Em 1111 Afonso foi Coroado Rei da Galiza pelo Bispo D. Diego Gelmírez e pelo Conde de Trava, Pedro Froilaz de Trava, pai de Fernão Peres de Trava, na Catedral de Santiago de Compostela. Apesar de ser uma criança na altura, esta terá sido a forma de D. Urraca, então num casamento conflituoso com Afonso I de Aragão, tentar assegurar que o seu filho lhe sucederia. A 10 de Março de 1126, depois da morte da sua mãe, Afonso foi coroado Rei de Leão e imediatamente começou o conflito com o «Batalhador» pela posse do Reino de Castela, que recuperou pelas Pazes de Tâmara em 1127. Por esta altura, Afonso teve de enfrentar várias rebeliões nos territórios mais próximos a do Reino de Aragão, devido à autonomia obtida por estes durante o Reinado de D. Urraca e, em 1128 casou-se com Berengária de Barcelona, filha do Conde Raimundo Berengário III de Barcelona e da Condessa Dulce de Geuvadun da Provença, e irmã de Raimundo Berengário IV de Barcelona. Império hispânico. Quando o seu rival Afonso I de Aragão e Navarra morreu em 1134, deixou os seus Reinos em Testamento às Ordens Militares, o que não agradou à nobreza de ambos. D. Garcia Ramires foi eleito Rei de Navarra e, apesar de Afonso VII ser um pretendente a essa coroa, os nobres de Aragão escolheram D. Ramiro II. D. Afonso VII respondeu com a ocupação de La Rioja e a conquista de Saragoça que, a partir deste momento tem o seu Brasão integrado no do Reino de Leão. Após várias escaramuças, D. Afonso derrotou o Exército Navarro-Aragonês, submeteu os Reinos à vassalagem e, apoiado por nobres do norte dos Pirenéus controlou grandes territórios do sul da França até ao Rio Ródano. Na sua política para o leste da Península Ibérica também ajudou, o Conde de Barcelona, Raimundo Berengário IV na sua luta contra os Condados Catalães, obtendo a sua vassalagem e unificando a Marca Hispânica. Uma antiga tradição atribuía o título de Imperador ao soberano de Leão. Sancho, o Grande considerava a Cidade “imperiale culmen” e, depois de ser Coroado nesta, cunhou moeda com a inscrição “Imperator totius Hispaniae”. Este soberano era considerado o descendente direto dos Reis visigodos, representantes, eles mesmos do Império Romano. Mas apesar de este título ser usado no Rol dos Governantes de Leão, particularmente por D. Afonso VI de Castela e por Afonso VII, o Batalhador, era considerado pouco mais que um embelezamento honorífico. Em 1135 D. Afonso VII fez-se Coroar Imperador, na Catedral de Leão, pelo Antipapa D. Anacleto II, tendo os vários Reis peninsulares, com a exceção de D. Afonso Henriques, lhe prestado vassalagem. Expressava assim a sua pretensão à hegemonia da Península Ibérica e à exclusividade da Reconquista. Mas em 1143 foi forçado a reconhecer pelo «Tratado de Zamora» a Independência de Portugal sob D. Afonso Henriques, e também o casamento do Duque Raimundo Berengário IV de Barcelona com a Rainha Petronila de Aragão, que uniu o Reino de Aragão com os Condados da Catalunha, criando a Coroa de Aragão. Com este último assinaria em 1151 o «Tratado de Tudilén», que estabelecia os limites da reconquista para os dois estados. Don Afonso VII era um Rei Devoto. Trouxe a Ordem de Cister para o seu Reino com a fundação de um Mosteiro em Fitero e desejava expulsar os Mouros da Península Ibérica. Desde 1139, D. Afonso VII empreendia expedições e saques contra os povoados Almorávidas, com o intuito de provocar a revolta destes. Chegou a Córdoba em 1144 mas, a partir da Invasão do Califado Almóada em 1146, foi obrigado a formar um pacto com o Soberano Almorávida e a fortificar a fronteira contra o novo poder mouro. Depois de o Papa Eugénio III convocar a Segunda Cruzada em 1145, D. Afonso VII, em coligação com o Reino de Aragão e Navarra e com o Ducado de Barcelona, tomou a Cidade de Almeria em 1147, o primeiro Porto Mediterrânico de Castela. Em 1157 os Almóadas recuperaram Almeria. D. Afonso VII voltava de uma expedição contra o Inimigo Mouro quando morreu em 21 de Agosto de 1157, no regresso a Leão. Pensa-se que tenha passado a noite em Viso del Marqués e morrido ali. É curioso que o poderoso Rei que pretendia a Unificação da Península Ibérica, depois de falhar em tantas frentes como a Independência de Portugal, surgimento da Coroa de Aragão, a subida ao poder dos aguerridos Almóadas, sucedendo ao enfraquecido poder Almorávida e acabou por dividir o seu Reino entre os seus dois filhos, legando o Reino de Castela ao primogénito D. Sancho e o Reino de Leão a D. Fernando.

Do seu casamento com a Condessa D. Berengária de Barcelona nasceram.

1º D. Sancho III de Castela (1134-1158), Rei de Castela foi casado com D. Branca Infanta de Navarra.

2º D. Raimundo de Castela (c. 1136-antes de 1151).

3º D. Sancha de Castela (1137-1179), casada em 1157 com o Rei Sancho VI de Navarra.

4º D. Fernando II de Leão (1137-1188), Rei de Leão.

5º D. Constança de Castela (1141-1160), casada em 1154 com o Rei Luís VII de França.

6º D. Garcia de Castela (c. 1142-1146).

7º D. Afonso de Castela (1145-1149).

Em Julho de 1152 casou-se com a Donna Richilda da Polónia, filha do Duque Vladislau II, o Desterrado, de quem teve.

8º D. Fernando de Castela (1153-1155).

9º D. Sancha de Castela (1156-1208), casada em 18 de Janeiro de 1174 com o Rei Don Afonso II de Aragão.

Dos seus amores com a Donna Gontrode Pérez (c. 1105-1186), nasceu.

10º D. Urraca Afonso, a Asturiana (1132-1189), casada em 1144 com o Rei Garcia Ramires de Pamplona o Restaurador.

Dos seus amores com a Condessa Urraca Fernandez de Castro, filha do Conde Fernando Garcia de Hita, nasceu.

11º D. Estefânia Afonso de Castela (c. 1139/1148-1 de Julho de 1180), casada com o Conde Fernando Rodrigues de Castro "o Castelhano".

Tratados

Don Afonso Henriques, não usou, entre 1128 e 1139, o título de Rei, mas de "Príncipe" ou de "Infante", o que significa, decerto, que não podia resolver por si próprio a questão da sua categoria política, isto é devia admitir que ela dependesse também do assentimento do Rei Don Afonso VII, que era, de facto, o Herdeiro Legítimo de Afonso VI. Mas também não usou nunca o título de "Conde", que o colocaria numa nítida posição de dependência para com o Rei de Leão e Castela.

Tratado de Tui

O Tratado de Tui foi celebrado em 1137 entre o Rei Don Afonso VII de Castela e Leão e seu primo, o Infante D. Afonso Henriques de Portugal, como termo das hostilidades, e do qual resta uma notícia em Tui. Segundo parece, D. Afonso Henriques, sabendo que o imperador se encontrava em má posição no conflito com o Rei de Navarra, aproveitou a oportunidade favorável para, de acordo com este, entrar com o seu Exército na Galiza, tomando a Cidade de Tui, apossando-se de alguns Castelos por traição de quem os defendia e causando vários estragos na região. O Rei Don Afonso VII recuperou a Cidade de Tui. Vitorioso na «Batalha de Ourique», em 1139, e elevado e louvado pelos seus Cavaleiros, Nobres, Clérigos e Peões que estavam com ele, nomearam-no Rei de Portugal. Don Afonso Henriques de Portugal beneficiou da acção desenvolvida, em favor da constituição do novo Reino de Portugal, pelo Arcebispo de Braga, D. João Peculiar. Este procurara conciliar os dois primeiros e fez com que eles se encontrassem em Zamora nos dias 4 e 5 de Outubro de 1143 na presença do Cardeal Guido de Vico. Em Zamora foi revogado o anterior «Tratado de Tui» datado de 1137.

Tratado de Zamora


O «Tratado de Zamora» foi um Diploma resultante da Conferência de Paz entre o Rei Don Afonso Henriques de Portugal e seu primo, o Imperador Don Afonso VII de Leão e Castela. Celebrado a 5 de Outubro de 1143, esta é considerada como a data da Independência de Portugal e o início da Dinastia Afonsina. Este dia é feriado nacional, que esteve suspenso, mas entretanto já reposto, em Portugal. No entanto, antes da suspensão, oficialmente era comemorada a implantação da República, em Portugal, em 1910. Nesse dia, simpatizantes da Causa Monárquica costumam celebrar, por seu lado, o Nascimento do Reino de Portugal, em 1143. Pelos termos do tratado, Afonso VII concordou em que o Condado Portucalense passasse a ser Reino, tendo D. Afonso Henriques como seu «Rex» Rei. Embora reconhecesse a Independência, o Rei D. Afonso I continuava a ser vassalo, pois D. Afonso VII para além de ser Rei de Leão e Castela considerava-se Imperador de toda a Hispânia. A soberania portuguesa, reconhecida por Don Afonso VII em Zamora, veio a ser confirmada pelo Papa Alexandre III só em 1179, mas o título de Rex, que D. Afonso Henriques usava desde 1140, foi confirmado em Zamora, comprometendo-se então o monarca português, ante o Cardeal, a considerar-se Vassalo da Santa Sé, obrigando-se, por si e pelos seus descendentes, ao pagamento de um Censo Anual. A partir de 1143 D. Afonso Henriques vai enviar ao Papa remissórias declarando-se seu vassalo lígio e comprometendo-se a enviar anualmente uma determinada quantia de ouro. As negociações vão durar vários anos, de 1143 a 1179. Os usos peninsulares deviam ser bastante flexíveis quanto à designação de um membro da Família Real como "Rei". A Cúria Romana, porém, tinha concepções diferentes a esse respeito. A Chancelaria Pontifícia atribuía uma importância cada vez maior às noções jurídicas rigorosas e precisas. Apesar do Imperador Afonso VII não ver inconveniente em chamar Rei a seu primo, parecia, decerto, aos canonistas da Cúria Romana que não estava provada a sua verdadeira independência. Em 1179 o Papa Alexandre III envia a D. Afonso Henriques a "Bula Manifestis probatum", na qual o Papa aceita que D. Afonso Henriques lhe preste Vassalagem Direta, reconhece-se definitivamente a Independência do Reino de Portugal sem vassalagem em relação ao Rei D. Afonso VII de Leão e Castela, pois nenhum vassalo podia ter dois Senhores Diretos, e Don Afonso Henriques como Primeiro Rei de Portugal, ou seja, Don Afonso I Rei de Portugal.

Torneio de Arcos de Valdevez



O chamado «Torneio de Arcos de Valdevez» também conhecido por «Recontro de Valdevez» foi um decisivo episódio da História de Portugal ligado à fundação da nacionalidade. O episódio teve lugar possivelmente no início de 1140, na chamada “Veiga da Matança”, às margens do Rio Vez «Tributário do Rio Lima», em Arcos de Valdevez, quando o Rei de Portugal D. Afonso Henriques, após a vitória na «Batalha de Ourique» em 1139, rompeu a paz de Tui de 1137 e invadiu a Galiza. Em resposta, as forças do Rei Afonso VII de Leão e Castela entraram em terras portuguesas, arrasando os Castelos à sua passagem, descendo as montanhas do Soajo em direção a Valdevez. Para evitar a «Batalha Campal», foram selecionados os melhores cavaleiros de ambos os lados para lutarem entre si num «Torneio» ou «Justa», conforme o uso na Idade Média. A sorte das armas pendeu para o lado português, tendo os cavaleiros leoneses ficado detidos, conforme o Código da Cavalaria Medieval. De acordo com o professor Torquato Sousa Soares, da Universidade de Coimbra, a escaramuça ou “bafordo” da Portela de Vez teve lugar em 1137 e contribuiu para a celebração da paz de Tui, em julho daquele ano. Outros autores consideram o episódio como o passo decisivo e a última etapa para o Nascimento de Portugal, sendo o antecedente da celebração do «Tratado de Zamora» em 1143. Depois do «Torneio de Valdevez», onde saem vencedores os cavaleiros de Don Afonso Henriques, este aproveita as boas graças da Igreja, e, por intermédio do Arcebispo de Braga, D. João Peculiar, faz que o Papa Inocêncio II aceite a sua vassalagem contra o pagamento de um «censo», quantia que os reis pagavam ao Papa de quatro onças de ouro «124g», por ano. O Arcebispo envia o Cardeal Guido de Vico junto de Don Afonso VII, obtendo deste, no «Tratado de Zamora», o título de Rei, que D. Afonso Henriques passa a usar, graças ao «Torneio de Valdevez», e no papel, de facto e de direito, em 1143. Segundo a «Lenda», nesta Batalha foi encontrada uma relíquia sagrada, denominado “Santo Lenho”, que segundo a fé cristã crê-se que seja um pedaço retirado da Cruz onde Cristo foi crucificado. Esta relíquia encontra-se na Freguesia de Grade, na Igreja Matriz, num sacrário com duas portas fechado a sete chaves todas elas diferentes. O dia da sua veneração é sempre 40 dias depois da Páscoa, quinta-feira da Espiga. Na Aldeia é venerado como “Padroeiro das Guerras”, e nesta freguesia nunca morreu um soldado na guerra. Alguns autores consideram que Afonso Henriques, no prosseguimento da política de independência do seu pai, evitou qualquer acto que o levasse à sujeição do primo. Dom Afonso Henriques nunca reconheceu o primo como Imperador, e este também não invocou tal facto nas relações com Portugal, mas que o Rei de Leão e Castela não, renunciava à sua supremacia mostra-o o protesto que dirigiu ao Papa Eugénio III por ocasião do «Concílio de Reims» em 1148, sem falar da intransigência com que lutou até ao fim da vida pela Primazia Eclesiástica de Toledo.


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