Pesquisar neste blogue

sábado, março 29, 2014

Fortes e Fortalezas de Costa - Indico - Índia III


Fortaleza de Santo Ângelo de Cananor


A 'Fortaleza de Santo Ângelo de Cananor', também referida como 'Castelo de Santo Ângelo' ou 'Fortaleza de Cananor', localizava-se na cidade portuária de Cananor, no estado de Kerala, na costa sudoeste da Índia. A costa do Malabar constituía-se numa expressiva região produtora e exportadora de especiarias, nomeadamente a pimenta. Ao final do século XV caracterizava-se politicamente como um mosaico de pequenos reinos. Estes, embora maioritariamente hindus, abrigavam comunidades expressivas de mercadores islamizados. Entre eles incluía-se o reino de Kolathunad, cujos rajás pertenciam à família Kolathiri. Na passagem para o século XVI, o porto de Cananor era o mais destacado deste reino, atrás apenas, a nível regional, pelo principal entreposto de especiarias do Malabar, a cidade de Calecute. Tornou-se possessão portuguesa entre 1505 e 1663, quando foi conquistada por forças neerlandesas, passando depois para o domínio inglês.


A cidade foi avistada pela armada de Vasco da Gama já em 1498, mas só foi visitada por uma armada portuguesa em janeiro de 1501, sob o comando de Pedro Álvares Cabral, em resposta a um convite do soberano local. Ao final desse mesmo ano, a armada de João da Nova, assinalou a presença portuguesa em Cananor com o estabelecimento de uma feitoria, reorganizada no ano seguinte (1502) por Vasco da Gama, que ali deixou como feitor Gonçalo Gil Barbosa. Daqui eram exportados principalmente gengibre, cardamomo, e importados cavalos para os exércitos do Império de Vijayanagara. As rivalidades com os mercadores islamizados locais logo se fizeram sentir, de modo a que, em Outubro de 1505, a armada do futuro Vice-rei, Dom Francisco de Almeida demorou-se na cidade, em negociações com o soberano local para a construção de uma fortaleza capaz de defender a feitoria. Bem-sucedida, a fortificação começou a ser erguida ainda no mesmo ano, em posição dominante sobre um extenso promontório que se projectava sobre o mar, dominando a baía, a alguma distância a leste da cidade de Cananor. Principiou-se por erguer uma muralha pelo lado de terra, antecedida por um fosso, atrás da qual se desenvolvia o corpo da feitoria-fortaleza, dominado pela torre de menagem, ao lado da qual se erguia a casa do capitão.

Entre maio e agosto de 1507, a fortaleza sofreu um duro assédio, o chamado cerco de Cananor. O ataque deveu-se a uma questão de sucessão dinástica na família Kolathiri que conduziu ao trono um herdeiro favorável aos interesses do Samorim de Calecute e da comunidade de mercadores islamizados de Cananor, tradicionais inimigos dos portugueses. O Vice-rei Dom Francisco de Almeida foi avisado da preparação do mesmo pelo corsário hindu Timoji, que abasteceu a fortaleza durante o cerco. Este apenas foi levantado diante da chegada de uma armada de socorro (27 de agosto de 1507, sob o comando de Tristão da Cunha, que levou o soberano local a assumir uma posição conciliatória com os Portugueses. Francisco Serrão integrava esta armada. O episódio é recordado em um verso de 'Os Lusíadas': "Vereis a fortaleza sustentar-se / De Cananor, com pouca força e gente; (...) ".


Em agosto de 1509 Almeida, recusando-se a reconhecer Dom Afonso de Albuquerque como novo governante a sucedê-lo, deteve-o nesta fortaleza após a Batalha Naval de Diu. Albuquerque foi libertado após três meses de confinamento, e assumiu o cargo com a chegada de uma frota maior, em Outubro de 1509. Albuquerque fez reconstruir a fortaleza. A fortaleza foi reforçada em 1526 por iniciativa do então governador Dom Lopo Vaz de Sampaio. A Cananor portuguesa desenvolvia-se então a leste do corpo central da fortaleza, entre esta e a muralha exterior situava-se a parte habitacional onde, no século XVII residiam cerca de quarenta famílias de 'casados' portugueses e trinta de 'casados da terra' (cristãos nativos). A oeste, na extremidade do promontório, localizavam-se o cais e as edificações do hospital, dos armazéns (mantimentos e munições), e uma ermida. Para além das muralhas da cidade portuguesa, desenvolvia-se uma área mista, habitada por população luso-indiana ou cristianizada, além de uma pequena aldeia piscatória hindu. A cidade nativa de Cananor, designada como 'bazar dos mouros' pelas fontes portuguesas, situava-se no centro da baía a alguma distância da fortaleza portuguesa. Sob o governo do Vice-rei Dom Antão de Noronha, durante o cerco de 1565, Dom António de Noronha foi o responsável pela sua defesa, uma vez que o seu capitão à época, Dom Paio de Noronha a desejava abandonar.

Em 1663 Cananor foi conquistada por forças neerlandesas, ano da queda da cidade de Cochim, pondo fim à influência comercial português na costa do Malabar. Os neerlandeses modernizaram a antiga fortificação portuguesa, sendo erguidos novos baluartes, com os nomes de 'Hollandia', 'Zeelandia' e 'Frieslandia', que são as principais estruturas que chegaram aos nossos dias. A primitiva estrutura portuguesa foi posteriormente demolida. Os neerlandeses venderam a fortificação ao sultão Ali Raja de Arakkalem 1772. A cabeça de Kunjali Marakkar foi exibida nos muros da fortaleza após o seu assassinato. Poucos anos mais tarde, em 1790 foi conquistada por forças britânicas, quando se converteu no quartel-general das forças militares britânicas na costa do Malabar até 1887. Da fortificação manuelina, com grandes alterações introduzidas no século XIX pelos britânicos, restam apenas vestígios da primitiva torre e do muro sobre as rochas da praia. A fortificação portuguesa, na extremidade de uma ponta rochosa, era dominada por uma torre de três pavimentos, em torno da qual se encontravam as casas do capitão e a feitoria, conjunto essencialmente inalterado até ao século XVII. A cidade portuguesa encontrava-se envolvida por um muro abaluartado numa extensão de 550 metros, defendido por um fosso.

Fortaleza de São Sebastião de Baçaim


A Fortaleza de São Sebastião de Baçaím (também conhecida como Praça-forte de Baçaim) foi uma fortificação que integrou o Estado Português da Índia entre 1535 e 1739. Localiza-se na antiga cidade de Baçaim (hoje Vasai-Virar), no estado de Maharashtra, na Índia, a cerca de 50 quilómetros ao norte de Bombaim. Constitui-se numa das mais importantes praças-fortes portuguesas no antigo Indostão.


A cidade, integrante dos domínios do reino de Cambaia, devia a sua riqueza à pesca, ao comércio de cavalos, de sal, madeiras, pedras para construção (basalto, granito) e à construção naval. Adicionalmente, a região era próspera em termos agrícolas, produzindo arroz, algodão e cana-de-açúcar.


Em 1528, o Capitão Heitor da Silveira, conquistou e incendiou a cidade. Após isto, o governante de Thana submeteu-se voluntariamente como tributário a Portugal. Em 1532 teve lugar um novo assalto português a Baçaim e, após uma forte resistência, conseguiram penetrar na sua fortificação, arrasando-a. Em consequência, foi imposto tributo às cidades de Thana, Bandra, Mahim e Bombaim. Em 23 de Dezembro de 1534 o Sultão de Guzerate cedeu, através de um tratado, Baçaim e suas dependentes (Salcete, Bombaim, Parel, Vadala, Sião, Vorli, Mazagão, Thana, Bandra, Mahim, Caranja e outras) a Portugal. No ano seguinte (1535) uma feitoria portuguesa foi instalada em Baçaim, dando-se início à construção da Igreja de Nossa Senhora da Vida. Ainda nesse ano de 1535, as forças do Sultão de Guzerate assaltaram a cidade. Por essa razão, em maio de 1536, por determinação de Dom Nuno da Cunha, uma fortificação foi iniciada, em torno da qual a cidade portuguesa floresceu.



Com planta atribuída ao milanês Giovanni Battista Cairati, arquitecto mor de Portugal no Oriente sob o reinado de Filipe I de Portugal (1580-1598), foi consagrada a São Sebastião, apresentando influências do Renascimento europeu. Os muros da cidade foram erguidos entre 1552 e 1582, pois nesta última data já se encontrava envolvida por imponente muralha de pedra e cal, reforçada por dez modernos baluartes em forma de orelhão, conforme representado em carta de Pedro Barreto de Resende (1635). Capital da Província do Norte na Índia portuguesa, resistiu aos assaltos de forças locais e estrangeiras até ser ocupada pelas forças do Império Marata, que também conquistaram todos os territórios dela dependente (1739). Da Fortaleza de São Sebastião dependiam as tranqueiras de Saibana, Varenepor, e Conrangem, além do Forte de Mamura, do Forte de Caranjá e os Baluartes de Tana. Atualmente, as ruínas da cidade e a própria fortaleza, encontram-se ameaçadas pela exploração das jazidas de gás ao longo da costa, e pela proximidade da metrópole de Bombaim, hoje com uma população de mais de onze milhões de habitantes. Após o portão de armas abre-se um pequeno pátio de onde as ruinas do antigo forte podem ser contempladas. No seu interior destacam-se três capelas, onde se reconhece a arquitectura portuguesa do século XVII. A capela mais ao sul encontra-se mais bem conservada, ainda com o seu tecto abobadado. Decorado com pedras esculpidas, alguns dos seus arcos ainda revelam a sua antiga riqueza.

Fortaleza de Ormuz



O forte português em Ormuz, localizado na ilha do Golfo Pérsico de Ormuz. No seu apogeu, Ormuz foi um dos mais importantes portos do Oriente Médio, controlando rotas comerciais entre a Índia e a África Oriental. Antes de ficar sob o controle Português no início dos anos 1500, Ormuz foi uma cidade-estado que floresceu como reino independente. Sua localização privilegiada ao longo de rotas comerciais fez dela, uma das cidades mais ricas do mundo. Os Portugueses controlaram a cidade e seu porto de 1515 até 1622, quando foram expulsos da região pelos Persas.


Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.