Afonso VII de Leão
e Castela, o Imperador (Caldas de Reis, 1 de março de 1105 - Viso del Marqués?
21 de agosto de 1157), foi o primeiro Rei da Casa de Borgonha. Rei da Galiza a
partir de 1111, Rei de Leão a partir de 1126, Rei de Castela e de Toledo a
partir de 1127, e Imperador da Hispânia a partir de 1135. Era filho de Raimundo
de Borgonha, Conde da Borgonha e de Urraca I de Leão e Castela, filha do Rei
Afonso VI de Leão e Castela e de Constança da Borgonha. O seu Reinado, o
primeiro da dinastia de Borgonha nesses Reinos, caracterizou-se pela tentativa
de hegemonia de toda a Península Ibérica, fracassada pela Independência de
Portugal, pela criação da Coroa de Aragão e pela resistência moura ao invasor
cristão. Rei de Galiza, Leão e Castela. Em 1111 Afonso foi Coroado Rei da
Galiza pelo Bispo D. Diego Gelmírez e pelo Conde de Trava, Pedro Froilaz de
Trava, pai de Fernão Peres de Trava, na Catedral de Santiago de Compostela.
Apesar de ser uma criança na altura, esta terá sido a forma de D. Urraca, então
num casamento conflituoso com Afonso I de Aragão, tentar assegurar que o seu
filho lhe sucederia. A 10 de Março de 1126, depois da morte da sua mãe, Afonso
foi coroado Rei de Leão e imediatamente começou o conflito com o «Batalhador» pela posse do Reino de
Castela, que recuperou pelas Pazes de Tâmara em 1127. Por esta altura, Afonso
teve de enfrentar várias rebeliões nos territórios mais próximos a do Reino de
Aragão, devido à autonomia obtida por estes durante o Reinado de D. Urraca e,
em 1128 casou-se com Berengária de Barcelona, filha do Conde Raimundo
Berengário III de Barcelona e da Condessa Dulce de Geuvadun da Provença, e irmã
de Raimundo Berengário IV de Barcelona. Império hispânico. Quando o seu rival
Afonso I de Aragão e Navarra morreu em 1134, deixou os seus Reinos em Testamento
às Ordens Militares, o que não agradou à nobreza de ambos. D. Garcia Ramires
foi eleito Rei de Navarra e, apesar de Afonso VII ser um pretendente a essa
coroa, os nobres de Aragão escolheram D. Ramiro II. D. Afonso VII respondeu com
a ocupação de La Rioja e a conquista de Saragoça que, a partir deste momento
tem o seu Brasão integrado no do Reino de Leão. Após várias escaramuças, D.
Afonso derrotou o Exército Navarro-Aragonês, submeteu os Reinos à vassalagem e,
apoiado por nobres do norte dos Pirenéus controlou grandes territórios do sul
da França até ao Rio Ródano. Na sua política para o leste da Península Ibérica
também ajudou, o Conde de Barcelona, Raimundo Berengário IV na sua luta contra
os Condados Catalães, obtendo a sua vassalagem e unificando a Marca Hispânica. Uma
antiga tradição atribuía o título de Imperador ao soberano de Leão. Sancho, o
Grande considerava a Cidade “imperiale
culmen” e, depois de ser Coroado nesta, cunhou moeda com a inscrição “Imperator totius Hispaniae”. Este
soberano era considerado o descendente direto dos Reis visigodos,
representantes, eles mesmos do Império Romano. Mas apesar de este título ser
usado no Rol dos Governantes de Leão, particularmente por D. Afonso VI de
Castela e por Afonso VII, o Batalhador,
era considerado pouco mais que um embelezamento honorífico. Em 1135 D. Afonso
VII fez-se Coroar Imperador, na Catedral de Leão, pelo Antipapa D. Anacleto II,
tendo os vários Reis peninsulares, com a exceção de D. Afonso Henriques, lhe
prestado vassalagem. Expressava assim a sua pretensão à hegemonia da Península
Ibérica e à exclusividade da Reconquista. Mas em 1143 foi forçado a reconhecer
pelo «Tratado de Zamora» a Independência de Portugal sob D. Afonso Henriques, e
também o casamento do Duque Raimundo Berengário IV de Barcelona com a Rainha
Petronila de Aragão, que uniu o Reino de Aragão com os Condados da Catalunha,
criando a Coroa de Aragão. Com este último assinaria em 1151 o «Tratado de
Tudilén», que estabelecia os limites da reconquista para os dois estados. Don Afonso
VII era um Rei Devoto. Trouxe a Ordem de Cister para o seu Reino com a fundação
de um Mosteiro em Fitero e desejava expulsar os Mouros da Península Ibérica. Desde
1139, D. Afonso VII empreendia expedições e saques contra os povoados Almorávidas,
com o intuito de provocar a revolta destes. Chegou a Córdoba em 1144 mas, a
partir da Invasão do Califado Almóada em 1146, foi obrigado a formar um pacto
com o Soberano Almorávida e a fortificar a fronteira contra o novo poder mouro.
Depois de o Papa Eugénio III convocar a Segunda Cruzada em 1145, D. Afonso VII,
em coligação com o Reino de Aragão e Navarra e com o Ducado de Barcelona, tomou
a Cidade de Almeria em 1147, o primeiro Porto Mediterrânico de Castela. Em 1157
os Almóadas recuperaram Almeria. D. Afonso VII voltava de uma expedição contra
o Inimigo Mouro quando morreu em 21 de Agosto de 1157, no regresso a Leão.
Pensa-se que tenha passado a noite em Viso del Marqués e morrido ali. É curioso
que o poderoso Rei que pretendia a Unificação da Península Ibérica, depois de
falhar em tantas frentes como a Independência de Portugal, surgimento da Coroa
de Aragão, a subida ao poder dos aguerridos Almóadas, sucedendo ao enfraquecido
poder Almorávida e acabou por dividir o seu Reino entre os seus dois filhos,
legando o Reino de Castela ao primogénito D. Sancho e o Reino de Leão a D.
Fernando.
Do seu casamento
com a Condessa D. Berengária de Barcelona nasceram.
1º D. Sancho III de
Castela (1134-1158), Rei de Castela foi casado com D. Branca Infanta de
Navarra.
2º D. Raimundo de
Castela (c. 1136-antes de 1151).
3º D. Sancha de
Castela (1137-1179), casada em 1157 com o Rei Sancho VI de Navarra.
4º D. Fernando II
de Leão (1137-1188), Rei de Leão.
5º D. Constança de
Castela (1141-1160), casada em 1154 com o Rei Luís VII de França.
6º D. Garcia de
Castela (c. 1142-1146).
7º D. Afonso de
Castela (1145-1149).
Em Julho de 1152
casou-se com a Donna Richilda da Polónia, filha do Duque Vladislau II, o Desterrado, de quem teve.
8º D. Fernando de
Castela (1153-1155).
9º D. Sancha de
Castela (1156-1208), casada em 18 de Janeiro de 1174 com o Rei Don Afonso II de
Aragão.
Dos seus amores com
a Donna Gontrode Pérez (c. 1105-1186), nasceu.
10º D. Urraca
Afonso, a Asturiana (1132-1189),
casada em 1144 com o Rei Garcia Ramires de Pamplona o Restaurador.
Dos seus amores com
a Condessa Urraca Fernandez de Castro, filha do Conde Fernando Garcia de Hita,
nasceu.
11º D. Estefânia
Afonso de Castela (c. 1139/1148-1 de Julho de 1180), casada com o Conde
Fernando Rodrigues de Castro "o
Castelhano".
Tratados
Don Afonso
Henriques, não usou, entre 1128 e 1139, o título de Rei, mas de "Príncipe" ou de "Infante", o que significa,
decerto, que não podia resolver por si próprio a questão da sua categoria
política, isto é devia admitir que ela dependesse também do assentimento do Rei
Don Afonso VII, que era, de facto, o Herdeiro Legítimo de Afonso VI. Mas também
não usou nunca o título de "Conde",
que o colocaria numa nítida posição de dependência para com o Rei de Leão e
Castela.
Tratado de Tui
O Tratado de Tui
foi celebrado em 1137 entre o Rei Don Afonso VII de Castela e Leão e seu primo,
o Infante D. Afonso Henriques de Portugal, como termo das hostilidades, e do
qual resta uma notícia em Tui. Segundo parece, D. Afonso Henriques, sabendo que
o imperador se encontrava em má posição no conflito com o Rei de Navarra,
aproveitou a oportunidade favorável para, de acordo com este, entrar com o seu Exército
na Galiza, tomando a Cidade de Tui, apossando-se de alguns Castelos por traição
de quem os defendia e causando vários estragos na região. O Rei Don Afonso VII
recuperou a Cidade de Tui. Vitorioso na «Batalha de Ourique», em 1139, e elevado e louvado pelos seus Cavaleiros,
Nobres, Clérigos e Peões que estavam com ele, nomearam-no Rei de Portugal. Don
Afonso Henriques de Portugal beneficiou da acção desenvolvida, em favor da
constituição do novo Reino de Portugal, pelo Arcebispo de Braga, D. João
Peculiar. Este procurara conciliar os dois primeiros e fez com que eles se
encontrassem em Zamora nos dias 4 e 5 de Outubro de 1143 na presença do Cardeal
Guido de Vico. Em Zamora foi revogado o anterior «Tratado de Tui» datado de
1137.
Tratado de Zamora
O «Tratado de
Zamora» foi um Diploma resultante da Conferência de Paz entre o Rei Don Afonso
Henriques de Portugal e seu primo, o Imperador Don Afonso VII de Leão e
Castela. Celebrado a 5 de Outubro de 1143, esta é considerada como a data da Independência
de Portugal e o início da Dinastia Afonsina. Este dia é feriado nacional, que
esteve suspenso, mas entretanto já reposto, em Portugal. No entanto, antes da
suspensão, oficialmente era comemorada a implantação da República, em Portugal,
em 1910. Nesse dia, simpatizantes da Causa Monárquica costumam celebrar, por
seu lado, o Nascimento do Reino de Portugal, em 1143. Pelos termos do tratado,
Afonso VII concordou em que o Condado Portucalense passasse a ser Reino, tendo
D. Afonso Henriques como seu «Rex» Rei. Embora reconhecesse a Independência, o
Rei D. Afonso I continuava a ser vassalo, pois D. Afonso VII para além de ser Rei
de Leão e Castela considerava-se Imperador de toda a Hispânia. A soberania
portuguesa, reconhecida por Don Afonso VII em Zamora, veio a ser confirmada
pelo Papa Alexandre III só em 1179, mas o título de Rex, que D. Afonso
Henriques usava desde 1140, foi confirmado em Zamora, comprometendo-se então o
monarca português, ante o Cardeal, a considerar-se Vassalo da Santa Sé,
obrigando-se, por si e pelos seus descendentes, ao pagamento de um Censo Anual.
A partir de 1143 D. Afonso Henriques vai enviar ao Papa remissórias
declarando-se seu vassalo lígio e comprometendo-se a enviar anualmente uma
determinada quantia de ouro. As negociações vão durar vários anos, de 1143 a
1179. Os usos peninsulares deviam ser bastante flexíveis quanto à designação de
um membro da Família Real como "Rei".
A Cúria Romana, porém, tinha concepções diferentes a esse respeito. A Chancelaria
Pontifícia atribuía uma importância cada vez maior às noções jurídicas
rigorosas e precisas. Apesar do Imperador Afonso VII não ver inconveniente em
chamar Rei a seu primo, parecia, decerto, aos canonistas da Cúria Romana que
não estava provada a sua verdadeira independência. Em 1179 o Papa Alexandre III
envia a D. Afonso Henriques a "Bula
Manifestis probatum", na qual o Papa aceita que D. Afonso Henriques
lhe preste Vassalagem Direta, reconhece-se definitivamente a Independência do
Reino de Portugal sem vassalagem em relação ao Rei D. Afonso VII de Leão e
Castela, pois nenhum vassalo podia ter dois Senhores Diretos, e Don Afonso
Henriques como Primeiro Rei de Portugal, ou seja, Don Afonso I Rei de Portugal.
Torneio de Arcos de
Valdevez
O chamado «Torneio
de Arcos de Valdevez» também conhecido por «Recontro de Valdevez» foi um
decisivo episódio da História de Portugal ligado à fundação da nacionalidade. O
episódio teve lugar possivelmente no início de 1140, na chamada “Veiga da Matança”, às margens do Rio
Vez «Tributário do Rio Lima», em Arcos de Valdevez, quando o Rei de Portugal D.
Afonso Henriques, após a vitória na «Batalha de Ourique» em 1139, rompeu a paz
de Tui de 1137 e invadiu a Galiza. Em resposta, as forças do Rei Afonso VII de
Leão e Castela entraram em terras portuguesas, arrasando os Castelos à sua
passagem, descendo as montanhas do Soajo em direção a Valdevez. Para evitar a «Batalha
Campal», foram selecionados os melhores cavaleiros de ambos os lados para
lutarem entre si num «Torneio» ou «Justa», conforme o uso na Idade Média. A
sorte das armas pendeu para o lado português, tendo os cavaleiros leoneses
ficado detidos, conforme o Código da Cavalaria Medieval. De acordo com o
professor Torquato Sousa Soares, da Universidade de Coimbra, a escaramuça ou “bafordo” da Portela de Vez teve lugar
em 1137 e contribuiu para a celebração da paz de Tui, em julho daquele ano. Outros
autores consideram o episódio como o passo decisivo e a última etapa para o Nascimento
de Portugal, sendo o antecedente da celebração do «Tratado de Zamora» em 1143.
Depois do «Torneio de Valdevez», onde saem vencedores os cavaleiros de Don
Afonso Henriques, este aproveita as boas graças da Igreja, e, por intermédio do
Arcebispo de Braga, D. João Peculiar, faz que o Papa Inocêncio II aceite a sua
vassalagem contra o pagamento de um «censo», quantia que os reis pagavam ao
Papa de quatro onças de ouro «124g», por ano. O Arcebispo envia o Cardeal Guido
de Vico junto de Don Afonso VII, obtendo deste, no «Tratado de Zamora», o
título de Rei, que D. Afonso Henriques passa a usar, graças ao «Torneio de
Valdevez», e no papel, de facto e de direito, em 1143. Segundo a «Lenda», nesta
Batalha foi encontrada uma relíquia sagrada, denominado “Santo Lenho”, que segundo a fé cristã crê-se que seja um pedaço
retirado da Cruz onde Cristo foi crucificado. Esta relíquia encontra-se na Freguesia
de Grade, na Igreja Matriz, num sacrário com duas portas fechado a sete chaves
todas elas diferentes. O dia da sua veneração é sempre 40 dias depois da
Páscoa, quinta-feira da Espiga. Na Aldeia é venerado como “Padroeiro das Guerras”, e nesta freguesia nunca morreu um soldado
na guerra. Alguns autores consideram que Afonso Henriques, no prosseguimento da
política de independência do seu pai, evitou qualquer acto que o levasse à
sujeição do primo. Dom Afonso Henriques nunca reconheceu o primo como Imperador,
e este também não invocou tal facto nas relações com Portugal, mas que o Rei de
Leão e Castela não, renunciava à sua supremacia mostra-o o protesto que dirigiu
ao Papa Eugénio III por ocasião do «Concílio de Reims» em 1148, sem falar da
intransigência com que lutou até ao fim da vida pela Primazia Eclesiástica de
Toledo.
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