Batalhas e Combates-1798 II

Cabo Mondego

(31 de Maio de 1798)

      

O ‘Pancão’ era um iate do Arsenal de Lisboa que normalmente era utilizado para ir a Buarcos buscar carvão de pedra de uma mina que lá havia. A 30 de Maio de 1798, quando navegava ao largo de Vieira, foi apresado por uma escuna de corsários franceses que seguiu com ele para norte. À passagem por Buarcos foram os dois navios avistados pela gente da terra, que logo percebeu do que tinha acontecido. Com grande decisão, o tenente de infantaria da guarnição do forte, o Tenente José Correia Soares, meteu-se numa rasca (pequeno navio de pesca de dois mastros com um Furriel, dois Cabos e doze Soldados, armados com espadas e espingardas, e ordenou ao mestre e à Companha que fossem em perseguição do iate que provavelmente, iria a navegar um tanto afastada da escuna.

      

Já perto do pôr-do-Sol a rasca alcançou-o e o destemido Tenente saltou para dentro dele com os seus homens e envolveu-se numa briga medonha com os franceses que constituíam a tripulação da presa, matando-os ou ferindo-os a todos! Logo que os da escuna se aperceberam de que aquilo que inicialmente tinham tomado por uma simples embarcação de pesca era uma embarcação armada em guerra que estava a tentar recuperar o iate, foram imediatamente ao seu encontro. Não tendo possibilidade de se baterem com ela por não disporem de artilharia os marinheiros e os soldados que estavam no ‘Pancão’ e na rasca, à força de vela e remo, procuraram refúgio junto da costa. Entretanto caiu a noite e a escuna perdeu-os de vista. Ao amanhecer, não os tendo encontrado, continuou viagem de mãos vazias. Por essa altura já o iate e a rasca, ufanos com a sua proeza, estavam dando entrada na Figueira da Foz.

Como prémio da sua coragem e da sua desenvoltura, o Tenente José Correia Soares, e o Furriel foram promovidos por distinção; os soldados, o mestre e os pescadores da rasca receberam recompensas em dinheiro.