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domingo, maio 31, 2015

Mazagão- Século XVI a meados do Século XVIII


Mazagão foi, entre o início do século XVI e meados do século XVIII, uma possessão portuguesa em Marrocos, no norte da África, tendo dado origem à atual cidade de El Jadida. Os monumentos portugueses que chegaram até aos nossos dias são a cisterna, a antiga fortificação com suas muralhas e baluartes (exemplo precoce da arquitetura militar portuguesa do Renascimento), e a Igreja de Nossa Senhora da Assunção, em estilo manuelino.


Esse conjunto oferece um exemplo excepcional das influências recíprocas entre a cultura europeia e a marroquina. No início do século XVI, os portugueses ali encontraram os restos de uma pequena torre abandonada, primitivamente utilizada como posto de vigia, denominado "El Brija" diminutivo de "Borj". Durante a construção da primeira cidadela, os portugueses aproveitaram-na, denominando a nova estrutura de "Castelo Real". A cidadela ao seu abrigo foi colocada primitivamente sob a invocação de São Jorge. A origem da toponímia "Mazagão" é controversa. João de Sousa afirma que o nome provem da expressão em língua árabe "El ma Skhoun", com o sentido de "água quente", enquanto, que André Privé supõe que a palavra é de origem portuguesa.


A versão mais plausível é que o nome seja de origem berbere uma vez que se encontra registado pelo geógrafo Muhammad Al-Idrisi, no século XI, o nome original pronunciado como "Mazergan" com o significado de "amolar". Após a sua destruição, em meados do século XVIII foi denominada de "Al Mahdouma", ou seja "a demolida", e mais tarde reconstruída vindo a ser denominada de "el Jadida" ("a nova"). O sítio de "Mazagan" ou "Mazagão", considerada uma vila portuguesa em terras marroquinas, encontra-se sob o domínio da Coroa portuguesa desde 1486, embora os portugueses apenas nela se tenham instalado a partir de 1502 quando ergueram uma torre e algumas instalações de campanha. Foi apenas em 1514 que a Coroa portuguesa decidiu a fortificação permanente do local, tendo os irmãos Diogo e Francisco de Arruda projetado e iniciado a construção de uma cidadela de planta quadrada com torres nos vértices. Uma das torres erguia-se na localização de al-Buraidja.


Em 1541, na sequência da queda da Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué (atual Agadir), João III de Portugal determinou a evacuação da Praça-forte de Safim e da Fortaleza de Azamor (1542), concentrando as forças portuguesas em Mazagão, considerada como melhor protegida. Ali deu início a uma extensa remodelação das suas defesas, com projeto a cargo de um grupo de engenheiros e arquitetos em que se destacavam o português João Ribeiro, o espanhol Juan Castillo e o italiano Benedetto da Ravenna (c. 1485-1556), engenheiro de Carlos I de Espanha. Outros autores atribuem-lhe a traça a Diogo de Torralva. Data deste período a configuração das muralhas que chegou até aos nossos dias. O seu corpo principal foi erguido no espaço de um ano (1541-1542) pelo engenheiro João de Castilho, sendo a primeira obra de fortificação portuguesa integralmente abaluartada. À época da evacuação da Praça-forte de Alcácer-Ceguer (1549) e da Praça-forte de Arzila (1550), as suas defesas complementares ainda não haviam sido concluídas. Esta praça-forte foi o palco do último grande feito de armas portuguesas no Marrocos, quando resistiu vitoriosa e sem o auxílio do reino, ao cerco muçulmano de 1562. Na guarnição de 2.600 homens, sob o comando de Álvaro de Carvalho, destacou-se Rodrigo de Souza, o "herói de Mazagão". Em 1561 Álvaro de Carvalho, na altura capitão de Mazagão, volta a Portugal possivelmente para tratar de alguns assuntos, e deixa na praça como capitão interino seu irmão Rui de Sousa de Carvalho. Pouco mais tarde o Xarife Abdallah el-Ghalib, decide apoderar-se de Mazagão, e aí envia seu filho Mulei Mohammed com uma armada de cerca de cento e cinquenta mil homens, que põem o cerco a vila a partir de Fevereiro de 1562. Rui de Sousa vendo a multidão, recusa a proposta do Xarife de abandonar a praça e pede socorro à metrópole.


O cerco começa, as diferentes batalhas fazem muitos mortos e feridos e a 24 de Março chega Álvaro à praça com uma armada. Em 24 de Abril Rui de Sousa é gravemente ferido e queimado, mas continua a luta. Em 7 de Maio os mouros levantam o cerco, onde morreram mais de vinte e cinco mil mouros e cento e dezassete portugueses. Os sobreviventes portugueses terão sido à volta de duzentos e sessenta. De Álvaro a Pedatura Lusitana diz o seguinte: «assistiu no grande cerco que lhe pós o Xarife (...) no qual cerco mostrou muito valor e prudencia». Parece que depois do cerco, nesse mesmo ano de 1562, Álvaro voltou para Portugal, deixando seu irmão Rui de Sousa, governar, sendo este substituído pouco depois. Nesse cerco esteve também presente Bernardim Ribeiro, "Fidalgo de valor que tinha servido valorosamente em todas as ocasiões que houve em seu tempo, e como no cerco de Mazagão o queimassem os Mouros ficou algum tanto disforme do rosto", e entrando com o jovem rei D. Sebastião jovens fidalgos que o gozaram, continua dizendo D. Fernando Alvares "que quando aquele fidalgo era da idade dos que zombavam dele, era mais gentil-homem que cada um deles, e que pois por serviço de Deus e de Sua Alteza, e defensão da fé chegara àquele estado; não devia Sua Alteza consentir que em sua presença o afrontassem, quem por ventura não se aventuraria a perder outro tanto.". Em 1769 a ocupação de Mazagão, então a última das fortificações portuguesas em Marrocos, chegou ao fim, após a assinatura de um Tratado de Paz com o sultão Mohammed III de Marrocos (1757- 1790).


As forças portuguesas abandonaram a cidade pela Porta do Mar no dia 10 de março, deixando minada a entrada principal, que explodiu quando as forças marroquinas forçaram a entrada, o que provocou a destruição do chamado "Baluarte do Governador" e de grande parte do terrapleno. O abandono de Mazagão marcou o fim da presença portuguesa no Norte d'África. A povoação permaneceu desabitada por quase meio século, vindo a ser denominada de "al-Mahdouma" ("as ruínas"). O marquês de Pombal, ministro de José I de Portugal, decidiu que a população de Mazagão seria transferida para a Amazônia, no Brasil, outra região sob controlo português que necessitava de garantia de soberania. Desse modo, foi fundada a vila de Nova Mazagão (atualmente apenas Mazagão, no atual estado brasileiro do Amapá). A concepção da fortificação de Mazagão pertence ao período do desenvolvimento da artilharia moderna, à época do Renascimento. Apresenta planta no formato de estrela, com muralhas na cota de 250 a 300 metros de altura. Ligeiramente inclinadas, apresentam altura média de 8 metros, maciças, com uma espessura de 10 metros, encimadas por um caminho de ronda de 2 metros de largura. Estas muralhas são amparadas por quatro baluartes: o baluarte do Anjo, a este, o de São Sebastião, a norte, o de Santo António, a oeste, e o do Espírito Santo, a sul.


Um quinto baluarte, o do Governador, defendia o Portão de Armas, atualmente em ruínas após ter sido explodido pelas forças portuguesas no momento da evacuação da praça em 1769. Esta rasgava-se em arco duplo ao centro da muralha sul, separada de terra por um fosso inundado, com 20 metros de largura e 3 de profundidade, ultrapassado por uma ponte levadiça. A fortificação possuía outras duas entradas: a chamada "Porta do Mar", que defendia um pequeno ancoradouro protegido pela muralha Nordeste, e a porta do Touro. Constitui-se em uma vasta sala subterrânea e abobadada integrante da fortificação erguida em 1514. Serviu possivelmente como salão de armas, antes de ser requalificada como reservatório de água. Apresenta planta quadrada com de 34 metros de lado, constituindo seis naves cujas abóbadas de nervuras repousam sobre 25 colunas e pilares. O tramo central é rasgado por um amplo óculo por onde penetra a luz do dia, o que produz, por reflexão sobre o espelho d'água da cisterna, um efeito magnífico.


Governadores de Mazagão
(Com o título de Capitão-mor)

1514 - 1517 - Martim Afonso de Melo Coutinho


Martim Afonso de Melo Coutinho, ou apenas Martim Afonso de Melo (c. 1480 - antes de 1523), fidalgo da Casa Real, membro do Conselho Régio, Capitão de Mazagão, capitão de uma armada à China. Martim Afonso de Melo Coutinho era filho de Jorge de Melo, ‘o Lágeo’, alcaide-mor de Redondo e Pavia, e de sua mulher D. Branca Coutinho. Era irmão de Vasco Fernandes Coutinho, Manuel de Melo, comendador de Ferrados, Diogo de Melo (que morreu nos mares da China em 1522), Maria de Melo, Antónia de Vilhena, e Guiomar Coutinha, que casou com Rui Dias de Sousa, o Cid. Foi camareiro-mor e guarda-mor do infante D. Duarte, e a partir de 1506 capitão e anadel-mor dos besteiros a cavalo. Em 1514, tomou o hábito de Cristo. Esse mesmo ano é nomeado primeiro capitão de Mazagão, que governa até 1517. Em 1514, os reis de Fez, e Mequinez tencionavam tomar Azamor, aparelhando-se «pera virem com todo seu poder (...) e para começar a guerra, & cerco, mandavão diante dous seus Alcaides famosos, com muitos, & bons cavalleiros, & gente de guerra, que por todos erão quatro mil de cavallo, & grande numero de pé». Sabendo disso João de Meneses, capitão de Azamor, Martim Afonso de Melo Coutinho, e Nuno Fernandes de Ataíde, capitão de Safim, depois de se terem concertado decidiram atacar rapidamente os alcaides. D. João dispunha de 800 homens de cavalo e 1000 de pé, Nuno Fernandes de Ataíde, 400 lanças, e Martim Afonso de Melo, de 50 cavalos. Pediram também ajuda ao "mouro amigo" Iheabenafut com 1.500 lanças, ao adail Fernão Caldeira, de Arzila, e a alguns outros. «Derão todos sobre os Alcaides, que confiados em sua multidão, & fama, os receberão com muito ânimo,& com o mesmo se começarão a defender como cavalleiros: mas os nossos com tanto impeto, & fervor entrárão, & continuarão a batalha, que forão os Alcaides desbaratados, ficando hum delles morto no campo, com mais de dous mil, & seiscentos de cavallo: & o outro se salvou deixando a lança, adarga, & cavallo, pera com mais dissimulação, & ligeireza o poder fazer. Morrerão mais sete Xeques, pessoas entre elles de grande authoridade; & da gente de pé hum grandíssimo número.» Em 1521 capitaneou uma nau da armada da Índia, cujo capitão-mor era seu primo D. Duarte de Meneses, nomeado governador da Índia. Partiram de Lisboa em 5 de Abril. Uma vez chegado à Índia devia partir para a China numa armada em que iam também seus irmãos Vasco Fernandes Coutinho, e Diogo de Melo, com Pedro Homem, capitães de cada uma nau. Aí haveria de erguer uma fortaleza no Celeste Império e estabelecer uma rota comercial entre Samatra e a China. Segunda batalha de Tamão. Partindo de Malaca em 10 de Julho de 1522, Martim Afonso, vem acostar em Agosto em Tamão (Tuen Mun), na costa chinesa, vila que tinha sido ocupada pelos portugueses desde 1514, onde um ano antes Simão de Andrade tinha sido derrotado pelos chineses, na sequência da embaixada falhada de Tomé Pires ao emperador. Aí Martim Afonso quer construir uma fortaleza, mas as tropas chinesas atacam-no, queimam uma nau e capturam outra. O irmão do Capitão-mor, Diogo de Melo morre durante a batalha, a sua nau tendo sido destruída pala artilharia chinesa. Martim Afonso nesta situação consegue voltar para Malaca com o resto da Armada, tês naus, onde chega em Outubro. Dos portugueses foram capturados 42 homens que serão mais tarde executados. Os canhões utilizados pelos chineses nessa batalha eram cópias de canhões portugueses que tinham sido levados à corte. Por isso os canhões chineses eram chamados "Feringis", que é o nome que se dava em oriente aos europeus, e particularmente nesse período de expansão, aos portugueses. Não é certo que Martim Afonso tenha regressado a Portugal, porém a 21 de Abril de 1526 já se encontrava falecido. Martim Afonso casou com Maria Henriques (filha de Francisco de Miranda Henriques, Comendador de Elvas [4] ), com quem têve Jorge de Melo Coutinho, que foi camareiro-mor, e Senhor da casa do seu pai, e D. Filipa de melo, mulher de Jorge de Barros, feitor em Flandres.
           
1517 - 1520 - Álvaro de Noronha


1520 - 1529 - António Leite (1ª vez)
           
1529 - 1536 (?)
           
1536 (?) - 1537 (?) Manuel de Sande
           
1537 (?) - António Leite (2ª vez)
           
1537 - 1541/42 - João Gomes
           
1541/42 - 1548 - Luís de Loureiro


Luís de Loureiro, por vezes Luís do Loureiro (Viseu?, Silgueiros?, c. 1490 - Tânger, 13 de Março de 1553), ao qual vulgarmente se chama o Grande Luís de Loureiro foi um nobre português. Exerceu os cargos de Adail-Mor do Reino de Portugal, Capitão de Safim, de Santa Cruz do Cabo de Gué, novamente de Safim para a sua evacuação, de Mazagão, de Arzila para a sua evacuação, e de Tânger, e foi um dos heróis mais esclarecidos na Nação. Nascido no reinado de D. João II de Portugal, era filho de Henrique de Loureiro, por vezes Henrique do Loureiro, o qual consta duma Decisão de Phebo ser filho natural legitimado, que foi Senhor da Casa de seu Pai e grande Cavaleiro em África, onde assistiu muito tempo e onde serviu com valor, e foi Fidalgo da Casa Real de El-Rei D. Manuel I de Portugal, como consta do Livro dos Registos da Câmara de Viseu, e de sua mulher Brites ou Catarina Rodrigues Cardoso ou Cardosa, filha de Diogo Rodrigues Cardoso e irmã de Pedro Rodrigues Cardoso, chamado o Surdo. O seu pai teve uma filha bastarda, ... de Loureiro, mulher de Diogo Lopes, sem geração. Tendo o Capitão da praça-forte de Safim, D. João de Faro, sido morto pelos Mouros, foi substituído por Rui Freire que, entretanto, era muito jovem. Por essa razão, o Rei D. João III de Portugal enviou para governar Safim como seu 11.º Capitão Luís de Loureiro, antes de enviar outro Capitão, D. Garcia de Noronha. Luís de Loureiro apenas exerceu a função por um mês, de Março a Maio ou de 28 de Maio, data em que chegou, até Junho de 1534, defendendo-a do ataque dos Mouros. Nessa foi enviado para Santa Cruz do Cabo de Gué, em substituição a D. Guterre de Monroy que o rei chamava para Portugal. Começou a exercer o governo da Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué como seu 13.º e penúltimo Capitão entre Junho e 3 de Novembro de 1534. Apesar de pazes "quasy feitas de Dom Goterres", teve que combater várias vezes "e sempre sahya com o milhor d'elles". Então celebrou a paz com o Xarife Mohammed ech-Cheikh por seis anos. Ao cabo de quase cinco anos, em 1538, Dom Guterre voltou para governar Santa Cruz, e três anos mais tarde Luís de Loureiro foi novamente nomeado Capitão de Safim. Entre 1541 e 1542 voltou a ser 15.º Capitão de Safim, de cuja capitania foi o último titular antes da sua evacuação, após o que foi nomeado Capitão-Mor de Mazagão. Em 1541 ou 1542 foi nomeado 8.º Capitão-Mor de Mazagão. Marrocos, nesse período, conhecia o poder cada vez mais forte dos "Xarifes" Ahmed al-Araj e, sobretudo, Mohammed ech-Cheikh, marcado pela intenção de reunificar o país, e que no ano anterior havia obtido uma expressiva vitória sobre os cristãos, apoderando-se da Fortaleza do Cabo de Gué (12 de Março de 1541). Em paz com Portugal, orei de Fez Ahmed el Outassi que, embora sultão legítimo do país, apenas reinava efectivamente sobre Fez e os seus arredores, não opunha grande resistência aos seus inimigos de Marraquexe e do Suz. Os portugueses compreendem que, se derem a oportunidade duma unificação do país, não terão meios para atender às necessidades de todas as vilas e fortalezas que controlam na região. Por esse motivo, em 1547 Luís de Loureiro, propôs a João III de Portugal que se atacasse o Xerife pelo Suz, enquanto o rei de Fez preparava uma armada contra ele. Com essa armada Ahmed el Outassi partiu de Fez em 25 de Janeiro de 1548, mas retornou sem ter executado nenhuma ação. No ano seguinte Fez foi tomada pelo Xerife Mohammed ech-Cheikh (29 ou 31 de Janeiro de 1549). Nesse contexto, D. João III mandou fortalecer as suas praças no Marrocos, erguer o forte do Seinal e, para "guarnecer convenientemente todos estes lugares mandou vir ao reino Luís de Loureiro (…) muito experiente nas cousas d'África, e no fim de Fevereiro enviou-o a Andaluzia a recrutar a gente de guerra necessária". Permaneceu no cargo até 1548, sendo nomeado 18.º Capitão de Arzila em 1549 ou 1550. Nesse mesmo ano D. Francisco Coutinho que então era Capitão de Arzila, informou "el-rei [D. João III] que se dizia que os filhos do Xerife com muitos alcaides se preparavam para virem sôbre os lugares de África, principalmente sobre Alcácer e Arzila". Assim, o Rei ordenou buscar o resto do socorro ao Algarve e à Andaluzia, por Luís de Loureiro, que estava em Alcácer Ceguer. Mas isso era apenas uma manobra de diversão, uma vez que a evacuação de Arzila já estava decidida em Conselho, uma vez que esta praça não tinha porto seguro, e que o Rei Carlos I de Espanha mostrou indiferença ao pedido de ajuda formulado pelo Rei de Portugal. As reais ordens de Luís de Loureiro, que tinha a missão declarada de socorrer os lugares de África, devia ajuntar no porto de Arzila 60 navios "que se julgaram bastantes para a embarcação de todos os moradores da vila". O motivo do segredo era que os "mouros o não soubessem (…) para não estorvar o despejo". Devia Luís de Loureiro recolher nos navios todos os moradores, "a artilharia, as munições; que se derrubasse a igreja de S. Bartolomeu e o mosteiro de S. Francisco, os clérigos e objectos sagrados dela fossem levados para a Sé de Tânger, e os frades dêle para o mosteiro de Tânger, da mesma ordem", que se metesse fogo à vila, mas antes que se avaliasse os bens dos moradores para os indemnizar. O capitão devia também partir. Mas houve contratempos, e o "Rei de Beles" (Abû Hassûn `Alî, tio do antigo Rei de Fez Ahmed el Outassi), propôs ao Rei ficar com Arzila, para lutar contra o Xerife. Por isso foi apenas em 17 de Agosto de 1549 que o soberano determinou a Luís de Loureiro fazer a evacuação, mas ele devia ficar, com os soldados, até outro recado que lhe daria "logo que viesse resposta de el-rei de Beles sôbre os fundamentos do seu pedido". A operação de evacuação foi concluída a 28 de Agosto, permanecendo os soldados de prontidão, com Luís de Loureiro como capitão. As negociações com Abû Hassûn `Alî não produziram fruto e, finalmente, Luís de Loureiro "acabou de despejar Arzila em 24 de Agôsto de 1550, isto é no mesmo dia e mês em que, em 1471, D. Afonso V entrara na vila". Acrescentou-lhe D. João III suas Armas por Carta de 26 de Julho de 1551/2, em atenção aos muitos serviços que lhe prestou, tanto na Corte como fora dela e em África, na guerra contra os Infiéis, e principalmente no ano de 1534, quando foi por Capitão à Cidade de Safim, assim como no tempo em que esteve por Capitão da Vila de Mazagão e em muitas outras ocasiões, nas quais deu sempre provas do seu grande valor. O acrescentamento de armas concedido foi ordenado desta forma: esquartelado, o primeiro de vermelho, com uma cidade de prata, aberta, iluminada e lavrada de negro, ladeada à esquerda de uma escada de ouro, lançada contra as suas ameias, a segunda e o terceiro de vermelho, com cinco folhas de figueira de verde, nervadas e perfiladas de ouro, com os pés do mesmo, postas em sautor (de Figueiredo, armas que os de Loureiro usaram por não terem armas próprias, cujo timbre é um braço vestido de azul, com um ramo de figueira de ouro na mão, folhado de cinco peças de verde, ou dois braços de leão de vermelho, passados em aspa, e cada um com uma folha de figueira de verde nas garras), e o quarto de ouro, com uma bandeira de verde, hasteada de vermelho com ferro de prata, partido de vermelho, com uma bandeira de prata, hasteada de ouro, com ferro de sua cor; timbre: meio Mouro de sua cor, com as mãos atadas de ouro (o Alcaide de Azamor), sustido por dois braços de leão de vermelho, passados em aspa, tendo cada um na mão uma folha do escudo. Em 1552 Luís de Loureiro foi nomeado 19.º Capitão da praça-forte de Tânger. Aí chegou a 19 de Novembro do dito ano, e três dias mais tarde o seu predecessor João Álvares de Azevedo entregou-lhe o governo da cidade. Mas, a 13 de Março de 1553, foi «desbaratado e morto pelos mouros, fora da cidade».: Tinha enviado «o almocadém João de Meneses com trinta de cavalo para favorecer os atalhadores que tinha mandado fora a descobrir e assegurar o campo. Encontraram alguns mouros e acometendo-os mataram um dos mais importantes. Parecendo-lhes que não eram mais empenharam-se em seguilos contra a ordem que levavam. Têve o General aviso e mandou tirar oito peças de artilharia para que a gente se retirasse. Vendo que não obedeciam, saíu fora para favorecer os seus que via em perigo. Chegou até a atalaia alta, onde se deteve (...). Vindo a noite retiraram-se e as atalaias recolheram-se, sem esperar que o fizesse o General, como eram obrigadas. Com isto os mouros, que eram muitos, tiveram tempo de melhorar a sua situação (...). Vendo o General que já se tinham recolhido os atalhadores e a gente que tinha mandado em seu favor, como o Adail, atacou os mouros, que eram mais de cem de cavalo, e dispersou-os e pôz em fuga com grande dano. Não obstante, no mesmo ponto desceram ou baixaram duas bandeiras com grande número de gente. Como vinham de refresco e encontraram os nossos cansados e divididos, acometeram-nos por toda a parte. Voltaram também e ajuntaram-se a eles os que fugiam, e apesar do capitão fazer o que devia, foi vencido e morto com a maior parte dos que tinha consigo que antes quizeram perder a vida com seu general, que conserva-la com infamia e deshonra. Morreram cinquenta e nove (...). Cristóvão Lobo e Sebastião Banha caíram cativos. O resto do pessoal retirou-se com o sentimento que pedia tão grande perda, sendo a maior a da pessoa do General Luís de Loureiro, que depois de têr governado com grande opinião de valente e sensato, Alcácer, Arzila e Mazagão, e de têr alcansado dos mouros muitas insignes vitórias, morreu entre eles, mais por desordem e desobediência dos seus que pelo valor dos seus inimigos.» Foi Senhor do Morgado de Loureiro, tendo sido o primeiro Morgado deste Apelido, para além de Senhor da Casa de Loureiro, e doutro em Penalva, Fidalgo do Conselho de El-Rei D. João III de Portugal e Fidalgo da sua Casa Real, Comendador de Vila de Rei e doutra Comenda, a de São Tomé de Penela, na Ordem de Cristo, Adail-Mor do Reino, vinculou ao seu Morgado de Loureiro as duas partes da Igreja de Silgueiros, por Breve Apostólico do Papa Júlio III, tendo sido, por isso, Padroeiro da Abadia de Silgueiros, e foi muito valoroso e rico. E El-Rei lhe deu 200.000 réis de juro, os quais, por sua morte, anexou sua filha Isabel de Loureiro ao Senhorio do Morgado de Santar ou Assentar. El-Rei D. João III de Portugal lhe escreveu cartas de muita honra, que teve em seu poder o seu sucessor Nuno de Barros de Loureiro. Escreveu a sua vida Lourenço Anastácio Mexia Galvão. Granjeou muita fama no seu tempo, a prová-lo o poema D. Jaime de Tomás Ribeiro:

Que belo tempo foi esse
Das bravas de Mazagão!
Lhe tornou Pinto Ribeiro
Com rosto mais prazenteiro
Com mais elevada voz.
Mas no tempo em que vivemos
Teremos-lhe invejo nós?
De quê? Do Garife Hamet
Rei do Marrocos guerreiro,
A quem Luís do Loureiro
Susteve iras de pé?

Que lhe fez Luís Loureiro
Que lhe rendeu o seu valor
Em ser bravo primeiro
Na tomada de Azamor?       

-Tomás Ribeiro, in D. Jaime-

Desposou Guiomar Machado ou Machada, filha de Jorge Machado, Fronteiro de Mazagão, a qual mulher ele matou, dizem que sem razão, em Mazagão, entre 1542 e 1548 com a qual teve:
Henrique de Loureiro, que mataram os Mouros em África, de 18 anos, sem geração.
Ambrósia de Loureiro, por vezes Ambrósia do Loureiro, que foi desposada por Lopo Peixoto de Melo, 5.º Senhor de Penafiel, Adail-Mor do Reino em sucessão a seu sogro, primo-sobrinho-neto de Nicolau Coelho e primo-sobrinho-neto em 2.º grau de Pedro Álvares Cabral, e, por este casamento, entrou na família dos Peixotos o ofício de Adail-Mor, cuja única filha foi:
Joana de Melo, 6.ª Senhora de Penafiel, casou com D. Álvaro de Castro, Adail-Mor do Reino em sucessão a seu sogro, sem geração.
Isabel de Loureiro, segunda mulher de D. Luís da Cunha, 3.º Senhor de Santar ou Assentar, Barreiro, Ovoa e Senhorim, sem geração.
Teve duma mulher solteira, Brites de Escovar, dois filhos bastardos e uma filha bastarda:
Luís Anes ou Eanes de Loureiro, que alguns fazem filho legítimo, a quem seu pai deixara o Morgado, que mataram os Mouros numa escaramuça com 14 anos, sem geração.
Henrique de Loureiro, que alguns fazem filho legítimo, que se meteu Frade da Ordem de São Domingos e se chamou Frei Luís ou Diogo de Loureiro.
Genebra de Loureiro, que alguns fazem filha legítima, também Religiosa, Freira na Conceição de Lisboa.
Brites de Loureiro, que alguns fazem filha legítima, Freira no Convento da Madre de Deus, em Xabregas, nos arredores de Lisboa.
O seu Vínculo passou à linha de Nuno de Barros de Loureiro.
           
1548 - 1551 - Tristão de Ataíde


1551 - 1561 - Álvaro de Carvalho (1ª vez)


Álvaro de Carvalho, ou Álvaro Pires de Carvalho, Senhor do Morgado de Carvalho, foi capitão de Alcácer-Ceguer e de Mazagão. Álvaro de Carvalho era filho primogénito de Pedro Álvares de Carvalho, senhor do Morgado de Carvalho (e capitão de Alcácer-Ceguer), e de D. Maria de Távora, filha de D. Martinho de Távora, que também foi capitão de Alcácer-Ceguer. Álvaro foi capitão de Alcácer-Ceguer durante 4 anos, de 1545 a 1549, sucedendo a seu pai. A Pedatura Lusitana acrescenta que governou essa praça «até que elle (o rei D. João III) o mandou sair quando se largou e foi o ultimo que ella teve, e dahi passou a Mazagão em satisfação de Alcacer». Em certas listas encontram-se os nomes de Bernardim de Carvalho, seu irmão, e de Rui Dias de Sousa como últimos capitães, mas Alcácer foi abandonada entre fins de 1549 e 1550, se Bernardim e Rui Dias governaram em 1550 foi pouco tempo. Encontramos Álvaro de Carvalho como capitão de Mazagão em substituição de Tristão de Ataíde, logo o ano de 1551. «Fez muitos serviços e ElRei D. João III» nessa praça até 1561, ano em que possivelmente volta a Portugal para tratar de alguns assuntos, e deixa na praça como capitão interino seu irmão Rui de Sousa de Carvalho. Pouco mais tarde o Xarife Abdallah el-Ghalib, decide apoderar-se de Mazagão, e aí envia seu filho Mulei Mohammed com uma armada de cerca de cento e cinquenta mil homens, que põem o cerco a vila a partir de fevereiro de 1562. Rui de Sousa vendo a multidão, recusa a proposta do Xarife de abandonar a praça e pede socorro à metrópole. O cerco começa, as diferentes batalhas fazem muitos mortos e feridos e a 24 de Março chega Álvaro à praça com uma armada. Em 24 de Abril Rui de Sousa é gravemente ferido e queimado, mas continua a luta. Em 7 de Maio os mouros levantam o cerco, onde morreram mais de vinte e cinco mil mouros e cento e dezassete portugueses. Feridos e queimados portugueses, que sobreviveram, foram duzentos e sessenta. De Álvaro a Pedatura Lusitana diz o seguinte: "assistiu no grande cerco que lhe pôs o Xarife (...) no qual cerco mostrou muito valor e prudencia». Parece que depois do cerco, nesse mesmo ano de 1562, Álvaro voltou para Portugal, deixando seu irmão Rui de Sousa, governar, sendo este substituído pouco depois. Álvaro era filho e irmão de outros capitães de Marrocos. Seu pai governou Alcácer, seu irmão Rui de Sousa, Mazagão e Tânger; um outro irmão, Bernardim de Carvalho, Alcácer, Tânger e Mazagão. Não ficou por aí a "dinastia": casou Álvaro com D. Maria de Gusmão sua prima filha de Diogo de Sepúlveda e de sua mulher D. Constança de Távora da qual teve: Pedro Álvares que também foi capitão de Mazagão (1572-1574), Gil Fernandes de Carvalho, que foi capitão de Mazagão entre 1574-1577 e em 1586; Bernardim de Carvalho «que serviu bem na India e lá o matou uma onça»; D. Joana de Gusmão mulher de D. Fernando Henrique de Faro e D. Constança que morreu menina.
           
1561 - 1562 - Rui de Sousa de Carvalho (1ª vez)


Rui de Sousa de Carvalho, também referenciado como Rodrigo de Sousa, e o «Herói de Mazagão» (1536? - 2 de Julho de1573), comendador de Santiago de Beja na Ordem de Cristo concedida pelo Cardeal D. Henrique (em menoridade de D. Sebastião), foi Capitão de Mazagão, e capitão de Tânger. Rui de Sousa de Carvalho, era filho de Pedro Álvares de Carvalho, senhor do Morgado de Carvalho (e capitão de Alcácer Ceguer), e de D. Maria de Távora, filha de D. Martinho de Távora, que também foi capitão de Alcácer Ceguer. Rui de Carvalho foi capitão de Mazagão duas vezes: Entre 1561 e 24 de Março de 1562, quando substituiu como capitão interino a Álvaro de Carvalho, seu irmão; e tornou a fazê-lo ainda em 1562, depois do cerco da vila. Rui de Carvalho estava de capitão interino quando os mouros do Xarife vieram cercar Mazagão. Sabendo dessa vinda, tinha feito fortificar a porta da vila e os baluartes. Em 28 de Fevereiro chegou o alcaide de Azamor com muita gente, e no 1° de Março chegou o filho do Xarife (Abdallah el-Ghalib), Mulei Mohammed, com suas tropas. Por isso o capitão mandou em navio pedir socorro ao Reino. Em 3 de Março apareceram "postas mais de cinco mil tendas, brancas e negras, desde o outeiro do Leão, a perto de uma légua, até às taipas de El-Rei de Fez, além de outras de trás de Boa-fé, até à cidade de Tite. O circuito das tendas era maior do que Lisboa na época.". Havia para alojar cerca de cento e cinquenta mil homens. Em 7 de Março começa a batalha depois de Rui de Sousa recusar a proposta de Mulei Muhammed, de se render, prometendo-lhe de o deixar partir assim como a todos os portugueses. Em 24 de Março chega à cidade seu Capitão, Álvaro de Carvalho com uma armada. Em 24 de Abril, depois de dois mezes de cerco, Rui de Sousa de Carvalho, ficou ferido depois da artilharia dos mouros têr derrubado parede dum baluarte: muito queimado e desfigurado, nos olhos, rosto, mãos e pernas, incitava os que ali estavam, dizendo: «á senhores soldados não digam que vosso Capitão não morre pelejando com vocês». Vem daí o seu sobrenome de "herói de Mazagão". Em 30 de Abril, depois de mais um ataque dos mouros em que muitos portugueses ficaram mortos, feridos, e queimados, mandou-se abrir a Porta do Mar e fez-se que desembarcasse uma armada de perto de vinte navios, onde vinham quinhentos soldados do rei, o capitão Francisco Henriques com duzentos e cinquenta soldados e fidalgos, e outros de Agostinho Ferraz, que eram o socorro remetido de Lisboa. Em 7 de Maio os mouros levantaram o cerco. Morreram mais de vinte e cinco mil mouros e cento e dezassete portugueses. Feridos e queimados portugueses, que sobreviveram, foram duzentos e sessenta, entre os quais Rui de Sousa de Carvalho. Mesmo assim ferido, e o governador Álvaro de Carvalho, seu irmão ausentando-se, ficou Rui como governador por pouco tempo, substituído nesse mesmo ano por Francisco de Barros de Paiva. Volta a tomar o governo entre 1564 e 1572, data em que é chamado para governar Tânger. Seu sobrinho, Pedro Álvares de Carvalho sucede-lhe em Mazagão. Diogo Barbosa Machado evoca a fama que têve Rui de Sousa na época «com a memorável defensa da Praça de Mazagão [que] havia imortalizado o seu nome (...). Para que a fama lhe continuasse as aclamações devidas à heroicidade do seu peito, o nomeou em o anno de 1572 ElRey D. Sebastião, Governador da Praça de Tangere, confiando que ao domínio da sua Coroa sujeitaria toda Africa menos ardente que o espirito de tão grande Herói.» D. João de Meneses governador de Tânger tendo partido para Portugal em Agosto de 1572, foi substituído pouco tempo por Diogo Lopes da Franca eleito pelo povo, como em outras ocasiões, até que Rui de Sousa de Carvalho, nomeado pelo rei, chegue à cidade. «Acompanhado com quinhentos Cavaleiros, repartidos em nove companhias, composta cada huma de cincoenta soldados de que erão Capitães D. Fernando de Menezes, D. João de Azevedo, Pedro da Silva, irmão de Lourenço da Silva, Regedor da Justiça, Pedro Moniz, filho de Febos Moniz, Francisco Barreto de Lima, D. Francisco de Castello branco, irmão do Meirinho mór, D. Gilianes da Costa, Diogo Lopes da Franca, Contador de Tangere, e o Adail Simão Lopes de Mendonça, chegou Ruy de Sousa a Tangere, onde passado pouco tempo lhe offereceo a fortuna hum conflito como preliminar obsequio à valentia do seu braço.» Atacaram os alcaides de Alcácer Quibir, Arzila e Tetuão, com dois mil cavalos em 21 de Setembro desse ano, «no campo chamado A decida. Prontamente sahio Ruy de Sousa contra os inimigos, e travando-se hum formidável combate pelo espaço de duas horas, não podendo os Mouros romper o nosso esquadrão, se retirarão confusos, e destroçados.» Pouco tempo mais tarde partiu Rui de Sousa para Portugal, «ou por falta de saúde ou por outro negócio importante», segundo D. Fernando de Menezes, mas voltou rapidamente. Essa viagem foi feita provavelmente para casar com D. Maria da Silveira, pois diz Diogo Barbosa Machado que D. Sebastião (no qual «ardia intensamente o desejo de reduzir Africa») escreveu a Rui de Sousa, «increpando-o de ser pouco activo na guerra (...). De cuja inercia era causa o desposório, que celebrara com D. Maria da Silveira, preferindo as delicias do tálamo aos perigos da campanha.» Pouco tempo depois da sua volta a Tânger, «estimulado com esta repreensão (...) ao sahir de casa acompanhado de trinta cavallos acudio ao rebate da tranqueira, chamada da Fome, onde se encontrou com dous mil cavalos, capitaneados pelos Alcaides Cid Albequerim Bentud de Arzila, e Cid-Azut Bentud de Alcácere, filhos de Cid Hamet Bentud, que levavão quasi vencidos aos fronteiros António Pereira de Berredo, que depois governou Tangere, e Tomé da Silva. Não esperou por mayor socorro Ruy de Sousa.» Foi ao encontro, em que perderam a vida os capitães «Bento Rozeima, e a liberdade D. Antonio da Cunha; ferido no rosto, e privado de hum olho D. Antonio Pereira, e fora cativo D. Diogo de Menezes, se o não salvara João de Ramos. No tempo que o conflito estava mais furioso na entrada da tranqueira, (...) vieram [os inimigos] correndo pela parte onde estava sómente com a sua Companhia Rui de Sousa de Carvalho, que era a tranqueira da Silveirinha, que edificara em obséquio do apelido de sua esposa. Armado de generosos espiritos não recusou entrar em tão desigual combate, onde depois de ter por largo tempo disputado a Victória aos inimigos, cahio trespassado com cento e dez feridas (...). Deste sanguinolento espectáculo era unica testemunha sua mulher, que assustada, e solicita clamava de huma janela, que se socorresse aquelle Cavaleiro, que tão heroicamente pelejava contra multidão tão imensa ignorando que era seu marido» Quando depois os outros soldados conseguiram voltar à cidade, «ignorando o lugar onde estivesse o Capitão mór, depois de feita a diligencia, que pedia o seu cuidado, o acharão morto, e despojado dos vestidos, causando-lhe o mayor espanto o numero de feridas, que recebeu seu corpo (...) conservando nas mãos grande copia de cabelos arrancados das cabeças dos mouros. Foy conduzido o cadaver para a Sé, onde se lhe deu honorifica sepultura. Sentio com tanto excesso ElRey D. Sebastião a morte deste grande Capitão, que em final do seu sentimento mandou fechar as janelas do Paço, e escreveo a D. Maria da Silveira com tais expressões, que lhe diminuirão o pesar da falta de seu marido, fazendo mercê da comenda de Beja, que vagara por elle, a seu filho Pedro Álvares de Carvalho, que ainda era menino.» E quando D. Sebastião foi pela primeira vez a Tânger, em 1574, «perguntou, em que parte jazia o Capitão Ruy de Sousa de Carvalho, e sendo conduzido à Catedral de Tangere, lhe lançou água benta sobre a sepultura, rezando-lhe hum responso, cujas cerimónias mandou ao Bispo que fizesse.» Quando D. Filipe I de Portugal entrou em Lisboa, seu filho Pedro Álvares, apresentou-lhe «a camisa de seu pai banhada em sangue, e rasgada em muitas partes pelas lanças africanas». Disse-lhe então o rei: «Dios te haga tan buen Cavallero como fue tu padre; e lhe lançou o hábito militar da Ordem de Christo.» Além de Álvaro de Carvalho, Rui têve 4 outros irmãos, entre, eles Bernardim de Carvalho que também governou Tânger. Casou duas vezes. A primeira com Violante da Silva de Azevedo, de quem têve Joana de Melo, entre outros filhos; a segunda com Maria da Silveira (em 1572), filha de Belchior Serrão, Secretario da casa da India e desembargador dos agravos, de quem têve Pedro Álvares de Carvalho e Margarida da Silveira.
           
1562 - Álvaro de Carvalho (2ª vez)
           

1562 - Rui de Sousa de Carvalho (2ª vez)
           

1562 - 1564 - Francisco de Barros de Paiva
           

1564 - 1572 - Rui de Sousa de Carvalho (3ª vez)
           

1572 - 1574 - Pedro Álvares de Carvalho


Pedro Álvares de Carvalho, Senhor do Morgado de Carvalho, foi capitão de Alcácer-Ceguer. Pedro Álvares era filho de Álvaro de Carvalho, Senhor do Morgado de Carvalho (que sendo capitão de Alcácer-Ceguer se achou com o duque D. Jaime na tomada de Azamor), e de D. Catarina da Guerra filha bastarda de D. Pedro d'Eça Alcaide-mor de Moura. Sucedeu-lhe no morgado de Carvalho e no foro de Canas de Senhorim. Foi Capitão de Alcácer-Ceguer durante quatorze anos, de 1531 a 1545, sucedendo-lhe seu filho Álvaro de Carvalho. Tinha ele mesmo sucedido a seu irmão Francisco. Diz a Pedatura Lusitana que aí «fez muitos serviços a ElRei D. João o III». Pedro Álvares de Carvalho casou com D. Maria de Távora, de quem teve: Álvaro de Carvalho, que depois também foi capitão de Alcácer-Ceguer [1545 - 1549], e capitão de Mazagão [1551 – 1561 & 1562]; Bernardim, que depois foi capitão de Alcácer-Ceguer [1549-1550], e de Tânger [1554-1564], Gil, André, Rui de Sousa, Capitão de Mazagão [1561-1562] & [1567-1572], e de Tânger [1572-1573] e Martim de Távora.
           
1574 - Bernardim de Carvalho


Bernardim de Carvalho, foi Comendador de Carrazedo da Ordem de Cristo, capitão de Alcácer Ceguer, capitão de Tânger, e de Mazagão. Parece que foi durante muito pouco tempo (1550) capitão dessa praça, que pouco depois foi abandonada... Com a morte de Luís da Silva de Meneses, capitão de Tânger, em 29 de Abril de 1554, o governo da praça ficou indeciso, entregando-se «as chaves das portas a Pedro Garcia, capitão de Infantaria, que as têve, cinco dias com as aparências de governo.» Mas ao cabo desses dias «o povo elegeu para Governador a Pedro Álvares Correia, que servia de sargento Maior», mas este morreu ao cabo também de cinco dias. Em seu lugar foi então eleito Diogo Lopes da Franca, «que governou até que el-rei achou por bem de prover este cargo.» Veio então Bernardim de Carvalho, «a quem a Rainha Dona Catarina, que então governava pela menoridade del-rei Dom Sebastião, ordenou que acudisse a Tânger, onde os mouros em pouco tempo le haviam morto três generais. Disse-lhe que de sua prudência esperava o remédio daquela praça, e a emenda dos erros que outros tinham cometido. Acrescentou que as forças eram bastantes para conservar e defender; mas não para penetrar nas terras dos mouros, que eram muitos e se ajuntavam com facilidade.» Bernardim aceitou, que governou com «moderação e prudência», aliviando o sentimento dos desastres passados. «Consta que correndo um dia aos mouros, mandou dizer ao adail, por Jorge vieira o surdo, que retirasse a gente e não se comprometesse sem nova ordem, e reconhecer melhor os intentos e forças dos inimigos. Mas o mensageiro, pelo defeito que tinha percebeu o contrário, e disse ao adail que arremetesse contra os mouros que em forma de meia-lua vinham-nos cercar. Atacou-os com tão boa sorte que os poz em fuga sem resistencia alguma. Vendo o General o empenho e que já não era tempo de remediar à desordem, deu Santiago, e socorrendo sua gente que seguia os mouros, alcançou sobre eles uma grande vitória.» Mas a sua prudência não impediu um desastre: tendo vindo uma caravana, e Bernardim estando «impedido de uma perna, o Alfaqueque disse aos alcaides que era ocasião de lhe fazer dano. Reuniram o pessoal, correndo ao campo na ocasião que o General, por se encontrar já melhorado, tinha ido vêr uma nau que estava no porto. Acudiram os soldados ao rebate, sahindo, como então era costume, para guarnecer as trincheiras. Mas como iam sem ordem e divididos, e os mouros tinham ganho os postos, atacaram-nos e dispersaram-nos quase sem resistência. Morreram mais de quinhentos soldados; apenas se salvou a cavalaria, e esta com dificuldade. Chegou a notícia ao general, que não pôde fazer mais que senti-la e evitar que doravante acontecesse semelhantes desordens», impedindo que em sua ausência não se abrisse as portas. De seus feitos D. Fernando de Meneses, autor da Historia de Tanger, não encontrou outras notícias. Diz ele que mesmo esta que nos comunica descobriu-as com dificuldade, «pela malicia de alguns que as levaram e fizeram desaparecer. Parecia-lhes sêr descrédito próprio a glória alheia e que resultariam mais suas acções faltando-lhes a comparação de outras maiores, na suposição que as escrevessem um dia». Governou dez anos e foi substituído por Diogo Lopes da Franca, «pela segunda vez, e por eleição do povo, até que chegou Lourenço Pires de Távora, que tomou possessão do governo no primeiro de Abril de 1564.» Essas circunstâncias (que Fernando de Meneses não explica) deixam-nos supor que Bernardim de Carvalho, ou ficou doente, ou teve por outra razão que voltar a Portugal, estando por isso impedido de governar. Encontramo-lo mais tarde capitão de Mazagão, em 1574, sucedendo a seu sobrinho Pedro Álvares de Carvalho (Filho de Álvaro de Carvalho, senhor do Morgado de Carvalho, que também foi muitos anos capitão de Mazagão), falecido. No mesmo ano, outro seu sobrinho, Gil Fernandes de Carvalho, irmão de Pedro Álvares, substitui-o nessa mesma praça. Casou com D. Violante de Mendonça, filha de Rui Lopes de Sousa, o Traquinas, capitão de Diu, de quem teve: Diogo Lopes de Carvalho, que também foi capitão de Mazagão (1586-1607), e que sucedeu ao morgado de Carvalho, Álvaro «que morreu solteiro na Índia», Isabel de Mendonça, D. Maria de Távora freira em S. Clara de Lisboa, D. Bernardina, na Esperança de Lisboa, Pedro Álvares (?), e Rui Martins (?). Era irmão de Rui de Sousa de Carvalho, que mais tarde também foi Governador de Tânger.
           
1574 - 1577 - Gil Fernandes de Carvalho (1ª vez)


D. Frei Gil Fernandes de Carvalho foi um nobre e militar português. Filho de Fernando ou Fernão Gomes de Carvalho, Cavaleiro e Fidalgo da Casa Real, 1.º Senhor do Morgado de Carvalho, Fidalgo partidário do Infante D. Afonso contra seu pai D. Dinis I de Portugal, que morreu em 1324 num recontro em Santarém contra o Rei, e de sua mulher Mor Rodrigues da Fonseca, que, como Mor Rodrigues, «m.er q foi de Fernão Gomes de Carvalho», consta entre os infanções na lista de 1339 dos Padroeiros do Mosteiro de Mancelos. 2.º Senhor do Morgado de Carvalho. Foi 7.º Mestre da Ordem de Santiago antes de 1355. D. Fernando I de Portugal fez-lhe mercê do Castelo de Mértola. Teve dois filhos sacrílegos de Maria do Bairro, mulher solteira: Álvaro Gil de Carvalho, legitimado por D. Pedro I de Portugal com todos os direitos e honras de Fidalgo, por Carta de 12 de Setembro de 1359, como filho de Maria do Bairro, mulher solteira, e de D. Gil Fernandes de Carvalho, Mestre da Ordem de Santiago, e ao qual D. Fernando I doou os direitos reais de Castelo de Vide como seu 1.º Senhor, casado com Teresa Vasques Botelho, com geração; a 19 de Janeiro de 1396 D. João I de Portugal doou a Diogo Botelho, seu criado, para si e seus sucessores, todos os bens móveis e de raiz que no reino tinha Teresa Vasques Botelho, filha de Martim Afonso Botelho e mulher de Álvaro Gil de Carvalho, por ter passado a Castela. Gonçalo Gil de Carvalho, legitimado por Carta Real de D. Fernando I, solteiro e sem geração.
           
1577 - 1578 - Francisco de Figueiredo (interino)


1578 - Martim Correia da Silva


1578 - 1581 - João de Mendonça Furtado

1581 - 1582 - Pêro de Mendonça Furtado

1582 - 1586 - Francisco de Mendonça Furtado

1586 Gil - Gil Fernandes de Carvalho (2ª vez)


1586 - 1607 - Diogo Lopes de Carvalho

1607 - 1610 - Manuel Mascarenhas
           
7 Set 1610 - 1615 - Henrique Correia da Silva

Henrique Correia da Silva foi o 19º Governador das Armas do Reino do Algarve, em Portugal. Em data desconhecida, foi nomeado Governador do Algarve, posição já ocupada por seu pai, Martim Correia da Silva. Notabilizou-se pelo seu papel na Restauração da Independência, tendo proclamado D. João IV em Lagos e fortalecido a fronteira com Espanha. Até essa altura vivia no palácio de Condeixa-a-Nova do seu cunhado e companheiro d´armas em Alcácer Quibir, Lourenço Soares de Almada, pai do conjurado D. Antão de Almada, e ambos foram dos poucos fidalgos que acompanharam o corpo do rei D. Sebastião, desde Faro ao Mosteiro dos Jerónimos. Era casado com D. Maria Violante de Castro, filha de D. Antão Soares de Almada. Após a Restauração da Independência, tornou-se vedor da Fazenda. O seu nome foi colocado numa rua da Freguesia de Santa Maria, no Concelho de Lagos.

1615 - 1619 - Jorge Mascarenhas, marquês de Montalvão

Jorge de Mascarenhas, 1º Conde de Castelo Novo e 1º marquês de Montalvão, foi um fidalgo e administrador português. Foi governador de Mazagão (1615-1619), de Tânger (1622-1624) e do Algarve. No contexto da Dinastia Filipina, tendo caído em desgraça o conde da Torre (sucedido por uma Junta Governativa tríplice), Mascarenhas foi nomeado por Filipe IV de Espanha como 1º vice-rei do Brasil (1640). Este era um título honorífico, de carácter pessoal, e não somava autoridade. Segundo explica o escritor brasileiro Vivaldo Coaracy em sua obra «O Rio de Janeiro do século XVII», página 103, «só em 1714 foi o governo do Estado do Brasil elevado à categoria de vice-reino. Antes disso, porém, por circunstâncias especiais, excepcionalmente, tiveram dois governadores-gerais o título de vice-reis: o marquês de Montalvão em 1640 e o conde de Óbidos em 1648.» Desembarcou em Salvador, na capitania da Bahia, a 16 de abril de 1640, iniciando o seu governo a 26 de maio. Foi citado por Frei Caneca, no século XIX, que dele referiu: "Que exemplo mais imitável que o do marquês de Montalvão, na Bahia de Todos os Santos, que conhecendo, pela ação que perdeu contra os holandeses, lhe faltava a arte militar, entregou a campanha ao conde de Bagnoli, militando debaixo de suas ordens como soldado, alcançou a vitória?". Com a chegada à Bahia, pela Carta Régia de 15 de fevereiro de 1641, da notícia da Restauração da Independência de Portugal, o Vice-Rei reconheceu a autoridade de D. João IV (1640-1656) imediatamente, usando de cautela para não suscitar a hostilidade das tropas castelhanas alojadas nas fortalezas. Apenas quando o bispo, os funcionários, os mercadores e a população foram avisados, tornou-se possível aclamar o novo rei na Câmara e proceder a uma cerimónia religiosa na Sé. Montalvão «tratou de comunicar os acontecimentos aos governadores das capitanias». Segundo Vivaldo Coaracy em sua obra «O Rio de Janeiro no século XVII», página 103, achava-se Salvador Correia de Sá e Benevides na igreja, assistindo à missa, quando lhe foi entregue a carta do vice-rei. Filho de espanhola casado com espanhola, com rendas e benefícios de grande vulto que herdara da mãe em Espanha e expectativas consideráveis que da parte da mulher lhe sorririam em Castela e no Chile, o governador teria hesitado... Procurou o conselho do abade de São Bento e do Provincial dos Jesuítas, foi aconselhado «a reunir uma reunião na biblioteca do colégio dos jesuítas os comandantes das forças da guarnição, os prelados das ordens religiosas, o administrador eclesiástico e os oficiais da Câmara.» Foi o primeiro a pronunciar-se o vereador mais velho e, em seguida a suas palavras, os presentes acompanharam seu parecer e Salvador se apressou em erguer o primeiro viva a D. João IV. Para exprimir o júbilo do Estado do Brasil, Montalvão enviou, a 26 de fevereiro, uma caravela para Lisboa, com o seu filho D. Fernando Mascarenhas, e os jesuítas António Vieira e Simão de Vasconcelos. Desembarcaram em Abril em Peniche, mas o povo quis maltratá-los como agentes de Castela, dado que os dois irmãos de Fernando haviam há pouco fugido para Castela. A missão seguiu para Lisboa, mas havia o receio de que Montalvão se revoltasse com o apoio da guarnição castelhana da Bahia. As intrigas locais levaram a que, em 15 de agosto de 1641 o rei expedisse uma Carta Régia em que confirmava a patente de Salvador Correia de Sá e Benevides como governador da capitania do Rio de Janeiro, detendo e remetendo Montalvão para Lisboa, acusado de deslealdade pelo jesuíta Francisco de Vilhena. Por uma ironia do destino, como comenta Vivaldo Coaracy em «O Rio de Janeiro no século XVII», página 106, Salvador Correia de Sá e Benevides, o governador do Rio de Janeiro que «hesitara em aceitar a Restauração», conseguiu consolidar e manter a situação em que se achava», enquanto D. Jorge de Mascarenhas, que como vice-rei «se apressara em reconhecer o novo regímen e a cujas sábias providências se devia a aclamação realizada na Bahia, sem oposição das numerosas forças espanholas ali aquarteladas, era deposto e remetido preso para Lisboa sob acusação de deslealdade, pelas intrigas do jesuíta Francisco de Vilhena». O título de Marquês de Montalvão foi criado por carta de Filipe III (IV de Espanha), rei de Portugal e Espanha, datada de 29 de Agosto de 1639. A favor de D. Jorge Mascarenhas, 1º conde de Castelo Novo (título outorgado pelo mesmo soberano em 1628). Ambos os títulos foram concedidos de juro e herdade.
           
1619 - 1624 - Brás Teles de Meneses

15 Mar 1624 - Jun 1627 - Gonçalo Coutinho

26 Jun 1627 - 7 Jun 1631 - Francisco de Almeida

Francisco de Almeida (c. 1580 - depois de 1641), governador de Mazagão e de Ceuta. Francisco, filho de António de Almeida, veador da Rainha D. Catarina, e Pajem do Infante D. Luiz, e da sua segunda mulher Brites de Mendonça, foi 1° comendador de Santa Maria de Mesquitela, de S. Salvador de Ribas de Basto e das Duas Igrejas. Foi Almirante da Armada da Restauração da Bahia, dita Jornada dos Vassalos, capitaneada por Fadrique de Toledo Osório, e Manuel de Meneses General da Armada de Portugal, e que partiu de Lisboa em 22 de Novembro de 1624. Tratava-se de recuperar a cidade de S. Salvador da Bahia, que os holandeses tinham tomado em 8 de Maio de 1624. Bahia foi assim recuperada em 1° de Maio do ano seguinte. De volta do Brasil, Francisco foi eleito governador de Mazagão, que dirigiu 4 anos, de 26 de junho de 1627 até 7 de Junho de 1631. Em 1637 foi eleito governador de Ceuta. Em 1640, depois da Restauração da Independência de Portugal, continuou a governar até ceder a praça aos espanhóis em 1641. Casou com Ângela de Melo, filha de André Pereira, Senhor de Carvalhais, e de Felipa de Melo, e têve: Diogo de Almeida, que casou com D. Luisa Maria da Silva (filha de Antão de Almada, 7.º conde de Avranches). António de Almeida. Filipa de Melo de Almeida que casou com D. Luis (ou Lucas) de Portugal, comendador de Fronteira.

7 Jun 1631 - 1635 - João da Silva Telo de Meneses, conde de Aveiras

João da Silva Telo e Meneses, 1.º Conde de Aveiras (cerca de 1600 — Moçambique, 1651) foi um nobre e militar português. Em 1623, foi nomeado Governador de Mazagão. Em 1625, esteve em Salvador, na Guerra da Restauração. Nomeado em 1640 como 25.º Vice-rei da Índia, onde ficou até 1644. No regresso à Portugal, foi feito Regedor das Justiças. Chegou a ser novamente nomeado Vice-rei da Índia, em 1651, mas morreu a caminho, em Moçambique. Foi membro do Conselho de Estado e Guerra do Rei Dom Filipe III, e do Rei Dom João IV. Era Comendador de Arouca na Ordem de Cristo, e de Moguelas na Ordem de Santiago.

1635 - Mar 1640 - Francisco de Mascarenhas, conde de Castelo Novo

Mar 1640 - Jun 1640 - Luísa Antónia de Velasco + Nuno da Cunha da Costa (em acto)

25 Jun 1640 - 1642 - Martim Correia da Silva (interino)

1642 - Novembro 1645 - Rui de Moura Teles

10 Novembro 1645 - Maio 1648 - João Luís de Vasconcelos e Meneses

Maio 1648 - Jul 1648 - Junta: António Dinis Barbosa, Gonçalo Barreto, Gaspar Rodrigues

1648 - 1649 - Nuno da Cunha da Costa (1ª vez)

1649 - Francisco de Noronha (1ª vez)

1649 - 1650 - Nuno da Cunha da Costa (2ª vez)

1650 - 1654 Francisco de Noronha (2ª vez)

29 Jan 1654 - 1658 - Alexandre de Sousa Freire

1658 - 1661 - Francisco de Mendonça Furtado

1661 - 1667 - Cristóvão de Melo

1667 - 27 Novembro 1671 - Martinho Mascarenhas, conde de Santa Cruz

Novembro 1671 - 1677 - Marco de Noronha

Fev 1677 - 1681 - Cristóvão de Almada

Cristóvão de Almada (1632-9 de agosto de 1713, em Lisboa) foi distinto fidalgo do século XVII, gentil-homem da Real câmara de D. Pedro II de Portugal. Provedor da Casa da Índia, cargo em que sucedeu a seu pai, Rui Fernandes de Almada, comendador de S. Miguel de Rio de Moinhos, senhor das terras de Carvalhais e das vilas de Ílhavo, Verde milho, Avelãs, Ferreiros e dos seus padroados. Conselheiro de el-Rei, foi ainda governador e capitão-general de Mazagão, veador das casas das rainhas D. Maria Francisca Isabel de Nemours e D. Maria Sofia de Neubourg, da infanta D. Isabel, do príncipe herdeiro D. João e de seus irmãos. Fidalgo muito cortesão e estimado na corte, versado nas cerimónias e etiquetas do paço, que ninguém entendeu no seu tempo melhor do que ele, de sorte que era arquivo para as dúvidas que ocorriam. Tão estimado de D. João V de Portugal que, na doença de que veio a falecer, com 81 anos de idade, o monarca procurava amiúde informações do seu estado. Primeiro casou com: D. Luísa de Eça Corte Real, senhora do morgado dos Eça, de que era cabeça a quinta das Torres, em Azeitão. Casou 2ª vez com: D. Filipa de Melo, filha de D. Luís de Almada, senhor dos Lagares d´El-Rei e de Pombalinho. Dos filhos do 2º casamento, sucedeu-lhe na casa e nos morgados sua filha D. Maria Antónia de Almada, que casou com D. Bernardo de Noronha, filho do 2º conde dos Arcos, a qual adquiriu em 1696 a quinta da Má-partilha e outras propriedades que mais tarde vinculou, anexando-as ao morgado dos Almadas da Boavista, em Lisboa.

1681 - 1687 - Bernardim de Sousa de Távora Tavares

1687 - 1691 - Manuel de Sousa de Castro

1691 - 1692 - Domingos de Matos

1692 - 1695 - João de Saldanha de Albuquerque

1695 - 1698 - Luís de Saldanha da Gama

1698 - 9 de Outubro de 1702 - Sancho de Faro e Sousa, conde de Vimieiro

D. Sancho de Faro e Sousa, Conde do Vimieiro, (Lisboa, 1659-Bahia, 1719) foi um administrador colonial português, foi vice-rei do Brasil. Casado em Lisboa em 1703 com Teresa de Mendoza y Manuel de Castilla (1688-1740 num convento em Lisboa, onde está sepultada). Filhos: Diogo de Faro e Sousa (Lisboa 1705-1741 Estremoz, onde está sepultado). Conde de Vimieiro. Casou em Lisboa em 1729 com Maria Josefa de Menezes e Breyner (Lisboa 1712-1739 Elvas, onde está sepultada) Luís (nascido em Viana do Minho 1706) principal da Santa Igreja de Lisboa Francisco (Lisboa 1709-1721 Estremoz, onde está sepultado) Fernando (Lisboa 1711-1713 Vimieiro, onde está sepultado) Pedro (Vila Alcoentre 1712-1716 Lisboa) João (1715-?), sacerdote José (Lisboa 1717-1718) Francisca (Viana do Minho 1707-?), freira Mecia (Vimieiro 1714-1730), freira.

9 de Outubro de 1702 - Setembro de 1705 - Manuel de Sousa Tavares de Távora

1 de Outubro de 1705 - 27 de Julho de 1713 - Francisco de Melo e Castro

27 de Julho de 1713 - 1719 - Manuel Rolim de Moura

1719 - 1724 - Duarte Sodré Pereira

1724 - António José de Miranda Henriques

1724 - 1734 - João Jacques de Magalhães

1734 - 4 de Agosto de 1745 - Bernardo Pereira de Berredo e Castro

Bernardo Pereira de Berredo e Castro foi um historiador e administrador português. Pertenceu ao Conselho de Sua Majestade. Foi governador do Estado do Maranhão, de 1718 a 1722, e da Praça-forte de Mazagão, no Marrocos, de 1734 a 1745.
           
Agosto de 1745 - 1752 - António Álvares da Cunha


Dom António Álvares da Cunha, primeiro Conde da Cunha, (Lisboa, 1700-Lisboa, 1791) foi um fidalgo e administrador português, durante o reinado de D. José, 25.o rei de Portugal (1750-1777). D. António era neto do homónimo António Álvares da Cunha, Senhor de Tábua, 17.o senhor de Tábua, cujo senhorio fora dado aos Cunhas ainda no século XII; e como refere Braamcamp Freire, "...em cuja casa êle permaneceu durante sete séculos. Em nenhuma linhagem portuguesa, me parece, se manteve durante tam largo período o senhorio de uma terra, ainda com a notável circunstância dêle ter passado sempre em linha varonil, sem bastardia, até D. José Maria Vasques Álvares da Cunha, 4.o conde da Cunha..." D. António era ainda sobrinho do grande diplomata D. Luís da Cunha, embaixador a Londres, Madrid, Paris, etc. Foi capitão-de-mar-e-guerra da Armada Real, governador e capitão general de Mazagão em Marrocos (1745-1752), governador de Angola (1753-1758) e vice-rei do Brasil (1763-1767). Como recompensa pelos serviços do seu tio, assim como pelos seus serviços pessoais, foi agraciado com o título de Conde da Cunha em 1760. Aquando da transferência do governo colonial do Brasil de Salvador (Bahia) para o Rio de Janeiro, foi o primeiro vice-rei do Brasil a ter sede no Rio de Janeiro. Durante o governo de Bernardo Pereira de Berredo e Castro (1734-1745), a praça de Mazagão, última praça portuguesa em Marrocos, fora durante mente assediada pelos marroquinos, tendo sofrido sete assédios nos últimos sete anos desse governo, em Janeiro de 1738, Outubro de 1738, Janeiro de 1739, Setembro de 1741, Janeiro de 1743, Novembro de 1743, e por fim Maio de 1745. Assim, ao tomar D. António posse do governo da praça em Agosto de 1745, tudo indicava que poderia esperar frequentes assédios por parte dos marroquinos, o que de certo modo indica a confiança que o monarca nele depositava. No entanto, nada disto veio a acontecer. Apenas mais tarde foram os ataques resumidos, o que levaria ao abandono da praça em 1769 e à subsequente fundação da vila homónima no Brasil em 1770, povoada com colonos vindos da Mazagão marroquina. Quando D. António, após sete anos de governo em Mazagão, foi promovido a governador de Angola em 1754, nem um único ataque marroquino tinha tido que repelir. De Marrocos, D. António passou a Angola. Logo ao chegar à África Austral em 1754, o novo governador anunciou à majestade que iria realizar um velho plano idealizado por seu tio em 1725: o de descobrir um caminho terrestre que pudesse ligar Angola a Moçambique. Para esse efeito o governador financiou de seu próprio bolso uma expedição a Cassanje, onde o seu comandante, Manuel Correia Leitão, um natural de Luanda, se deveria informar sobre os caminhos em terras incógnitas mais a Leste. A expedição foi realizada de 1754 a 1756, quando Correia Leitão regressou a Luanda. Infelizmente, os seus resultados mostraram-se decepcionantes, ainda que o chefe da expedição tenha deixado um interessantíssimo relato. Como governador de Angola, D. António Álvares da Cunha estudou ainda pessoalmente o problema de abastecimento de água de Luanda, e da canalização das águas do Rio Bengo e do Cuanza. Iniciou ainda o restauro da fortaleza de São Pedro da Barra de Luanda, que devido a obras posteriores apenas se concluiu durante o governo de D. José Gonçalo da Câmara (1779-1782). O título de Conde da Cunha foi-lhe dado de juro e herdade por D. José por carta de 14 de Março de 1760, ”tendo consideração aos notáveis e distintos serviços que D. Luis da Cunha me fez, por espaço de sessenta e dous annos sucessivos [...] nos empregos de enviado extraordinário na corte de Londres, de embaixador extraordinário e plenipotenciário no congresso de Utreque, e de embaixador nas cortes de Londres, Haia, Madrid e Paris [...] contemplando ao mesmo tempo os serviços pessoais com que o dito D. Antonio se tem distinguido [...] nos empregos de governador e capitão general da praça de Mazagão e do reino de Angola...” Como vice-rei do Brasil, o Conde da Cunha melhorou as fortificações então existentes na cidade do Rio de Janeiro. No entanto, a sua iniciativa mais importante foi a fundação, a 29 de Dezembro de 1763, do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, ainda hoje o principal centro de manutenção da Marinha do Brasil. O conde fundou ainda o Arsenal de Guerra, na mesma cidade. Em frente ao Arsenal de Marinha ergue-se hoje uma herma em sua homenagem, obra do escultor Luís Pais Leme. O Conde da Cunha foi também responsável, no Brasil, por um importante apoio ao Hospital dos Lázaros, um dos mais antigos da cidade do Rio de Janeiro, que se dedicava a cuidar de vítimas de lepra, com capacidade para 52 enfermos na altura. A 19 de Dezembro de 1763, dez dias antes de fundar Arsenal da Marinha, o vice-rei escreveu uma longa carta a Francisco Xavier de Mendonça Furtado, Secretário de Estado da Marinha e do Ultramar (1760-1769) e irmão do todo-poderoso ministro do rei, o futuro Marquês de Pombal. Nessa carta, recomendou associar um mosteiro confiscado aos Jesuítas após a expulsão dos Jesuítas em 1759 ao hospital, dado que o edifício poderia acomodar bastantes enfermos, com possibilidade de separar os doentes do sexo masculino dos do sexo feminino. Na longa carta, o Conde da Cunha fez notar, entre muitas outras considerações, que o velho mosteiro jesuíta se encontrava desabitado, que estava já equipado com uma capela para os defuntos, e que tinha acesso a água potável do Rio Maracanã para cuidar dos enfermos. O vice-rei recomendou ainda, para financiar a expansão do hospital com este novo edifício, um modesto imposto, que acreditava que os habitantes da cidade pagariam de bom grado para poder ver menos enfermos nas ruas. A 31 de Janeiro de 1765 recebeu então o vice-rei um aviso régio que aprovava todas as suas sugestões.
A, 31 de Janeiro de 1766, exactamente um ano mais tarde, terminaram então as obras de adaptação do antigo mosteiro jesuíta a hospital, com lugar para mais 55 enfermos para além de empregados e escravos. O Hospital dos Lázaros via assim, em menos de três anos, a sua capacidade ser duplicada. Deve-se ainda ao Conde da Cunha o ter-se acabado com a grande vala utilizada como esgoto no Rio de Janeiro, na antiga rua da Vala, hoje rua Uruguaiana. Conta-se que terminou o seu governo pobre, e que teria que ter pedido dinheiro emprestado para regressar a Portugal.

1752 - 1757 - José Leite de Sousa

1757 - Setembro de 1763 - José Joaquim Vasques da Cunha


Setembro de 1763 - 11 de Março de 1769 - Dinis Gregório de Melo e Castro Mendonça

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