As expressões Entradas, bandeiras e Monções são utilizadas para designar, genericamente, os diversos tipos de expedições empreendidas à época do Brasil Colônia, com fins tão diversos como os de simples exploração do território, busca de riquezas minerais, captura ou extermínio de escravos indígenas ou mesmo africanos.
Ainda
de maneira geral, considera-se que:
As
chamadas Entradas tinham a finalidade de expandir o território, eram
financiadas pelos cofres públicos e com o apoio do governo colonial em nome da
Coroa de Portugal, ou seja, eram expedições organizadas pelo governo de
Portugal.
As
Bandeiras foram iniciativas de particulares, que com recursos próprios buscavam
obtenção de lucro. Seus membros ficaram conhecidos como Bandeirantes.
As
Monções eram expedições fluviais paulistas que partiam de Porto Feliz, às
margens do Rio Tietê, com destino às áreas de mineração em Mato Grosso, com a
finalidade de abastecê-las. As canoas levavam mantimentos, ferramentas, armas,
munições, tecidos, instrumentos agrícolas e escravos negros, entre outras
mercadorias para serem comercializados nos povoados, arraiais e vilas do
interior. Na volta, traziam principalmente ouro e peles. Há que considerar
ainda o aspecto particular desse fenómeno na região amazónica, em busca não
apenas do extrativismo das chamadas drogas do sertão, especiarias apreciadas na
Europa como, por exemplo, o urucum e o guaraná, mas também em busca do
apresamento do próprio indígena.
Tendo em vista que o processo de expansão marítima europeia ocorreu sob a égide do metalismo, uma das faces do mercantilismo, a descoberta, exploração e colonização do Brasil não lhe ficaram alheias, como testemunha a Carta de Pero Vaz de Caminha, ao referir as perguntas dos descobridores aos indígenas sobre a existência de ouro e prata na terra.
O
historiador Jaime Cortesão chamou a atenção para "a precocidade, em Porto
Seguro, do movimento de entrada para oeste, em busca de ouro e pedras
[preciosas]. Apenas São Vicente e São Paulo se tornarão, logo após a chegada do
primeiro donatário, centro de uma precoce e espontânea penetração por parte dos
primeiros colonos." E complementa: "Em Porto Seguro é que se vai
formar a lenda da serra das esmeraldas, que levará ao descobrimento definitivo
das minas e à exploração intensiva dos sertões de Minas Gerais, Goiás e Mato
Grosso."
Em 1542 foram descobertas, pelos espanhóis, as minas do Potosí, no Alto Peru (hoje, Bolívia). Esse fato reforçou, na América Portuguesa, a crença de que também nela existia abundância de metais preciosos. O historiador Capistrano de Abreu refere que as tentativas de "Cristóvão Jacques e Martim Afonso de Sousa. Nas suas capitanias, esperavam descobri-las João de Barros e sócios. Duarte Coelho contava descobri-las no rio São Francisco e só deixou de ir pessoalmente pesquisá-las por circunstâncias alheias à sua vontade. Em Porto Seguro correram notícias de ouro uns quarenta anos depois da viagem de Pedro Álvares Cabral."
Não
é por acaso que, ao primeiro governador-geral, Tomé de Sousa, haja sido insistentemente
recomendado pela Corte descobrir minas de ouro e prata (1548). Para esse fim, o
Governador enviou uma galé para o norte, a ver se, penetrando pelos rios
adentro, na direcção do Peru, se encontravam indícios de minas. Esta expedição
desapareceu, sem notícias.
O historiador Francisco Adolfo de Varnhagen informa: "Ás notícias vindas de São Vicente (...) se tinham seguido outras mandadas de Pernambuco pelo provedor-mor Antônio Cardoso; (...) mas eram especialmente as recém-chegadas de Porto Seguro, onde estava o capitão Duarte de Lemos, que mais visos tinham de verdadeiras. Uma partida de gentios, ali arribada do sertão, dava conta de que, para as bandas do grande rio São Francisco, se encontravam serras com esse metal amarelo que iam ter aos rios; e ao mesmo tempo apresentavam mostras de várias pedras finas, entrando neste número, algumas verdes como esmeraldas."
Em Julho de 1550, de Porto Seguro, o capitão Duarte de Lemos escreveu ao soberano, garantindo-lhe que ali "é a terra onde está o ouro, porque de nenhuma destas partes podem ir melhor a ele que por esta", já que o Peru "está na altura de dezassete graus que é onde esta capitania está (...)".
Uma
das últimas expedições em direcção ao Peru foi organizada por Martim Afonso de
Sousa. Sob o comando de Pero Lobo, partiu em 1531 do litoral da Capitania de
São Vicente, vindo a ser chacinada pelos indígenas ou escravos
Porto Seguro, 1554. A chamada Entrada de Porto Seguro ocorreu sob o governo-geral de Tomé de Sousa. Sob o comando do castelhano Francisco Bruzo de Espinosa, partiu em 1553 ou 1554 da Capitania da Bahia, conforme consta do processo da Inquisição movido contra o donatário Pero Pablo de com o Campo Tourinho. A expedição, com numerosa gente, teria descido via marítima pelo litoral, enveredado pelo vale do Rio Pardo, atravessando o vale do rio Jequitinhonha e alcançando o rio São Francisco, cruzando o sertão do atual estado da Bahia até alcançar o do atual estado de Minas Gerais, onde se ergue a atual Espinosa. Percorreu tabuleiros de pastagens naturais, identificando jazidas de sal mineral, o que levou a que, mais tarde, a região atraísse numerosos rebanhos, sobretudo a partir do século XVII, os do pecuarista Antônio Guedes de Brito.
1567
- Martim de Carvalho
1560
- 1561 - Brás Cubas, partindo de Santos, alcançou o planalto e seguiu pelo vale
do rio Paraíba do Sul até à serra da Mantiqueira, alcançando o vale do rio das
Velhas de onde, a partir de sua foz, teria seguido pelo vale do rio São
Francisco até à barra do rio Parnamirim, retornando à Capitania de São Vicente
pelo mesmo percurso.
1572
- Sebastião Fernandes Tourinho
1572
- Antônio Dias
Durante
a União Ibérica (1580-1640), o governador-geral D. Francisco de Sousa, buscou
activamente riquezas minerais, a partir do litoral da Capitania da Bahia e do
da Capitania do Espírito Santo, buscando alcançar o título de Marquês das Minas
que o soberano espanhol prometera a quem lograsse encontrar ouro no Brasil.
Com a descoberta de ouro na Capitania de São Vicente, o Governador-geral deslocou-se, pessoalmente, em 1598, para inspeccionar as minas de Jaraguá, Bituruna, Monserrate e Biriçoiaba (Araçoiaba), nas cercanias da vila de São Paulo. Essas lavras não apresentaram produção significativa, mas tiveram o mérito de incentivar a busca pelo metal a partir dessa região. Em 1602, com a chegada do novo Governador-geral, o Estado do Brasil foi dividido em duas Repartições, compreendendo a Repartição Sul as promissoras terras da Capitania de São Vicente, sob o governo do próprio D. Francisco de Sousa. Entre as suas preocupações, manteve-se a de incentivar novas expedições, vindo a falecer sem ter logrado êxito na sua busca.
Outras
expedições de nota no período foram:
1596
- Marcos de Azeredo.
1601
- André de Leão e Olimer.
(partindo
de São Paulo, atingiu a região Oeste do atual estado de Minas Gerais).
1611
- Marcos de Azeredo.
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