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quarta-feira, abril 30, 2014

Fortes e Fortalezas de Costa - Atlântico - Brasil XI


FORTES E FORTALEZAS DE COSTA NO BRASIL - BAHIA



BATERIA DA RIBEIRA

Em 1549, com a chegada do governador-geral Tomé de Sousa, (1549-1553), com risco do "Mestre de pedraria" Luís Dias, foram construídos dois baluartes, (ou baterias) de faxina (madeira, posteriormente taipa) no porto de Salvador, com a função de defesa do ancoradouro da nova Capital. Um deles foi erguido sobre um rochedo na Ribeira do Góis, (Bateria da Ribeira). A sua construção foi assim descrita:
        
" (…) Ordenou [Tomé de Sousa] de cercar esta cidade de muros de taipa grossa, o que fez com muita brevidade com dois baluartes ao longo do mar, e quatro da banda de terra, e em cada um deles assentou muita e formosa artilharia, que para isso levava, com o que a cidade ficou muito bem fortificada para se segurarem do gentio, (…)."

O trecho é retirado do "Tratado Descritivo do Brasil", de Gabriel Soares de Sousa. No mesmo local, aproximadamente em 1622, com risco do engenheiro-mor e dirigente das obras de fortificação do Brasil, Francisco de Frias da Mesquita, (1603-1634), foi construído um baluarte poligonal (Bateria Nova da Ribeira?). Encontra-se representado numa iconografia de Carlos Julião, sob o nome de "5./6. Bateria de S. Paulo / Bateria da Ribeira" ("Elevação e fasada que mostra em prospecto pela marinha, a cidade de Salvador, Bahia de todos os Santos, 1779." Gabinete de Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar, Lisboa), ilustrada com desenhos de trajes típicos femininos. Sousa (1885) denomina-o como ‘Forte de São Fernando’ ou ‘Forte da Ribeira’, localizando-o, à época (1885), ao lado do Arsenal de Marinha, e informando que se encontrava artilhado, em 1809, com onze peças, cruzando fogos com o 'Forte de São Marcelo'. Acredita-se que o autor tenha se baseado no "Parecer sobre a fortificação da Capital", do Brigadeiro José Gonçalves Leão, presidente da Junta encarregada pelo Governador da Bahia, em 1809, de propor as obras necessárias para a defesa da península e do recôncavo. Garrido segue as informações de Souza, atribuindo-lhe planta em formato rectangular, localizando-o próximo à 'Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia', com a função de defesa do 'Arsenal de Marinha', à época (século XVII) conhecido como "Ribeira das Naus", mas apresentando o ano do levantamento da artilharia como 1808. Neste sentido poderia ser o 'Forte Real da Praia da Bahia', ao qual se refere uma Carta-patente de Março de 1687, que concede o posto de Capitão dessa praça a António Correia localiza-se o Baluarte seiscentista no local onde se erguia, à época (1958), a Escola de Aprendizes Marinheiros. Identifica o Fortim da Ribeira, ou Forte da Ribeira, defendendo os flancos do 'Forte do Mar', (Forte de São Marcelo), dando-o como guarnecido por um Capitão, um Sargento, dois Tambores e seis soldados, e artilhado com trinta e uma peças de ferro, (nove de calibre 24 libras e vinte e duas de 8). Não confundir este 'Forte de São Fernando' com o 'Fortim de São Fernando', erguido no século XVIII.

BATERIA DE SANTA CRUZ

Em 1549, com a chegada do governador-geral Tomé de Sousa, (1549-1553), foram construídos dois baluartes (ou baterias) de faxina (madeira, posteriormente taipa) no porto de Salvador, com risco do "Mestre de pedraria" Luís Dias. Tinham a função de defesa do ancoradouro da nova Capital. A sua construção foi assim descrita:
        
" (…) Ordenou [Tomé de Sousa] de cercar esta cidade de muros de taipa grossa, o que fez com muita brevidade com dois baluartes ao longo do mar, e quatro da banda de terra, e em cada um deles assentou muita e formosa artilharia, que para isso levava, com o que a cidade ficou muito bem fortificada para se segurarem do gentio, (…)."

Um deles foi erguido sobre um rochedo na Ribeira do Góis (Bateria da Ribeira), e o outro, que lhe era vizinho na atual praia da Preguiça, foi denominado de Bateria de Santa Cruz.

BATERIA DO PALÁCIO DO GOVERNADOR

Esta bateria encontra-se relacionada porque esclarece ter se constituído em um simples parapeito com uma guarita ,artilhado com três peças de bronze (uma de calibre 10 libras e duas de 3). O 'Palácio do Governo' localizava-se no local onde se ergue actualmente o 'Palácio Rio Branco', que abriga, desde 1986, a 'Fundação Pedro Calmon - Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia'.

CASA DA TORRE


A Casa da Torre de Garcia d'Ávila, Castelo de Garcia d'Ávila, Torre de Garcia d'Ávila, Forte de Garcia d'Ávila ou Casa da Torre é uma construção histórica localizada na praia do Forte, no município de Mata de São João, no estado da Bahia, no Brasil. Erguida sobre uma elevação, foi, originalmente, denominada por seu proprietário como Torre Singela de São Pedro de Rates.

A Casa da Torre tem suas origens na iniciativa de Diogo Álvares Correia, o Caramuru (c. 1475-1557), casado com Catarina Álvares, a Paraguaçu (1495-1583), uma tupinambá baptizada na França com o nome de Catarina do Brasil - o primeiro casal cristão na colônia brasileira. A descendência de ambos, através de Diogo Álvares Dias, filho de Genebra Álvares e Vicente Dias, natural de Beja, entrelaçou-se não apenas na progénie (Isabel de Ávila) de Garcia d'Ávila com a indígena Francisca Rodrigues, como na geração de Jerónimo de Albuquerque com a filha da aldeia de Olinda, Moira-ubi - Maria do Espírito-Santo Arcoverde. Vinculou-se, mais tarde, com os descendentes de Domingos Pires de Carvalho, casado com Maria da Silva; com a geração de Felipe Cavalcanti casado com Catarina de Albuquerque e com a descendência do casal José Pires de Carvalho - Tereza Vasconcelos Cavalcanti, de Albuquerque Deus-Dará, formando o arcabouço da aristocracia do Recôncavo Baiano. A Casa da Torre foi o embrião de um grande morgado no estilo feudal que se iniciou na capitania da Bahia ainda no século XVI e que, durante 250 anos, expandiu-se ao longo das gerações dos seus senhores pela quase totalidade da Região Nordeste do Brasil à custa de guerras contra os índios, com escravização destes para trabalharem nas plantações de cana-de-açúcar, nos engenhos de açúcar e nas criações de bois, cavalos emulas, (todos estes animais eram utilizados para transporte em pequenas distâncias e como força de tração nos engenhos). A expansão também foi motivada pela busca por minas de prata, embora só tenham sido encontradas minas de salitre.1 Constitui-se no centro de um expressivo poder militar no período colonial. De 1798 em diante, esteve envolvido nas lutas pela Independência do Brasil. Muitos dos seus membros foram agraciados com títulos de nobreza tanto por Dom Pedro I do Brasil como por Pedro II do Brasil. Além de seu papel de vulto no desbravamento de origem europeia do sertão nordestino e na evolução territorial do Brasil, a Casa da Torre foi pioneira na pecuária na região e está associada ao trânsito no chamado Caminho da Bahia, que abasteceu as Minas Gerais.

Constituía-se em uma espécie de mansão senhorial, ainda ao estilo manuelino em uso por Portugal nas suas possessões ultramarinas no início do século XVI, erguida por Garcia d'Ávila a partir de 1551 para sede dos seus domínios, cumprindo o Regimento passado por João III de Portugal, (1521-1557). Garrido data a sua construção entre 1563 e 1609, referindo a descrição de Gabriel Soares de Sousa, (Tratado Descritivo do Brasil em 1587), como um complexo composto, " (...) de moradias e defensas, capela e um baluarte vigilante onde ardiam, em circunstâncias especiais, fogos sinaleiros.". Foi representada por João Teixeira Albernaz, o velho isolada sobre um montículo, como uma pequena torre ameada, com três pavimentos marcados por linhas de seteiras. Em alvenaria de pedra e cal, tinha a função de vigiar o sertão por um lado, resistindo aos ataques dos indígenas revoltados e o mar pelo outro, resistindo aos corsários que então procediam razias no litoral.


No contexto da segunda das invasões neerlandesas ao Brasil, (1630-1654), o seu neto, Francisco Dias de Ávila Caramuru, (c. 1621-1645), auxiliou na defesa, fornecendo homens e víveres: a Casa foi utilizada como refúgio temporário por Giovanni di San Felice, conde de Bagnoli, que assumiu o comando das forças portuguesas após o desastre na batalha de Mata Redonda, (janeiro de1636). Dos domínios da Casa da Torre, partiram as primeiras bandeiras sertanistas que introduziram a pecuária na região Nordeste do Brasil: Francisco Dias de Ávila II, (c. 1646-1694), na segunda metade do século XVII, após dominar os cariris, ampliou as fronteiras desse latifúndio familiar até os sertões de Pernambuco. No século seguinte, o seu sucessor, Garcia de Ávila Pereira, atendeu solicitação do governador-geral dom Rodrigo da Costa, (1702-1705) para substituir o antigo Forte da Praia, então desaparecido, e fez construir, às próprias expensas, o Forte de Tatuapara, em alvenaria de pedra e cal (Carta a Garcia d'Avila (3º) em 23 de agosto de 1704. in: "Anais do Arquivo Público da Bahia ".

Calmon, hoje por sua vez desaparecido. Este morgado comandava, na ocasião, um Regimento de Auxiliares composto por três Companhias, com a função de guarnecer a costa entre o rio Real e o rio Vermelho. De acordo com Garrido, a sua artilharia teria sido completada em torno de 1710-1711. Com a morte de Garcia de Ávila Pereira de Aragão em 1805, na ausência de herdeiros o morgadio da Torre passou para os Pires de Carvalho e Albuquerque.

      
A primitiva estrutura, que corresponde à atual capela, foi uma torre de planta hexagonal, abobadada, com paredes de tijolos. As salas contíguas eram recobertas por cúpulas e abóbadas de arcos cruzados. Em etapa construtiva posterior, a fortificação foi erguida em alvenaria de pedra, desenvolvendo-se simetricamente em torno de um pátio de armas em estilo renascentista, onde uma escadaria dupla conduzia ao primeiro pavimento.

CASTELO DO PEREIRA

Esta estrutura foi erguida pelo donatário da Capitania da Bahia, Francisco Pereira Coutinho, a partir de 1536, quando fundou o seu estabelecimento - a povoação do Pereira. Para a sua defesa, no Alto de Santo António da Barra, faz erguer uma rudimentar fortaleza de terra, artilhada. A estrutura defensiva da primitiva povoação foi descrita pelo Cronista João de Barros, (Décadas da Ásia): Em torno da vila, o donatário fez uma cava e com a terra que tirou dela, entulhou os paus de madeira à maneira de taipais, em altura que fosse amparo aos que andavam por dentro. Esta tranqueira, segundo o cronista, era semelhante à que fora erguida pelo mesmo Francisco Pereira Coutinho vinte e cinco anos antes, sob as ordens de Afonso de Albuquerque, para a defesa de Goa, na Índia portuguesa. Para sua residência, o donatário fez construir uma Casa-forte de pedra e cal. Esta estrutura foi estudada pelo historiador baiano Teodoro Sampaio, em 1949, e teria sido erguida a cem metros da vila, no local onde hoje se ergue o 'Forte de São Diogo'. Ela possuía dois pavimentos, paredes sólidas guarnecidas com seteiras, guaritas, e não primava pela elegância. A torre foi construída no ângulo mais saliente e mais alto do terreno a ser defendido e ligava-se com as estacadas e fossos que lhe serviam de cortinas. Estava artilhada com quatro peças, adquiridas pelo donatário com os recursos que o Rei Dom João III, (1521-1557) lhe dera para esse fim. Um maciço ataque dos Tupinambás em fins de 1545, forçou os colonos a abandonar o estabelecimento e a se refugiar em Porto Seguro. Poucos meses após o abandono da povoação, certamente informados pelos nativos, traficantes franceses de pau-brasil em uma nau, aportaram à baía de Todos os Santos, e saquearam os escombros da vila, recolhendo os canhões da fortificação:

"Ora sou informado por um Diogo Álvares, [Caramuru], língua da terra, morador da Bahia, que aqui chegou em um caravelão, que, haverá dois ou três dias, partiu da dita Bahia uma nau da França, cujos tripulantes fizeram amizade com os brasis [os nativos] e levou toda a artilharia e fazenda que lá ficara e combinaram com os brasis de retornar daqui a quatro meses, com quatro ou cinco naus armadas e muita gente para povoar a terra (…) e por tal não ser serviço de Deus nem proveito de Vossa Alteza, antes a destruição de todo o Brasil, eu mandei a Francisco Pereira embarcar para esse Reino [Portugal] e fazê-lo saber a V. Alteza, e por ele não ir, o faço saber a V. Alteza e lhe informo disso para, com brevidade, prover como for o Seu serviço."

(carta de Pedro do Campo Tourinho ao rei de Portugal, em 28 de Julho de 1546).

Diante da gravidade da situação, o donatário e seus colonos retornaram a Vila Velha, porém a embarcação que os transportava naufragou no recife das Pinaúnas, na ponta sul da ilha de Itaparica. Embora a maior parte tenha sobrevivido ao naufrágio, inclusive o donatário, foram capturados pelos Tupinambás, que os devoraram (1547). Com a trágica morte do donatário, a Capitania reverteu, por compra, à Coroa portuguesa (1548), que nela fez instalar a primeira Capital, a cidade de Salvador (1549).

DIQUE NEERLANDÊS DE SALVOR


Esta estrutura, com função defensiva, encontra-se relacionada por Barreto, que reporta ter sido erguida por forças neerlandesas no contexto da primeira das Invasões holandesas do Brasil, (1624-1625), para defesa complementar do limite norte de Salvador, então capital do Estado do Brasil. Para esse fim foram represadas as águas dos vales nas proximidades do 'Convento de São Francisco', nomeadamente as do rio das Tripas. Encontra-se cartografado por João Teixeira Albernaz, o velho ("Planta da Restituição da Bahia", 1631. Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro). Era defendido, no seu braço superior, pelo Fortim Camarão. Com o final do conflito e o desenvolvimento urbano da cidade, esse dique deixou de existir, sendo desde então as águas canalizadas pela antiga rua da Vala, atual Baixa do Sapateiro. Posteriormente foi construído em Salvador um novo dique, também com função de defesa: o Dique do Tororó.


FEITORIAS NO LITORAL DA BAHIA

Existem indicações de pelo menos duas feitorias no litoral do atual estado da Bahia, no Brasil, no período pré-Colonial (1500-1530), ligadas à exploração do pau-brasil ("Cesalpínia e chinata"): uma em Porto Seguro (ver Fortificações de Porto Seguro) e outra na baía de Todos os Santos. A baía de Todos os Santos foi identificada pela primeira expedição exploradora (atribuída por alguns autores a Gaspar de Lemos) em 1501-1502, da qual participou Américo Vespúcio. Este último, retornou na segunda expedição de Gonçalo Coelho, (1503-1504), ali aportando, tendo registrado:

"Resta-me dizer as coisas que vi na quarta viagem ou jornada, e tanto por estar cansado como porque ela se não se fez como levava na tenção, por causa de uma desgraça que nos sucedeu no golfão do mar Atlântico [o naufrágio da Capitânia de Gonçalo Coelho na ilha de Fernando de Noronha, a 10 de agosto de 1503], como Vossa Magnificência não tardará em ver, cuidarei de ser breve (...). Tendo concluído a nossa provisão [em Noronha], partimos com vento Sul e Sudoeste porque tínhamos Regimento do rei [de Portugal] ordenando que o navio, qualquer que fosse, que se perdesse da frota ou Capitânia, devia ir à terra da viagem passada [1501-1502]. Descobrimos nela um porto, que pusemos o nome de Baía de Todos os Santos e prouve a Deus dar-nos tão bom tempo que em dezassete dias tomamos aí terra, que distava da ilha bem umas 300 léguas. Não encontramos lá nem nosso capitão nem nenhuma outra nau da armada. Esperamos dois meses e quatro dias, e vendo que nada resolvíamos, decidimos a minha conserva e eu correr a costa (...)." 

Com relação à feitoria estabelecida por Vespúcio no litoral brasileiro, Leite (1923) defende que:

"Varnhagen, (...) afirma que os expedicionários estabeleceram uma feitoria em Cabo Frio, e julga sua opinião plenamente confirmada com o 'Islario' ["Islario general de todas las islas del mundo"] de Alonso de Santa Cruz; este geógrafo diz, com efeito, que Américo Vespúcio construiu um forte naquele cabo, acrescentando pormenores tirados da 'Lettera'. A informação não foi talvez, colhida do próprio florentino e, quando o tivesse sido, não era necessariamente exacta; mas dá-se a circunstância da latitude de Cabo Frio em 1505 ser arbitrada em 25º S, pois assim traz a tábua do 'Esmeraldo', não sendo fácil explicar a troca de 25 por 18. Se notarmos que a 'Lettera' omite a particularidade importante de estar a feitoria à beira de um cabo, precisamente o mais notável do litoral brasileiro, entre o Equador e o Trópico inferior, temos o bastante para contestar Varnhagen e assentar em que o fortim foi construído nas vizinhanças do Porto Seguro de Cabral, onde aliás havia matas de pau-brasil, do qual fizeram provisão os expedicionários.".

O francês Binot Paulmier de Gonneville, carregou pau-brasil com os indígenas em sua escala na baía de Todos os Santos, de 20 de Outubro a 24 de Dezembro de 1504, (viagem do L'Espoir d'Honfleur a 24 de Junho de 1503 a 7 de maio de 1505). Embora as referências de diversos autores a um forte, erguido em 1511 no mesmo local onde Gonçalo Coelho deixara homens e peças anteriormente, supostamente na Bahia, acredita-se que estejam confundidas com a feitoria de Cabo Frio, estabelecida por Vespúcio. Bueno admite a possibilidade de uma feitoria na Bahia: 

"Em 1519 havia três feitorias no Brasil: as de Cabo Frio e do Rio de Janeiro, e uma terceira em Pernambuco (...). Muito provavelmente havia uma quarta feitoria, localizada na baía de Todos os Santos." Parte da questão pode ser esclarecida pela viagem da nau Bretoa: "

A análise do documento [o Regimento da nau Bretoa] permite admitir a existência de uma feitoria na Bahia, à qual talvez pertencesse o ali mencionado feitor João de Braga.". O "Livro da Viagem e Regimento da Nau Bretoa" (22 de Fevereiro a 11 de Outubro de 1511), armada pelo consórcio de Fernando de Noronha, Bartolomeu Marchionni, Benedito Moreli e Francisco Martins, refere a sua escala na baía de Todos os Santos (17 de Abril a 12 de maio). Um incidente foi registrado na ocasião, quando, a 5 de maio, o escrivão da nau, Duarte Fernandes, deu pela falta de alguns machados e machadinhas, certamente furtados por algum dos tripulantes para o escambo por aves, penas ou macacos com os indígenas. Foram incumbidos da investigação, pelo capitão da nau, Cristóvão Pires, o dito escrivão e um João de Braga, encarregado da feitoria. Sem que a autoria do furto fosse elucidada, a nau zarpou, levando a bordo João de Braga, com destino à feitoria de Cabo Frio. Outra referência a uma feitoria na baía de Todos os Santos, é atribuída ao português Fernão de Magalhães, em 1514, anteriormente ao contexto da sua viagem de circum-navegação (1519-1522), a serviço da Coroa espanhola. Cristóvão Jaques, quando da sua terceira expedição (1526-1528), aportou à feitoria de Pernambuco (maio de 1527), onde foi informado, pelo náufrago espanhol Dom Rodrigo de Acuña, da presença de quatro navios franceses carregando pau-brasil na baía de Todos os Santos. Cristóvão Jaques surpreendeu os franceses na baía em fins de Junho. O depoimento dos sobreviventes ao rei Francisco I de França é dramático:

"Depois de afundados os nossos navios [um dos quais era do próprio Jaques, capturado pelos franceses na costa da Guiné], alguns de nossos súbditos se saíram à terra e se meteram nas mãos dos selvagens. Antes, outros dos nossos súbditos se meteram nas mãos e mercê dos ditos portugueses, esperando ser deles melhor tratados, porém eles, os ditos portugueses, enforcaram alguns dos nossos súbditos e outros meteram e enterraram até os ombros e o rosto e depois os martirizaram cruelmente a setadas e tiros de espingarda." (Carta de Francisco I ao embaixador francês em Lisboa, 6 Setembro 1528).

Outras fontes referem três navios e trezentos prisioneiros, recolhidos à feitoria de Pernambuco nesse incidente. Após esse episódio, as feitorias portuguesas na costa brasileira passaram a ser alvo de represálias francesas. Foi na baía de Todos os Santos que Martim Afonso de Sousa, no início de 1531, encontrou o náufrago Diogo Álvares - o "Caramuru" -, casado com a indígena Paraguaçu. O encontro foi assim descrito:

"Domingo 13 dias do mês de marco pela manhã éramos de terra quatro léguas: e como nos chegamos mais a ela reconhecemos ser a Baía de Todos-os-Santos. (...) Nesta baía achamos um homem português que havia vinte e dois anos que estava nesta terra; e deu razão larga do que nela havia."

Este português mantinha tão fortes ligações com os comerciantes franceses, a ponto de ter visitado a França com a sua esposa, baptizada na ocasião com o nome cristão de Catarina.


FORTALEZA DO MORRO DE SÃO PAULO

A Fortaleza do Morro de São Paulo localiza-se na ponta noroeste da ilha de Tinharé, atual distrito de Cairu, no litoral do estado brasileiro da Bahia. A rigor, não se trata de uma única fortificação, mas sim de um conjunto de baterias e fortes, actualmente abandonados e em ruínas.


O morro de São Paulo foi o local inicialmente escolhido pelo castelhano Francisco Romero, representante do Donatário da Capitania de Ilhéus - Jorge de Figueiredo Correia -, para o seu estabelecimento (1536). Em pleno território dos Aimorés, razões estratégicas levaram à transferência da sede da 'capitania para São Jorge de Ilhéus'. Os povoados de Vila Velha e, posteriormente, a fundação de Salvador, que historicamente concentraram os esforços colonizadores, diminuíram a importância social e económica do morro de São Paulo. Entretanto, distante cerca de 64 quilômetros ao sul daquela capital, em posição privilegiada pelo regime dos ventos e correntes marítimas, manteve indiscutível valor estratégico no acesso à antiga capital (a chamada barra falsa da baía de Todos os Santos), enquanto predominou a navegação à vela. Complementarmente, a vila de Cairú e a povoação (velha) de Boipeba, representaram, no século XVII, importante centro produtor de farinha de mandioca consumida pela cidade de Salvador, a quem salvou, no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil, em Abril-Maio de 1638, quando do cerco de Maurício de Nassau, tendo chegado a produzir 1.200 alqueires/ano. Ali se localizavam também as serrarias e feitorias de madeiras de lei para a Coroa portuguesa, escoadas via marítima pelo canal do morro de São Paulo. Esgotados os recursos naturais, a região entrou em decadência a partir de meados do século XVIII.


Souza observa que o local já estava fortificado ao tempo da primeira invasão holandesa de Salvador (1624-1625). Durante a Dinastia Filipina, (1580-1640), foram erguidas na ilha de Tinharé duas fortificações, representadas em planta do engenheiro Paulo Nunes Tinoco, que as atribuiu às ordens do Governador e capitão-general do Estado do Brasil, Diogo Luiz de Oliveira, (1626-1635), dando-as como erguidas nos meses de Setembro a Novembro de 1631. Uma dessas estruturas seria o 'Reduto de São Luiz', (Forte de São Luiz), com o desenho de um polígono quadrangular, artilhado com três peças. A outra, no morro de São Paulo, era o 'Forte de Nossa Senhora da Conceição', (Forte Velho), e estava artilhada com seis peças. No alto da colina, o desenho mostra a Capela de Nossa Senhora da Luz, padroeira da povoação. A guarnição destas fortificações tinha como função reprimir as populações indígenas da região e auxiliar a carga de madeiras nobres para o reino. Montava de cem a duzentos homens, recrutados nas imediações de Cairú e Boipeva (velha), povoações, essas que, em troca do sustento das guarnições dos fortes, estavam dispensadas do serviço militar.


Apesar de entre 1699 e 1704 existem registros de trabalhos de reparos no morro de São Paulo, a fortificação atual (Forte Novo) é obra de Dom Vasco Fernandes César de Meneses, (1720-1735), conforme documento do Conselho Ultramarino:

"O vice-rei e capitão-general de mar-e-terra do Estado do Brasil, Vasco Fernandes César de Meneses, pela carta inclusa de 29 de Março do ano passado [1724], dá conta a Vossa Majestade da visita que fez ao recôncavo da cidade da Bahia, mostras que nele passou aos regimentos de cavalaria e infantaria e remete uma planta da fortificação que se deve fazer no morro de São Paulo, para a defensa daquela ilha. E ordenando-se ao brigadeiro Manuel de Azevedo Fortes interpusesse o seu parecer sobre este particular, satisfez com a carta que também com esta sobe à real presença de Vossa Majestade. (...).Pareceu ao conselho que ao vice-rei do Estado do Brasil Vasco Fernandes César de Meneses se louve o zelo e trabalho e desinteresse com que se houve nesta visita do recôncavo da Bahia, e porque segundo se mostra da planta que remete desenhada pelo mestre de campo engenheiro Miguel Pereira da Costa, e do que informa Manuel de Azevedo [Fortes] ser muito necessária a obra de fortificação do morro, que Vossa majestade haja por bem mandar que esta se faça assim e da maneira que nela se insinua visto ser tão importante a dita obra. Lisboa Ocidental, 13 de janeiro de 1725. Costa, Abreu, Souza, Azevedo, Vasques, Lacerda. À margem: como parece. Lisboa Ocidental, 28 de Abril de 1727. Rei. A planta citada, de Miguel Pereira Costa, detalha o desenho da bateria, em baixo, à direita (Planta do morro de S. Paulo (...), c. 1725. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa). Essa chamada nova fortificação (Forte da Ponta), apresentava planta na forma de um polígono quadrangular aberto, com baluartes nos vértices voltados para o mar guarnecidos por guaritas circulares sobre piões, complementava a anterior (o Forte Velho), com a qual se ligava por uma cortina poligonal de muralhas ao longo do canal da ilha, tendo na extremidade sudoeste a portada de acesso ao recinto. Comandava a praça, à época, o capitão de infantaria Carlos de Sepúlveda, que por motivo de aposentadoria passava a ser substituído pelo interino, o ajudante de tenente Dom José Mirales. As obras na fortificação iniciaram-se a 4 de Abril de 1728, tudo conforme carta do Conselho Ultramarino datada de Lisboa, a 29 de Outubro de 1728. As informações sobre este período são ratificadas por outra fonte: entre as Ordens Régias no Arquivo Público da Bahia, datada de 1730, encontra-se a petição de Domingos Gonçalves da Silva, pedreiro da obra no morro de São Paulo, dando conta que "de 15 de maio de 1728, dia em que o suplicante Domingos Gonçalves da Silva, dei princípio à obra do Morro até catorze do presente mês e ano, fazem sessenta e três meses;"


Ocupavam-se nos trabalhos a mão-de-obra de quarenta escravos. É desta época, também, a inscrição sobre o portão principal:
      
"Vasco Fernandes César de Meneses, Conde de Sabugosa, do Conselho de SS. AA. de Portugal, alcaide-mor do Reino, comendador da Ordem de Cristo, fundou esta fortaleza em 1730." 
           
Para guarnecê-la, o monarca autorizou, por carta-régia ao governo da Bahia, datada de 25 de maio de 1731, a que ali permaneça a companhia regularmente estacionada, composta de naturais do morro, a maior parte casados, com roças e outros exercícios para seu sustento e de suas famílias. Os soldados residiam em suas casas fora dos muros, uma vez que o forte possuía apenas dois quartéis, um para o capitão e outro para o capelão. Outra fonte esclarece a questão da artilharia da fortificação:
        

"O Conde de Sabugosa [Dom Vasco Fernandes César de Meneses], vice-rei e capitão de mar e terra do Estado do Brasil, em Carta de 11 de Outubro do ano passado [1731] dá conta a Vossa Majestade de que por todo o mês de Março entenderia poderia ficar concluída a útil e proveitosa fortificação do morro de São Paulo, mas que como a obra de pedra e cal sem artilharia é um corpo desanimado, devia Vossa Majestade servir-se mandar se remetam os canhões que várias vezes tem pedido, que devem ser de género colubrino [(colubrinas)] de [calibres] 12, 18 e 24, representando também que a fortificação do Barbalho se acha mui adiantada, e se continua com o vigor proporcionado à sua consignação, e que também lhe parecia lembrar a Vossa Majestade o muito que se necessita de armamentos e com mais especialidade de espingardas, porque ainda que se achem sete para oito mil armas nos armazéns, a maior parte delas são incapazes. Ao Conselho [Ultramarino] parece representar a Vossa Majestade o que escreve o Conde de Sabugosa, vice-rei do Estado do Brasil, para que Vossa Majestade seja servido ordenar se mandem fazer vinte e quatro peças de artilharia do género colubrino de bronze, por não admitir este género de artilharia outro metal, e que estas sejam de calibre 12, 18 e 24 na forma que o dito Vice-rei aponta. E o conselho faz presente a Vossa Majestade remeter nesta monção, para a cidade da Bahia, vinte peças de artilharia de ferro de género de canhão de calibre de 18 e 24, das cinquenta peças que o Conselho tem do referido género e calibre para se repartirem pelo Estado do Brasil. E vendo-se o mais que o vice-rei representa do quanto se lhe fazem precisos os armamentos e espingardas, se lhe remetam também nesta monção mil espingardas, ficando o conselho com mui pouca porção deste género para poder fornecer o Estado do Brasil, nas contínuas remessas que se costumam fazer do mesmo género para o dito Estado. E com esta ocasião se vê o conselho na precisa obrigação de tornar a por na real presença de Vossa Majestade a lista inclusa por onde se reconhece o quanto se faz preciso ao serviço de Vossa Majestade e à segurança do Estado do Brasil a pronta remessa dos géneros de que faz menção a mesma lista. Lisboa Ocidental, 25 de Junho de 1732. Abreu. Souza. Vasques. Galvão. Metelo. Nesse ínterim, o capitão engenheiro João Teixeira, responsável pelas obras, faleceu (1732), deixando desamparadas as referidas obras do Forte do Barbalho e do Morro de São Paulo.


As correspondências no Arquivo Público da Bahia mencionam a existência de obras ainda em 1733, ano em que foram recebidas as peças de artilharia pedidas (Junho de 1733). Uma planta de João de Abreu e Carvalho, datada de 1759, aponta cinquenta e uma peças de ferro e bronze, no morro de São Paulo. Em meados de 1796 a estrutura já se encontrava em ruínas, em boa parte devido à erosão do mar sobre as muralhas, abertas por uma forte ressaca desde 1774, apesar dos reparos provisórios na ocasião.



Foram providenciados reparos nos edifícios entre 1800 e 1802. O Príncipe-regente Dom João, reduziu-lhe a guarnição aos trinta soldados mais idosos para que nela passassem os últimos dias, sob o comando de um oficial subalterno (31 de agosto de 1809), até que finalmente, durante reparos efectuados em 1815, as melhores pedras decantaria das muralhas arruinadas, dispersas na praia do Morro, foram aproveitadas para a construção do edifício da Associação Comercial de Salvador (ver Forte de São Fernando).


FORTALEZA DO MORRO DE SÃO PAULO - GUARITA

O 'morro de São Paulo' foi o local inicialmente escolhido pelo castelhano Francisco Romero, representante do Donatário da Capitania de Ilhéus-Jorge de Figueiredo Correia -, para o seu estabelecimento (1536). Em pleno território dos Aimorés, razões estratégicas levaram à transferência da sede da capitania para 'São Jorge de Ilhéus'. Os povoados de Vila Velha e, posteriormente, a fundação de Salvador, que historicamente concentraram os esforços colonizadores, diminuíram a importância social e económica do morro de São Paulo. Entretanto, distante cerca de 64 quilômetros ao sul daquela capital, em posição privilegiada pelo regime dos ventos e correntes marítimas, manteve indiscutível valor estratégico no acesso à antiga capital (a chamada barra falsa da baía de Todos os Santos), enquanto predominou a navegação à vela. Complementarmente, a vila de Cairú e a povoação (velha) de Boipeba, representaram, no século XVII, importante centro produtor de farinha de mandioca consumida pela cidade de Salvador, a quem salvou, no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil, em Abril-Maio de 1638, quando do cerco de Maurício de Nassau, tendo chegado a produzir 1.200 alqueires/ano. Ali se localizavam também as serrarias e feitorias de madeiras de lei para a Coroa portuguesa, escoadas via marítima pelo canal do morro de São Paulo. Esgotados os recursos naturais, a região entrou em decadência a partir de meados do século XVIII.


Observa-se que o local já estava fortificado ao tempo da primeira invasão holandesa de Salvador (1624-1625). Durante a Dinastia Filipina, (1580-1640), foram erguidas na ilha de Tinharé duas fortificações, representadas em planta do engenheiro Paulo Nunes Tinoco, que as atribuiu às ordens do Governador e capitão-general do Estado do Brasil, Diogo Luiz de Oliveira, (1626-1635), dando-as como erguidas nos meses de Setembro a Novembro de 1631. Uma dessas estruturas seria o 'Reduto de São Luiz', (Forte de São Luiz), com o desenho de um polígono quadrangular, artilhado com três peças. A outra, no morro de São Paulo, era o 'Forte de Nossa Senhora da Conceição', (Forte Velho), e estava artilhada com seis peças. No alto da colina, o desenho mostra a 'Capela de Nossa Senhora da Luz', padroeira da povoação. A guarnição destas fortificações tinha como função reprimir as populações indígenas da região e auxiliar a carga de madeiras nobres para o reino. Montava de cem a duzentos homens, recrutados nas imediações de Cairú e Boipeva (velha), povoações essas que, em troca do sustento das guarnições dos fortes, estavam dispensadas do serviço militar.

Apesar de entre 1699 e 1704 existem registros de trabalhos de reparos no morro de São Paulo, a fortificação atual (Forte Novo) é obra de Dom Vasco Fernandes César de Meneses, (1720-1735), conforme documento do Conselho Ultramarino:

"O vice-rei e capitão-general de mar-e-terra do Estado do Brasil, Vasco Fernandes César de Meneses, pela carta inclusa de 29 de Março do ano passado [1724], dá conta a Vossa Majestade da visita que fez ao recôncavo da cidade da Bahia, mostras que nele passou aos regimentos de cavalaria e infantaria e remete uma planta da fortificação que se deve fazer no morro de São Paulo, para a defensa daquela ilha. E ordenando-se ao brigadeiro Manuel de Azevedo Fortes interpusesse o seu parecer sobre este particular, satisfez com a carta que também com esta sobe à real presença de Vossa Majestade. (...). Pareceu ao conselho que ao vice-rei do Estado do Brasil Dom Vasco Fernandes César de Meneses se louve o zelo e trabalho e desinteresse com que se houve nesta visita do recôncavo da Bahia, e porque segundo se mostra da planta que remete desenhada pelo mestre de campo engenheiro Miguel Pereira da Costa, e do que informa Manuel de Azevedo [Fortes] ser muito necessária a obra de fortificação do morro, que Vossa majestade haja por bem mandar que esta se faça assim e da maneira que nela se insinua visto ser tão importante a dita obra. Lisboa Ocidental, 13 de janeiro de 1725. Costa, Abreu, Souza, Azevedo, Vasques, Lacerda. À margem: como parece. Lisboa Ocidental, 28 de Abril de 1727. Rei. A planta citada, de Miguel Pereira Costa, detalha o desenho da bateria, em baixo, à direita (Planta do morro de S. Paulo (...), c. 1725. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa). Essa chamada nova fortificação (Forte da Ponta), apresentava planta na forma de um polígono quadrangular aberto, com baluartes nos vértices voltados para o mar guarnecidos por guaritas circulares sobre piões, complementava a anterior (o Forte Velho), com a qual se ligava por uma cortina poligonal de muralhas ao longo do canal da ilha, tendo na extremidade sudoeste a portada de acesso ao recinto. Comandava a praça, à época, o capitão de infantaria Carlos de Sepúlveda, que por motivo de aposentadoria passava a ser substituído pelo interino, o ajudante de tenente Dom José Mirales. As obras na fortificação iniciaram-se a 4 de Abril de 1728, tudo conforme carta do Conselho Ultramarino datada de Lisboa, a 29 de Outubro de 1728."

As informações sobre este período são ratificadas por outra fonte: entre as Ordens Régias no Arquivo Público da Bahia, datada de 1730, encontra-se a petição de Domingos Gonçalves da Silva, pedreiro da obra no morro de São Paulo, dando conta que "de 15 de maio de 1728, dia em que o suplicante Domingos Gonçalves da Silva, dei princípio à obra do Morro até catorze do presente mês e ano, fazem sessenta e três meses;" Ocupavam-se nos trabalhos a mão-de-obra de quarenta escravos. É desta época, também, a inscrição sobre o portão principal: "Vasco Fernandes César de Meneses, Conde de Sabugosa, do Conselho de SS. AA. de Portugal, alcaide-mor do Reino, comendador da Ordem de Cristo, fundou esta fortaleza em 1730."

Para guarnecê-la, o monarca autorizou, por carta-régia ao governo da Bahia, datada de 25 de maio de 1731, a que ali permaneça a companhia regularmente estacionada, composta de naturais do morro, a maior parte casados, com roças e outros exercícios para seu sustento e de suas famílias. Os soldados residiam em suas casas fora dos muros, uma vez que o forte possuía apenas dois quartéis, um para o capitão e outro para o capelão. Outra fonte esclarece a questão da artilharia da fortificação:

"O Conde de Sabugosa [Dom Vasco Fernandes César de Meneses], vice-rei e capitão de mar e terra do Estado do Brasil, em Carta de 11 de Outubro do ano passado [1731] dá conta a Vossa Majestade de que por todo o mês de março entenderia poderia ficar concluída a útil e proveitosa fortificação do morro de São Paulo, mas que como a obra de pedra e cal sem artilharia é um corpo desanimado, devia Vossa Majestade servir-se mandar se remetam os canhões que várias vezes tem pedido, que devem ser de género colubrino [(colubrinas)] de [calibres] 12, 18 e 24, representando também que a fortificação do Barbalho se acha mui adiantada, e se continua com o vigor proporcionado à sua consignação, e que também lhe parecia lembrar a Vossa Majestade o muito que se necessita de armamentos e com mais especialidade de espingardas, porque ainda que se achem sete para oito mil armas nos armazéns, a maior parte delas são incapazes. Ao Conselho [Ultramarino] parece representar a Vossa Majestade o que escreve o Conde de Sabugosa, vice-rei do Estado do Brasil, para que Vossa Majestade seja servido ordenar se mandem fazer vinte e quatro peças de artilharia do género colubrino de bronze, por não admitir este género de artilharia outro metal, e que estas sejam de calibre 12, 18 e 24 na forma que o dito Vice-rei aponta. E o conselho faz presente a Vossa Majestade remeter nesta monção, para a cidade da Bahia, vinte peças de artilharia de ferro de género de canhão de calibre de 18 e 24, das cinquenta peças que o Conselho tem do referido género e calibre para se repartirem pelo Estado do Brasil. E vendo-se o mais que o vice-rei representa do quanto se lhe fazem precisos os armamentos e espingardas, se lhe remetam também nesta monção mil espingardas, ficando o conselho com mui pouca porção deste género para poder fornecer o Estado do Brasil, nas contínuas remessas que se costumam fazer do mesmo género para o dito Estado. E com esta ocasião se vê o conselho na precisa obrigação de tornar a por na real presença de Vossa Majestade a lista inclusa por onde se reconhece o quanto se faz preciso ao serviço de Vossa Majestade e à segurança do Estado do Brasil a pronta remessa dos géneros de que faz menção a mesma lista. Lisboa Ocidental, 25 de Junho de 1732. Abreu. Souza. Vasques. Galvão. Metelo.

Nesse ínterim, o capitão engenheiro João Teixeira, responsável pelas obras, faleceu (1732), deixando desamparadas as referidas obras do 'Forte do Barbalho' e do 'Morro de São Paulo'. 

FORTE DE SÃO GONÇALO DO RIO VERMELHO

Remonta a um primitivo reduto (Reduto do rio Vermelho) para protecção daquele ancoradouro, abandonado e em ruínas em 1759.



A partir de 1798, durante o governo de Dom Fernando de Aguiar, foi reconstruído em alvenaria de pedra e cal sob a invocação de São Gonçalo (Forte de São Gonçalo), sendo artilhado com seis peças de ferro de calibre 6 libras e uma de 4. Figura em projecto da época (fins do século XVIII) como Novo Forte do Rio Vermelho, apresentando o desenho de um polígono irregular com treze canhoneiras e dependências de serviço sobre o terrapleno.

Também conhecido como Forte do rio Vermelho, o seu desarmamento havia sido aconselhado em 1809. Acredita-se que o autor tenha-se baseado no "Parecer sobre a fortificação da Capital", do Brigadeiro José Gonçalves Leão, presidente da Junta encarregada pelo Governador da Bahia, naquele ano, de propor as obras necessárias para a defesa da península e do Recôncavo. Em 1733, ano em que foram recebidas as peças de artilharia pedidas (Junho de 1733). Uma planta de João de Abreu e Carvalho, datada de 1759, aponta cinquenta e uma peças de ferro e bronze, no morro de São Paulo. Em meados de 1796 a estrutura já se encontrava em ruínas, em boa parte devido à erosão do mar sobre as muralhas, abertas por uma forte ressaca desde 1774, apesar dos reparos provisórios na ocasião. Foram providenciados reparos nos edifícios entre 1800 e 1802. O Príncipe-regente Dom João, reduziu-lhe a guarnição aos trinta soldados mais idosos para que nela passassem os últimos dias, sob o comando de um oficial subalterno (31 de agosto de 1809), até que finalmente, durante reparos efectuados em 1815, as melhores pedras decantaria das muralhas arruinadas, dispersas na praia do Morro, foram aproveitadas para a construção do edifício da Associação Comercial de Salvador. Reduto de São Luís, abandonado desde 1838.

FORTE DE NOSSA SENHORA DO MONTE DO CARMO

O 'Forte de Nossa Senhora do Monte do Carmo', também conhecido simplesmente como Forte do Barbalho, localiza-se à rua Aristides Ático, s/nº, em Salvador, no litoral do estado da Bahia, no Brasil. Uma das mais antigas fortificações da Bahia, foi construída na primeira metade do século XVII, em 1636. O Forte do Barbalho com a sua forma é a de um quadrado, com um baluarte em cada vértice, circundado por um fosso de 2,5m de profundidade. Diferentemente do Forte de São Pedro, que abrigou revoltas e motins, o Forte do Barbalho serviu de prisão para portugueses trazidos da África; franceses, prisioneiros de guerra; ingleses, contrabandistas de pau-brasil. Fortaleza do Barbalho, Fortaleza de Nossa Senhora do Monte do Carmo. A Fortaleza do Barbalho, também conhecida como Fortaleza de Nossa Senhora do Monte do Carmo, encontra-se situada no norte de Salvador, e foi construído no século XVII para proteger esta zona da Cidade.

No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil, (1630-1654), o capitão pernambucano Luís Barbalho Bezerra, (c. 1600-1644), receando um segundo ataque neerlandês às trincheiras de Santo António, fez erguer um reduto no local (1638). O seu envolvimento no conflito encontra-se assinalado por uma inscrição epigráfica colocada pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia em 1938, que reza: "Aos 18 de Maio de 1638 saindo Luiz Barbalho deste reduto destroçou definitivamente as tropas de Maurício de Nassau."

O forte foi reconstruído com melhor traçado, em alvenaria de pedra e cal, no Governo-geral de Alexandre de Sousa Freire, (1667-1671), pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra João Calmon. Uma placa epigráfica sobre o portão de acesso assinala a data da sua conclusão: 25 de agosto de 1712. Denominado como Forte de Nossa Senhora do Monte do Carmo ou Forte de Nossa Senhora do Monte Carmelo, tinha como função defender, juntamente com o Forte de Santo António além do Carmo, o acesso terrestre Norte à então capital do Estado do Brasil. Essa defesa foi ampliada pelo Vice-rei Dom Pedro António de Noronha Albuquerque e Sousa, (1714-1718), dentro do plano de fortificação de Salvador elaborado pelo Brigadeiro Engenheiro Jean Massé em 1714. Este Capitão de Engenheiros francês, após as invasões de corsários franceses à cidade do Rio de Janeiro, (1710, 1711), por determinação do rei Dom João V, (1705-1750) passou, em 1712 com o posto de brigadeiro, ao Brasil para examinar e reparar as fortificações daquele Estado. As obras prosseguiram no governo do Vice-rei e Capitão-General-de-Mar-e-Terra do Estado do Brasil, Dom Vasco Fernandes César de Meneses, (1720-1735), sendo interrompidas pelo falecimento do Capitão-Engenheiro João Teixeira, responsável à época pelas obras das praças na Bahia (Forte do Barbalho e Fortaleza do morro de São Paulo), para serem concluídas, em 1736, pelo Vice-rei Dom André de Melo e Castro, (1735-1749), conforme placa epigráfica sobre o portão, que reza: "O muito alto e poderoso rei D. João V mandou edificar este forte, e se completou sendo V. Rei deste Estado o Conde das Galveias. 1736.". De acordo com iconografia de José António Caldas, (Planta, e fachada do forte do Barbalho. Cartas topográficas contem as plantas e prospectos das fortalezas que defendem a cidade da Bahia de Todos os Santos e seu recôncavo por mar e terra, c. 1764. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa), a sua planta apresenta o formato de um polígono quadrangular regular, com três baluartes pentagonais e um circular nos vértices, acesso por rampas, a partir do terrapleno. Em torno deste, ao abrigo das muralhas, foram dispostas as edificações de serviço (Quartéis da Tropa, Casa da Palamenta, etc.) e, pelo lado da rampa de acesso, o Corpo da Guarda, superposto pela Casa do Comandante. A portada em tribuna provavelmente faz parte das alterações introduzidas posteriormente, no século XIX. Informa-se que foi guarnecido por um capitão e três soldados, e artilhado com quinze peças de ferro, (seis de calibre 24 libras, três de 18, três de 10, e três de 6), acredita-se que em meados do século XVIII.

FORTE DE NOSSA SENHORA DE MONTE SERRAT


O Forte de Nossa Senhora de Monte Serrat localiza-se em posição dominante na ponta de Monte Serrat, à época do Brasil Colônia no limite norte da cidade de Salvador, atual rua da Boa Viagem, no litoral do estado da Bahia, no Brasil.


O Governador-geral João de Lencastre, (1694-1702), fez reedificar o primitivo fortim, em alvenaria de pedra e cal, com planta do Engenheiro florentino Baccio da Filicaia. Os trabalhos só foram concluídos, entretanto, em 1742, sob o governo do Vice-rei Dom André de Melo e Castro, (1735-1749).


De acordo com iconografia de José António Caldas, (Planta e prospecto do forte de N. Srª de Monserrate. in: Cartas topográficas contem as plantas e prospectos das fortalezas que defendem a cidade da Bahia de Todos os Santos e seu recôncavo por mar e terra, c. 1764. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa), a sua estrutura apresentava planta no formato de um polígono hexagonal irregular, com parapeitos à barbeta e, nos vértices, guaritas circulares recobertas por cúpulas. No terrapleno, pelo lado do portão de acesso, observa-se uma edificação de dois pavimentos, abrigando as dependências de serviço (Casa de Comando, Quartel da Tropa, Casa da Palamenta, e outras), e a cisterna. Originalmente o seu acesso se dava por uma ponte levadiça entre a rampa e o terrapleno, e o Corpo da Guarda tinha, no pavimento térreo, dois quartéis flanqueando a entrada. Também se encontra representado em uma iconografia de Carlos Julião, sob o nome de Monserrate, (Elevação e fasada que mostra em prospecto pela marinha, a cidade de Salvador, Bahia de todos os Santos, 1779. Gabinete de Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar, Lisboa), ilustrada com os desenhos de trajes típicos femininos.


Souza, reporta que em 1809 estava artilhado com nove peças.2 Acredita-se que esse autor tenha se baseado no "Parecer sobre a fortificação da Capital", do Brigadeiro José Gonçalves Leão, presidente da Junta encarregada pelo Governador da Bahia, naquele ano, de propor as obras necessárias para a defesa da península e do recôncavo. Discrimina-se essa artilharia como sendo oito peças de calibre 18 libras e uma de 12.


FORTE DE SÃO MARCELO


O 'Forte de Nossa Senhora do Pópulo e São Marcelo', popularmente conhecido como 'Forte do Mar', localiza-se em Salvador, capital do estado brasileiro da Bahia. Erguido sobre um pequeno banco de arrecifes a cerca de 300 metros da costa, fronteiro ao centro histórico da cidade, destaca-se por se encontrar dentro das águas, como o Forte Tamandaré da Laje, no Rio de Janeiro, e ser o único de planta circular no país, inspirado no Castelo de Santo Ângelo (Itália) e na Torre do Bugio (Portugal).


A primitiva concepção desta fortificação remonta a 1608 com risco do engenheiro-mor e dirigente das obras de fortificação do Brasil, Francisco de Frias da Mesquita. Alguns autores, porém, atribuem o seu risco inicial ao engenheiro-mor de Portugal, o cremonense Leonardo Torriani, em 1605. Encontra-se figurada por João Teixeira Albernaz, o velho em "um rectângulo de pergaminho em que se vê o projecto de edifício e do forte sobre a lajem do porto, que se há-de fazer. Quem soerguer este rectângulo de pergaminho vê a dita lajem desenhada na folha maior", a ser artilhado com seis peças, no formato de polígono quadrangular regular. Num outro exemplar da mesma obra, o referido projecto já está definitivamente incorporado ao desenho da planta, o que indica que o início da sua construção é posterior a 1612. Terminado em 1623, no Governo-Geral de Dom Diogo de Mendonça Furtado, (1621-1624), esteve inicialmente artilhado com dezanove peças de diversos calibres. Durante a invasão holandesa de 1624, foi a primeira praça ocupada pelos conquistadores, que dele dispararam as balas incendiárias que aterrorizaram os moradores da cidade, facilitando a invasão. Anos mais tarde, entre Abril e maio de 1638, durante a tentativa de invasão do Conde Johan Maurits van Nassau-Siegen, (1604-1679), também teve papel decisivo, logrando manter a esquadra holandesa a distância.


Dentro do contexto da Guerra da Restauração da independência de Portugal, e da campanha pela expulsão dos neerlandeses da Região Nordeste do Brasil (Insurreição Pernambucana), a reconstrução deste forte foi determinada pela Carta-régia de 4 de Outubro de 1650, durante o Governo-Geral de João Rodrigues de Vasconcelos e Sousa (1649-1654), atendendo o (...) quanto convinha fazer-se um forte no baixo surgidouro dessa Bahia, reforçando a defesa proporcionada pela Bateria da Ribeira, o Forte de São Paulo da Gamboa e o Forte de São Pedro, com os quais cruzava fogos. Com risco e técnicas vindas do reino, possivelmente inspirado no 'Forte de São Lourenço do Bugio', (onde se desenvolvia nova etapa construtiva entre 1643-1657), a nova obra, a cargo do engenheiro francês Filipe Guiton, iniciou-se ainda em 1650, pela construção de um enrocamento em torno do recife, com pedras de arenito extraídas da pedreira da Preguiça (no Sodré) e de Itapagipe, transportadas em barcaças. Concluído em1652, o interior do enrocamento passou a ser preenchido com pedra calcária oriunda do lastro dos navios do Reino, aqui carregados com açúcar e madeira de lei. Guiton trabalhou nestas obras até falecer, em 1656. Nesta altura, iniciava-se a muralha do torreão em pedra de granito, oriundo do Recôncavo baiano. No ano seguinte (1657), o seu conterrâneo Pedro Garcin, que até então trabalhava nas fortificações da capitania de Pernambuco, assumiu as obras deste forte. Uma notícia, datada de 1661, quando o forte passou à invocação de São Marcelo, dá conta de que a muralha do torreão central ainda se encontrava incompleta, faltando um lance para atingir a altura projectada, concluída no ano seguinte, quando se erguia a 15 metros acima do nível do mar. Em 1664 encontravam-se em progresso a cisterna ao centro do torreão e os compartimentos dos doze quartéis, com as entradas voltadas para o exterior, onde as barcaças seguiam despejando as pedras que formavam o terrapleno circular envolvente. No ano de 1670 um relatório, dirigido ao governador-geral Afonso Furtado de Castro do Rio de Mendonça, (1671-1675), dava conta do progresso dos trabalhos no 'Forte de Nossa Senhora do Pópulo'. Nesta ocasião, o engenheiro militar António Correia Pinto inspeccionou as obras e passou a dirigir os trabalhos de construção, sendo o perímetro do terrapleno envolvente aumentado para cerca de 220 metros de circunferência. Século XVIII: Perfil e planta do Forte do Mar num desenho de José António Caldas (c.1758). Um pouco antes da invasão francesa de Jean-François Duclerc ao Rio de Janeiro, (Agosto-Setembro de 1710), expondo as fragilidades da defesa colonial, um relatório de 17 de Junho desse ano, de autoria do mestre-de-campo de Infantaria, Miguel Pereira da Costa, criticava o projecto executado no 'forte do Pópulo', propondo soluções.


No escopo do projecto de defesa de Salvador da autoria do Brigadeiro João Massé, (1713), eram propostas novas modificações para aumento do poder de fogo deste forte. Atendendo a essas sugestões, em 1717, o vice-rei Dom Pedro António de Noronha Albuquerque e Sousa, (1714-1718), iniciou-lhe trabalhos de ampliação do terrapleno envolvente aumentado em cerca de meio metro de altura e para cerca 241 metros de circunferência, estando concluídos com as novas canhoneiras do torreão ("bateria alta") e da plataforma do terrapleno ("bateria baixa"), em 1728, no governo do vice-Rei e Capitão-General-de-Mar-e-Terra do Estado do Brasil, Dom Vasco Fernandes César de Meneses, (1720-1735), conforme placa epigráfica sobre o portão de entrada. O forte encontra-se representado em iconografia do Capitão José António Caldas na "Notícia Geral de toda esta Capitania da Bahia desde o descobrimento até o presente ano de 1759", quando se encontrava artilhado com cinquenta e quatro peças de ferro e bronze de diversos calibres. Trabalhos de reforma são concluídos nas dependências do forte em 16 de agosto de 1772. Encontra-se representado numa iconografia de Carlos Julião, sob o nome de "4º Forte do Mar", ilustrada com os desenhos de trajes típicos femininos, novamente com o perfil da cidade do Salvador, pelo capitão José Francisco de Sousa (1782), e também, em iconografia de Luiz dos Santos Vilhena (1798).


No contexto das Guerras Napoleónicas, o forte encontrava-se artilhado com quarenta e cinco peças de ferro e bronze de diversos calibres (1803). No contexto da vinda da Família Real portuguesa para o Brasil, as defesas costeiras da colônia foram inspeccionadas e reforçadas. Naquele momento, quando da passagem do príncipe-regente por Salvador (1808), o forte contava com quarenta e seis peças de ferro e bronze de diversos calibres. Em 1810, um relatório de inspecção preparado por uma comissão chefiada pelo brigadeiro Galeão e integrada pelo Coronel Manoel Rodrigues Teixeira, o tenente-coronel José Francisco de Sousa, o Capitão Joaquim Vieira da Silva e o Engenheiro João Teixeira Leal (autor das ilustrações), apontava a necessidade de erguer um anel perimetral no terrapleno envolvente, com altura igual à do torreão central. Na ocasião, a bateria alta encontrava-se artilhada com dezasseis peças de ferro e quatro de bronze de diversos calibres, enquanto na bateria baixa computavam-se vinte e nove peças de ferro montadas em seus reparos e uma de bronze, um antigo pedreiro e dois morteiros. Atendendo às recomendações desse relatório, desenvolveram-se obras de remodelação no forte, entre 1810 e 1812, a cargo de Dom Marcos de Noronha e Brito, obras que conferiram a atual configuração ao forte.


Com uma área total construída de 2.500 metros quadrados, o seu projecto original, em estilo renascentista, visava melhor resistir às correntes e às marés, permitindo o tiro em qualquer direcção na defesa da cidade e porto do Salvador, cruzando fogos com o Fortim de São Fernando (que deu lugar ao prédio da Associação Comercial em 1818) e ao Forte de São Paulo da Gamboa. A sua estrutura, em cantaria de arenito até a linha d'água e o restante em alvenaria de pedra irregular, é integrada por um torreão central com planta em forma circular com as dimensões de 15 metros de altura por 36 metros de diâmetro (cerca de 145 metros de circunferência), um pátio de 10 metros de largura, que separa a torre de um anel perimetral de planta aproximadamente circular (achatada na direcção leste voltada para a cidade) com 15 metros de largura (cerca de 241 metros de circunferência).


O piso do anel perimetral tem altura de 15 metros acima do terrapleno (excepto na direcção leste voltada para a cidade que é de 12 metros, unidos por duas rampas opostas, a Norte e a Sul). Até 1810 o Forte era formado por um torreão central guarnecido por troneiras e um terrapleno com troneiras que o circundava. Essa disposição o tornava vulnerável, pois a pequena altura do torreão tornava a bateria da praça alta de tiro um alvo fácil das embarcações inimigas. Sob o torreão ficam a cisterna, o calabouço, a capela, o armazém da pólvora e os quartéis que a partir da construção da nova praça alta de tiro sobre o terrapleno perimetral se transformaram em celas. Sobre a nova construção ficam o corpo da guarda, a cozinha e os quartéis da guarda e do comandante. Estas salas, rectangulares, têm cobertura em abóbada de berço, e, excepto as situadas à direita do portão de entrada, não tem comunicação entre si, apenas o vão da porta que se abre para o corredor circular separando o anel perimetral do terrapleno central.


FORTE DE SANTA CRUZ DO PARAGUAÇU

O Forte de Santa Cruz do Paraguaçu localiza-se na margem direita da foz do rio Paraguaçu, na altura da atual cidade de Maragojipe, no estado da Bahia, dominando o acesso ao Recôncavo baiano.

Um documento datado de 1659 dá conta da existência de três fortes na região, o mais importante dos quais o Forte Real de Paraguaçu. Também conhecido como 'Forte de Santa Cruz do Paraguaçu', 'Forte da Barra do Paraguaçu' ou 'Fortinho do Paraguaçu', não existe consenso entre os estudiosos quanto aos seus construtores. A sua forma atual data provavelmente do início do século XVIII, erguido sobre uma estrutura anterior, remontando à primeira metade do século XVII. No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil, (1630-1654), em conjunto com o 'Fortim da Forca' na margem oposta do rio, com quem cruzava fogos, tinha a função de impedir o acesso de invasores ao sertão do Iguape e seus engenhos de açúcar, e às vilas de Maragojipe e Cachoeira. Fortificação tipicamente de marinha, era flanqueado por água em três dos seus seis lados, levantada em alvenaria de pedra com guaritas de tijolos nos vértices.

Um levantamento efectuado pelo Engenheiro José António Caldas, informa que, em 1759, o forte possuía sete peças de artilharia desmontadas, e os seus quartéis em ruínas. O mesmo profissional nos legou iconografia da estrutura (Planta e fachada do forte de Sta. Cruz do Paraguaçu. in: Cartas topográficas contem as plantas e prospectos das fortalezas que defendem a cidade da Bahia de Todos os Santos e seu recôncavo por mar e terra, c. 1764, que apresenta planta no formato de um polígono hexagonal irregular, com cinco ângulos salientes e um reentrante e parapeitos à barbeta. Sobre o terrapleno, pelo lado da entrada, edificação de um pavimento abrigava as dependências de serviço ('Casa de Comando', 'Quartel da Tropa', 'Casa de Palamenta', e outras). Estava guarnecido por um Capitão, acredita-se que neste período. Foi restaurado em 1762 pelo governo da Capitania da Bahia, provavelmente por João de Abreu de Carvalho Contreiras. Após nova inspecção, em 1772, pelo mesmo Engenheiro José António Caldas, procedeu-se à restauração da Casa do Comando, do Quartel da Tropa e da Casa da Pólvora.


No contexto da Guerra Peninsular, diante da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, com receio de uma possível retaliação francesa, procederam-se trabalhos de limpeza nas instalações do forte (1809). A partir de 1816 foi considerado sem importância militar, tendo sido desactivado e entrando em processo de ruína. 

FORTE DE SANTA MARIA

O Forte de Santa Maria localiza-se ao largo da praia do Porto da Barra, no bairro da Barra, primitivo porto da cidade de Salvador, no litoral do estado da Bahia, no Brasil.


Erguido a partir de 1614 com risco do engenheiro-mor e dirigente das obras de fortificação do Brasil, Francisco de Frias da Mesquita, (1603-1634). Constituiu um comando unificado, entre 1624 e 1694, juntamente com o Forte de Santo António da Barra e o Forte de São Diogo, com os quais cruzava fogos na defesa da barra do porto da Vila Velha, local de desembarque do primeiro donatário da Capitania (Francisco Pereira Coutinho,1536), do primeiro governador-geral (Tomé de Sousa, 1549) e da primeira das Invasões holandesas do Brasil (Johan van Dorth, 1624). À época desta última, era comandante das três praças Paulo Coelho de Vasconcelos. Após a reconquista portuguesa de Salvador, essa primitiva estrutura do forte foi reformada entre 1625 e 1627. Esse triângulo defensivo, rechaçou, nos meses de Abril e maio de 1638, o assalto das forças neerlandesas sob o comando do Conde Maurício de Nassau, (1604-1679). A atual estrutura, em alvenaria de pedra e cal, remonta a 1696, por iniciativa do Governador Geral João de Lencastre, (1694-1702), com desenho atribuído ao engenheiro José Pais Esteves, de influência arquitectónica italiana. De acordo com iconografia de José António Caldas, apresenta planta na forma de um polígono heptagonal, com quatro ângulos salientes e três reentrantes e parapeitos à barbeta. Sobre o terrapleno ergue-se edificação de dois pavimentos abrigando as dependências de serviço (Casa de Comando, Quartel da Tropa e outras), e abaixo dela, a Casa da Pólvora, recoberta por abóbada de berço. Encontra-se representado numa iconografia de Carlos Julião como "8. Forte de S. Maria", ilustrada com os desenhos de trajes típicos femininos. Informa-se que estava guarnecido por um Capitão e dois soldados artilheiros, e artilhado com seis peças de ferro, (uma de calibre 24 libras, duas de 18, uma de 12 e duas de 8).


Em 1809 estava artilhado com dezoito peças, três das quais imprestáveis, assim como a fortificação. Acredita-se que o autor tenha se baseado no "Parecer sobre a fortificação da Capital", do Brigadeiro José Gonçalves Leão, presidente da Junta encarregada pelo Governador da Bahia, em 1809, encarregado de propor as obras necessárias para a defesa da península e do recôncavo. Garrido segue a informação de Souza, porém considerando o ano como 1808.
  
"(...) É de figura irregular, tendo a figura de um heptágono com o perímetro de 514 palmos, do qual os dois lados da entrada e partes dos adjacentes, na extensão de 200 palmos são ocupados pelos quartéis e mais acomodações do pessoal e material do Forte. Monta 8 peças do calibre 24 e outras tantas canhoneiras existentes, e tem banquetas próprias ao emprego da infantaria. Está convenientemente reparado, sendo somente de notar que não existem plataformas, pelo que os reparos assentam sobre o mesmo solo do terrapleno, o qual, não sendo calçado com lajedos, e embora apresente uma superfície unida e regular, não oferece contudo ao jogo do reparo a necessária resistência, e nem na declividade da superfície o conveniente modificador do recuo: entretanto este Forte está bom, e pode prestar os serviços que seus recursos permitem."


FORTE DE SANTO ALBERTO

A sua edificação remonta à antiga Torre de São Tiago, cujos vestígios arqueológicos foram descobertos ao final do século XX, em torno da qual foi erguida muralha e aterro (1590). Concluído em 1610 sob a invocação de Santo Alberto, encontra-se cartografado por João Teixeira Albernaz, o velho, (Planta da Cidade de Salvador, 1616) como 'Reduto ou Estância de Santo Alberto da Praia', artilhado com duas peças. Um manuscrito depositado no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, anónimo e sem data, mas do início do século XVII, possivelmente anterior a 1608, no capítulo dedicado à capitania da Bahia de Todos os Santos, sobre a cidade da Bahia (sic) informam a respeito deste forte: " (...) contudo se fizeram nesta baía alguns fortes e plataformas com sua artilharia, que se defende uma ocasião, a saber: (...) O Forte de S. Alberto, na praia da Cidade, tem duas meias esperas." À época da primeira das Invasões holandesas do Brasil, (1624-1625) foi ocupado pelos invasores, estando cartografada à época da segunda invasão (1630-1654) por João Teixeira Albernaz, o velho (Mapa da Baía de Todos os Santos, 1631. Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro), onde se revela um polígono quadrangular regular com 30 palmos de lado e dois baluartes circulares nos vértices pelo lado de terra, artilhado com duas peças. Quando do assalto a Salvador em Abril-Maio de 1638, sob o comando do Conde Maurício de Nassau, (1604-1679), Barléu descrevendo o assalto holandês, relata: " (...) Ocuparam os holandeses o forte de Santo Alberto, construído de pedra, o qual tinham os portugueses abandonado. Garantiu ele o nosso campo de ser sitiado e investido da banda da praia. Mandou o Conde circunvalá-lo (...)." A atual edificação data de 1694, cruzando fogos com o Forte de Santo António além do Carmo, de quem era contemporâneo, protegendo o ancoradouro e a aguada das embarcações em Água de Meninos. De acordo com iconografia de José António Caldas (Planta e fachada do Fortinho de S. Alberto. in: Cartas topográficas contem as plantas e prospectos das fortalezas que defendem a cidade da Bahia de Todos os Santos e seu recôncavo por mar e terra, c. 1764. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa), a sua estrutura apresentava planta no formato de um polígono heptagonal irregular, com parapeitos à barbeta. Pelo lado da entrada, o conjunto é dominado por um torreão circular de um pavimento sobre o terrapleno, contendo as dependências de serviço. Encontra-se representado numa iconografia de Carlos Julião, sob o nome de Sto. Alberto, (elevavam e fasada que mostra em prospecto pela marinha, a cidade de Salvador, Bahia de todos os Santos, 1779. Gabinete de Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar, Lisboa), ilustrada com os desenhos de trajes típicos femininos.

Souza observa que a Comissão "ad hoc" nomeada pelo conde da Ponte para examinar as defesas de Salvador em 1809, sobre esta fortificação, por seu pequeno desenvolvimento, considerou-a inútil estrategicamente, aconselhando a sua demolição.

FORTE DE SANTO ANTÓNIO ALÉM DO CARMO

O 'Forte de Santo António além do Carmo', conhecido após a recente restauração como Forte da Capoeira, localiza-se na praça Barão do Triunfo (Largo de Santo António), defendendo a entrada Norte da antiga Salvador, no estado da Bahia, no Brasil.



Remonta a uma fortificação de campanha que, quanto da primeira das Invasões holandesas do Brasil, (1624-1625), deu combate ao invasor. Posteriormente, quando da pilhagem e incêndio de navios por corsários neerlandeses no porto de Salvador, (1627), essa primitiva estrutura foi reparada às pressas. No contexto da segunda invasão neerlandesa, o governador-geral, Diogo Luís de Oliveira, (1626-1635), determinou ao Engenheiro-mor e dirigente das obras de fortificação do Brasil, Francisco de Frias da Mesquita, (1603-1634), construir trincheiras no local, denominadas por alguns autores como Baluarte de Santiago, e que, reforçadas às pressas pelas forças do conde de Bagnoli. Souza resistiram ao assalto neerlandês de Abril-Maio de 1638, sob o comando de Maurício de Nassau, (1604-1679). A fortificação foi reformada em 1659, durante o Governo-geral de Francisco Barreto de Menezes, (1657-1663), conforme placa epigráfica sobre o portão principal, que reza: "Reinando El-Rei Dom Afonso VI se reformou este forte por mandado do Capitão General deste Estado Francisco Barreto. Ano de 1659." 


A estrutura atual foi iniciada em Novembro de 1695, no Governo-geral de João de Lencastre, (1694-1702), e concluída em 1703, no de Dom Rodrigo da Costa, (1702-1705). Em posição dominante sobre uma colina, cruzava fogos com o Forte do Barbalho, com o qual cooperava. A iconografia de José António Caldas, (Planta e fachada do forte de S. António além do Carmo. in: Cartas topográficas contem as plantas e prospectos das fortalezas que defendem a cidade da Bahia de Todos os Santos e seu recôncavo por mar e terra, c. 1764. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa), revela planta no formato de um polígono rectangular com baluartes pentagonais nos vértices, em estilo Vauban. Ao redor do terrapleno, a coberto das muralhas, dispõem-se edificações de um pavimento abrigando as dependências de serviço (Casa de Comando, Quartel da Tropa, Casa da Palamenta e outras). De acordo com Barreto diz que, foi guarnecido por um Capitão e três soldados, e artilhado com dezanove peças, uma de bronze de 16 libras, e dezoito de ferro, (treze de calibre 24, duas de 12 e três de 10), acredita-se que em meados do século XVIII. 


Em 1813 ocorreu um grande desmoronamento na colina junto ao baluarte Norte. Segundo Garrido, pelo Aviso de 9 de Março de 1830 o imóvel foi transferido à jurisdição do Ministério da Justiça, que ali instalou a Cadeia da Correcção: nela estiveram detidos os afro-brasileiros capturados na Revolta dos Malês (1835). Participou da Sabinada (1837). Foi visitado em 1859 pelo Imperador Dom Pedro II, (1840-1889), que registrou em seu diário de viagem:

"30 de Outubro - Fui ver as prisões. (...) A 'chamada' Casa de Correcção, que existe no forte de Santo António, é sofrível e para uma das prisões desocupadas se mudaram proximamente, como lembrei, os presos das enxovias inferiores do Aljube. O registro está atrasado, mas o carcereiro desculpa-se com a doença do pai, a quem sucedeu, e muito trabalho, parecendo-me vivo."

FORTE DE SANTO ANTÓNIO DA BARRA

O actual Farol da Barra é uma das mais antigas fortificações militares da Bahia. Construído no século XVI, na antiga Ponta Padrão, já servia de orientação à população, quando, com disparos, alertava a cidade, como por ocasião do naufrágio do galeão Sacramento, em que morreram 800 pessoas. Foi peça importante na luta contra os holandeses, na guerra da Independência e na Sabinada. Erguido em função de uma perspectiva de defesa da cidade contra invasões, sua actividade teve maior destaque por ocasião da chegada dos holandeses, que apesar dos sete canhões do Forte, acabaram por desembarcar no Porto da Barra. O Forte é protegido por Santo António, que recebia soldo, de acordo com lei aprovada em Portugal, por serviços prestados à defesa da cidade. Sua estrutura actual corresponde à reforma feita no século XVIII e XIX.


No local, que domina a entrada da barra de Salvador, diante do qual Gonçalo Coelho teria fundeado, aquele navegador fez erguer um padrão de posse para a Coroa Portuguesa, a 1 de Novembro de 1501: conforme o calendário católico então adoptado, era dia de, (Dia de Todos-os-Santos).


A primeira estrutura no local, para defesa da barra do porto da então capital da Colônia, foi erguida durante o Governo-geral de Manuel Teles Barreto (1583-1587). Provavelmente de faxina e terra, foi reconstruída em alvenaria de pedra e cal, a partir de 1596 durante o Governo-geral de Dom Francisco de Sousa (1591-1602), com planta atribuída ao Engenheiro-mor de Portugal, o cremonense Leonardo Torriani (1560-1628), no formato de um polígono octogonal regular. Um manuscrito depositado no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, anónimo e sem data, mas do início do século XVII, possivelmente anterior a 1608, no capítulo dedicado à capitania da Bahia de Todos os Santos, sobre a cidade da Bahia (sic) informa a respeito deste forte:

"(...) e mais apartado da cidade, em uma ponta de terra, está o Forte de Santo Antônio o qual tem de presídio dez soldados, dos quais quatro são mosqueteiros e seis arcabuzeiros, um cabo, condestável que todos vencem soldo conforme o de S. Filipe. Tem o capitão com 40.000 [ réis ] de ordenado."

No mesmo período, Diogo de Campos Moreno complementa essas informações:

"Forte de Santo António da Barra com um canhão de bronze de 38 quintais jogando 10 libras de bolas; dois sacres ou meia espera de bronze de dezoito quintais jogando 10 libras de bola; um falcão de dedo de seis quintais. O capitão tinha de ordenado 60 mil réis anuais; o tenente ou cabo de esquadra, 38 mil réis; e dez mosqueteiros, a 33 mil réis cada um. O condestável de artilharia percebia 38.400 por ano. Um ajudante, a 19.200 [réis]."



No contexto das Invasões holandesas do Brasil foi ocupado pelos neerlandeses na ofensiva de 1624 sem oferecer resistência, no dia 9 de maio. Foi reconquistado por tropas luso-castelhanas no ano seguinte, que nele concentraram o foco do contra-ataque, até à chegada da esquadra de Dom Fadrique de Toledo Osório. Desse modo, foi ao abrigo do fogo da artilharia do Forte da Barra, que quatro mil homens desembarcaram para a retomada de Salvador, de onde expulsaram os invasores a 30 de Abril. Em 1626, um arquitecto francês projectou-lhe a forma de um polígono hexagonal, com dez metros de lado, o que se acredita não, tenha-se materializado, uma vez que se encontra figurado por João Teixeira Albernaz, o velho (Baía de Todos os Santos, 1631. Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro), ainda como um polígono octogonal, mas artilhado com apenas três peças pelo lado do mar. O acesso, pelo lado de terra, alcançava as dependências de serviço, no terrapleno, flanqueadas por dois baluartes circulares.



Após o naufrágio do Galeão Santíssimo Sacramento, capitânia da frota da Companhia Geral do Comércio do Brasil, num banco de areia frente à foz do rio Vermelho, a 5 de maio de 1668, o forte foi reedificado a partir de 1696, durante o Governo-geral de João de Lencastre (1694-1702), quando recebeu um farol - um torreão quadrangular encimado por uma lanterna de bronze envidraçada, alimentada a óleo de baleia -, o primeiro do Brasil e o mais antigo do Continente (1698), quando passou a ser chamado de Vigia da Barra ou de Farol da Barra. O capitão Santo Antônio de Lisboa, em 1705 o Senado da Câmara de Salvador solicitou ao Governador-geral D. Rodrigo da Costa (1702-1705), que Santo Antônio de Lisboa sentasse praça nesta fortificação, no posto de Capitão. A proposta foi aceite, tendo o Governador-geral expedito ordem, a 16 de Julho do mesmo ano, ao Provedor-mor da Fazenda Real do Estado do Brasil, para que o santo assentasse praça no posto de Capitão-interino, com o soldo sendo pago ao síndico do Convento de São Francisco, o que foi aprovado pela Coroa por Alvará de 7 de Abril de 1707. Posteriormente, pelos Decretos de 13 de Setembro de 1810 e de 25 de Novembro de 1814, o soberano promoveu o santo aos postos de Major e de Tenente-coronel, respectivamente.


O forte apresentava ruína em 1752 e sofreu reformas em 1756. Barretto, dá-o como guarnecido por um Capitão comandante, um Sargento artilheiro, dois Tambores e oito Soldados artilheiros, artilhado com oito peças de bronze (duas de calibre 24, quatro de 16 e duas de 12) e dezessete de ferro (oito de calibre 36 e nove de 8) (op. cit., p. 170), acredita-se que para esse meado do século XVIII. A iconografia de José António Caldas ("Planta e fachada do forte de S. Antonio da Barra". in: Cartas topográficas contem as plantas e prospectos das fortalezas que defendem a cidade da Bahia de Todos os Santos e seu recôncavo por mar e terra, c. 1764. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa), exibe a planta atual, de autoria do Engenheiro João Coutinho, atribuída ao ano de 1772, quando recebeu o formato de um polígono decagonal irregular, com seis ângulos salientes e quatro reentrantes, com parapeitos à barbeta. O terrapleno, acesso por um túnel em rampa que termina em escadaria, abriga edificações de um pavimento compreendendo as dependências de serviço (Casa de Comando, Quartel da Tropa, Cozinha, Casa da Palamenta, e outras), e cisterna abobadada. Nele estava situada ainda a torre do farol, de seção cilíndrica. A construção é em alvenaria de pedra gnaisse, extraída do próprio local, e a portada é em cantaria de arenito. Encontra-se representado numa iconografia de Carlos Julião, sob o nome de 9. Forte de S. A. da Barra (Elevaçam e fasada que mostra em prospecto pela marinha, a cidade de Salvador, Bahia de todos os Santos, 1779. Gabinete de Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar, Lisboa), ilustrada com os desenhos de trajes típicos femininos.


Em 1809 contava com dezasseis peças, de calibres de 48 a 24. Acredita-se que o autor tenha-se baseado no "Parecer sobre a fortificação da Capital", do Brigadeiro José Gonçalves Leão, presidente da Junta encarregada pelo Governador da Bahia, em 1809, de propor as obras necessárias para a defesa da península e do recôncavo. Planta da época, assinala que o forte não dispunha de fosso e nem de ponte levadiça. A Casa de Comando, alteração do século XIX, apresenta janelas com lenço de pedra sob as guarnições.

FORTE DE SANTO ANTÓNIO DOS ILHÉUS

O Forte de Santo António dos Ilhéus localizava-se na barra da vila de São Jorge dos Ilhéus, atual Ilhéus, no litoral do estado brasileiro da Bahia.

O forte remontava à fortificação que defendia a vila de São Jorge dos Ilhéus, núcleo de povoamento da Capitania de Ilhéus. À semelhança das demais estruturas de sua categoria, que lhe foram contemporâneas (Castelo do Pereira, Castelo de Olinda), constituir-se-ia em um pequeno fortim de pedra e cal, com alguma artilharia leve.

Encontrava-se erguido em 1595, quando a vila foi atacada e saqueada por uma esquadra de cinco navios corsários franceses, sendo o fortim, sob o comando de Pedro Gonçalves, insuficiente para a defesa das gentes.

A informação mais segura sobre a situação da defesa da capitania, no início do século XVII, é a de Diogo de Campos Moreno:

"Na vila de São Jorge [dos Ilhéus], que se vê no ponto A, na carta, apareceram no alarde do ano de [mil] seiscentos e onze, cento e sete homens brancos com suas armas, que lhes mandou dar o governador [da Repartição do Brasil] Dom Diogo de Menezes [Siqueira (1609-13)]. Tem na entrada da barra, ao pé das casas da povoação, em mui pequeno reduto de pedra e cal, sem sustância nem prática, com dois falcões de dado, cada um de sete quintais, e para a banda de Tambepe, no ponto B, em uma trincheira, tem quatro falcões camarado de bronze, invenção antiga, de dez quintais cada um, com pouco serviço; todas essas peças são boas para a fundição de Pernambuco, e delas se pode fazer um sacre, ou dois para volantes, que serão de mais efeito."

O historiador Hélio Vianna, crítico dessa edição, entende que por ocasião do ataque francês de 1595 não tinha esse forte de Santo António mais do que um falcão, conforme trecho do "Santuário Mariano", fonte utilizada pelo historiador Capistrano de Abreu. No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil, (1630-1654), forças do almirante Lichthart teriam erguido uma fortificação de campanha para defesa deste ancoradouro, em 1637. Uma carta-patente datada de 10 de Setembro de 1687 concedeu o posto de capitão do Forte de Santo António na barra da vila dos Ilhéus ao alferes Domingos de Souza Lobo. A função desta fortificação seria a de defesa do porto da barra daquela povoação, escoador da produção de açúcar da região, expressiva nos séculos XVI e XVII. Sua possível localização seria na margem esquerda da barra da foz do rio Almada, em posição dominante sobre a praia de São Miguel (da Barra), ou na foz do rio Cachoeira, que permitia o acesso ao interior até Itabuna.

FORTE DE SÃO BARTOLOMEU DA PASSAGEM

A estrutura remonta ao início do século XVII, quando colaborava com o Fortim de São Filipe na defesa da enseada dos Tainheiros, onde se localizavam os estaleiros coloniais, e da enseada de Itapagipe, onde, quando da segunda das Invasões holandesas do Brasil, ocorreria o desembarque das forças neerlandesas comandadas pelo Conde Maurício de Nassau, (1604-1679), quando do assalto de Abril-Maio de 1638 a Salvador. A, seu respeito, Barléu descrevendo o assalto de seus conterrâneos, relata:

" (...) No dia seguinte [ao da ocupação do Forte de Santo Alberto e da captura do Fortim de São Filipe, Nassau] apoderou-se do Forte de São Bartolomeu, terrível por treze peças e providíssimo de grande cópia de petrechos bélicos. Tendo-nos caído nas mãos estas fortalezas, ficou-nos livre o acesso às naus para receber mantimentos, de que se podia prover a soldadesca em terra apenas por oito dias." 

De acordo com a iconografia de José António Caldas, sua estrutura apresentava planta no formato de um polígono octogonal estrelado, com quatro ângulos salientes e quatro reentrantes, e parapeitos à barbeta. Pelo lado do portão de acesso, no terrapleno, erguia-se um edifício de um pavimento com as diversas dependências de serviço ('Casa de Comando', 'quartéis', 'Casa da Palamenta' e outras). Encontra-se representado numa iconografia de Carlos Julião, sob o nome de 'Forte de S. Bartolomeu da Passagem', (Elevaçam e fasada que mostra em prospecto pela marinha, a cidade de Salvador, Bahia de todos os Santos, 1779. Gabinete de Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar, Lisboa), ilustrada com os desenhos de trajes típicos femininos. Barreto informa que este forte estava artilhado com nove peças de ferro (quatro de calibre 12 libras, três de 8 e duas de 6), acredita-se que em meados do século XVIII.

Souza reporta que, em 1841, em suas doze canhoneiras conservava apenas duas das antigas peças. Garrido complementa que em 1844 foi autorizada e iniciada a sua demolição, aproveitando-se a cantaria do forte nas obras de construção do prédio da Alfândega em Salvador. No ano seguinte os trabalhos de demolição foram sustados (Aviso de10 de maio de 1845).

FORTE DE SÃO DIOGO


O 'Forte de São Diogo' localiza-se na Praça Azevedo Fernandes, no bairro da Barra, em Salvador, capital do estado brasileiro da Bahia. Ergue-se na base do Morro de Santo António, ao lado direito da praia do Porto da Barra, local onde anteriormente existiu o Castelo do Pereira. 


O 'Forte de São Diogo' visava impedir, com o apoio do 'Forte de Santa Maria', o desembarque de qualquer inimigo naquele acesso ao sul da cidade do Salvador, então capital do Estado do Brasil.



De suas muralhas descortina-se uma bela e ampla visão da Baía de Todos os Santos. Actualmente encontra-se sob a guarda do Exército Brasileiro.


FORTE DE SÃO FRANCISCO
(BRASIL)

O 'Forte de São Francisco' localizava-se na extremidade norte da Cidade Baixa da primitiva Salvador, no litoral do atual estado brasileiro da Bahia.



Ignorado pela historiografia clássica em história das fortificações do Brasil, este forte encontra-se em iconografia de João Teixeira Albernaz, o velho (Planta da Restituição da Bahia, 1631. Mapoteca do Ministério das Relações Exteriores, Rio de Janeiro), sobre a praia, defendendo o porto. Integra os desenhos e plantas de José António Caldas , com planta no formato de um polígono pentagonal irregular, em alvenaria de pedra e cal, com parapeitos à barbeta. Sobre o terrapleno, erguia-se edificação de dois pavimentos, abrigando as dependências de serviço (Casa do Comando, quartéis, Casa da Palamenta e outras). Encontra-se também representado em iconografia de Carlos Julião, sob o nome de S. Francisco, (Elevaçam e fasada que mostra em prospecto pela marinha, a cidade de Salvador, Bahia de todos os Santos, 1779. Gabinete de Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar, Lisboa), ilustrada com os desenhos de trajes típicos femininos. Gustavo Barroso, relaciona-o entre as estruturas defensivas da Capital e arredores, mas o corpo da obra não a desenvolve, omitindo-a.

Remonta a um primitivo reduto (Reduto do rio Vermelho) para protecção daquele ancoradouro, abandonado e em ruínas em 1759. O forte setecentista: A partir de 1798, durante o governo de Dom Fernando de Aguiar, foi reconstruído em alvenaria de pedra e cal sob a invocação de São Gonçalo (Forte de São Gonçalo), sendo artilhado com seis peças de ferro de calibre 6 libras e uma de 4. Figura em projecto da época (fins do século XVIII) como Novo Forte do Rio Vermelho, apresentando o desenho de um polígono irregular com treze canhoneiras e dependências de serviço sobre o terrapleno.

Também conhecido como Forte do rio Vermelho, o seu desarmamento havia sido aconselhado em 1809. Acredita-se que o autor tenha se baseado no "Parecer sobre a fortificação da Capital", do Brigadeiro José Gonçalves Leão, presidente da Junta encarregada pelo Governador da Bahia, naquele ano, de propor as obras necessárias para a defesa da península e do Recôncavo.

FORTE DE SÃO JOAQUIM DA JEQUITAIA

O Forte de São Joaquim da Jequitaia localizava-se na praia da Jequitaia, perto de Monte Serrat, limite norte da primitiva cidade de Salvador, no litoral do estado brasileiro da Bahia.


Trata-se do último forte erguido para a defesa de Salvador, embora em data que não foi possível apurar. Foi visitado em 1859 pelo Imperador Dom Pedro II, (1840-1889), que registrou em seu diário de viagem:

"28 de Outubro - (...) Antes de voltar para casa visitei os fortes de Jequitaia e de Lagartixa. No primeiro estão os artificies e no segundo o laboratório pirotécnico. Os artífices [sob o comando do Capitão Albino Adolfo Barbosa de Almeida] estão mal alojados, porque a abóbada deixa passar água por causa do terraço asfaltado que tem por cima, e nas grandes marés e ressaca, a água invade o dormitório que lhes serve para tudo, sendo as camas como as da cavalaria. Os géneros vêm do Corpo Fixo de 15 em 15 dias; mas o açúcar e o arroz não me parecem bons, como os achei no Corpo Fixo. O armamento e correame, com excepção das armas arrecadadas, estão limpos, mas são já bastante antigos. Há a mesma queixa a respeito dos sapatos, e os capotes azuis são ralos. O xadrez é mau, principalmente o de cima, abobadado, onde estão os soldados de correcção, por acanhado demais e falto de ar. Os artífices dão guarda para o forte e para o arsenal onde trabalham, vencendo gratificação além do soldo. Há por tudo 84 praças militares no forte."

FORTE DE SÃO LOURENÇO

O 'Forte de São Lourenço' localiza-se na ponta da Baleia, extremo norte da ilha de Itaparica, atual Praça Getúlio Vargas s/n°, município de Itaparica, no litoral do estado brasileiro da Bahia.

Dominando o único porto natural da ilha e a enseada do rio Paraguaçu, acesso ao Recôncavo, a sua fortificação mais antiga remonta a 1631, conforme desenho atribuído ao Engenheiro Paulo Nunes Tinoco. No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), quando da quarta tentativa de conquista de Salvador, em Fevereiro de 1647, os neerlandeses comandados por Sigismund van Schkoppe ocuparam-no e reconstruíram-no no formato de um polígono quadrangular irregular, apoiado por quatro redutos, utilizando-os como centro das operações contra Salvador e o Recôncavo baiano. Estas fortificações resistiram ao assalto das forças portuguesas comandadas por Francisco Rebelo em agosto de 1647, e foram destruídas quando os invasores se retiraram para Recife em janeiro de 1648, evacuando a ilha de Itaparica. 

A atual fortificação, erguida em alvenaria de pedra e cal sobre os vestígios do antigo forte, remonta a 1711, sob o Governo-geral de Dom Lourenço de Almada (1710-1711), em homenagem a quem foi colocado sob a invocação de São Lourenço (Forte de São Lourenço). Por determinação do Vice-rei Dom Pedro António de Noronha Albuquerque e Souza, (1714-1718), ainda em construção, foi nomeado como Capitão da fortificação António Gonçalves da Rocha, que se obrigou, ao assumir a função, a custear as obras de reconstrução, obedecendo a planta original. De acordo com iconografia de José António Caldas, (Planta e fachada da fortaleza de S. Lourenço na Ponta da Ilha de Itaparica fronteira a esta Cidade. in: Cartas topográficas contem as plantas e prospectos das fortalezas que defendem a cidade da Bahia de Todos os Santos e seu recôncavo por mar e terra, c. 1764. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa), o seu desenho apresenta o formato de um polígono octogonal, com seis ângulos salientes e dois reentrantes. Garrido, auxilia-nos a completar a descrição da estrutura: o acesso é feito por uma rampa até uma portada de 2,20 m de largura em cantaria, com verga, ladeada por dois coruchéus, encimada actualmente pelo escudo de armas do Império. Esta prossegue como um túnel em rampa (saguão) de sete metros de comprimento, que dá acesso ao terrapleno. No pavimento inferior, abre-se, em cada lado, um recinto de 9,55 m x 4,30 m, coberto por abóbada de berço: o Quartel da Tropa e a Prisão. Sobre estes, no terrapleno, ao abrigo das cortinas, ergue-se uma edificação de um pavimento, abrigando as dependências de serviço do forte (Casa de Comando e Paiol). A estrutura contava ainda com Cisterna. O mesmo autor complementa ainda que o forte dispunha de uma face e de dois flancos providos de 14 canhoneiras, e frente abaluartada com 1,80 m de espessura para desdobramento da linha de fuzileiros em 140m de plano de fogo. As duas meias-lunetas da parte abaluartada eram desiguais. Barreto informa que estava guarnecido por um Capitão, um Sargento, nove soldados e dois Tambores, e artilhado com doze peças de ferro (seis de calibre 36 libras e seis de 8), acredita-se que em meados do século XVIII.

FORTE DE SÃO PAULO DA GAMBOA

O Forte de São Paulo da Gamboa localiza-se na chamada Gamboa de Baixo, no centro histórico de Salvador, no litoral do estado brasileiro da Bahia

O forte remonta a uma bateria erguida, a partir de 1646, sobre uma gamboa ou vala, que lhe daria o nome.

A estrutura atual foi iniciada no governo do vice-rei Dom Pedro António de Noronha Albuquerque e Sousa, (1714-1718) erguida dentro do plano de fortificação de Salvador elaborado pelo engenheiro francês brigadeiro Jean Massé em 1714. Foi concluída em 1720, no governo do vice-rei e capitão general de mar-e-terra do Estado do Brasil, Dom Vasco Fernandes César de Meneses, (1720-1735), comunicando-se por uma cortina com o 'Forte de São Pedro'. Em conjunto, fechavam a defesa do sector Sul de Salvador, aquele pelo lado de terra, e este pelo lado de mar, cruzando fogos com o Forte de São Marcelo. Estava guarnecido por uma Companhia de Infantaria com dois soldados artilheiros, e artilhado com dezanove peças de ferro (quatro de calibre 24 libras e quinze de 6), acredita-se que em meados do século XVIII. Por não possuir muralhas fechando o seu perímetro, tecnicamente é considerado apenas uma bateria, e assim se encontra referido em iconografia de José António Caldas, (Planta, e fachada da bataria de S. Paulo. in: Cartas topográficas contem as plantas e prospectos das fortalezas que defendem a cidade da Bahia de Todos os Santos e seu recôncavo por mar e terra, c. 1764. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa), onde se observa a sua planta no formato de um polígono rectangular irregular aberto, em alvenaria de pedra e cal, e junto à encosta, sobre o terrapleno, edificação para as dependências de serviço, com cómodos escavados na rocha e um fosso para drenar a água da encosta atrás da estrutura central.

A sua artilharia foi a primeira a saudar a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, em 22 de Janeiro de 1808. O comando do forte aderiu à Sabinada, (1837-1738). Foi visitado em 1859 pelo Imperador Dom Pedro II, (1840-1889), que registrou em seu diário de viagem:

"29 de Outubro - (...) Depois [da visita ao forte de São Marcelo] segui para o forte da Gamboa. Tem 18 peças e oito praças de guarnição para as quais se pode dizer que não há alojamento. O vigamento está em risco de abater sobre uma das acomodações do forte. As peças só se podem carregar subindo os soldados o parapeito, estando algumas das carretas estragadas e demorando-se a remessa de tinta do Arsenal para pintá-las às vezes três, quando devem sê-lo de seis em seis meses. Salvaram com tacos e dizendo-se ao comandante, o coronel graduado do Estado-maior de 2ª Classe José Pedro de Alcântara, este respondeu que se carregasse as peças, desse modo os tiros seriam espirros, que lhe repliquem [sic] aos ouvidos."

FORTE DE SÃO PEDRO
(Salvador)

O 'Forte de São Pedro' localiza-se na cidade e município de Salvador, no estado da Bahia, no Brasil.

A primitiva fortificação do local remonta ao entrincheiramento de São Pedro, diante das Portas de São Bento, (Portas de Vila Velha), em local escolhido pelos holandeses, quando da invasão de 1624, para uma fortificação. Tinha a função de defesa do acesso terrestre sudoeste àquela capital, devendo-se o seu nome à Igreja de São Pedro, que se erguia nas suas vizinhanças, e que por esse motivo foi demolida.

As obras de um forte no local foram iniciadas a partir de 1627, no Governo-geral de Diogo Luís de Oliveira, (1626-1635), empregando faxina e terra, quando foi artilhado com trinta e cinco peças de diversos calibres. A partir de 1646, no Governo-geral de António Teles da Silva, (1642-1647), o forte foi reconstruído em alvenaria de pedra e cal, com planta no formato de um polígono quadrangular, com baluartes pentagonais nos vértices em estilo Vauban. Em 1661, diante da ruína da portada de acesso, em madeira, foi ordenada a sua substituição por outra nova, em alvenaria de pedra e cal.

No governo do Vice-rei Dom Pedro António de Noronha Albuquerque e Sousa, (1714-1718), dentro do plano de fortificação de Salvador elaborado pelo Engenheiro francês Brigadeiro Jean Massé em 1714, foram-lhe acrescentadas muralhas, fosso e obras exteriores de defesa. A cisterna, Quartel de Comando e outras obras internas foram reconstruídos a partir de 1717, sendo o forte inaugurado em 1723, no governo do Vice-rei e Capitão General de Mar e Terra do Estado do Brasil, Dom Vasco Fernandes César de Meneses, (1720-1735), conforme inscrição epigráfica, em latim, sobre o portão:
        
"REGIOPTOMOMAXMOIOANNUADAE ERNTATEM / LUSITANINOMINISNATO / VASCUS FRES CAESAR MESES SUPREMUS / REGN SIENTE, ORIENTALIS, ET DEN / BRASILIENSIS PRORER INCERTUM / BELLOAN PACEMAIOR ASIA ANAMERICA / FELLIOR H'ANC ARCEM VICTIRCIANIMO / REDIDI TUALIDISSIMAM / ANNO DOMINI MDCCXXIII" 

Uma nova portada de acesso foi erguida em arco abatido, superposta por uma espécie de tribuna. Dispostos ao redor do terrapleno, ao abrigo das muralhas, encontram-se os edifícios de um pavimento e, no centro, a cisterna. Os vértices dos baluartes apresentam guaritas em forma de torreões encimados por cúpulas. Barreto informa que, à época, estava guarnecido por um Capitão e três soldados artilheiros, sendo a sua artilharia aumentada para quarenta e três peças, cinco de bronze, (duas de calibre 10 libras, duas de 8, e uma de 3), trinta e sete de ferro (dezasseis de calibre 24, quatro de 12, quinze de 8, uma de 6 e uma de 2), e um morteiro de bronze de 1/2. Cooperava com o Forte de São Paulo da Gamboa, com o qual se comunicava por meio de uma cortina. Segundo o delator da Conjuração baiana, (1798-1799), era no Forte de São Pedro que se reuniam os conspiradores, liderados pelos soldados Lucas Dantas do Amorim Torres e Luís Gonzaga das Virgens, e pelos alfaiates João de Deus Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira.

Em 1809 a sua artilharia estava reduzida a treze peças. Acreditamos que o autor tenha se baseado no Parecer sobre a fortificação da Capital, do Brigadeiro José Gonçalves Leão, presidente da Junta encarregada pelo Governador da Bahia, em 1809, de propor as obras necessárias para a defesa da península e do recôncavo.

FORTE DO PARAGUAÇU

O Forte do Paraguaçu localizava-se à margem direita, a cerca de dezasseis quilómetros da foz, do rio Paraguaçu, no estado brasileiro da Bahia.

Um documento datado de 1659 dá conta da existência de três fortes na região o Forte de Santa Cruz do Paraguaçu, o Forte do Paraguaçu, e o Fortim da Forca. No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil, (1630-1654), tinham a função de impedir o acesso de invasores ao sertão do Iguape e seus engenhos de açúcar, e às vilas de Maragojipe e Cachoeira. Encontra-se relacionada por Garrido, que lhe atribuiu planta no formato de um polígono rectangular, com as medidas de vinte e dois metros de frente por quarenta metros de fundo, flanqueando o rio por três lados.

FORTIFICAÇÕES DE PORTO SEGURO

As fortificações de Porto Seguro localizavam-se possivelmente sobre a praia de Curuípe, (do tupi "curuípe", sapo de boca grande), na antiga vila de Santa Cruz, atual Porto Seguro, no litoral do estado da Bahia, no Brasil.

Alguns autores, baseados em Manuel Aires de Casal (Corografia Brasílica, 1817), atribuem a primitiva fortificação do local a Cristóvão Jaques, que, em 1503, teria erguido uma feitoria (Feitoria de Santa Cruz, Reduto de Santa Cruz) nas imediações da baía Cabrália. Essa informação, entretanto, parece estar truncada com a Feitoria de Igaraçu, na costa de Pernambuco:

"Ao tempo de Diogo Leite, [comandante das caravelas Rosa e Princesa, da expedição de Martim Afonso de Sousa, 1530-1532], já existiria uma feitoria portuguesa no rio Igaraçu ou no de Santa Cruz assim baptizado por Dom João III, feitoria que fora fundada por Cristóvão Jaques. A barlavento dessa entrada ficava a ilha de Itamaracá, (...) em latitude média de 7º e 46' 30" ao Sul. Foi esta extensa ilha nomeada Ascensão por Alonso de Santa Cruz ["Islario general de todas las islas del mundo"] e Caboto, e por ilha de Pernambuco, no roteiro desse litoral de 1540 existente no Museu Britânico."

Admite-se, entretanto, que Cristóvão Jaques mandou erguer a Igreja da Misericórdia, em Porto Seguro, em 1526, o que somente se justificaria no contexto da existência de um núcleo de povoamento. A informação mais segura sobre a situação da defesa daquele trecho do litoral, integrante da 'Capitania de Porto Seguro', no início do século XVII, é a de Diogo de Campos Moreno:

"Na povoação de Porto Seguro, fol. ..., no ponto A, onde se mostra a povoação, há duas peças de ferro coado, de catorze quintais cada uma, com todo o serviço, as quais mandou o governador [da repartição do Brasil] Dom Diogo de Menezes [Siqueira (1609-1613)], em lugar de certos falcões de bronze, que sem câmaras nem rabichos andavam lançadas pelo mato; assim mandou as ditas peças para defesa da barra, no lugar onde se desenhou um forte de taipa de pilão, que não chegou a acabar-se, sendo importante para a defesa daqueles moradores contra os índios da terra [os Aimorés] e os corsários do mar. Tem as ditas peças a pólvora e munições necessárias; toda a gente está armada de mosquetes e arcabuzes que se lhe deram no ano de [mil] seiscentos e dez, no qual tempo mandou o dito governador que houvesse naquela povoação uma esquadra de dez soldados de presídio e um cabo pagos da Fazenda de Sua Majestade, para que como gente obrigada acompanhasse o capitão da capitania, assim na guarda da costa como na vigia do pau-brasil daqueles rios; (...) e também para que não acabassem de despovoar os moradores, que cada dia fugiam;"

O historiador Hélio Vianna, crítico dessa edição, entende que as peças de bronze danificadas e abandonadas, deveriam provir da fortificação do primitivo donatário, 'Pero de Campos Tourinho', erguida a partir de 1535. De acordo com Barreto, uma estrutura denominada como Bateria ou 'Fortim da Costa', teve como função a defesa da enseada de Porto Seguro e o seu ancoradouro. Estava guarnecida por um Capitão, e artilhada com cinco peças de ferro de calibre 5 libras.

FORTIM CAMARÃO

O Fortim Camarão localizava-se na altura do Dique, primitivo limite Leste da Cidade Alta em Salvador, no litoral do estado da Bahia, no Brasil.

Esta estrutura encontra-se relacionada por Barretto, que reporta ter sido erguida em época colonial com a finalidade de defesa do braço superior do Dique neerlandês de Salvador. Não foram localizadas informações adicionais sobre esta estrutura: periodização, planta, efectivo ou armamento.

FORTIM DA FORCA

Um documento datado de 1659 dá conta da existência de três fortes na região, o mais importante dos quais o Forte Real de Paraguaçu. Embora não haja consenso entre os estudiosos acerca da data de início da construção desse forte, no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil, (1630-1654), ele cruzava fogos, na margem oposta do rio, com este Fortim da Forca, com a função de impedir o acesso de invasores ao sertão do Iguape e seus engenhos de açúcar, e às Vilas (hoje cidades) de Maragojipe e Cachoeira. Este fortim encontra-se relacionado por Barretto, como tendo sido erguido por forças portuguesas à época da invasão neerlandesa de Salvador (1624-1625). Constituía-se num simples entrincheiramento de campanha, defendido por um parapeito de terra apiloada, artilhado com sete peças. O mesmo autor, a propósito do Forte do Paraguaçu, que também denomina como Forte do Alemão, esclarece que se constituía em uma bateria rectangular em alvenaria de tijolos, guarnecida por dois soldados e artilhada com sete peças (duas de calibre 8 libras, três de 6 e duas de 4). O sítio do Alemão, entretanto, localizava-se na margem oposta ao Fortim do Paraguaçu, conforme registrado na viagem do Imperador Dom Pedro II em 1859, em seu diário: "04 de Novembro - (...) 2 e 40' - Na margem esquerda [do rio Paraguaçu] vê-se a antiga bica d'água, onde os navios da Bahia vinham fazer aguada. Na margem direita um pouco adiante estão sobre uma ponta de terra as ruínas do fortim chamado de Paraguaçu. 2 3/4 - Na margem esquerda o sítio do Alemão (...)"

FORTIM DE PINAÚNAS

O Fortim de Pinaúnas localizava-se em Salvador, no litoral do atual estado da Bahia, no Brasil.

Esta estrutura encontra-se relacionada por Barretto, que a localiza próximo ao 'Fortim de São Fernando', cruzando fogos com o 'Forte de Santo António da Barra'. Desaparecida à época (1958), não foram localizadas maiores informações sobre a sua planta, efectivo ou armamento.

FORTIM DE SÃO FERNANDO

O 'Fortim de São Fernando' localizava-se em posição dominante na encosta do morro de Santo António, próximo à Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Salvador, no litoral do estado brasileiro da Bahia.

Foi erguido a partir de 1797 em faxina e terra, com planta no formato de um polígono rectangular, tendo sido artilhado com onze peças de calibres 12 libras e 8. Cruzava fogos com o 'Forte de São Diogo' e com o 'Forte de Santa Maria'. 

FORTIM DE SÃO FILIPE

O 'Fortim de São Filipe' localizava-se em posição dominante na ponta de Monte Serrat, então limite norte da cidade de Salvador, atual praia de Boa Viagem, no litoral do estado brasileiro da Bahia.

A sua origem remonta a 1586, durante o governo-geral de Manuel Teles Barreto, (1583-1587), quando foi erguida uma torre cercada de muralhas franqueadas por baluartes circulares, sob a invocação de São Filipe, (Forte de São Filipe). Este forte, em conjunto com o Forte da Barra, (Forte de Santo António do Norte) e o Forte de Além do Carmo (Forte de Santo António do Sul), compunham o sistema de defesa de Salvador na primeira metade do século XVI. Reconstruído em alvenaria de pedra e cal no governo-geral de Dom Francisco de Sousa (1591-1602), com traça atribuída ao arquitecto militar florentino Baccio da Filicaia, o seu terrapleno dominava o porto de Salvador, com os seus fogos cobrindo o lado do mar e o lado de terra. Um manuscrito depositado no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, anónimo e sem data, mas do início do século XVII, possivelmente anterior a 1608, no capítulo dedicado à capitania da Bahia de Todos os Santos, sobre a cidade da Bahia (sic) informa a respeito deste forte:

" (...) contudo se fizeram nesta baía alguns fortes e plataformas com sua artilharia, que se defende uma ocasião, a saber: tem o forte de S. Felipe que tem seu capitão com ordenado de 80 mil réis e dez soldados a saber - 4 mosqueteiros, que vencem por mês a 2 mil e 800 réis e seis arcabuzeiros que vencem por mês 2.400 réis; um cabo que administra estes soldados e tem por mês, 3$200 [réis]; um Condestável tem por mês 3$200 réis e há neste forte duas meias esperas, um meio canhão e dois sacres."

Durante as Invasões holandesas do Brasil ofereceu resistência aos invasores, sendo protagonista de acirrados, combates: em 1624-1625 como teatro da emboscada contra o governador militar de Salvador, Johan van Dorth, que aí pereceu em 17 de Julho de 1624; em abril-maio de 1638, tendo sido por esse ponto da periferia que as forças neerlandesas do conde Maurício de Nassau, (1604-1679), desembarcaram no assalto a Salvador. Barlèu descrevendo esse assalto, relata: " (...) e depois [de ter recebido a rendição do forte de Santo Alberto], por intermédio do tenente-coronel Brand, recebeu outro forte - o de São Filipe - situado na costa, com pequena guarnição, o qual capitulara, posto que se defendesse com cinco bocas-de-fogo. "Encontra-se figurado por João Teixeira Albernaz, o velho, ("Planta da Restituição da Bahia", 1631; e "Bahia de Todos os Santos", 1631. Mapoteca do Itamarati, Rio de Janeiro). Em detalhe no segundo mapa, observamos a sua planta em formato de um polígono hexagonal irregular, com baluartes circulares nos vértices. O acesso era feito por uma rampa, que dava acesso às dependências de serviço, no terrapleno, e encontrava-se artilhado com cinco peças. Ainda no século XVII aí esteve degredado, entre 1655 e 1658, o escritor português Dom Francisco Manuel de Melo, autor da "Carta de Guia de Casados". A estrutura foi reformada por iniciativa do governador-geral João Rodrigues de Vasconcelos e Sousa (1649-1654), vindo a ser sucedido, por volta de 1702, pelo Forte de Nossa Senhora de Monte Serrat. Barretto computa uma segunda estrutura sob a invocação de São Filipe, também conhecido como 'Fortim de Itapagipe ou Fortim da Praia Grande', erguida próximo à 'Ribeira de Itapagipe', distante cerca de três quilómetros do 'Forte de Nossa Senhora de Monte Serrat', e que estava artilhado com quinze peças de diferentes calibres.

FORTIM DE SÃO TIAGO E SÃO FILIPE

O Fortim de São Tiago e São Filipe localizava-se na rua da Praia, na Cidade Baixa em Salvador, no litoral do estado da Bahia, no Brasil.

Esta estrutura encontra-se relacionada por Barretto como um simples baluarte sob a invocação de São Fernando, guarnecido por um Capitão e três soldados, e artilhado com peças de ferro (cinco de calibre 24 libras e duas de 8).

PORTAS DE SÃO BENTO

As 'Portas de São Bento' estavam localizadas a SSO nas muralhas da Cidade Alta de Salvador, altura da atual Praça Castro Alves, no litoral do estado brasileiro da Bahia.


Trata-se de uma das portas de acesso à primeira capital do Estado do Brasil, também referida como Trincheiras de São Bento. Citadas por Souza, integravam a linha de fortificações erguidas na segunda metade do século XVI, para defesa da cidadela de Salvador. Desmoronaram em 1732, durante o governo do Vice-rei e Capitão General de Mar-e-Terra do Estado do Brasil, Dom Vasco Fernandes César de Meneses, (1720-1735). Garrido denomina-as como Redutos de São Bento. Barretto denomina-as como Castelo das Portas de São Bento. Inicialmente em faxina e terra, essa defesa complementar foi reconstruída em alvenaria à época do Governo Geral de Diogo Lourenço da Veiga, (1578-1581). Constituía-se como um hornaveque composto por dois meio-baluartes, compreendendo dependências para o Corpo da Guarda, terrapleno, muralhas e fosso. Estava guarnecido (acredita-se que em meados do século XVIII) por um Tenente, dois Sargentos, 20 soldados e um Tambor, e artilhado por nove peças de bronze, (uma de calibre 20 libras, duas de 16, quatro de 12 e duas de 10). O mesmo autor atribui a demolição da estrutura ao governo do Vice-rei Dom Fernando José de Portugal e Castro, (1801-1806). No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil, (1630-1654), a partir de 1627, na iminência da ofensiva de Abril-Maio de 1638 do Conde Maurício de Nassau (1604-1679), diante delas e para complemento da sua defesa, foram erguidos os entrincheiramentos ou trincheiras de 'São Pedro', embrião do 'Forte de São Pedro'.

REDUTO DE ÁGUA DE MENÍNOS

O Reduto de Água de Meninos localizava-se na praia entre a Cidade Baixa e a ponta de Itapagipe, protegendo o ancoradouro e a aguada das embarcações em Água de Meninos, em Salvador, no litoral do estado da Bahia, no Brasil.

Esta estrutura encontra-se citada por Souza, que considera tratar-se de um reduto vizinho ao Forte de Santo Alberto, erguido no início do século XVII, conquistado, à época da segunda das Invasões holandesas do Brasil em Abril-Maio de 1638 pelas tropas neerlandesas do Conde Maurício de Nassau, (1604-1679), e arrasado em seguida. Entretanto, de acordo com Barléu, que narrou a ofensiva, as três estruturas ocupadas pelas tropas de Nassau na ocasião, foram o 'Forte de Santo Alberto', o 'Fortim de São Filipe', e o 'Forte de São Bartolomeu da Passagem', nessa ordem. Pela iconografia de João Teixeira Albernaz, o velho, (Planta da Restituição da Bahia, 1631. Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro), a 'Água dos Meninos' encontra-se defendida pelo 'Forte de Santiago'. Em outra iconografia do mesmo autor (Bahia de Todos os Santos, 1631. Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro), é mostrada em detalhe a planta deste 'Forte de Santiago', em formato circular, com dois baluartes também circulares defendendo o acesso pelo lado de terra, sem estar artilhado. Encontra-se representado numa iconografia de Carlos Julião, sob o nome de 'Forte de S. Tiago', ilustrada com os desenhos de trajes típicos femininos. Esses fatos fazem acreditar tratar-se do 'Fortim de São Tiago' e 'São Filipe' citado por Barreto. Este, entretanto, descreve o 'Fortim de São Tiago e São Felipe' como constando de um simples baluarte sob a invocação de São Fernando, guarnecido (possivelmente em meados do século XVIII) por um Capitão e três soldados, e artilhado com peças de ferro, (cinco de calibre 24 libras e duas de 8).

REDUTO DO RIO VERMELHO

Constituía-se em um fortim de faxina e terra "boa e forte alvenaria", com planta no formato de um polígono irregular, mandado erguer em 1711, no Governo-geral de Dom Lourenço de Almada, (1710-1711), sobre os vestígios de um antigo entrincheiramento, para protecção daquele ancoradouro (Arraial do rio Vermelho). Trabalharam nestas obras do Forte do Rio Vermelho, a partir de 1712, tropas das Companhias do Regimento de Auxiliares da Casa da Torre de Garcia d'Avila. Dom João V (1705-1750), pela Carta-Régia de 14 de Setembro de 1722 (1712?) mandou levantar o reduto e trincheira do rio Vermelho, para defender aquela parte da costa do mar.

Uma Portaria da época refere-se a "Redutos":

"Porquanto convém conservar os redutos, e trincheiras do rio Vermelho na forma em que estão (...).".

Abandonado e em ruínas (1759), foi reconstruído em alvenaria de pedra e cal sob a invocação de São Gonçalo, a partir de 1798, (ver Forte de São Gonçalo do rio Vermelho).