Marinha de Guerra Portuguesa
Esquadra
Portuguesa do Oriente Capitania de Macau
Governador
Capitão-General da cidade Lucas José de Alvarenga
Ajudante do Governador
Desembargador Miguel
José de Arriaga Brum da Silveira
Combates
no Mar da China
31 de Março de 1805 a 20 de Outubro de 1805
31 de Março de 1805 a 20 de Outubro de 1805
A pirataria aumentava cada vez
mais, causando danos à navegação não só chinesa mas portuguesa. Macau vivia do
seu comércio marítimo, perde-lo seria lavrar a sua sentença de morte. Portanto tinha
que se defender dos piratas. A 31 de Março de 1805 o governador da Índia
recomendou ao de Macau «Também não me parece conveniente que as embarcações de guerra destinadas para a
defesa da cidade e do seu comércio, se unam à Armada do Governo Sínico nem
estendam a sua navegação a tão grande navegação e a tão grande distancia como
praticaram antecedentemente de que resultou uma dela dar a Polpinão (Pulo
Penang) e recear-se e aqui a respeito da outra a triste notícia de que tinha naufragado,
advirto, portanto ao senado que evite novos compromissos com os Mandarins
Chineses sobre a união das Esquadras, limitando-se ao serviço das nossas
embarcações e à defesa de qualquer desembarque, que se intente nas nossas
praias da cidade e das embarcações». Em 20 de Outubro de 1805 o Capitão-tenente
João Inácio Lopes comandando o Brigue 'Princesa Carlota', alcançou una brilhante
vitória contra 70 embarcações de piratas «obrigando-as pela sua presença de
espírito e sangue frio imperturbável à mais vergonhosa fuga». Recebeu os
louvores do Senado que foram bem merecidos, pois foi um combate de um só navio
contra 70.
Ordem
de Batalha da Flotilha Portuguesa
Comandante
da Força
Capitão-tenente João
Inácio Lopes
(1
navio de guerra – 1 Brigue – 14 peças de artilharia e 120 homens)
Princesa
Carlota
Brigue
Comandante
Capitão-tenente João
Inácio Lopes
Armamento
- 14 peças de artilharia e 125 homens de guarnição
06
de Maio 1807
A pirataria infestava os mares da
china do sul, estendendo-se às águas de Macau. Como vários barcos nossos se
perderam, o Senado proibiu em 29 de Novembro de 1805, a compra de embarcações
de dois mastros, sob uma multa de 400 taéis, visto não se poderem armar
convenientemente. Em 1807 os piratas tiveram a ousadia de atacar navios
mercantes à vista de Macau. Urgia dar-lhes uma boa lição. O Senado de Macau
adquiriu três embarcações de guerra: a Fragata 'Ulisses' de 120 toneladas e 28
peças de artilharia, o Brigue 'Princesa Carlota' de 20 toneladas e 14 peças de
artilharia e a Lorcha 'Leão Temível' com 5 peças de artilharia. Em Abril de 1807,
a flotilha portuguesa saiu do porto de Macau, e a 6 de Maio de 1807,
encontraram a frota dos piratas chineses formada por 50 juncos, após uma hora
de combate a frota chinesa retirou excepto o navio-capitânea de 20 toneladas e
com 300 homens de guarnição que se lançaram contra o Brigue do Primeiro-tenente
Pereira Barreto. O combate foi renhido tendo a flotilha portuguesa alcançado
uma vitória total.
Ordem
de Batalha da Flotilha Portuguesa
Comandante
da Flotilha
Primeiro-tenente
Pereira Barreto
(3
navios de guerra - 1 fragata, 1 brigue e 1 lorcha - 41 peças de artilharia e
255 homens)
Ulisses
Fragata
Comandante
Capitão de Artilharia
José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa
Armamento
- 28 peças de artilharia, 20 peças de 12 pl. 8 peças de 6 pl.
Princesa
Carlota
Brigue
Comandante
Primeiro-tenente
Pereira Barreto
Armamento
- 12 peças de artilharia e 125 homens de guarnição
Leão
Lorcha
Comandante
Piloto José Gonçalves
Carocha
Armamento
- 5 peças de artilharia e 30 homens de guarnição
Marinha de Guerra Portuguesa
Boca
do Tigre
15
de Fevereiro de 1809 a 21 de Janeiro de 1810
Combates da Esquadra Portuguesa de
Macau no mar da China de 1809-1810, contra os piratas chineses comandados por
Quan Apon Chay. Perdida no fim do mundo, esquecida pela Índia e ainda mais pela
Metrópole, constantemente ameaçada pelas prepotências dos Chineses e dos
Ingleses, a cidade de Macau teimava em sobreviver. Em Setembro de 1808, apesar dos protestos do
Governador e do Senado, os Ingleses insistiram em colocar nela uma guarnição
sua, tal como haviam feito no Funchal e em Goa, para "... a defender de um
eventual ataque dos Franceses". A verdade nua e crua é que a Companhia Inglesa
das Índias estava aproveitando despudoradamente a guerra na Europa para deitar
mão a todas as possessões que os Franceses, os Holandeses e os Portugueses
ainda possuíam no Oriente. Afinal, a esperteza de nada lhe serviu, porque ao
ser assinado o tratado de paz em 1815 foi obrigada a devolvê-las todas aos seus
antigos donos. Mas não eram só os Ingleses que causavam preocupações aos
Macaenses. Desde 1805 que um pirata chinês, chamado Quan Apon Chay, que
aspirava a tornar-se imperador da China, andava assolando as costas deste país
com uma armada de perto de setecentos navios, entre juncos, Lorchas e outros de
menor porte. De início não se tinha atrevido a interferir com a navegação de
Macau, possivelmente por recear a esquadra que ali tínhamos, composta por uma
fragata e um brigue. Porém, quando aquela foi mandada seguir para a Índia,
começou também a apresar os navios que iam para Macau ou de lá vinham. Era
então governador e capitão-general da cidade Lucas José de Alvarenga, homem
inteligente e enérgico, que resolveu pôr cobro a uma situação que a
prolongar-se levaria inevitavelmente os Macaenses à ruína. Nesse sentido deu
ordem ao desembargador Miguel José de Arriaga Brum da Silveira, pessoa com
excepcionais capacidades de organização e profundo conhecedor do meio, para organizar
uma esquadra capaz de ir dar combate à dos piratas. Meteu este mãos à obra e a
breve trecho tinha prontos a fazerem-se ao mar, devidamente armados,
guarnecidos e municiados, o brigue de guerra 'Princesa Carlota', de 16 peças e
100 homens de guarnição, o brigue de guerra 'Belisário', de 18 peças e 120 homens
de guarnição, e a Lorcha 'Leão', de 5 peças e 30 homens de guarnição, esta última
comandada pelo piloto José Gonçalves Carocha. Para comandante da força foi
escolhido o capitão de artilharia José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa.
Encontrava-se no porto uma fragata inglesa, cujo comandante, instado pelo
Governador, acedeu a colaborar connosco. A 15 de Fevereiro de 1809 os navios
acima referidos deixaram Macau, continuando a fragata inglesa fundeada como se
nada fosse com ela. Pouco depois entravam aqueles em contacto com cerca de
duzentos navios do Quan Apon Chay que se encontravam nas proximidades. Teve
então lugar um medonho combate entre os portugueses e os chineses, disparando
os primeiros continuamente os seus canhões e as suas espingardas sobre o
cardume de juncos e Lorchas que procuravam aproximar-se deles, enquanto os
segundos se esforçavam por chegar à abordagem, o que, felizmente para nós,
nunca conseguiram. Durou o combate, no qual se distinguiu particularmente a
Lorcha de Gonçalves Carocha, desde manhã até ao pôr-do-sol, acabando os piratas
por bater em retirada com muitos dos seus navios gravemente danificados e
cheios de mortos e feridos. Esta vitória de "David contra Golias" levantou extraordinariamente
o ânimo dos Macaenses e abalou a dos piratas. Na sequência dela o governo
imperial enviou emissários a Macau para propor uma acção conjunta de
Portugueses e Chineses destinada a acabar de uma vez por todas com o temível
Quan Apon Chay. A 23 de Novembro de 1809 foi assinado entre as duas partes uma
convenção, mediante a qual os Portugueses se comprometiam a aprontar uma
esquadra de seis navios e os Chineses uma de sessenta, para, unidas, irem dar
batalha à do pirata. Mais uma vez o infatigável desembargador Arriaga entrou em
acção e lançando mão de todos os recursos da cidade conseguiu armar mais quatro
navios mercantes que estavam no porto. Eram eles: o 'Inconquistável', de 26 peças
e 160 homens de guarnição, cujo comando foi confiado a Alcoforado, também
comandante da esquadra; o Indiana, de 24 peças e 120 homens de guarnição, do
comando do alferes Anacieto José da Silva, a 'Conceição', de 18 peças e 130
homens de guarnição, do comando de Luís Carlos de Miranda, o 'São Miguel', de 16
peças e 100 homens de guarnição, do comando de Constantino José Lopes. Todos
eles, assim como o 'Belisário', de que era comandante o alferes José Félix dos
Remédios, eram navios de três mastros com mastaréus de gávea e de joanete,
portanto equivalentes às corvetas de guerra. A Lorcha 'Leão', talvez por causa
das avarias sofridas no primeiro combate, não foi utilizada, sendo o bravo
Gonçalves Carocha nomeado comandante do brigue 'Carlota'. Em princípios de
Novembro de 1809 largou a nossa esquadra com destino à Boca do Tigre a fim de
se juntar à chinesa que pela mesma altura deveria ter saído de Cantão. Porém,
poucas horas depois de ter deixado Macau, foi interceptada pela esquadra do
Quan Apon Chay, com a qual travou um novo combate, que durou cerca de nove
horas. Depois de terem tido quinze navios afundados a tiro de canhão e ficado
com muitos outros destroçados, os piratas retiraram. Mas recompuseram-se
rapidamente e a 11 de Novembro voltaram ao ataque, sendo novamente repelidos
com pesadas perdas. Não tendo aparecido a esquadra chinesa de Cantão, a nossa
recolheu a Macau. Nos primeiros dias de Janeiro de 1810 Alcoforado voltou a
fazer-se ao mar, travando mais dois combates, nos dias 3 e 4, com a esquadra do
Quan Apon Chay. Tal como acontecera nos encontros anteriores, preponderou a
potência de fogo da nossa artilharia e mosquetaria, que não permitiu que os
chineses concretizassem nenhuma das repetidas tentativas que fizeram para
abordar os navios portugueses. Mas Quan Apon Chay não se deu por vencido e a 21
de Janeiro lançou-se em massa, com mais de trezentos navios, sobre a nossa
esquadra, disposto a jogar tudo por tudo. O embate foi terrível! Manobrando
habilmente os seus navios de forma a conservarem-se a barlavento e disparando
incessantemente os seus canhões e os seus mosquetes, os portugueses conseguiram
manter o inimigo à distância, ao mesmo tempo que lhe iam provocando grandes
estragos e inúmeras baixas. A dada altura a 'Conceição' encalhou, ficando em
risco de ser abordado e tomado. Foi em seu auxílio Gonçalves Carocha com a 'Carlota' e conseguiu desencalhá-lo, tirando-o da difícil situação em que se
encontrava. Notou então Alcoforado que no centro da esquadra inimiga se
encontrava um grande junco transformado em pagode onde deviam ser transportados
os símbolos da religião dos piratas. Pensando que se o conseguisse afundar o
moral destes ficaria consideravelmente abalado, concentrou sobre ele o fogo da
artilharia do seu navio. Atingido repetidamente, o pagode começou a
desmanchar-se, a meter água e, por fim, afundou-se. Conforme Alcoforado
previra, ao verem-no desaparecer, os restantes navios do Quan Apon Chay, na sua
maior parte já muito maltratados, deram a batalha por perdida e começaram a
afastar-se dos nossos. Nestas circunstâncias viu-se aquele obrigado a
refugiar-se no rio Hiang San, onde os portugueses não puderam entrar por terem
maior calado, ficando fundeados à entrada da barra. Decorridas cerca de duas
semanas Quan Apon Chay mandou dizer a Alcoforado que estava disposto a
negociar. Que lhe mandasse um emissário. Não esteve este com meias medidas.
Meteu-se sozinho numa embarcação e foi ele mesmo ao junco do pirata que se
encontrava rodeado por toda a sua esquadra. Quan Apon Chay ficou estarrecido
perante tanta coragem e ao mesmo tempo lisonjeado pela confiança que o nosso
comandante depositava nele. E como também era um homem corajoso e honrado,
declarou a Alcoforado que na realidade a sua intenção, quando propusera
negociações, era distrair os portugueses para tentar furar o bloqueio, ainda
que perdesse parte dos seus navios. Mas considerando a forma como se tinham
batido e a demonstração de confiança que lhe tinham dado, mudara de ideias e
estava agora disposto a entrar em negociações de paz com o Imperador da China.
Para tal solicitou a mediação portuguesa e que o encarregado directo dela fosse
o desembargador Arriaga. Tal era o prestígio de que este desfrutava entre os
Chineses. Deslocou-se o desembargador ao rio Hiang San juntamente com os
delegados do Imperador e a 21 de Fevereiro de 1810 firmou-se um tratado de paz,
mediante o qual Quan Apon Chay se comprometia a entregar toda a sua esquadra e
a reconhecer sem reticências a autoridade do Imperador. Em contrapartida, por
sugestão de Arriaga, era aquele investido no cargo de almirante-mor da armada
chinesa gozando de inúmeras regalias. Desta forma ficou salva a face de todos.
Uma verdadeira obra-prima de diplomacia oriental. A 20 de Abril teve lugar a
entrega formal das forças do Quan Apon Chay, num total de duzentos e oitenta
navios, duas mil peças de artilharia e vinte e cinco a trinta mil homens. Os
Portugueses nada quiseram para si, além dos navios que tinham capturado durante
o último combate, o que, mais uma vez, assombrou os Chineses. Mais tarde Quan
Apon Chay visitou Macau com uma esquadra de sessenta juncos festivamente
embandeirados. Recebido com todas as honras no Leal Senado, disse, referindo-se
a Gonçalves Carocha: - "Eis o homem que mais danos me causou; ele só e a sua
Lorcha [durante o primeiro combate] inquietava toda a minha esquadra. Mas quem
pode igualar os Portugueses".
Flotilha
de Macau
15
de Fevereiro de 1809
Comandante
da Flotilha
Comandante
Capitão de Artilharia
José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa
(3
navios de guerra - 1 brigue, 1 navio armado e 1 lorcha - 39 peças de artilharia
e 250 homens)
Belisário
Brigue
Comandante
Alferes José Félix dos
Remédios
Armamento
- 18 peças de artilharia e 120 homens de guarnição
Princesa
Carlota
Brigue
Comandante
Capitão de Artilharia
José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa
Armamento - 16 peças de artilharia
e 100 homens de guarnição
Leão
Lorcha
Comandante
Piloto José Gonçalves
Carocha
Armamento
- 5 peças de artilharia e 30 homens de guarnição
Flotilha
de Macau
15
de Setembro de 1809
Comandante
da Flotilha
Capitão de Artilharia
José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa
(3
navios de guerra - 2 brigues e 1 lorcha - 39 peças de artilharia e 250 homens)
Belisário
Brigue
Comandante
Primeiro-tenente
Teutónio da Silva Braga
Armamento
- 18 peças de artilharia e 120 homens de guarnição Princesa Carlota
Princesa
Carlota
Brigue
Comandante
Capitão de Artilharia
José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa
Armamento
- 16 peças de artilharia e 100 homens de guarnição
Leão
Lorcha
Comandante
Piloto José Gonçalves
Carocha
Armamento
- 5 peças de artilharia e 30 homens de guarnição
Esquadra
de Macau
23
de Novembro de 1809
Na sequência da vitória de 15 de
Fevereiro de 1809, o governo Imperial Chinês enviou emissários a Macau para
propor uma acção conjunta de Portugueses e Chineses destinada a acabar de uma
vez por todas com o temível Quan Apon Chay. A 23 de Novembro de 1809 foi
assinado entre as duas partes uma convenção, mediante a qual os Portugueses se
comprometiam a aprontar uma esquadra de seis navios e os Chineses uma de
sessenta, para, unidas, irem dar batalha à esquadra do pirata. Em princípios de
Novembro de 1809 largou a nossa esquadra com destino à Boca do Tigre a fim de
se juntar à chinesa que pela mesma altura deveria ter saído de Cantão.
Comandante
da Esquadra
Capitão de Artilharia
José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa
(6
navios de guerra - 1 fragata, 1 bergantim e 4 brigues - 120 peças de artilharia
e 760 homens)
Inconquistável
Fragata
Comandante
Capitão de Artilharia
José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa
Armamento
- 26 peças de artilharia e 160 homens de guarnição
Indiana
Bergantim
Comandante
Alferes Anacieto José
da Silva
Armamento
- 24 peças de artilharia e 120 homens de guarnição
Conceição
Brigue
Comandante
Piloto Luís Carlos de
Miranda
Armamento
- 18 peças de artilharia e 130 homens de guarnição
São
Miguel
Brigue
Comandante
Piloto Constantino José
Lopes
Armamento
- 18 peças de artilharia e 130 homens de guarnição
Belisário
Brigue
Comandante
Alferes José Félix dos
Remédios
Armamento
- 18 peças de artilharia e 120 homens de guarnição
Princesa
Carlota
Brigue
Comandante
Piloto José Gonçalves
Carocha
Armamento
- 16 peças de artilharia e 100 homens de guarnição
O que acha desta imagem? Uma nau portuguesa e outra holandesa à esquerda. À direita uma parece-me que Espanhola e umas galés. Pensei na batalha de Marbelha (Cabrita Point) mas nunca vi nada em Português a propósito dela, só em fontes Inglesas.
ResponderEliminarCumprimentos.
http://i1074.photobucket.com/albums/w420/1Catrau/BatalhaPontaCabrita_zpsdbea562a.png