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sexta-feira, abril 25, 2014

Fortes e Fortalezas de Costa - Atlântico - Brasil XVI


FORTES E FORTALEZAS DE COSTA NO BRASIL - ESPIRITO SANTO




FORTALEZA DA ILHA DO BOI

A Fortaleza da Ilha do Boi localizar-se-ia na antiga ilha do Boi, na baía de Vitória, litoral do atual estado brasileiro do Espírito Santo



Esta estrutura defensiva foi projectada para defesa da barra exterior da vila de Vitória. Uma planta da ilha do Boi, colorida, no Arquivo Militar no Rio de Janeiro, especificava:

"Planta topográfica da ilha do Boi, mostrando em ponto maior a ilha do Boi, que forma a barra principal do rio do Espírito Santo, que vai ter à vila do mesmo nome e também a vila da Vitória, capital da Capitania do Espírito Santo: está em altura de 29 graus e 15 minutos de latitude ao sul: esta ilha está lançada da parte do norte da dita barra que forma da outra parte do sul o monte Moreno e morro de Santa Luzia na terra firme. Esta sobredita ilha é montuosa e se eleva toda sobre a marinha, cercando-a quase uma rocha viva, e só dá lugar para se desembarcar nos pequenos pontos notados com as letras A. B. C. D. E. porque nesse lugar está sempre o mar em flor, e as embarcações que vêm demandar a barra se afastam com muito cuidado dela por causa da correnteza das águas, que puxam aí para a ilha, e para o pequeno canal N que fica entre ela e a pequena ilhota chamada Calheta onde tem sucedido muitos naufrágios e perda de embarcações. Toda a ilha não tem terreno mais próprio para se fortificar que a cabeça Q. onde senta a iconográfica F. G. H. I. L. M. porque toda a embarcação que vier demandar a barra há-de passar por baixo da artilharia da dita fortaleza desenhada. O terreno em que se assenta a dita iconográfica projectada não supre melhor nem mais regular fortificação, porque o lado F. G. defende o canal que formam as pontas O. P. da ilha do Boi e Calheta com a Ilha dos Frades que lhe fica fronteira e melhor se percebe da topografia nº 1 que mostra a barra e rio. O lado Q. H. vareja as Calhetas por cima: o lado M. I. defende o canal do sul que se procura para montar a barra: I. L. defende o canal de oeste já dentro da barra entre a ilha e o Monte Moreno: o lado L. M. vem a cruzar obliquamente a dita barra com o forte de S. Francisco Xavier, que fica da outra parte: o lado F. M. da entrada fica coberto, e não pode ser atacado, por isso serve para a comunicação da dita fortaleza. O fundo que tem esta ilha ao redor se vê pelos números de conta, que o seu valor são palmos da craveira ordinária. A restinga R. fica seca ao pé da ilha, porém no meio tem 5 palmos de altura, e se passa a vau para a praia de Suá. O prospecto que se vê no alto da planta mostra a elevação desta ilha tirada com a cratícula do forte de S. Francisco Xavier: ela não tem género algum de cultura, é cheia de bosques e algum pequeno pasto: S. é a fonte que dá todo o ano água para o uso de quem mora na ilha, que é um só morador, que habita no lugar: T. V. é a fonte das Bonecas, que quando há seca grande, dizem, que seca toda. O mais se conhece pelo de senho. Levantada pelo capitão engenheiro José António Caldas, em 10 de Outubro de 1767.".

Esta estrutura está mencionada em Ofício de 28 de Abril de 1768 do governador e capitão-general da Capitania da Bahia, (a quem a Capitania do Espírito Santo se subordinava), Marquês do Lavradio (1767-1769), para Francisco Xavier de Mendonça Furtado no reino, onde o primeiro promete empregar todos os seus esforços para a rápida construção da nova Fortaleza na ilha do Boi, da Capitania do Espírito Santo. Embora o mesmo autor afirme que sua execução foi confiada ao engenheiro José Antônio Caldas, que não fez a obra a contento, a informação é discutível, uma vez que não foram localizadas informações posteriores a seu respeito. Isso leva a crer que, na realidade, a estrutura tenha ficado apenas no projecto.

FORTE DE NOSSA SENHORA DO MONTE DO CARMO
(Espírito Santo)

O Forte de Nossa Senhora do Monte do Carmo localizava-se na ilha de Santo Antônio (hoje ilha de Vitória), entre o cais grande e a praia do Peixe, na marinha da vila de Nossa Senhora da Vitória (hoje cidade da Vitória), no litoral do atual estado brasileiro do Espírito Santo.

Entre 1674 e 1675, o baiano Francisco Gil de Araújo adquiriu a Capitania do Espírito Santo a seu capitão donatário Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho, por 40 mil cruzados. Durante a sua administração (1678 a 1682), entre as melhorias que promoveu no tocante à defesa, fez terminar as obras desta fortificação. O vice-rei e capitão-general de mar-e-terra do Estado do Brasil, Dom Vasco Fernandes César de Meneses, (1720-1735), comissionou o engenheiro Nicolau de Abreu Carvalho para proceder aos reparos necessários às fortificações da baía do Espírito Santo, entre as quais esta. Souza, embora tendo considerado 1730 como o ano da sua construção, deu-o artilhado com dez peças. A informação correta consta no título de uma planta colorida, no Arquivo Militar do Rio de Janeiro:

"Planta e prospecto do Forte de Nossa Senhora do Monte do Carmo, um dos que defendem a marinha e vila da Vitória. Nele se acham montadas sete peças de ferro e três pedreiros de bronze; sobre o portão está escrito: - Este forte mandou aperfeiçoar o Exmo. Sr. Conde Vice-Rei, ano de 1730. Levantada por José António Caldas em 1766." 

Barretto, complementa que este forte apresentava planta no formato de um polígono estrelado, tendo estado artilhado com quatro peças ante carga de alma lisa, e quatro morteiros, (ou trabucos), sem precisar a época. Souza cita uma informação do general Antônio Elzeário (tenente-general graduado Antônio Elzeário de Miranda e Brito) que, em 1841, dava-o, como completamente arruinado. Também foi conhecido como Forte da Vila.

FORTE DE SÃO DIOGO
(Espírito Santo)

O Forte de São Diogo localizava-se na ilha de Santo Antônio (hoje ilha de Vitória), na vila de Nossa Senhora da Vitória (hoje cidade da Vitória), no litoral do atual estado brasileiro do Espírito Santo.


Souza, cita uma referência do Governador da Capitania do Espírito Santo, Francisco Alberto Rubim, (1812-1819) (Memória Estatística), a um Forte de São Diogo. Outras fontes citam que a partir de 1820 foi instalada no Fortim do Carmo, ou Fortim de São Diogo, a Alfândega da cidade da Vitória.

FORTE DE SÃO FRANCISCO XAVIER DE PIRATINICA

O Forte de São Francisco Xavier de Piratininga, também conhecido como Forte de São Francisco Xavier da Barra ou simplesmente como Forte de Piratininga, localiza-se na enseada de Inhão, na cidade de Vila Velha, próximo a Vitória, no estado brasileiro do Espírito Santo. Estrategicamente erguido na base do morro da Penha, tinha a missão de defesa da barra sul da baía de Vitória, no litoral da antiga Capitania do Espírito Santo.

Acredita-se que foi junto ao morro da Penha que o donatário da Capitania do Espírito Santo, Vasco Fernandes Coutinho, teria construído uma pequena fortificação para a defesa de suas gentes, desde 1535.


Por volta de 1674 ou 1675, o baiano Francisco Gil de Araújo adquiriu a Capitania do Espírito Santo a Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho, por 40 mil cruzados. Durante a sua administração (1678-1682), entre as melhorias que promoveu no tocante à defesa, fez iniciar as obras desta fortificação, cujas obras prosseguiam em 1702 e ainda se encontravam inacabadas em 1705. Estava artilhado com dez peças de diversos calibres. A direcção das obras ficou a cargo do Capitão-mor Francisco Ribeiro que, em 1703, deixou o Forte adiantado. Em 1705, entretanto, ainda em obras, teria sofrido investidas de corsários ingleses e holandeses. Souza nomeia esta estrutura como Fortaleza de São Francisco Xavier de Piratininga, também conhecida como Fortaleza da Barra, dando-a como construída em 1702, por determinação do governador-geral D. Rodrigo da Costa, (1702-1705). O Vice-rei e Capitão General de Mar e Terra do Estado do Brasil, Dom Vasco Fernandes César de Meneses, (1720-1735), comissionou o Engenheiro Nicolau de Abreu Carvalho para proceder aos reparos necessários às fortificações da baía do Espírito Santo, entre as quais esta. As obras teriam tido lugar a partir de 1726, quando teria recebido planta no formato circular, artilhada com quinze peças. Em 1767 passou por novas reformas.

FORTE DE SÃO JOÃO
(Espírito Santo)


O Forte de São João localizava-se na ilha de Santo Antônio (hoje ilha de Vitória), na garganta que faz a baía da Vila Velha, fronteira ao morro do Pão de Açúcar, no litoral do atual estado brasileiro do Espírito Santo.

Entre 1674 e 1675, o baiano Francisco Gil de Araújo adquiriu a Capitania do Espírito Santo ao seu capitão donatário, Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho, por 40 mil cruzados. Durante a sua administração (1678 a 1682), entre as melhorias que promoveu no tocante à defesa, fez reedificar esta fortificação em ruínas, cruzando fogos com o Forte de São Francisco Xavier de Piratininga. O vice-rei e capitão-general de mar-e-terra do Estado do Brasil, D. Vasco Fernandes César de Meneses, (1720-1735), comissionou o engenheiro Nicolau de Abreu Carvalho para proceder aos reparos necessários às fortificações da baía do Espírito Santo, entre as quais esta atribui a este governante, em 1726, a construção da estrutura, que classifica como fortaleza, com planta no formato de um polígono heptagonal atribui-lhe planta no formato de um meio hexágono irregular, artilhado com onze peças, sem especificar a data. O título de uma planta, no Arquivo Militar, no Rio de Janeiro, aponta-lhe reparos e artilharia em 1765:

"Planta e prospecto da fortaleza de São João, uma das principais que defende o rio da Capitania do Espírito Santo. Reparada de novo pelo [capitão] engenheiro José António Caldas por ordem dos governadores interinos da Capitania da Bahia em 1765, montando dez peças, e tirada a planta em 1767 por ordem do seu capitão-general Conde de Azambuja." 

Souza cita uma informação do general Antônio Elisiário (tenente-general graduado Antônio Elzeário de Miranda e Brito) que, em 1841, lhe atribuiu dez peças. Complementa que o Mapa de Fortificações do Império de 1847, apresenta-o como em mau estado, artilhado com vinte e cinco peças. Souza reporta-se ao desembargador Luiz Thomaz de Navarro (Memórias), que afirma que, em 1808, se construiu uma grande bateria sobre o morro junto à Fortaleza de São João, no cume do qual havia antigamente um Reduto. Essa defesa complementar seria a Bateria Elevada, também denominada como Reduto de Nossa Senhora da Vitória. Sobre os vestígios deste forte, foi erguida a sede social do Club de Regatas Saldanha da Gama.

FORTIFICAÇÕES NA ILHA DA TRINDADE


As fortificações na Ilha da Trindade localizavam-se na ilha vulcânica de mesmo nome, a 1.113 quilómetros da costa brasileira, no mesmo paralelo da cidade da Vitória, no estado brasileiro do Espírito Santo.

A determinação da Coroa Portuguesa para a ocupação e fortificação da ilha remonta a duas Cartas Régias, datadas de 22 de Fevereiro de 1724. A ilha foi ocupada por forças britânicas em 1782, que nela ergueram dois fortes: um com mais de doze peças de artilharia e outro, menor, com três peças. A investigação portuguesa à época reporta dois fortes: um com mais de 12 peças e outro com três peças, montadas em carretas, sem plataformas, canhoneiras ou muralhas, e estima o número de 150 habitantes distribuídos em 19 alojamentos. O mapa então produzido, actualmente na mapoteca do Itamaraty no Rio de Janeiro, registra essas duas fortificações denominadas como Fortaleza do Alto e Fortaleza da Praia, localizadas em extremidades opostas da ilha. A partir de 1783, uma expedição portuguesa comandada por Mello Breyner, ocupou a ilha e reafirmou a sua posse como pertencente à Coroa portuguesa. Data desta época um Mapa Corográfico da Ilha da Trindade, datado de 1783, no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, onde figura o Forte da Rainha, em posição dominante sobre o Porto do Príncipe. Sua legenda esclarece que:

"O Forte da Rainha, hé hum reduto que tem 8 braças de comprido na sua face para a parte do mar, e hé averto para a p.te da montanha, nelle deixarão os Ingleses 9 peças de Ferro de calibre 4 encravadas, e montadas, em reparos do mar." 

Garrido registra o que denomina como Forte da Rainha, atribuindo-o a tropas inglesas no fim do século XVIII, computando-lhe vinte peças de artilharia. Na época, as lavouras de colonos açorianos foram mal recebidas pelo solo da ilha, agravando o sério problema de erosão com as chuvas, abundantes de Abril a Setembro. Com a retirada dos seus ocupantes rumo à Capitania de Santa Catarina (1797), a ilha voltou a ficar abandonada, tendo perdido cerca de 85% da sua cobertura vegetal original.


FORTIM DE SANTO INÁCIO

O Fortim de Santo Inácio localizava-se na ilha de Santo Antônio (hoje ilha de Vitória), na extremidade sul da vila de Nossa Senhora da Vitória (hoje cidade da Vitória), no litoral do atual estado brasileiro do Espírito Santo.

O vice-rei e capitão-general de mar-e-terra do Estado do Brasil, Dom Vasco Fernandes César de Meneses, (1720-1735), comissionou o engenheiro Nicolau de Abreu Carvalho para proceder aos reparos necessários às fortificações da baía do Espírito Santo, entre as quais considera 1726, como ano da construção da estrutura, que classifica como Fortim. Erguido para defesa da marinha da vila, também foi conhecido como Forte de São Maurício. Por se situar em terreno que havia pertencido aos regulares da Companhia de Jesus, foi também conhecido como Reduto dos Padres. Souza considerou o Fortim de Santo Inácio e o Fortim de São Maurício como estruturas distintas, o primeiro dentro da povoação e o segundo sobre a praia, ambos tendo sido reparados em 1764. Barretto segue mesmo entendimento, computando a artilharia do primeiro em duas peças, e classificando o segundo como uma Bateria. A informação correta consta no título de uma planta colorida, no Arquivo Histórico Militar (Rio de Janeiro): "Planta e prospecto do Fortinho de Santo Ignacio ou S. Maurício na vila da Vitória, levantada por José António Caldas de ordem do Conde de Azambuja em 1767: está dentro da cerca que foi dos Regulares Jesuítas e reparada de novo em 1764 pelo seu capitão."

FORTIM DO ESPIRITO SANTO

O Fortim do Espírito Santo localizava-se na Vila Velha, (hoje cidade), no litoral do atual estado brasileiro do Espírito Santo. À semelhança das demais vilas fundadas nos primeiros anos da colonização pelos capitães donatários (São Vicente, na Capitania de São Vicente; Vila Velha (ou do Pereira), na Capitania da Bahia; Olinda, na Capitania de Pernambuco; Nazaré, na Capitania do Maranhão), a Vila Velha da Capitania do Espírito Santo também foi fortificada:

"Espírito Santo - vulgarmente Vila Velha. Os selvagens chamavam este estabelecimento de Mboab, que significava aldeia de gente calçada, ou simplesmente calçados. Fundada em 1535 por Vasco Fernandes Coutinho em sítio raso, junto ao monte de Nossa Senhora, foi a antiga capital da Província: teve uma fortaleza edificada pelo mesmo Coutinho, para se defender dos aymorés, que continuaram a atacar aquela povoação até 1558, em que foram derrotados por Fernando de Sá." 

Esta estrutura encontra-se referida por Jean de Léry, ("Histoire d'un voyage en terre de Brésil", 1578), em início de 1557, a caminho da França Antártica: "Costeando a terra na direcção que tínhamos em mira [Sul], ao fim de nove ou dez léguas apenas deparamos com um fortim português denominado Espírito Santo (para os selvagens Moab). O forte, reconhecendo-nos, bem como à caravela aprisionada que trazíamos mandou-nos três tiros de canhão aos quais respondemos com juros. Como porém estávamos uns e outros fora do alcance da artilharia não houve danos de parte a parte." Existem referências posteriores a uma Fortaleza do Espírito Santo, atribuída à traça do Engenheiro-mor e dirigente das obras de fortificação do Brasil, Francisco de Frias da Mesquita, (1603-1634), a partir de 1614.

REDUTO DE NOSSA SENHORA DA VITÓRIA

O Reduto de Nossa Senhora da Vitória localizava-se na vila da Vitória, (hoje cidade), no litoral do atual estado brasileiro do Espírito Santo.

A "Informação que Francisco Manoel da Cunha deu sobre a Província, então Capitania, do Espírito Santo, ao Ministro de Estado Antônio de Araújo e Azevedo" no Rio de Janeiro, em 23 de Junho de 1811, refere:

"A barra desta vila [da Vitória] está na distância de pouco mais de légua, e nesta extensão apenas aparecem dois pequenos fortes; o de S. Francisco Xavier ou Piratininga na dita barra, e o de S. João Dongado pelo rio acima mais de três quartos de légua: sobre o cimo do monte, em cuja fralda está este forte, ainda hoje existe uma pequena muralha, que antigamente serviu de defesa aos holandeses."

Souza, faz duas referências a esta estrutura: uma de Francisco Alberto Rubim (Memória Estatística), a um Forte de Nossa Senhora da Vitória; e outra do Desembargador Luiz Thomaz de Navarro (Memórias), que afirma que, em 1808, se construiu uma grande bateria sobre o morro junto à Fortaleza de São João, no cume do qual havia antigamente um Reduto. Barretto compreende que essa defesa complementar seria a Bateria Elevada, também denominada como Reduto de Nossa Senhora da Vitória. Apresentava planta no formato circular, artilhado com duas peças.

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