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quarta-feira, julho 30, 2014

Batalhas e Combates-1752 I

Costa Portuguesa
(17 de Setembro de 1752)


Por esta época, para os Argelinos, ser pirata era um oficio como outro qualquer e a pirataria era considerada uma actividade económica tão respeitável como o comércio ou a agricultura. Logo que terminava o inverno o bei de Argel punha a leilão o exclusivo de ir piratear para determinadas zonas. Terminado aquele, tratavam os arremantantes de arranjar capitães e marinheiros experimentados e de aparelhar os seus navios. A maior parte das vezes os que vinham para a nossa costa eram Xavecos ou embarcações ainda mais pequenas, que tinham a vantagem de poderem navegar cosidas com a terra e assim escapar à vigilância das Naus e Fragatas que patrulhavam mais ao largo. As principais vitimas dos piratas eram as embarcações de pescadores que aqueles atacavam na mira de aprisionarem os seus tripulantes, que posteriormente vendiam como escravos no mercado de Argel. Quando não conseguiam apanhar a jeito embarcações de pescadores os piratas desembarcavam e guiados por renegados que geralmente traziam consigo metiam-se pela terra dentro e iam aprisionar os camponeses que andavam descuidados nas suas lides. Como é natural, a intensa actividade dos piratas barbarescos e mouriscos na nossa costa trazia as comunidades de pescadores e as populações ribeirinhas em permanente sobressalto e levava-as a tomar todas as medidas ao seu alcance para se protegerem. Um exemplo muito curioso desas medidas eram as Muletas do Seixal, embarcações que se dedicavam à pesca do arrasto entre os cabos da Roca e Espichel e que tinham o costado protegido por uma cinta de ferro aguçados, como as coleiras dos cães da serra da Estrela, para evitar serem abordadas pelos navios dos piratas. Sendo as armas de fogo caras e dificeis de obter, as embarcações de pesca e os pequenos navios de cabotagem levavam geralmente a bordo alguns chuços e uma certa quantidade de pedras, que aliás, desde os tempos antigos sempre foram uma das armas mais utilizadas nos combates à abordagem.



A 17 de Setembro de 1752 um Iate pertencente a João Pereira Ramos, que vinha de Cádis com destino ao Porto, foi atacado por um Xaveco de Salé que por quatro vezes o tentou abordar. Defenderam-se os tripulantes do Iate à pedrada, conseguindo de todas as vezes repelir o inimigo, que acabou por retirar. É de presumir que os mouros também não dispusessem de armas de fogo. Esclareça-se que o «Iate» era um pequeno navio de dois mastros, prolongados com varas (chamadas «de combate»), uma ou mais velas de proa e duas velas latinas quadrangulares envergando em caranguejas. Muito utilizado nos finais do século XIX para recreio, deu origem a que o termo «Iate» passasse a ser sinónimo de «barco de recreio».


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