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sexta-feira, agosto 28, 2015

Batalhas Navais-1341

Ceuta
(Julho (?) de 1341)


Depois da estrondosa vitória alcançada pelo Almirante Dom Jofre Tenório, em 1337, sobre os Portugueses, o rei de Castela ordenou-lhe que fosse para o estreito de Gibraltar a fim de evitar que os Mouros continuassem a passar tropas para a Península em grande número como vinham fazendo. Porém, nessa altura as armadas de Granada e Marrocos, em conjunto, eram muito superiores à castelhana. Por isso, viu-se o Almirante Jofre Tenório forçado a actuar com extrema cautela e os Muçulmanos continuaram a desembarcar na Península contingentes cada vez maiores. Aborrecido com a estratégia do seu Almirante, Dom Afonso XI acusou-o de excessiva prudência. Ferido no seu brio e na sua honra, Dom Jofre saiu imeditamente para o mar e sem olhar à desproporção de forças, foi dar combate às armadas de Granada e de Marrocos. O resultado deste acto de desespero foi o que seria de esperar. A armada de Castela sofreu uma tremenda derrota, morrendo o próprio Almirante Tenório na batalha. Apenas cinco Galés, muito destroçadas, conseguiram escapar-se. A partir daí, os Muçulmanos ficaram senhores do mar e intensificaram a passagem de tropas do Norte de África para a Península com vista a uma ofensiva em grande escala contra os reinos cristãos. Estima-se que entre 1337 e 1340 tenham desembarcado do lado de cá do estreito cerca de trezentos mil homens e de sessenta mil cavalos. Na Primavera de 1340, o rei de Granada abriu as hostilidades indo pôr cerco a Tarifa, o que levou Dom Afonso XI a pedir auxílio aos Reis de Portugal e de Aragão. Estes, apesar das desanvenças recentes que tinham tido com o soberano de Castela, acorreram prontamente ao seu chamamento. O Rei Dom Afonso IV de Portugal enviou imediatamente uma armada de dez Galés, que foi utilizada na defesa de tarifa. Pouco depois, foi o próprio Rei que à frente de uma hoste numerosa se foi reunir em sevilha ao exército de Afonso XI. Aí, num gesto de amizade, foi devolvida aos Portugueses a bandeira real que lhes havia sido tomada, três anos antes, na batalha do cabo de São Vicente. Uma vez reunidos todos os exércitos cristãos foi resolvido ir ao encontro dos Muçulmanos que estavam cercando Tarifa. Estes, por sua vez, conhecedores dos movimentos dos Cristãos, foram esperá-los com forças numerosas junto de um pequeno rio chamado Salado.


Ali se travou a última grande batalha campal da Reconquista na qual os Muçulmanos foram completamente derrotados, distinguindo-se os Portugueses, e mais particularmente o Rei Dom Afonso IV, pela extraordinária bravura com que se bateram. Na Primavera de 1341, foi novamente enviada em auxilio dos Castelhanos uma armada portuguesa de dez Galés sob o comando do Almirante Manuel Pesanha. Entretanto, a armada de Castela havia sido reconstituída. Afonso XI tinha contratado em Génova quinze Galés, de que era comandada pelo Almirante Gil Bocanegra, e mandara construir Galés novas cujo número deveria oscilar entre uma a duas dezenas. Quer dizer que a força da armada combinada, de que era chefe supremo o Almirante Genovês, deveria ascender a cerca de quarenta Galés, preparando-se, além de doze Naus da Galiza e das Astúrias. Por essa altura as armadas de Granada e de Marrocos encontravam-se reunidas em Ceuta, num total de oitenta e três Galés, preparando-se para efectuar novos transportes de tropas para Algeciras e Estepona. Tendo sido Informado de que o rio de Bullones, a oeste da baía de Algeciras, estavam mais outras doze Galés mouras aprotando-se para seguir para Ceuta, o Almirante Bocanegra destacou para lá dez das suas, que bem poderiam ter sido as Galés portuguesas, a fim de as destruir antes que se fossem juntar às que se encontravam concentradas naquela cidade. O combate teve lugar dentro do rio. Os Muçulmanos, apanhados de surpresa, foram completamente derrotados, perdendo todas as Galés, das quais duas foram afundadas, provavelmente por abalroamento, quatro incendiadas e seis tomadas. Pouco tempo depois, outras dez Galés foram mandadas contra treze mouras que haviam saído de Algeciras e, mais uma vez, a sorte das armas foi favorável aos Cristãos. Duas dessas Galés foram capturadas, quatro afundadas e todas as restantes obrigadas a varar na costa.


Animado pelas vitórias alcançadas e dispondo agora de, pelo menos mais oito Galés, o que elevaria o total das Galés da armada cristã a cerca de cinquenta, o Almirante Bocanegra decidiu ir desafiar as Galés inimigas que estavam em Ceuta, confiando, provavelmente, que as doze Naus de que dispunha compensariam amplamente a inferioridade em que se encontrava no respeitante ao número daqueles. Logo que a armada cristã se apresentou diante de Ceuta, as Galés de Granada e de Marrocos sairam para o mar ao seu encontro. Nesse dia é provavel que o vento estivesse a soprar com certa força, o que terá permitido às Naus da Galiza e das Astúrias adiantar-se e começar a abalroar as Galés inimigas, das quais seis foram metidas no fundo. Nessa faina foram as Naus por diverças vezes aferradas por Galés mouras. Mas logo que estas acostavam começavam a ser alvo de uma chuva de pedregulhos, barras de ferro e flechas que os das Naus lhes atiravam do alto dos seus castelos, e, ao fim de pouco tempo, eram obrigadas a afastar-se cheias de mortos e feridos. Não obstante, o combate com as Galés não permitia que as Naus manobrassem à vontade e, em cosequência disso, três delas chegaram-se demais a terra e encalharam. em seu socorro foram algumas Galés genovesas, das quais duas também encalharam. Aproveitando a sota, os tripulantes das Naus encalhadas lançaram-lhes fogo e passaram-se para as Galés que tinham ido em seu auxílio. Certamente depois de grande confusão as Galés genovesas conseguiram safar as que haviam encalhado e, todas juntas, foram reunir-se ao resto da armada. É provável que o combate com as Naus tenha absorvido duas ou três dezenas de Galés mouras, pelo que terão sobrado somente ciquenta ou sessenta para combater com as Galés cristãs.


O embate entre as duas linhas de Galés deve ter sido tremendo, dado que no total ascendiam a mais de uma centena. Imediatamente se formaram diversas molhadas de navios firmemente aferrados uns aos outros, levados pelo vento e pela corrente onde se desenrolavam combates furiosos, acompanhados por uma gritaria infernal. Porém, neste tipo de luta, em espaços restritos, as armas mais pesadas dos cristãos conferiam-lhes marcada suprioridade e, uma após outra, as Galés muçulmanas iam sendo rendidas. Quando os Almirantes de Granada e de Marrocos foram mortos e os seus estandartes abatidos as restantes Galés mouras abandonaram a contenda e refugiaram-se em ceuta. Não dizem os cronistas qual foi o número de mortos e feridos, mas é de presumir que tenha sido elevado de ambos os lados. Além das três Naus que encalharam, os Cristãos não perderam mais quaquer outro navio. Os Muçulmanos perderam um total de vinte e seis Galés, entre afundadas e capturadas. Para maior satisfação dos vencedores foi encontrada a bordo de uma das Galés capturadas uma enorme quantia de moedas de ouro destinada a ser transportada para a Península para pagamento das tropas que para lá tinham sido enviadas. Pouco dias depois da batalha, de acordo com o que fora anteriormente estipulado, a armada portuguesa retirou para lisboa, apesar dos rogos de Afonso XI para que continuasse a operar em conjunto com a castelhana e a genovesa. A verdade é que o Almirante Pessanha e, por certo, todos os portugueses que o acompanhavam, apesar de se terem batido com galhardia, andavam de muito má vontade na companhia dos Castelhanos por terem ainda fresca na memória a pesada derrota sofrida, no cabo de São Vicente e as humilhações a que, na sequência dela, tinham sido sujeitos. Ao fim e ao cabo, a saída dos portugueses não chegou a enfraquecer a armada cristã, porque, poucos dias depois, chegou a armada de Aragão, na força de vinte Galés, o que permitiu àquela conservar o domínio do estreito de Gibraltar que ganhara na batalha de Ceuta. Graças a esse domínio, que os Moçulmanos nunca mais tiveram possibilidade de contestar, tornou-se impraticável transportar para a península tropas em quantidade suficiente para que aqueles pudessem lançar uma nova ofensiva em grande escala contra os Reinos Cristãos. A partir de então tornou-se claro que a expulsão definitiva dos Muçulmanos da Penìnsula Ibérica era apenas uma questão de mais ou menos tempo.


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