Hospital Real de Todos os Santos
O Hospital Real de Todos os Santos, foi chamado também 'Hospital Grande', 'Hospital
de Todos os Santos', 'Hospital Grande de Todos os Santos', ou 'Hospital Real', mas
tinha ficado conhecido verdadeiramente por Hospital dos Pobres. Era o hospital
mais importante de Lisboa (Portugal) durante os séculos XVI, XVII e XVIII.
Tinha sido construído entre 1492 e 1504.
O
Rei Dom João II, com a autorização papal de Sisto IV, mandou construir um
hospital central para a cidade de Lisboa, numa tentativa de concentrar cuidados
de saúde, assistência e caridade, à semelhança dos hospitais construídos em
Coimbra em 1508, Évora em 1515 e em Braga (1520).
Hospital
encontrava-se na zona da actual Praça da Figueira, estando a fachada e entrada
principal, voltados para o Rossio. O edifício de três pisos tinha uma fachada
principal, de cerca de 100 metros, com arcadas, e a meio encontrava-se a Igreja
do hospital, à qual se acedia por uma escadaria monumental.
A entrada da Igreja,
pelo que se pode ver das gravuras da época, era um magnífico exemplar do estilo
Manuelino, estilo típico do Reinado de Dom Manuel I.
O
hospital tinha três pisos. No piso inferior encontravam-se quarenta camas para
ambos os sexos e vários anexos do hospital, como o refeitório, forno, cozinha,
secretaria e farmácia. As crianças abandonadas (os expostos) e os doentes
mentais encontravam-se neste piso. Os funcionários do hospital encontravam-se
alojados no piso térreo, enquanto que no primeiro andar encontravam-se as
enfermarias (S. Vicente, Santa Clara e S. Cosme), que tinham acesso ao
altar-mor da Igreja do hospital, permitindo aos doentes acompanhar os ritos
religiosos. O hospital tinha também um vasto logradouro, claustros e um
cemitério privativo.
Os
doentes eram separados em função do sexo e da patologia. Havia um serviço de
urgência e uma secção privada para os doentes nobres. Para além das
enfermarias, existiam também a casa das boubas; uma divisão isolada para os
doentes com sífilis, que nessa altura era considerada como um castigo para os
pecadores; e a casa dos doidos, onde eram tratadas as pessoas com perturbações
mentais.
O
hospital foi concebido, inicialmente, para albergar 250 doentes. Já no século
XVI o hospital tratava cerca de três mil doentes ao ano. Mesmo com os vários
incêndios que deflagraram nos hospital, este foi sendo sucessivamente ampliado
e em meados do século XVIII já existiam cerca de doze enfermarias.
O
hospital era gerido por um provedor da confiança do Rei, até 1530, data em que
a gerência passou para os padres da Congregação de S. João Evangelista. Só a
partir de 1564 é que o estabelecimento passou para a responsabilidade da Santa
Casa da Misericórdia de Lisboa.
O
hospital foi destruído não só pelo terramoto de 1755, mas também pelo incêndio
que se seguiu. Sobreviveram algumas partes do hospital, como se pode comprovar
pelas escavações arqueológicas de 1960, na baixa. Os doentes do terramoto,
devido à urgência surgida na catástrofe, em carácter provisório, foram alojados
em tendas, no Rossio, palácios e conventos que não foram afectados pelo
"tremor da terra". Entre eles, em destaque, muito perto de si, surge
o Palácio dos Almadas. Houve um grande esforço para a reconstrução do hospital,
ainda que a título provisório, para voltar a tratar dos doentes. O hospital,
contudo, não foi reconstruído na sua totalidade, provavelmente por falta de
verbas, numa altura de grande esforço financeiro. O hospital foi então
transferido para o Colégio de Santo Antão, edifício confiscado a uma ordem
jesuíta, em 1759. O novo hospital foi denominado de Hospital de São José, em
honra ao Rei Dom José I.
Como não resistiu de Terramoto de 1755, que destruiu a Baixa de Lisboa, os seus serviços foram transferidos para o Hospital de São José.
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