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segunda-feira, janeiro 28, 2013

A Guerra Naval de 1793 a 1814

O Destino das Marinhas nos Séculos XVIII a XIX 


Se vamos nos centrar o período do nosso estudo nessa época, teremos de começar que um Capitão de Artilharia do exército Francês, que queria ser artilheiro da marinha, começou a destacar-se decisivamente num contexto naval. A 20 de Agosto de 1793 a esquadra anglo-espanhola sob os comandos dos Almirantes Hood e Lángara capturaram a cidade e o porto Francês de Toulon graças à ajuda dos realistas que infestavam o centro francês. Ao longo de quatro meses até a 21 de Dezembro de 1793 as forças navais e terrestres de Espanha, Grã-Bretanha, Nápoles e da Sardenha combateram contra o assédio dos exércitos revolucionários, cuja artilharia, eficazmente dirigida por um Capitão chamado Napoleão Bonaparte, forçaram primeiro a abandonar os pontos defendidos dos aliados para finalmente forçarem a evacuar a cidade. A 22 de Dezembro a “Madame Guilhotina” voltaria a trabalhar na praça de Toulon. Outro dos protagonistas deste drama que alcançaria o seu lugar em Trafalgar é o Almirante Espanhol Dom Frederico Gravina, anotava no seu diário no dia 24 de Novembro, o início da construção de uma bateria Francesa chamada ‘A Convenção’. Á parte de ter um significado especial para o desenrolar do sítio de Toulon tem um certo caracter especial por ser a primeira operação militar dirigida por Napoleão Bonaparte que apenas dez anos mais tarde a 18 de Maio de 1805, se tornaria Imperador dos Franceses (e apesar destas origens “navais” de Napoleão nunca chegou a compreender a complexidade operacional das suas forças navais).


A estrela de Napoleão começou a brilhar, perante duas Armadas a Britânica e a Espanhola, seria a primeira delas a destruição da segunda e colocariam no Império Francês um vírus mortal que acabaria por acabar com o sonho de denominação dos mares e a combater o comércio Britânico e seus aliados (Portugal) com o pequeno corso. Perante a aniquilação das frotas franco-espanhola em 21 de Outubro de 1805 ao pé do Cabo Trafalgar. Para as frotas francesas e espanhola teve um fim decisivo para o resto da guerra. A partir dessa época foi o fim das grandes frotas com a navegação á vela. A partir desse dia o Imperador dos franceses não terá a oportunidade de invadir as Ilhas Britânicas e disputar o controlo das rotas marítimas. É certo que o bloqueio naval imposto por Napoleão Bonaparte pôs a Grã-Bretanha em situação um pouco difícil, mas a impossibilidade de fazer com que Portugal aderisse ao bloqueio era como uma ferida aberta às pretensões espanholas e francesas que viam que as trocas comerciares entre Portugal e a Grã-Bretanha e principalmente o comercio das nações obrigadas ao bloqueio aproveitaram o porto de lisboa para as suas trocas comerciais. Por outro lado o controlo das rotas marítimas para o comércio espanhol estarem a ser cortadas pela marinha britânica desde a aliança com a França, acabaria por derrubar o império ultramarino espanhol, e por arrasto a degradação do Império construído pelo antigo Capitão de artilharia. As guerras marítimas que derrubaram o império e anteriormente as marinhas revolucionarias, espanholas e holandesas podemos classificá-las em: 

A Primeira Guerra Anglo-Francesa/Espanhola/Holandesa.


As batalhas do “glorioso 1 de Junho” de 1794; do cabo de São Vicente em 14 de Julho de 1797; e Camperdow 11 de Outubro de 1797, batalhas ganhas pelos Britânicos e derrotas dos franceses e seus aliados. A Espanha e a Holanda capturarão a Trinidad em 16 de Julho de 1797, derrota Britânica em Santa Cruz de Tenerife, de 22 a 25 de Julho de 1797; a batalha do Nilo de 1 e 2 de Agosto de 1798 (Victória total de Nelson contra a frota francesa cortando o exército francês do continente europeu). A Batalha de Copenhague em 1 de Abril de 1801 embora fora do contexto da guerra naval entre as forças Britânicas e Franco-espanhola, a genial desobediência de Nelson com a brilhante Victória evitou a formação da “Aliança do Norte” (Dinamarca, Suécia e da Rússia) pusesse as forças marítimas inglesas no Báltico e assim libertar a pressão dos ingleses a Sul.


A Segunda Guerra Anglo-Francesa/Espanhola/Holandesa. 

A Batalha de Trafalgar em 21 de Outubro de 1805, a Armada Britânica ficou com o poder marítimo e onde as forças navais de Espanha ficaram bastante reduzidas depois de tantos esforços e a poderosa marinha espanhola completamente reduzida por culpa de Dom Manuel Godoy.


Ao longo do século XVIII, a Espanha e a França haviam estado aliadas através dos chamados ‘Pactos de Família’. Se tratava das alianças ofensivas e defensivas contra a Grã-Bretanha perseguida pelas duas nações eram as grandes inimigas contra os seus interesses e com razão. A guerra da Convenção (1793-1795) que arrastou os aliados para a aventura de Toulon significou uma mudança radical no sistema de alianças e que a tradicional já que a tradicional aliança franco-espanhola foi substituída por uma inquieta aliança Anglo-Espanhola. Os interesses Britânicos e Espanhóis eram demasiados divergentes para que a aliança pudesse durar, nem a Espanha estava disposta a abrir os seus mercados no continente Americano nem os Britânicos iam renunciar esses mercados. Em 1795 uma Espanha exausta, com a Catalunha e Vascongadas invadidas pelo exército revolucionário, a Espanha através do seu primeiro-ministro (Ministro do Reino) Manuel Godoy entraram em conversações com a França o que originou, A Paz de Basileia em 22 de Julho de 1795. Apesar dos seus insucessos Dom Manuel Godoy consegui-o o pomposo titulo de 'Principe da Paz'. Um ano mais tarde ouvidas as penalidades da guerra do Rossilhão, do assédio a Toulon, e a perdida o porto de Rosas, o governo Espanhol firmou o pacto de 'San Ildefonso' em 18 de Agosto de 1796, foi uma reedição dos antigos pactos de família… com precisamente aqueles que guilhotinaram os mesmos Borbons.



As suas condições para a paz ser firmada havia cláusulas, Sua Majestade Católica passou a aliar-se oficiosamente tanto na ofensiva como defensivamente com os revolucionários forçando os ingleses a abandonar o Mediterrâneo e a estabelecer a sua base de operações em Lisboa. As batalhas e combates com mais detalhe:

Glorioso 1º de Junho
(1 de Junho de 1794)



Esta Batalha continuou com o antigo imobilismo táctico do século XVIII. Ambas as es quadras planearam uma batalha típica; duas linhas mais ou menos paralelas com navios de guerra de 68 canhões ou mais, disparando uns contra os outros em linha de combate até que um dos navios ficar fora de combate. A teoria ditada que havia que tentar superar a linha inimiga e depois começar a dar fogo dos canhões pela proa inimiga. O equilíbrio entre as técnicas, embarcações, etc, sem dúvida fazia com as linhas focem iguais em poder de fogo. Por este motivo as Marinhas tentaram ter os navios mais poderosos.



O navio de guerra Santíssima Trindade era uma embarcação que levava 140 canhões, esta táctica envolvia que as forças navais não cumprissem a sua missão salvo erro cometido por um comandante cometia algum erro de navegação, os combates navais eram indecisivos.



No glorioso primeiro de Junho uma esquadra inglesa que esperava em Quessant a chegada de um comboio de trigo americano que acalmasse os Parisienses, combateu com uma esquadra saída de Brest para proteger o comboio. A esquadra Britânica contava com 26 navios de linha, 6 fragatas, e 9 embarcações de guerra menores. E ao comando desta esquadra o Almirante Lord Howe.



A esquadra francesa estava ao comando do Almirante Villaret-Joyeuse tinha 24 navios de linha e 8 fragatas e acompanhavam o comboio mais 9 embarcações de guerra menores.



Depois de vários encontros nos dias precedentes, no dia 1 ambas as esquadras combatem em linha quando a esquadra inglesa, por sua vez sem procedentes a sotavento o Almirante inglês Howe cortar a linha francesa. A situação para a esquadra Britânica poderia ter sido muito perigosa, mas os franceses com grande défice de qualidade tirando algumas excepções, não souberam aproveitar a sua situação táctica, e aproveitar a má posição Marítima Britânica, se converteu na intenção da esquadra francesa retirar. Os franceses perderam 6 navios de linha abordados pelos ingleses e outro afundado e mais de 5.000 baixas. Os Britânicos tiveram 1.138 baixas. Lord Nelson, interrogado afirmou que tinha sido uma Victória táctica, que não foi acompanhado por uma Victória estratégica porque o comboio americano de trigo chegou a Brest incólume. Para Nelson confrontado com os interesses franceses limitou-se a dizer “é uma Victória do Almirante Lord Howe…” que se converteu em sinonimo de ineficácia. Nelson acreditava que se o Almirante Howe mostra-se mais agressividade e audácia poderia cortar a duas linhas francesas e ter derrotado defensivamente o comboio vindo da américa.

A Batalha do Cabo de São Vicente 14 de Fevereiro de 1797


Em 1793, a marinha de guerra espanhola fundada nos tempos de Dom Filipe V, acompanhada com o empenhamento, sobretudo por Dom Fernando VI, na visão estratégica e seu desejo de paz armada, alcançou o seu máximo poder marítimo com uma armada de 79 navios de linha, 54 fragatas e cerca de 156 embarcações menores de guerra. Esse capital de recursos começou a dilapidar com Dom Manuel Godoy ao desterrar a esquadra do chefe mais capaz e preparado.




O Tenente General Dom José de Mazarredo, e dar-lhe o comando em chefe que carecia de preparação para o exercício dessa função que foi Dom José de Córdova. A causa do afastamento do Almirante, Dom José de Mazarredo a Ferrol foi a funesta mania de o Bilbaíno de afirmar a crua verdade e mostrar o abandono de recursos em que se havia desejado na esquadra que ia comandar. Uma vez mais como fazia em tempos de Luis XVI, quando da guerra de independência dos Estados Unidos da América, a estratégia francesa desenhou um plano (o do Filipe II) para conquistar a Inglaterra através de um ataque anfíbio e as consequências da invasão para o qual teria de ter o controlo total do Canal da Mancha. As publicações nos jornais franceses, pondo as suas esquadras Atlântica e Mediterrânea, o exército de Bolonha, e a flotilha de desembarque em vários pontos de embarque. Para conseguir o domínio do mar era imprescindível a ajuda da Espanha (que deveriam participar no desembarque de tropas) mas o mais importante seria que a soma das esquadras francesas como espanholas somadas deveriam igualar e se fosse possível aumentar a diferença das duas frotas) e a partir dai o acordo de San Ildefonso. O almirante Córdova sai com a esquadra sob o seu comando de Cartagena para Cádiz com 24 navios de linha, 8 fragatas, 2 bergantins e 1 brig, escoltando um comboio com destino Algeciras e proteger o porto de Cádiz e tendo a noticia que o Almirante Jervis só tinha disponível 9 navios de linha, navegou sem precauções de guerra como se de paz trata-se. Por motivos de vento e por que faltasse pouca perícia naval, e por falta de decisão, Córdova prolongou a sua derrota. Deslocou-se para o Canal por não poder tomar Cádiz, e ali no Cabo de São Vicente avistou a esquadra do Almirante Jervis 



(que a partir de 14 de Fevereiro passará a ser conhecido por Lord de S. Vicente)

Havia aumentado as suas forças com 15 navios de linha, 4 fragatas, 2 corvetas e 1 bergantim. O Almirante inglês que não manobrou precisamente bem se viu favorecido (pela genial indisciplina) do Comodoro Nelson que comandava o terceiro navio de guerra da linha Britânica sem ordens directas e vendo a favorável situação, saiu de formação carregando com grande decisão o centro espanhol. O Almirante Jervis em vez de o repreender, ordenou o Almirante Collingwood que seguisse os seus movimentos e o êxito inglês contra a desorganizada esquadra espanhola foi total. Os espanhóis perderam 4 navios de guerra, tiveram 404 mortos e 880 feridos e os ingleses tiveram 73 mortos e 227 feridos. Em concelho de guerra de oficiais generais que se reuni-o em Cádiz a 2 de Abril de 1779 sentenciou:

“Que o Tenente General da real Armada D. José de Córdova. Comandante General da Esquadra, como convencido que estava de não ter sabido desempenhar a sua real confiança no comando de aquelas forças navais por sua insuficiência e desacerto nas manobras e disposição de ataque…que de privado de seu emprego, sem que possa obter em tempo algum outro comando militar, proibindo assim mesmo a sua residência e a sua presença na corte nem nas repartições dos departamentos da Marinha…”

Estou seguro que se fosse inglês tinha sido fuzilado, como fuzilaram, e com menos motivo á frente das suas esquadras como o Almirante Byng, quando fracassou perante a Ilha de Minorca e quando a clemência Real era grande. Em troca Dom Manuel Godoy, nada se repreendeu, nem se lhe pediram contas pela sua errada decisão de se dirigir a Córdova. Se ordenaram o Almirante Mazarredo que regressa-se a Cádiz, onde organiza-se uma brilhante defesa da cidade, que os Britânicos abandonaram a sua ideia de a ocupar.



Os britânicos tinham entretanto os seus próprios problemas. Nos arsenais do Nore e Spithead haviam estalado dois graves motins entre a marinha. Em todavia à que estudar em detalhe, a componente revolucionária dos homens que estavam à frente, não escaparam às autoridades Britânicas. A sublevação não chegou a ter proporções maiores e foi sufocada sem demasiada violência. Certamente que os cabecilhas dos motins foram enforcados mas os parlamentares não deixaram cair em saco roto as revindicações dos marinheiros, melhorando as suas condições de vida e formação, pondo com ela as bases do que seria a primeira Marinha Militar e profissional da História. Assim que a vitória do 'Cabo de S. Vicente' como por aceitar as argumentações dos marinheiros do Almirante Jervis deu ordens ao Comodoro Nelson que tomasse Santa Cruz de Tenerife.



O certo é que o genial marinheiro Britânico não esperava uma forte resistência que ia encontrar na Ilha Canaria. Depois de três dias de combate e tendo ficado bastante ferido (foi neste combate que Nelson perdeu o braço direito), Nelson não teve outro remédio que render-se.


A batalha de Camperdown



Por trás do pitoresco combate de Texel (onde não estou enganado) a cavalaria de Moreau carregou com os sabres desembainhados contra os navios de linha holandeses que como baleias perdidas estavam varados nos arsenais, que se renderam.



Terminada a ocupação da Holanda e a paz e aliança de Haya e 16 de Maio de 1795 “contra os príncipes inimigos sem distinção… e para sempre contra a Inglaterra”. Para a Inglaterra se abriu uma nova frente marítima em que o inimigo em que como vinha desde 1793, dissidio responder com o respectivo bloqueio. Para os Países Baixos, dependente do comércio desde os tempos da VOC (Vereenigde Oostindische, Compagnie. Companhia das Índias Orientais), o bloqueio Britânico impos um severo golpe para a sua maltratada economia. No Outono de 1797, as autoridades revolucionarias franco-holandesa dissidiram que era o momento de aproveitar os problemas em Nore e Spithead e também na Irlanda, para lançar uma operação de desembarque a esta última. Com esta ideia em mente, o Almirante Holandês de Winter, Decídio sair a 8 de Outubro de Texel para ir buscar a esquadra de bloqueio sob o comando de Ducan.




A esquadra holandesa era composta por 15 navios de linha (4 de 74 canhões, 7 de 64 canhões, 4 de 50 canhões, 2 fragatas e 9 embarcações menores). A 11 de Outubro de 1797 por volta das 10h30m da manhã ambas as esquadras avistaram-se e começaram a manobrar para a batalha. A 'Batalha de Camperdown' foi muito sangrenta e a diferença de outras batalhas, em Camperdown as fragatas de ambos os lados se travaram de modo activo no combate depois das 12:30 a divisão de barlavento de Ducan rompeu com a linha Holandesa.



Assim por exemplo a fragata Holandesa Monnikendam de 40 peças de artilharia por popa repetidas vezes a insígnia Britânica o 'HMS Monarch' de 74 canhões. A batalha travou-se por várias horas de intenso combate e rodeado por 4 navios de guerra ingleses o Almirante de Winter rendeu-se no seu navio de guerra 'Vrijheid' finalizando a batalha. A batalha tinha costado á marinha holandesa 9 navios de guerra e 2 fragatas que foram capturadas, tiveram 521 mortos, 852 feridos e 2.872 prisioneiros. Os Britânicos tiveram 244 homens mortes e 812 feridos.

A Batalha do Nilo



A esquadra o Almirante Brueys largou de Toulon a 19 de Maio de 1798 levando a bordo o exército expedicionário de Napoleão Bonaparte, exército que se veria contemplado desde a construção das pirâmides por 40 séculos de história…Nelson, que para impedir essa empresa, havia entrado no Mediterrâneo no dia 2 de Maio não foi capaz de interceptar a expedição francesa por ter poucas fragatas para realizar a descoberta da esquadra francesa. Uma vez com o exército em terra, o Almirante Brueys fundeou a sua esquadra em 12 metros de profundidade, e em linha paralela com a costa com os seus 13 navios de linha e com 4 fragatas com a linha muito perto da costa que supos que seria impossível enfranqueá-la pelos ingleses. Não havia contado com a capacidade de Lord Nelson e a perícia dos marinheiros ingleses. Sem qualquer dúvida Nelson arriscou (a sorte protege os audazes) sem atacar directamente a linha francesa, Nelson posicionou-se entre a costa e os franceses atacando a vanguarda e o centro por bombordo e estibordo dos navios franceses e sem que os restos da esquadra francesa fundeada pudessem intervir em ajuda dos primeiros navios. A batalha se converteu em grupos de batalha simultâneos e sucessivos de vários navios ingleses contra um só navio francês imóvel Em seu ponto de amarração, quando este conseguia mobilizar-se afundava-se ou ficava completamente destroçado, os ingleses viravam-se para o seguinte navio. Somente dois navios franceses comandados por Villeneuve conseguiram escapar. Napoleão atribui-o aquela ‘sorte’ de Villeneuve uma manobra de grande competência o que levou ao mais alto comando da marinha francesa e o seu destino como Almirante em chefe da esquadra combinada Franco-Espanhola no dia da batalha de Trafalgar. Os ingleses capturaram 9 navios de guerra aos franceses e outros dois afundaram-se. Os Franceses tiveram 2.050 mortos, 1.497 feridos e 2.000 prisioneiros e um exército bloqueado no Norte de Africa. Os Britânicos sofreram 218 Mortos e 677 feridos. Este foi o combate que Nelson escreveu a Lord Howe: “tenho a sorte meu senhor de mandar a bandeira inimiga. Foi uma Victória total”




Ao mesmo tempo mandava um relatório sobre a marinha revolucionária era qualificada assim; “Material mau, pessoal medíocre e com capacidades muito más". A segunda guerra marítima Anglo-Francesa/Espanhola/Holandesa A paz de Amiens em 25 de Fevereiro de 1803 entre a França e a Grã-Bretanha foi um pequeno suspiro. A ocupação da Holanda pelas forças francesas em Maio de 1803 e a ruptura das hostilidades que não cessarão até 23 de Abril de 1814.

A Batalha de Trafalgar


Com a ‘denominada de origem’ Trafalgar distingue-se entre duas coisas; a campanha estratégica que é saber os movimentos das esquadras e o número de navios a que pertencem para conseguir levar a missão de cada uma e decidir as suas intenções para na altura da batalha estar em superioridade em navios e ter a oportunidade de escolher a posição na batalha foi o que aconteceu em Trafalgar como sabem em 21 de Outubro de 1805. A Espanha tinha firmado um pacto secreto com a frança em 19 de Outubro de 1803 pela qual se comprometia a proporcionar um subsídio de 36 Milhões de Libras pela sua neutralidade. Sem possibilidades derivadas ao embargo das suas rotas marítimas com as suas colonias a Espanha não pode satisfazer mais do que a metade do valor acordado. Não está muito claro se Napoleão fez mudanças ao tratado enviado à Grã-Bretanha para pressionar a Espanha. No dia 5 de Outubro de 1804 e quatro fragatas inglesas interceptaram quatro fragatas espanholas sob o comando do Brigadeiro Dom José de Bustamante, que vinham de Montevideu carregado com os impostos americanos e as famílias de alguns oficiais do exército e da marinha e de funcionários ou residentes das colónias. Não estando preparados para combater porque a guerra não estava declarada. As quatro fragatas espanholas foram presa fácil, mesmo com as fragatas praticamente desarmadas o Brigadeiro Bustamante dissidio dar batalha a fragata ‘Mercedes’ ficou feita em bocados, as outras três renderam-se. A Espanha declarou guerra à Grã-Bretanha em 12 de Dezembro de 1804. Napoleão Bonaparte podia contar de novo com a esquadra espanhola que, desde a retirada do ministro Dom Antonio Maria de Valdês e do ministro Fernández Bazán em 1795, vivia de recordações e acabou de incrementar seus recursos. O último navio de guerra feito pela Espanha nos seus arsenais foi o ‘Argonauta’ equipado com 80 peças de artilharia construído em Ferrol em 1796. Nos nove anos seguintes não se construi-o mais nenhum navio de linha. A última fragata ‘la Proserpina’ de 34 peças de artilharia foi construída em Mahón em 1797. As finanças de uma exausta Espanha não permitiam que os gastos fossem para a marinha de guerra. Mesmo assim a Espanha ainda tinha uma frota respeitável de navios de linha em 1797. A campanha estratégica de Trafalgar. A primeira saída da esquadra francesa de Villeneuve de Toulon em 17 de Janeiro de 1805, marca o início da grande campanha estratégica com que Napoleão pretendia, como temos dito, conseguir invadir as Ilhas Britânicas com o ‘Grand Armée’. A campanha planeada tanto pelos Franceses como Espanhóis, com mais erros do que certos, levou que a esquadra do Almirante Gravina combinada com a esquadra Francesa pudesse agrupar numa única esquadra. Manuel Godoy lançou o isco de que o destino da esquadra de Villeneuve em Toulon era de novo o Egipto. A esquadra de Villeneuve não consegui-o á primeira furar o bloqueio, mas à segunda consegui-o enganar as forças inglesas e deixou passar as forças navais francesas, Nelson que queria as forças de Villeneuve em alto-mar para dar combate e destruir por completo as foças francesas de Villeneuve no Mediterrâneo.



Por trás de um começo brilhante o Almirante Villeneuve dirigiu-se para Cartagena onde estava a Esquadra do Almirante Salcedo e depois dirigir-se para Cádiz para se encontrar com a esquadra do Almirante Gravina cujos navios se foram incorporando pelo caminho pelo caminho, os últimos chegaram a 'Fort de France' (Martinica). A armada inglesa tinha uma doutrina fixa que dava aos seus Almirantes uma certa autonomia de chefia para agir em conformidade derivado á lentidão das comunicações da época. Quando Lord Nelson ficou a saber da partida da frota francesa de Toulon tomou a decisão por um lado genial mas arriscada; persegui-lo até á américa abandonando a sua posição no Mediterrâneo. Sem dúvidas a sua decisão poderia por em causa a sua carreira. Nas Antilhas perdeu a pista da frota Franco-Espanhola e ficou convencido que os Almirantes Villeneuve e Gravina eram recuperar a Ilha de Trinidad. O certo é entre as muitas ordens e contra-ordens de ambos países (tanto o Almirantado Britânico como Napoleão) navegaram conforme as ordens que recebiam e pior os franceses (com as intervenções estupidas do ministro Décres que sem conhecimento de Napoleão) interferi-o nas operações desconcertando a um surpreendido Villeneuve. Sem perder tempo os Almirantes reuniram-se em conselho de guerra e apoiado por Gravina dissidiram voltar para a Europa.



No cabo Finisterra encontraram-se de forma inesperada com a esquadra do Almirante Calder a 22 de Julho de 1805. Sem Nelson estar presente o comandante Britânico optou por uma formação clássica atacou a vanguarda de Gravina e batendo-se a tiro de canhão. O problema para os franco-espanhóis foi que só uma parte da frota-combinada foi capaz de entrar em combate já que o resto da frota estava na expectativa. Depois de duas horas de combate, O Almirante Calder decide retirar-se (seria processado pelo Almirantado) e levar as duas presas que tinha o 'São Rafael' de 86 canhões e o 'Firme' de 76 canhões. Os Almirantes Villeneuve e Gravina decidiram perseguir Calder chegando a avistar a sua frota a barlavento no dia 24 de Julho. Mas o estado de alguns navios da frota combinada era tão mal que ambos os almirantes dissidiram finalizar a caça e rumar para a Galiza chegando a Vigo a 27 de Julho. Em vigo se repararam os estragos feitos em Finisterra (foram deixados três navios espanhóis por não terem condições de navegar) e se soube que em Ferrol havia navios franceses e alguns holandeses bloqueados pelos ingleses e mais a esquadra espanhola daquele departamento. Por uma intromissão incompreensível do Imperador nos problemas que só no terreno dava para analisar neste caso no mar Villeneuve é obrigado a entrar em La Corunha enquanto Gravina esta já na baia de Ferrol, o que por ventos contrários para sair de um e do outro porto retardou a saída combinada, para não dar tempo aos ingleses de reagir. Quando Villeneuve sai por fim de La Corunha e vendo a frota inglesa que a vigiava toma a pior das decisões entre as quais sugeridos por Napoleão e toma o rumo de Cádiz e com a preparação de invasão à Inglaterra não tem sentido a decisão de Villeneuve de abandonar o porto de Cádiz. A 21 de Outubro de 1805 a Frota Franco-Espanhola era derrotada de forma decisiva pela Frota Britânica a poucas milhas do Cabo Trafalgar.

Durante meses as marés deixarão nas praias de Cádiz e de Huelva os troncos de madeira dos navios de guerra e dos 9.000 homens que perderam as suas vidas durante a batalha.



quinta-feira, janeiro 24, 2013

Trafalgar - 1805

O projecto Francês


Quando da declaração de guerra, em 16 de Maio de 1803 entre a Grã-Bretanha e a França e seus aliados, Napoleão Bonaparte recuperou o seu antigo projecto de invadir a Grã-Bretanha e acabar assim com o mais audacioso da França. Naquele mesmo verão concentrou num só exército as tropas francesas, dispersas em vários sítios da Europa ocidental, em consequência das campanhas da Holanda, Suíça, Itália e no Reno. No total concentrou 150.000 homens e 400 canhões uma força enorme, diferente do que acontecia então se utilizava contra um só objectivo. Deu-lhe o nome de ‘Grande Armée’ e concentrou as tropas em torno de Boulogne à espera de serem embarcadas para invadirem as Ilhas Britânicas.

Para transportar tantas tropas para o outro lado do Canal era necessário uma Frota enorme, e a Marinha Francesa esforçou-se durante todo o verão de 1803 para reunir na costa do Canal da Mancha todas as embarcações possíveis. Por fim consegui-o concentrar em todos os portos do Norte umas 2.000 embarcações de todo o tipo, capazes de transportar o exército em pequenas viagens. Uma vez concentradas as tropas e preparado o transporte era necessário encontrar uma maneira de enganar a Frota Britânica cujos navios de linha são mais em número e qualidade das suas tripulações. Para contrariar a enorme capacidade da Marinha Britânica, foi criado um plano que se estabelecia para que fosse viável a invasão se devia arranjar um plano para deixar a Marinha Britânia confusa durante uma ou duas semanas. Entretanto, os marinheiros franceses convenceram Napoleão Bonaparte que era necessário o apoio espanhol, a sua frota e os seus portos na Cantábria que julgaram indispensáveis para levar a cabo com êxito. A diplomacia francesa pressionou o governo espanhol cujo primeiro-ministro era Manuel Godoy que declarou entrar em guerra com a Grã-Bretanha em 14 de Dezembro de 1804.

Contando com o apoio naval espanhol preparou-se um novo plano, aprovado a 2 de Março de 1805. O plano consistia em concentrar as Frotas Espanholas e Francesas no Caribe a fim de atrair a Armada Britânica. Uma vez desviado o interesse dos britânicos para as águas americanas, os navios franceses e espanhóis regressavam a toda a velocidade ao Canal da Mancha para escoltar o comboio que devia transportar o ‘Grande Exército'. A operação estaria a cargo do Almirante Villeneuve que substitui o Almirante Latouche-Tréville.



Os antecedentes da batalha


A 19 de Outubro de 1805 atrasado e inactivo durante 2 meses, a Frota Espanhola e Francesa do Almirante Villeneuve, abandonou Cádiz com a tenção de enganar os navios de sítio. O Almirante Nelson foi avisado imediatamente da partida da frota franco-espanhola e duas horas depois encontrava-se em perseguição da frota inimiga. Desconhecendo a posição e o rumo da frota inimiga e a constituição da mesma, seus navios durante toda a noite entrarão em perseguição da rota do inimigo. As esquadras estabeleceram contacto por volta das 7 da manhã do dia 20 de Outubro. A frota franco-espanhola navegava a toda a velocidade para Oeste rumo para o estreito de Trafalgar. Continuou o rumo durante toda a manhã e pela tarde perante a evidência de que não podia alcança-lo, o seu Almirante ordenou navegar para Sudeste dos Britânicos. Estes despostos a não lhes escaparem mantiveram o contacto visual durante a noite. Ao amanhecer do dia 21 de Outubro de 1805, ambas as frotas que mantinham uma distância aproximadamente de 12 milhas. Enquanto houve luz suficiente o Almirante Nelson ordenou que inçasse os avisos para a frota formar duas colunas. A primeira pelo Almirante Collingwood, e o seu navio o 'HMS Royal Sovereign' formava a vanguarda da sua coluna. A bombordo se formou a segunda coluna encabeçada pelo navio de linha 'HMS Victory' comandado pelo próprio Almirante Nelson.

O Almirante Villeneuve se deu conta de que não podia evitar a batalha, e às 8 da manhã deu ordens para voltarem para Cádiz a sotavento e puderem proteger a frota da batalha iminente. Este imprevisto trocou de plano o que originou uma grande confusão na esquadra franco-espanhola que adoptou uma linha de combate irregular com a forma de meia-lua com grades brechas entre alguns navios. Soprava um vento ligeiro de Nordeste e uma forte maré.

O Combate

        
O combate iniciou-se às 11h45m, quando o navio de linha francês ‘Fougueux’ disparou contra o 'HMS Royal Sovereign', situado a quatro milhas a bombordo. O Almirante Collingwood manteve o rumo do seu navio de guerra e o seu navio recebeu nova bombarda do navio espanhol ‘Santa Ana’. Cruzou a linha inimiga entre a popa da ‘Santa Ana’ e pela proa do navio francês ‘Fougueux’ depois de disparar contra o navio francês, virou e entrou em combate com o ‘Santa Ana’ que rapidamente se viu rodeado por navios inimigos. 40 Minutos depois de começar o combate o navio do Almirante Collingwood estava fora de combate. A segunda vaga de navios da coluna de estibordo britânica acudi-o o navio do seu chefe, e o navio ‘HMS Euryalus’ conseguiu ser rebocado para fora de combate dos navios inimigos mas o resto da coluna investiu contra o navio de linha ‘Santa Ana’. Por volta das 14h20m o navio espanhol com os aparelhos completamente destruídos e com 140 homens feridos e mortos na batalha arriou a bandeira e foi abordado. O seu comandante o Almirante De Alava foi transportado mortalmente ferido para o navio ‘HMS Euryalus’.

Entretanto os restantes navios da coluna do Almirante Collingwood atravessaram a linha inimiga em diferentes pontos. Cada navio entrava em combate com o primeiro adversário sem deter-se. Quando o inimigo tentava manobrar para persegui-lo, a segunda vaga de navios de linha não deixava que o navio inimigo fizesse a manobra. O resultado foi um fogo de artilharia constante sobre o inimigo que não sabia como manobrar.


A coluna do Almirante Nelson iniciou o ataque 25 minutos depois do Almirante Collingwood. Por volta das 12h15m, os três navios de três pontes que formavam a vanguarda da coluna do Almirante Nelson entraram em combate com a parte central da coluna franco-espanhola. O objectivo de Nelson era atacar directamente o navio almirante. Ao não poder localizá-lo e depois de 40 minutos de troca de artilharia entre o ‘HMS Victory’ e o navio espanhol ‘Santisima Trindade’ o maior navio inimigo. Ao aproximar-se avistou a bandeira do Almirante Francês no navio de linha ‘Bucentaure’ e navegou directamente para ele. Atrás dele ia o navio de linha ‘Redoutable’ e os aparelhos deles se enrolaram. Os franceses ainda tentaram abordar o ‘HMS Victory’ sem conseguirem. Um disparo realizado desde a mesena do navio atingiu o Almirante Nelson no ombro e o projéctil ficou na coluna vertebral de Nelson.

O centro da linha franco-espanhola e a coluna de Nelson travaram um duro combate a curta distancia. Às 13h50m o Almirante Villeneuve deu ordens à sua vanguarda para manobrar e a voltar para trás para ajudar o centro da formação. Antes da chegada dos navios da vanguarda franco-espanhola os navios de guerra ‘HMS Leviatán’ e o ‘HMS Conqueror’ posicionassem junto do navio de guerra ‘HMS Bucentaure’ e obrigaram o Almirante Villeneuve a arriar o seu estandarte às 14h30m.


Devido ao forte vento a vanguarda francesa tardou a reagir para avançar para a zona de combate. Por volta das 16h é que entrou em contacto com as forças. Um navio rendeu-se os outros fugiram. Às 14h30m dos 33 navios de guerra do Almirante Villeneuve, 9 conseguiram voltar para Cádiz 4 estavam com os aparelhos completamente destruídos, 16 estavam completamente inutilizados, 13 haviam sido abordados e um ardia. O Almirante Nelson morreu por volta das 16h30m sendo informado antes de morrer a grande Victória que tinha alcançado.

Nenhum navio de linha britânico foi afundado nem capturado em combate. As suas baixas foram de 1.500 homens mortos ou feridos. Esta Victória para a Grã-Bretanha consolidou o seu predomínio naval que se manteve até á 1ª Guerra Mundial. Para a França significou a impossibilidade de invadir o seu mais difícil adversário e a possibilidade de cortar os seus abastecimentos necessários para a sua indústria. Para a Espanha foi a destruição da grande frota que havia conseguido reunir e a impossibilidade de defender as suas colónias do ultramar.


A Batalha e a destruição da Armada Franco-Espanhola