I
DESCENDENTES
DO CONDE VIMARA PERES
I-CONDE
VIMARA PERES - (868+873).
Conde
e Pressor de Portucale em 868. Determina os limites de Braga no repovoamento do
Rei D. Afonso III. Faleceu em 873 na Galiza na região da Corunha.
FILHOS.
1º
Lucides Vimaranes. Este parentesco não consta
expressamente de nenhuma fonte, mas é reconhecido por todos os historiadores.
Com efeito o patronímico, a raridade do nome Vimara, o título e a sua acção
como pressor, são elementos suficientes para o admitir.
II-CONDE
LUCIDES VIMARANES - (887+922?).
Foi
pressor da vila de Negrelos. Pouco depois de 890, o Rei Afonso III,
ordenava-lhe a ele e a Aldroito que não se opusessem à entregue à Igreja de
Santiago das Vilas de César, San Julián e Palácios (Sarria). Em 910 era Tenens de uma parte do território de
Lugo, como tal confirma o diploma de restauração desta cidade. É citado como Previsor dos termos de Dume em 911. Deu
ao Bispo Gomado a Igreja de Fremoseli
na região de Coimbra em 915. Aparece na companhia do Rei Ordonho II no diploma
de autenticidade duvidosa acerca do ermitério de Crestuma, datado de 922.
Governou com Munio Guterres, os territórios de Picosagro e Ambas Mahias ou
Amaeas que em 927 foram concedidos por Sancho Ordonhes, a Santiago de
Compostela. Confirma vários diplomas Régios entre 887 e 917.
MULHER.
Condessa
Gudilona - (915).
Que
segundo Fernandes «Portugal Pág. 228»
Seria, filha do Conde Hermenegildo Guterres, hipótese não confirmada por
qualquer fonte.
FILHOS.
1º
Tedon Lucides.
Segundo
E. Sáez. Não aparece em documentos Portugueses. Segundo o mesmo autor, foi pai
de Rodrigo Tedones.
Todavia, A. Fernandes
dá boas razões para considerar Rodrigo Tedones como filho de Tedon Betotes,
cuja linhagem examinaremos mais tarde.
2º
Bermudo Lucides -
(911-926).
Segundo
o parentesco proposto por E. Sáez. É um dos previsores
dos termos de Dume em 911, e confirma uma doação do Rei Ramiro II a Guimarães
em 926.
3º
Conde Alvito Lucides.
Segundo
o mesmo autor. Segue.
4º
Ónega Lucides.
Mulher
de Diogo Fernandes, segundo uma hipótese de A.
Fernandes, aceite por M. Rúben, mas que não nos parece suficientemente segura.
5º
Conde Rodrigo Lucides.
Que
teria acompanhado o Rei Ordonho II no já citado documento duvidoso de 922.
III-CONDE
ALVITO LUCIDES - (915-973?).
Não
se conhecem deste personagem senão referências em lista de confirmantes ou
testemunhas, algumas delas em documentos dados por parentes seus, a doação de
seu pai (Conde Lucídio Vimaranes) ao Bispo Gomado em 915. A sua sogra (A
Condessa Ónega), a Lorvão em 928, a do sobrinho de sua mulher o, (Conde Gonçalo
Mendes) a Guimarães em 968 e a de sua mulher (Condessa Munia) a Lorvão em 973
(?). Além disso confirma também uma doação de (Inderquina «Pala») ao mesmo
mosteiro em 957, e outra de Donnani,
ainda a Lorvão, em 924. Os restantes documentos portugueses em que confirma,
são dois diplomas do Rei Ramiro II, de 926 e 950.
MULHER.
Condessa
Munia.
Segundo
os DC 139, 145, que todavia não dão o patronímico do marido. Este é sugerido
por Fr. Manuel da Rocha e M. Rúben. Com efeito, os descendentes deste casal têm
nomes que antes já apareciam na família do Conde Lucídio Vimaranes, Lucídio e
Ónega. Esta Condessa Munia deve-se confundir com Munia Dias - (928-973?), irmã de Mumadona Dias conforme
sugerem E. Sáez e M. Rúben. Ver a sua família mais tarde. Esta senhora deu
avultados bens a Lorvão entre 950 e 956, e talvez em 973. Deixou aos seus
descendentes outros bens na mesma região.
FILHOS.
1º Tegla
Alvites - (984).
Segundo
o DC 139. Neste documento Tegla dá ao Mosteiro de Lorvão um terço da Vila de
Gondelim.
2º
Conde Lucídio Alvites -
(926-968).
Porque
Ónega Lucides, sua filha, é neta de Alvito e de Munia. Efectivamente aparece um
Lucídio Alvites a confirmar vários documentos junto de seu pai (Alvito Lucides)
em 926, 950 e 968. Este Lucídio Alvites foi casado com Ximena segundo um documento publicado P.
Merêa.
A.
Teve pelo menos uma filha Condessa
Ónega Lucides - (968-1006 ou 1025),
conforme se vê no mesmo documento publicado por P. Merêa. Foi casada com o Conde Rodrigo Vasques - (968+978), já depois de ter enviuvado, e
aparece em 985 a fazer uma doação a Lorvão, com Rodrigo Erotes, em 987 e 999 a
Celanova, e no ano 1006 a receber o usufruto de certos bens do mesmo mosteiro.
Refere-se-lhe ainda o documento de 1025 se se identificar com a Condessa Ónega
(Sem Patronímico), que «consente»
nesta doação do Rei Afonso V ao Mosteiro de Guimarães. O Conde Rodrigo Vasques
era filho da Condessa
Trudili ou Trudil de, (…). Foi
Conde de Límia e inimigo do Conde Gonçalo Mendes, de quem todavia confirma um
documento em 968 com ele travou a «Batalha de Aguioncha» entre 970 e 974 cuja,
a importância foi sublinhada por M. Rúben. Em 973 enviou sua mãe a Córdova,
numa embaixada de grande significado politico. Aparece casado primeiro com uma Ausenda e depois com Ónega Lucides. M.
Rúben pensa que são pessoas diferentes. Fernandes, todavia, prefere considerar
Ausenda um cognome de Ónega Lucides. De qualquer modo a sua descendência, que
não se encontra em Portugal.
B.
Deve ter sido também filho do Conde Lucídio Alvites o Conde Mendo Luz - (958+1034?), que se apoderou de Montemor pouco
antes de 1019. O patronímico, a época em que viveu, o título de Conde e os seus
interesses a Sul do Douro são outros tantos indícios que militam em favor deste
parentesco. Vejamos os documentos em que figura. Uma confirmação de um diploma
de Munio Gonçalves em 985, e outro do Rei Afonso V em 1014. Além do documento
que já indicámos acerca do seu domínio em Montemor, podem-se apontar outros
dois que mostram a sua jurisdição a estender-se ao vale do Vouga e à terra de
Santa Maria. Este Conde pode talvez identificar-se com os documentos dizem (sem
referirem o patronímico) ter sido assassinado em 1034, nas margens do Rio
Guetenia, mas a maioria dos autores prefere identificar este personagem com o
Conde Mendo Nunes corrigindo a referida data, pois ele ainda estava vivo uns
dez anos mais tarde. Não se conhece ao certo a sua descendência. Mas talvez
seja seu filho o Conde
Vímara Peres, que
morreu antes de 1055 e era patrono do Mosteiro de São Mamede de Este. Assim o
faz supor o seu nome e o facto de o mesmo Vímara ter um filho chamado Alvito, nome que se repete nesta família,
e que confirma uma doação da Condessa Toda Veilaz em 1055 a Rio Tinto. Neste
mesmo documento há referências a dois filhos de Vímara Mendes, Alvito, já
referido e Quindiverga.
Esta última teve uma
nora, Patrina, com dois filhos, Odorio e Ermesenda, que ainda possuíam o mesmo
Mosteiro em 1055.
3º
Conde Nuno Alvites -
(959).
Filiação
provável, baseada no facto, do Conde Alvito Nunes, que é provavelmente seu
filho, como veremos, desempenhar cargo tão eminente como o governo do Condado
Portucalense, assim como seu neto Nuno Alvites em conjunto com Ilduara Mendes.
Com efeito o Conde Alvites Nunes deve, por isso mesmo, pertencer a uma família
importante, e a de Alvito Lucides é a que reúne maiores probabilidades. A
existência de um Nuno Alvites que confirma o documento da doação do Mosteiro de
Guimarães em 959, logo a seguir aos filhos de Mumadona e pouco antes de Telo
Rodrigues, seu irmão, dá suficiente a esta hipótese. Segue.
4º
Conde Telo Alvites -
(959-985).
Filiação
igualmente provável, e apoiada no facto de Telo confirmar a dotação de
Guimarães em 959 ao lado de seu irmão Nuno e a doação de sua sobrinha Ónega
Lucides a Lorvão em 985. Sendo assim, podemos acrescentar a estes documentos
aqueles em que confirma doações de Gonçalo Mendes em 968 e de Gonçalo Moniz em
981. E ainda a larga doação que fez em 985 ao Mosteiro de Antealtares, com a
sua mulher Mumadona, de bens situados em Riba-Lima e
usando o título de «Conde». Há referências a ele num diploma de 1135. A.
Fernandes identifica-a, sem provas com Mumadona Dias II, que aparece sozinha em
Guimarães entre 992 e 1025. Pode ter sido seu filho o Osório Teles que aparece em vários documentos de
Guimarães entre 1043 e 1073, apesar de estas datas serem um tanto tardias para
que tal hipótese se deva considerar como provável. A. Fernandes atribui ainda a
este casal outro filho, Alvito
Teles, casado com Châmoa que tinha propriedades na Foz do
Lima e que passaram para o Mosteiro de São Salvador da Torre por intermédio de
Aldonça Pais antes de 1068.
5º
Elvira Alvites -
(946-969).
Casada
com Rodrigo Mendes -
(946-968),
segundo deduções feitas por M. Rúben.
IV-CONDE
NUNO ALVITES I - (959).
Deste
personagem aparece apenas em documentos portugueses, um vestígio documental, a
sua confirmação do documento de dotação do Mosteiro de Guimarães em 959.
Ignora-se com quem casou. Segundo a hipótese formulada mais acima, foi seu
filho o Conde
Alvito Nunes
que segue.
V-CONDE
ALVITO NUNES - (985+1015 ou 1016).
Aparece
a confirmar a doação de seu tio Telo Alvites ao Mosteiro de Antealtares em 985.
Foi sucessor do Conde Mendo Gonçalves, no governo do Condado Portucalense,
segundo a lista fornecida pelo documento de 1025. A acreditar no mesmo
documento, estava no Castelo de Vermoim, quando os Normandos atacaram a região.
Embora os Anais datem este acontecimento da era de 1054 (ano de 1016), é
possivel que ele se tivesse dado no ano anterior, segundo a comparação que Rui
Azevedo faz desta notícia com um documento do Mosteiro de Moreira.
MULHER.
Talvez
a Condessa
Goncinha ou Gontinha,
que antes de 1011 confirmou a «agnicio» de
um contrato feito em Macieira da Maia, com o nome de Domna Guntina. Com efeito, esta deve ser a mãe de Loba Alvites, que
em 1015-1016 vivia em Arentim, suficientemente protegida dos Normandos, os
mesmos que vitimaram seu pai, para escapar a tais assaltos e ajudar um homem de
condição inferior a resgatar as filhas por eles raptadas, era portanto casada
com um Alvito.
FILHOS.
1º
Conde Nuno Alvites -
(1017+1028).
Porque
sucedeu ao Conde Alvito Nunes no governo do Condado Portucalense. Segue.
2º
Abade Pedro Alvites -
(1025-1070).
Com
efeito, Nuno tem um irmão chamado Pedro que «consente» na doação que lhe faz o
Rei Afonso V em 1025. Da comparação deste documento com outro documento
depreende-se que se trata do Abade Pedro, do Mosteiro de Guimarães. Temos
portanto, muita documentação sobre ele do mesmo Mosteiro entre os anos de 1042
a 1070. Acompanhou o Rei Fernando Magno
na conquista de Coimbra. É também mencionado em vários documentos.
3º
Loba Alvites -
(1015-1016).
Se
se admitir a hipótese apresentada em cima acerca da provável mulher do Conde
Alvito Nunes. Ver os documentos aí citados.
VI-CONDE
NUNO ALVITES II - (1017+1028).
A
data 1017, em que aparece pela primeira vez, é fornecida por E. Sáez.
«Consente» na doação do Rei Afonso V a seu irmão Pedro Alvites em 1025 e
confirma no mesmo ano. Neste último documento diz-se que sucedeu ao Conde
Alvito Nunes no governo do Condado. Os anais que lhe dão o título de Conde
dizem que morreu em 1028, no mesmo ano que também morreu o Rei Afonso V.
MULHER.
Condessa
Ilduara Mendes - (1024-1058).
Segundo
se declara em documentos. Era filha do Conde
Mendo Gonçalves.
Governou o Condado Portucalense pelo menos depois da morte do marido. Aparece a
outorgar bastantes documentos e confirma outros. Da série de actos conservados
nos anais verifica-se que comprou muitas propriedades em Nogueira no conselho
de Braga, Gualtar, Tenões, São Mamede de Este, etc.
FILHOS.
1º
Conde Mendo Nunes -
(1028-1050).
Segundo
vários documentos. Segue.
2º
Condessa Gontrode Nunes
- (1028-1050).
Foi
casada com o Conde
Vasco. Teve
propriedades em Quintela, Vila Real, que deu à Sé de Braga em 1088, em
Nogueira, Santa Tecla, Dadim, Cerqueda, Gualtar e em Barros, que deu a Eita
Gondesendes, em 1072 ou pouco tempo depois, e em Barbudo que ofereceu ao
Mosteiro com o mesmo nome em 1068. Em data que se ignora tinha cedido um
escravo a Froila Crescones. Pode-se identificar, segundo a hipótese apresentada
por A. de J. da Costa com a devota Gontrode, que confirma uma doação do Conde
Mendo Nunes ao Mosteiro de Barbudo em 1071.
A.
Talvez seja seu filho, o Conde
Nuno Marques,
que tinha herdades em Pinheiro de Mardel, Albergaria, que deixou a sua filha Elvira Nunes, casada com o Conde Pêro Pais (Escacha?). Este Conde, por sua vez, devia ser
pai do Conde
Afonso Nunes de Celanova
e do Conde Sancho
Nunes de Barbosa.
Estes filhos do Conde D. Nuno são certamente os que venderam outros bens em
Marco Canaveses na era de 1123.
3º
Munio Nunes
Segundo
um documento da era de 1131. Neste documento declara-se que Munio Nunes, Filho
do Conde Nuno Alvites, tinha uma quinta arrendada em Domez, e que a vendeu aos
proprietários da mesma na era de 1131. Nada mais se sabe sobre ele.
VII-CONDE
MENDO NUNES - (1028-1050).
Governou
o Condado Portucalense, provavelmente desde a sua menoridade, sob tutela da
mãe. Já figura sozinho no desempenho das suas funções em 1043 e talvez em 1048.
É citado nos sincronismos de um documento da Vacariça, a seguir ao Rei Fernando
o Magno em 1041. Refere-se-lhe ainda
provavelmente, um diploma de 1040, do Mosteiro de Celanova, mas morreu, o mais
tardar, antes de 1053. Todavia estas últimas menções não são seguras para A.
Fernandes, que identifica o Don Menendo
com Mem Gonçalves da Maia e considera o Conde Mendo Nunes dos documentos de
Celanova personagem diferente. A maioria dos autores supõe que lhe diz a notícia
dos Anais acerca do assassinato do «comes Menendus in ripa Guetania», propondo
para isso a correção da data. Todavia, para o fazer, seria também necessário
modificar a ordem das notícias destes Anais. Propusemos, segundo uma sugestão
oral feita por H. Barrilaro Ruas, atribuir a notícia ao Conde Mendo Luz, o que
evitaria a dupla correção mencionada, mas esta hipótese não foi aceite, entre
outros, por A. Fernandes, que propõe como data real para a morte do Conde Mendo
Nunes, 24 de Dezembro de 1043 ou 1044. Não se sabe com quem casou.
FILHOS.
1º
Nuno Mendes
Como
se depreende do patronímico e de ser sobrinho da Condessa Gontrode Nunes.
Segue.
VIII-CONDE
NUNO MENDES - (1059+1071)
Aparece
pela primeira vez na Corte de Fernando Magno,
em Palência, no ano de 1059, se se identificar com a pessoa do mesmo nome que
assiste sem título, ao julgamento solicitado pelos monges de Soalhães. Figura
com o título de Conde a confirmar uma doação do Rei Garcia em 1070, e como
proprietário dos bens que concedeu no ano seguinte ao Mosteiro de Barbudo,
poucos dias antes de ser vencido e morto na «Batalha de Pedroso», quando se
revoltou contra o mesmo Rei. Por documentos posteriores, sabe-se que possuía
bens em Nogueira, Santa Tecla, Dadim, Cerqueda, Gualtar e em Barros-Braga, que
provavelmente foram confiscados por ocasião da sua derrota, e depois pelo Rei
Afonso VI de Leão a seu genro o Conde Sisnando Davides, e ainda em Várzea de
Burral que fica em Ponte de Lima, que vieram a pertencer a Afonso Henriques e
que ele deu em 1132 ao Conde Rodrigues Peres.
MULHER.
Condessa
Goncinha - (1071)
Citada
nos anais como mulher do Conde Nuno Mendes.
FILHOS.
1º
Loba Nunes «Aurovelido»
- (1074)
Segundo
os Anais. Segue
IX-LOBA NUNES «AUROVELIDO» - (1071-1074)
O
nome desta senhora conhece-se apenas através de dois documentos já citados, um
dos quais lhe chama Aurovelido Nunes, e outro Loba Nunes. Aurovelido deve ser,
portanto um sobrenome.
MARIDO.
Conde
Sisnando Davides - (1064+1092)
Conde
de Coimbra, conforme se declara nos dois documentos citados. As regiões mais ao
Sul formaram também um Condado com sede em Coimbra, cujo governo andou
igualmente por muito tempo numa família de Nobres Portucalenses, até cair de
novo em poder dos Serracenos. Reconquistada definitivamente em 1063 ou 1064 foi
o seu Governo entregue ao Conde
Sisnando Davides,
uma das figuras mais expressivas da sociedade sui generis que se ia formando nas regiões ao Sul do Rio Douro.
Nascera em Tentúgal e era provavelmente filho de Judeus, os pais chamavam-se
David e Susana ambos nomes Hebraicos. Apanhado numa razia de Mouros, foi levado
para Sevilha onde se tornou Islâmico. Isso abriu-lhe uma carreira que ele
percorreu até atingir o cargo de Vizir de Sevilha. O facto de um antigo Judeu,
um renegado atingir altos postos ao serviço dos Mouros era então corrente, e
igualmente vulgar era antigos Mouros atingirem altos postos junto dos Reis
Cristãos. Mas o Vizir Sisnando voltou a mudar de religião e foi batizado e
tornou-se Cristão e colocou-se ao serviço do Rei Fernando o Magno, Rei de Leão, segundo uma tradição coeva, foi ele quem lhe
propôs reconquistar Coimbra. De facto a Cidade caiu em poder dos Cristãos após
um prolongado cerco e o Rei D. Fernando o
Magno, entregou o governo do Condado ao Conde Sisnando que governou-a até
morrer em 1092. Entretanto casou com a filha do Conde de Portucale, Nuno
Mendes, Conde que em 1071, Comandou o Exército Condal Portucalense contra o Rei
da Galiza Garcia, tendo sido morto durante a Batalha, não se sabe que papel
terá tido o astucioso Conde seu genro, nessa tentativa de independência. A sua
ação governativa foi notável, construi-o as muralhas da cidade, restaurou a
diocese, para a qual escolheu o Bispo, que manteve apesar dos protestos de
Roma. Foi esse conflito que fez surgir a lenda do Bispo Negro, referida a D.
Afonso Henriques. Povoou várias terras do interior e pode dizer-se que durante
trinta anos, foi um pequeno Rei no território que vinha desde o Sul do Rio
Douro, até aos campos a Sul de Coimbra, delimitado para o interior por Seia,
Lousã, Soure e daí até ao mar, talvez até à Marinha das Ondas, então porto de
pesca. Quando Morreu deixou no Governo do seu Condado ao seu genro o Conde Martim Moniz, mas já então a Monarquia Leonesa
desenvolvia uma política unificadora e se esforçava por impedir as
hereditariedades Condais. Mas nos fins Século XI as condições políticas da
Galiza, de Leão e de Castela tinham mudado, a administração foi aperfeiçoada, a
influência dos Cluniacenses fez-se sentir. Estava-se muito longe da época
Bárbara dos companheiros de Pelágio que após cinco anos em Covadonga o nomearam
como Chefe e Senhor da resistência contra os Mouros. O Imperador da Hispânica
Don Afonso VI, Rei da Galiza, de Leão e de Castela dispõe de grandes forças e
de grande prestígio na Europa Cristã, foi ele que forneceu uma grande parte dos
recursos para a construção de Cluny
III, o mais Majestoso
Templo que até então a Cristandade Erguera. Talvez essa ligação com a Ordem de Cluny e com o seu chefe Santo Hugo se explique a vinda à Ibérica de
dois membros da Alta Nobreza, da Casa dos Duques da Borgonha, o Conde Don
Raimundo e o Duque Don Henrique. Don Afonso VI casou-os com as filhas. O Conde
Don Raimundo com a Princesa Donna Urraca, que viria a ser a herdeira do Trono,
e o Duque Don Henrique com uma filha “bastarda” de Don Afonso VI, Infanta Donna
Teresa. Ao Conde Don Raimundo, entregou o Governo do Condado da Galiza
integrado no Reino de Leão. Ao Duque Don Henrique o Governo do Condado
Portucalense, que integrava agora as duas antigas unidades Condais a Norte e a
Sul do curso do Douro a fronteira Condal ia desde o Rio Minho até ao Rio
Mondego. É muito possível que estas nomeações tivessem a intenção de refrear as
tendências de autonomia mais de uma vez reveladas por estas regiões longínquas
substituindo nelas o Governo de famílias locais pelos membros da Família Real.
Mas, se esse era o objectivo, o futuro não o confirmou, a ligação da região do
Norte com a do Sul veio a ser um passo decisivo para a independência
portuguesa.
FILHOS.
1º
Condessa Elvira
Sisnandes - (1087-1128).
Segundo
vários documentos. Casou com o Conde
Martim Moniz - (1092-1111),
filho do Conde
Munio Fromariques
da, família de Riba Douro.
II
DESCENDENTES
DE HERMENEGILDO GUTERRES
I-CONDE
HERMENEGILDO GUTERRES - (869-911).
Conhecido
magnate que se apoderou de Coimbra em 878. A sua personalidade é bastante
conhecida, depois do material que sobre ele reuniu E. Sáez. Segundo este autor,
foi casado com a Condessa
Ermesenda Gatones, provavelmente
filha do Rei Ramiro
I.
FILHOS.
1º
Condessa Aldonça Mendes
- (936-942).
Casada
com o Conde Guterre
Osores e que não
aparece em documentos Portugueses. Nem sempre é fácil distinguir os filhos
deste casal dos do Conde
Guterre Mendes,
seu cunhado, dada a identidade dos patronímicos. Assim A. Fernandes, ao
contrário de E. Sáez, é de opinião que são filhos, do Conde Guterre Osores e
não do Conde Guterre Mendes, Condessa
Ausenda Guterres
casada com o Rei
Ramiro II e
o Conde Munio ou Conde
Nuno Guterres. Quanto
ao «Conde Santo» Conde
Osório Guterres é
sem dúvida filho do Conde Guterre Osores e da Condessa Aldonça Mendes.
2º
Conde Arias Mendes -
(911-924).
Conde
sem dúvida o que regeu o Condado de «Emínio», segundo as Atas Apócrifas do
Concilio de Oviedo, que no entanto parecem conservar, neste ponto uma tradição
autêntica. Governou também o conmisso
de Refojos do Leça, com seu irmão Guterre. Encontrava-se vivo em 924. Além das
referências reunidas por E. Sáez pode-se talvez acrescentar o documento que
aponta, entre as propriedades do Mosteiro de Guimarães, uma em Canas-Penafiel,
que pertencera antes ao Conde Arias Mendes e a sua mulher Emderia, decerto uma deturpação de
Ermensenda. Ainda segundo E. Sáez, casou com a Condessa
Ermesenda, que
talvez se possa identificar com Ermesenda
Gondesendes, filha
do Conde Gondesendo Eriz, segundo a hipótese que apresentamos em documentos
coevos. Teve pelo menos uma filha, Elvira
Arias - (962),
mulher do Conde
Munio Guterres - (911-959), seu
primo direito. Ver a descendência de ambos mais, Abaixo. Mas se Ermesenda
Gondesendes foi sua mulher talvez se possa atribuir-lhe uma segunda filha, Inderquina «Pala» - (957-981).
3º
Conde Guterre Mendes -
(912+934).
Que
Segue.
4º
Rainha Elvira Mendes -
(914-920).
Primeira
mulher do Rei
Ordonho II - (914-924), de
quem teve o Rei
Ramiro II.
Aquele Rei Casou depois com a Condessa
Aragunte Gonçalves.
5º
Inderquina
Mendes «Pala» - (Faleceu antes de 947).
Casada
com o Conde Gondesendo
Eriz.
6º?
D. Gudilona - (915).
Casada
com D. Lucídio
Vimaranes - (870-922),
Segundo uma conjuntura sem provas de A. Fernandes.
II-CONDE
GUTERRES MENDES – (910+933).
De
entre as indicações que sobre esta personagem dá E. Sáez, destaca-se a de ter
Governado seis “comissos” na Galiza,
por concessão do Rei Afonso IV. M. Rúben fornece também uma lista de Documentos
em que ele figura. Aparece no nosso território a confirmar uma doação do Rei
Ordonho II ao Mosteiro de Lorvão.
MULHER.
Condessa
Ilduara - (916-958).
Filha
do Conde Ero Fernandes. Fez Várias doações ao Mosteiro de Celanova. No nosso
território figura sozinha com o nome de Ilduara num Documento de 937, que é uma
doação sua a Gondemiro iben
Dauti,
para ele deixar, depois da sua morte, ao Mosteiro de Lorvão.
FILHOS.
1º
Munio Guterres - (911-959).
Segue.
2º São Rosende - (916+977).
Bispo
de Mondonedo e Fundador do Mosteiro de Celanova.
3º
FROILA GUTERRES -
(933-943).
Que
aparece em Portugal para confirmar uma venda de Zahadon a Gondemiro em 933,
Documento de uma doação de sua mãe Ilduara ao mesmo em 937 em documento, e
outro do Rei Ramiro II ao Mosteiro de Lorvão. Em 942 o mesmo Rei Ramiro II
tinha-lhe concedido vários “conmissa” Governados
antes por um tio Arias Mendes, para os administrar “sub manus” de sua mãe, a Condessa Ilduara. Recebeu de herança de seus pais vários bens no território de
Coimbra. Casou com Sarracina
- (934-942),
que aparece num Documento de 936. Noutro Documento de 994, afirma-se que teve
bens em Gondomar.
A)
Tiveram os seguintes filhos, Mumadona
Froilaz - (981)
segundo E. Sáez, casada com o Conde
Gonçalo Moniz - (928-981), que
era talvez seu primo direito, segundo a hipótese que explicamos mais abaixo.
B)
De facto de Tutadomna
- (1008-1022),
casada com o Conde Mendo Gonçalves, ser prima “congermana” de Froila Gonçalves, filho de Gonçalo Moniz e
Tutadomna ou Mumadona Froilaz depreende-se que Froila Guterres teve
provavelmente outro filho ou outra filha, pai ou mãe de Tutadomna. Assim o
supõe E. Sáez. Todavia é igualmente provável que esta Tutadomna fosse prima de Froila
Gonçalves pelo lado do pai deste e não pelo de sua mãe. Nesse caso, não haveria
base para supor que Froila Guterres tivesse tido mais filhos.
4.
Ausenda Guterres -
(934-964).
Recebeu
em doação do Rei Ordonho II as vilas de Moreira e Castanheira, e depois as
cedeu por troca ao Conde Gonçalo Mendes, recebendo as vilas de Caíde e Medelo
em 964. É também citada como “cognata”
do mesmo Conde num Documento de 983. Casou em primeiras núpcias com Ximeno Dias - (923-961), filho de Diogo Fernandes de quem
teve vários filhos indicados por E. Sáez. E em segundas núpcias com Ramiro Mendes, conforme se pode ver no Documento
de 964, estando já viúva do segundo marido, nesse mesmo ano. Ramiro Mendes era
filho do Conde Hermenegildo Gonçalves e de Mumadona Dia. Esta tese foi
contrariada por A. Fernandes como já dissemos, o qual considera esta Ausenda
Guterres, filha de Guterre Osores e Aldonça Mendes, identificando-a com a
primeira mulher do Rei Ramiro II, depois repudiada. M. Rúben todavia,
demonstrou a impossibilidade de tal hipótese.
5.
Ermesenda Guterres -
(929-934).
Casou
com o Conde Paio
Gonçalves - (936-959),
filho de Gonçalo Betotes - (915-929) e de Teresa Eriz - (929), e irmão do Conde
Hermenegildo Gonçalves - (926-943), conforme estabeleceu E. Sáez. Paio
Gonçalves figura numa doação de Ramiro II a Guimarães em 950, no Testamento de
seu irmão Hermenegildo, em favor do mesmo Mosteiro e noutros Documentos não
portugueses citados por E. Sáez. Ainda segundo o mesmo autor, teve pelo menos
oito filhos e filhas, mas só se conhece a descendência de uma. Ilduara Pais - (961-964), que casou com o seu primo
direito, o Conde
Gonçalves Mendes.
Um deles era o diácono Arias
Pais que figura na
Sagração da Igreja de Guimarães em 959. Segundo uma hipótese cara ao autor A.
Fernandes, seria filha de Paio Gonçalves e de Elvira
Pais, que teria sido
amante do Rei Ordonho III e mãe de Bermudo II o que explicaria o facto de este
chamar avós a Gonçalves Betotes e a Teresa Eriz em Documento publicado por
García Alvarez. Esta opinião no entanto contraria os dados fornecidos por E.
Sáez, que não menciona nenhuma filha de Paio Gonçalves chamada Elvira.
III-CONDE
MUNIO GUTERRES - (911-959).
Este
magnate tomou parte na delimitação dos termos de Braga e de Dume, pelo Rei
Afonso III, em 911. Aparece nestes Documentos com o nome de Nuno Guterres. Mais
tarde em 935 confirma uma doação de Gaudemiro e de Susana a Lorvão. Governou,
juntamente com Lucídio Vimaranes o “conmisso”
de Ambas Mahias, que em 927 foi concedida por Sancho Ordonhes à Catedral de
Santiago. Através da Documentação que sobre ele foi recolhida por E. Sáez,
parece depreender-se como faz notar o mesmo autor, que apoiou o Rei Afonso IV
nas suas lutas contra o Rei Ramiro II.
MULHER.
Elvira
Arias - (962).
Sua
prima direita, filha do Conde Arias Mendes. (ver atrás).
FILHOS.
1º
Conde Guterre Moniz -
(931-999).
Em
931 foi nomeado Conde de Burgos por Afonso IV, e entre 935 a 974 aparece várias
vezes na Corte dos Reis Ramiro II, Ordonho III e do Rei Ramiro III. No nosso
Território confirma três doações a Lorvão em 974, 985 e 988 e outra a
Antealtares. A última referência ao seu nome encontra-se no Diploma sobre o
julgamento da questão entre Lovesendo Aboazar e os Senhores de Guimarães em
999. Ver outras referências em Documentos Leoneses e Galegos em E. Sáez. Não se
sabe com quem casou, mas teve pelo menos um filho, Nuno Guterres que aparece na Corte de Bermudo
III em 1032. Pode também ter sido seu filho o Fernando
Guterres
que confirmou, uma doação do Conde Gonçalo Moniz, segundo hipótese cuja
consistência não se pode avaliar, proposta por A. Fernandes. O mesmo autor
identifica Nuno Guterres ou um seu descendente do mesmo nome com o Conde Nuno Celanova dos «Livros de Linhagens»,
igualmente sem qualquer apoio Documental.
2º
Arias Moniz - (948-973).
Bispo
de Dume entre 948 a 956 pelo menos. Aparece no nosso Território para confirmar
a doação de Munia Dias ao Mosteiro de Lorvão e a de Inderquina «Pala» ao mesmo
mosteiro em 961.
3º
Gatona Moniz -
(927-964).
Casou
com o Rei Sancho
Ordonhes - (927-929).
4º
Ermesenda Moniz -
(962).
Que
confirma a doação de sua mãe Elvira Arias a Celanova em 962.
5º
Elvira Moniz -
(978-986).
É
proprietária de metade da vila de Moreira da Maia e a vende em 978, e confirma
a venda feita por “mancipia” seus em
Guilhabreu em 986.
6º
Conde Gonçalo Moniz -
(928-981).
Filiação
hipotética sugerida por L. G. de Azevedo. Explicar-se-ia assim que tivesse
sucedido a seu avô Arias Mendes no «Condado de Emínio». Com efeito aparece
sempre a Governar o Território de Coimbra. Assim se explicaria também que seu
irmão Guterre apareça várias vezes no mesmo Território. Todavia a hipótese não
é isenta de dificuldades, porque não aparece nunca nos Documentos em que
figuram seu pai ou seus irmãos Guterre e Elvira, mas apenas em dois assinados
pelo outro irmão, o Bispo Arias. Apesar disso admitimos a sugestão a sugestão
de L. G. de Azevedo, porque além das razões apontadas, não encontrámos em
Documentos portugueses nenhum outro Munio ou Nuno com mais probabilidades de
ter sido de ter sido pai de Gonçalo Moniz. (segue).
7º?
Egas Moniz pai de Munio Viegas «Gasco» - (1015-1022).
Segundo
uma conjectura que me parece completamente destituída de fundamento, proposta
por A. Fernandes. Ele próprio parece ter abandonado implicitamente esta
hipótese ao atribuir à estirpe «Gascã» uma origem estrangeira.
IV-CONDE
GONÇALO MONIZ - (928-981).
Sobre
este magnate que dominou em Coimbra, há numerosos Documentos, tanto
Particulares como Régios. Foi grande benfeitor do Mosteiro de Lorvão, ao qual
ofereceu em 961 as vilas de Cerzedo, Padalares
e Serpins, e em 981 a Vila e o Mosteiro de Treixedo, com muitos outros bens.
Também fez doações a Godesteu Moniz. Confirmou muitos Documentos de Lorvão e na
região de Coimbra entre 928 a 981, dos quais alguns Diplomas Régios, de Ordonho
II, de Ramiro II e de Sancho I. Além dos bens que deu a Lorvão, sabe-se também
que possuía propriedades perto de Leça. Em tempo do Abade Arias de Guimarães, o
Conde Gonçalo Moniz entrou em guerra com o Conde Gonçalo Mendes e chegou a
ameaçar o Mosteiro, que foi defendido pelo filho de Mumadona. Foi o mesmo Conde
Gonçalo Moniz que em 965 envenenou o Rei Sancho I o Gordo. Não se sabe porém se foi ele ou o Conde Gonçalo Mendes, o
Conde Gonçalo que enviou uma Delegação a Córdova em 971. Enfim A. Fernandes
supõe que tenha morrido durante a sublevação dos Condados de Coimbra e
Portucale para impor como Rei Bermudo II entre 982 a 984.
MULHER.
Tutadomna
ou a Mumadona Froilaz - (981).
Devia
ser sua prima direita no caso do Conde Gonçalo Moniz ser realmente, filho de
Munio Guterres como sugerimos atrás sobre os pais de sua mulher. O nome
Mumadona «sob a forma Mamodona por
duas vezes) vem indicado em Documento. Um outro Documento chama-lhe Todadomna.
E. Sáez prefere o segundo sem dúvida por «Tutadomna», mulher do Conde Mendo
Gonçalves, ser sua sobrinha. Mas o erro de transcrição também pode estar em Documento.
Com efeito um Documento fala num Munio Gonçalves, filho de Amunne, que podia ser uma outra forma de «Muma». Para esta
identificação concorre o facto de este «Munio» ter o patronímico «Gonçalves»,
usar o mesmo nome que o Avô e ser irmão de Godinha Gonçalves, mulher do Conde
Oveco Garcia, que aparece frequentemente na região de Coimbra, como se verá
mais adiante. De qualquer modo a ascendência de Mumadona ou Tutadomna Froilaz
está perfeitamente estabelecida pelo seu patronímico e por seu filho Froila
Gonçalves se declarar neto de Sarracina em Documento.
FILHOS.
1º
Froila Gonçalves -
(993-1017).
Segundo
dois Documentos. (Segue).
2ª
Godinha Gonçalves -
(?-985).
Na
hipótese de sua mãe Amunne se
identificar com Mumadona ou Tutadomna Froilaz, como propomos mais atrás. Sendo
assim sabe-se, pelo mesmo Documento que casou com o Conde Oveco Garcia que aparece na região de Coimbra
entre 974 a 988, como benfeitor do Mosteiro de Lorvão, e a confirmar dois
Diplomas de seu cunhado Munio Gonçalves. Esta identificação foi também
apresentada por Dom Justo Pérez de Urbel e admitida por A. Fernandes. Godinha e
Oveco foram talvez pais do Conde
Osório Oveques
que confirma o Documento outorgado por seu avô o Conde Gonçalo Moniz.
3º
Munio Gonçalves - (985-988).
Por
ser irmão de Godinha. Foi benfeitor do Mosteiro de Lorvão, ao qual deu em 985 metade
da Vila de Santa Comba e em 988 uma parte da Vila de Castrelo perto de
Mortágua.
4º?
Além destes filhos, L. G. de Azevedo atribui-lhe também outro Ero Gonçalves, sem mais provas além da
confirmação que o mesmo faz numa doação de Recemundo ao Mosteiro de Vacariça em
1016. Com este parentesco o ilustre Historiador pretendia ligar o magnate Egas
Eriz «Iala» ao Conde Gonçalo Moniz. Explicar-se-iam assim muito bem as riquezas
que aquele tinha a Sul do Douro. Há todavia dificuldades cronológicas para
poder admitir esta construção. Com efeito, Egas Eriz fugiu para o Norte do Rio
Douro durante as incursões Islâmicas do fim do século X, e voltou pouco depois
à sua terra. Ora em 1017 Dom Gonçalo Viegas, seu filho, já dominava em
Montemor, sob a autoridade do Conde Mendo Luz e do Rei Afonso V, portanto um
ano depois de Ero Gonçalves confirmar o único Documento em que aparece. Sendo
assim, Ero Gonçalves, ainda era vivo quando Egas Eriz voltou do Norte. Nesse
caso porque é que o Documento não cita o seu nome, em vez do filho «Na hipótese
de L. G. de Azevedo?» Além disso, pelas razões que expomos mais abaixo
parece-nos mais provável que Egas Eriz seja filho de Ero Moniz ou em todo caso,
um membro da Família de Ero Gondesendes. Temos portanto de concluir que Ero
Gonçalves pode ser filho de Gonçalo Moniz, mas dificilmente se pode admitir que
fosse pai de Egas Moniz «Iala».
5ª?
Veila Gonçalves
Ver
o que dizemos a seguir, acerca de Froila Gonçalves.
V-Froila
Gonçalves - (994-1017).
Era
proprietário de bens em Sevilhão, que deu em 994 a Leoderigo e a Ermengo.
Também ofereceu várias terras ao Mosteiro de Vacariça em 1006 e prometeu
dar-lhe outros que foram confirmados em 1018 por sua prima a Condessa
Tutadomna. Depois da invasão do nosso território por Almançor de 995 a 997,
aliou-se aos ocupantes e apoderou-se do Mosteiro de Sever do Vouga. Dominava no
castelo de Montemor, mas foi expulso dali pelo Conde Mendo Luz, que em 1017
ocupou o território sob a autoridade do Rei Afonso V. Não é impossível que se
identifique com o Veila Gonçalves que em 995, ou mais provavelmente em 997,
dirigiu um fossado de Mouros e Cristãos para atacar o Castelo da Maia, que se rendeu
por traição de Eirigo Gonçalves o que permitiu a Veila assolar o território de
entre Douro e o Ave. Todavia o Prof. Rui de Azevedo inclina-se a pensar que se
trate de pessoas diferentes. Nesse caso, Veila podia ser talvez um irmão de
Froila, de tal modo semelhantes são as situações de ambos. Não se conhece o
nome de sua mulher.
FILHOS.
1º
Conde Gonçalo Froilaz -
(1037).
Conde
segundo a filiação proposta por E. Sáez. Em 1037 vendeu uma propriedade que
pertencera aos servos de sua Mulher.
2ª
Ermesenda Fernandes -
(1037-1048).
Como
se declara em Documento. Esta senhora aparece ainda em 1048 a confirmar uma
venda de sua irmã Sarracina. Era filha de Fernando Sandines.
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