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segunda-feira, abril 28, 2014

Fortes e Foartalezas de Costa - Atlatico - Brasil XIII


FORTES E FORTALEZAS DE COSTA NO BRASIL - ALAGOAS



FORTE DE SÃO JOÃO DE MACEIÓ


Primeira fortificação a ser erguida na Província após a segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), teve a sua pedra fundamental lançada a ‘13 de maio de 1819’, pelo Governador Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, sendo o seu nome uma homenagem ao Rei Dom João VI (1816-1826). O seu primeiro comandante foi o 1º Tenente de Artilharia João da Silva Pinheiro. Embora jamais tenha chegado a ser concluído, foi artilhado inicialmente com quatro peças de ferro de calibre 24, necessitando de mais dez peças de bronze de calibre 36, num total de catorze peças. Provavelmente em faxina e terra, como o vizinho ‘Forte de São Pedro de Jaraguá’, o Comandante das Armas da Província de Alagoas, Coronel Joaquim Mariano de Oliveira Belo, em participação ao vice-Presidente em exercício da Província, Nóbrega de Vasconcelos, comunicou a ruína desta estrutura defensiva, pleiteando os recursos para o seu reparo, orçados em 6:340$920 réis (1828). No ano seguinte, foi-lhe erguido em anexo um Trem, com pedra desembarcada do Brigue Providência. Em 1830, quando da inspecção das fortificações daquela Província, efectuada pelo Tenente-Coronel de Artilharia Francisco Samuel da Paz Furtado de Mendonça, este oficial observou que seriam necessários recursos da ordem de 15.110$020 réis para o remonte deste forte. Presumivelmente sem que os recursos necessários tenham sido disponibilizados, uma ordem do Comandante das Armas interino da Província, Major Manoel Mendes da Fonseca, fez recolher ao Trem as peças e demais petrechos do forte," em vista de sua completa ruína".


FORTE DE SÃO PEDRO DE JARAGUÁ


O Forte de São Pedro de Jaraguá localizava-se na enseada onde hoje se inicia o cais do porto de Jaraguá, no centro histórico de Maceió, litoral do actual estado brasileiro de Alagoas.


Segundo forte a ser erguido na província após as Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), pelo governador Sebastião Francisco de Melo e Póvoas (1819-1822), o seu nome foi uma homenagem ao Príncipe Regente, posteriormente Imperador Dom Pedro I (1822-1831). Embora informe que se destinava à defesa do caminho de Maceió, destinava-se a cruzar fogos com o Forte de São João de Maceió, iniciado em 1819, na defesa do porto da cidade. Em faxina e terra, estava artilhado com 21 peças. O Comandante das Armas da Província de Alagoas, Coronel Joaquim Mariano de Oliveira Belo, em participação ao vice-Presidente em exercício da Província, Nóbrega de Vasconcelos, em 1828, comunicou a ruína desta estrutura defensiva.


FORTE DO ESPIRITO SANTO DO PORTO FRANCÊS


O Forte do Espírito Santo do Porto do Francês localizava-se no morro fronteiro à barra do porto do Francês, hoje praia do Francês, na cidade de Alagoas, actual Marechal Deodoro, no litoral do estado brasileiro de Alagoas.


Esta estrutura foi identificada como Forte do Francês, e referida como 'Forte do Espírito Santo'. Trata-se de fortificação contemporânea das demais da recém-criada Província de Alagoas, na segunda década do século XIX, e visava defender a barra e o porto do Francês, acesso à antiga 'Capital da Província'. Estava guarnecida por um Cabo e três Soldados, sob o comando da 2ª Tenente de Artilharia Francisco José do Rego Lima Barroso, e artilhada com quatro peças, três de calibre 9 e uma de calibre 6. Provavelmente de faxina e terra, encontrava-se arruinada já em 1830, quando da inspecção das fortificações daquela Província, efeituada pelo tenente-coronel de Artilharia Francisco Samuel da Paz Furtado de Mendonça. Na época, o Comandante das Armas da Província declarou inútil qualquer acção de reparo.


FORTE MAURICIO DO PENEDO


O Forte Maurício do Penedo localizava-se na altura da vila do Penedo do rio de São Francisco (hoje Penedo), no actual estado brasileiro de Alagoas.



Em posição dominante sobre uma elevação na margem esquerda do rio São Francisco, a cerca de trinta quilómetros acima da sua foz, foi erguido no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654) por determinação de Maurício de Nassau (1604-1679), quando as suas tropas batiam as do conde de Bagnoli em retirada para a capitania da Bahia, após a queda da vila do Porto Calvo, em Março de 1637, ocasião em que se apoderou da vila do Penedo. O forte destinava-se a interromper as comunicações e suprimentos de gado inimigos, por terra, para a Bahia. Figura nas ilustrações de Frans Post (1612-1680) como "Castrum Maurity ad ripam Fluminis S. Francisci" (1637). O próprio Nassau descreve-o:

     

"Tem cinco pontas, e está assentado sobre uma rocha escarpada que se eleva a 80 pés de altura sobre o rio. De um lado é tão escarpado que se faz inacessível, e do outro lado, onde de algum modo o inimigo poderia chegar, é defendido por três baluartes. Na sua vizinhança a terra é baixa, exceptuando um monte, a qual durante todo o verão se cobre de água, que se eleva à altura de um homem. O forte tem altas muralhas e fossos fundos, mas secos (...)."Complementavam a sua defesa, um fortim que lhe era fronteiro, do outro lado do rio, "(...) onde se fez uma bateria sobre uma árvore com três peças de calibre seis. (...)", e no mesmo lado do rio, em um pântano junto à foz, mais "um reduto denominado 'Keert de Koe', que serve para dominar aí o rio, conservar o rio, proteger os nossos navios e termos um pé em terra nesse lugar."

      

Nassau dá essas fortificações como sofrivelmente providas de artilharia, munição e víveres, guarnecidas por um efectivo de cerca de 300 homens. Apenas refere o Forte Maurício e "outro junto à barra do rio [São Francisco].", Transcrevendo relatório do próprio Nassau aos Estados Gerais e à direcção da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais citando ter erguido "um forte bastante sólido (...) resolvendo colocar outro menor na própria foz.". Sob o comando do neerlandês Henderson foi ampliado e melhorado. Adriaen van der Dussen complementa, atribuindo-lhe um efectivo de seis companhias com 541 homens: "(...) o forte Maurício, à margem do rio São Francisco, no morro chamado Penedo, situado 5 ou 6 milhas da foz, rio acima; o morro é alto e íngreme e só há um ponto de aproximação pelo qual se pode chegar ao forte. (...) Está situado na margem Norte do rio e tem cinco baluartes, dos quais três estão voltados para o lado pelo qual é possível atingir o forte, que domina o rio e a planície em torno, que no verão o rio cobre. No forte estão 7 peças de bronze, 2 de 12 lb, 3 de 6 lb e 2 de 3 lb." (Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil, 4 de Abril de 1640) transcreve o Relatório de Dussen:


" (...) O forte Maurício preside a passagem do rio de São Francisco, e está construído num morro alto e inclinado, a 5 ou 6 léguas do Oceano, na margem do norte. Dá acesso apenas de um lado. Poderoso pelos seus cinco bastiões e sete peças de metal, domina a planície circunjacente, submersa, durante os meses estivos, nas águas estagnantes."


Atribui-lhe, entretanto, guarnição de 540 homens. Sitiado por forças portuguesas sob o comando do Capitão Valentim da Rocha Pita e do Capitão Nicolau Aranha, capitula em 19 de Setembro de 1645, sendo sua artilharia remetida para o Arraial Novo do Bom Jesus. Foi reocupado por tropas neerlandesas entre Novembro de 1646 e Abril de 1647, quando da tentativa malsucedida de reconquista da Bahia naquele ano. O forte não sobreviveu à campanha: o pedido dos moradores foi arrasado até aos alicerces refere que tanto em 1916, quanto em 1924, ocasiões em que visitou a cidade, o local em que existiu o forte, próximo ao Convento de São Francisco, ainda era conhecido como largo do Forte, informação repetida.


FORTIFICAÇÕES DO BOM SUCESSO DO PORTO CALVO


As Fortificações do Bom Sucesso do Porto Calvo localizavam-se junto à foz do rio Manguaba, defendendo a vila do Bom Sucesso do Porto Calvo (hoje Porto Calvo), no litoral norte do actual estado brasileiro de Alagoas.


O Forte de Bom Sucesso do Porto Calvo remonta a uma fortificação de campanha erguida no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654) pelo conde de Bagnoli em 1634, por determinação do Superintendente da Guerra da Capitania de Pernambuco, Matias de Albuquerque (c. (1590-1647). Em faxina e terra, foi conquistado por forças neerlandesas da frota do Almirante Joan Cornellizon Lichthart, em Março de 1635, que o fez reforçar e ampliar. Guarnecido por 420 homens sob o comando do Sargento-mor Alexandre Picard, foi cercado a 12 de Julho e reconquistado a 19 de Julho de 1635 por Matias de Albuquerque e António Filipe Camarão (c. 1601-1648) em retirada para a capitania da Bahia após a queda do Arraial Velho do Bom Jesus. Domingos Fernandes Calabar (1609-1635) foi aí capturado na ocasião e, após julgamento sumário, foi enforcado e esquartejado (22 de Julho), tendo os seus despojos sido expostos em praça pública. Logo após, a posição foi abandonada, de modo que à chegada de Sigismund van Schkoppe, a 24 de Julho, a povoação foi encontrada deserta. Reocupada por tropas portuguesas em Janeiro de 1636, as suas defesas foram reparadas e reforçadas pelo conde de Bagnoli, na iminência do ataque de Maurício de Nassau (1604-1679) a Porto Calvo (1637).


"De antemão [Bagnoli] fortificara as margens do rio [Manguaba] com trincheiras para as quais se retirou, informado da chegada de Nassau, seja por desconfiar dos armamentos, pois em soldados se avantajava a nós, seja com o fim de atrair os nossos para debaixo do baluarte do referido porto [das Pedras]. Junto de um ribeiro distante do forte uma légua, assentou, num monte, os arraiais, com poder de 2.000 combatentes. Cercou o campo com dupla linha de trincheiras, fechando os desfiladeiros com toros e troncos de árvores cortados por toda a parte. O plano era conter aí o ímpeto dos holandeses para que ele, Bagnoli, mais próximo da fortaleza, pudesse defendê-la com forças armadas e ser por ela defendido."


E complementando sobre a retirada de Bagnoli para o rio Camarajibe, abandonando Porto Calvo à própria sorte:


"O Conde [de Nassau] conduziu o exército [neerlandês] vencedor pela raiz das colinas, justamente para debaixo da fortaleza [de Porto Calvo]. Bagnoli, munidas as suas estâncias no monte, fez fogo contra os nossos o dia inteiro, como também o fizeram os que estavam no forte, mas com muito estrépito e pouco dano. Nesse mesmo dia, Schkoppe com os seus soldados e Lichthart com os seus marinheiros foram destacados pelo Conde [de Nassau] para tomarem a ilha [na confluência fluvial, fronteira à povoação de Porto Calvo], facilitando-se destarte o transporte das provisões. Durante a noite, o general espanhol ajuntou a bagagem e escapuliu-se, abandonando três canhões de bronze. Temeu ficar na fortaleza para não se envolver na rendição dela, e não se atreveu a impedir o cerco aos nossos para não desfalcar os seus exércitos. No dia seguinte, Nassau, examinando novamente as fortificações dos inimigos, (...) [quando] delas se aproximava, saltaram com fogos ocultos que Bagnoli, saindo alta noite, lhes deitara por cilada."


Destacam-se nesta ocasião a batalha de Barra Grande, em que se notabilizou a tropa feminina de Clara Camarão (m. 1648), e a defesa de 'Porto Calvo' pelo espanhol Miguel Guiberton, que capitulou com honras militares ante os neerlandeses (Março de 1637) após um assédio de treze dias, descreve a capitulação:


"Saindo da praça o vice-governador espanhol Miguel Guiberton, ilustre nas lutas contra a Holanda, oito capitães, sete alferes, quinhentos soldados, entre italianos, portugueses e espanhóis, além dos enfermos e dos feridos, fizeram nossa vitória gloriosa e útil, porquanto aos despojos de guerra se ajuntaram 22 peças de bronze, 5 de ferro, 4 morteiros, grande quantidade degranadas e de balas de ferro, morrões e outros petrechos bélicos e todo o arsenal do rei ali existente."


Os vencedores procederam-lhe os reparos devidos: "Providenciadas as coisas necessárias à fortificação e resistência dos baluartes, foi Schkoppe enviado para as Alagoas (...)."Nassau, no "Breve Discurso" de 14 de janeiro de 1638, sobre o tópico "Fortificações", descreve-o:


" (...) Depois da conquista foi muito fortificado, mas ficou tal como era antes, muito irregular, e se faz mister cercá-lo de uma contra-escarpa com uma sólida paliçada. Este forte conserva ainda toda a sua artilharia e quase toda a munição que nele foi encontrada, apenas fez-se retirar algumas peças que não eram necessárias e estavam desmontadas. Está pois bem provido de tudo, e guarnecem-no duas companhias de soldados. Este forte está assentado sobre um monte alto e isolado, e não há na vizinhança outros montes altos que o dominem; correm rios ao longo de dois dos seus lados. No forte há um poço com 18 braças de profundidade, construído com pedras de cantaria quadradas, que se elevam desde o fundo até à borda, e fornece água excelente."


Adriaen van der Dussen complementa, formando um efectivo de quatro companhias, com 380 homens, estacionadas em Porto Calvo:


" (...) o Forte Bom Sucesso, na povoação do Porto Calvo: trata-se de um bom forte, situado no alto de um outeiro, de mais de 40 pés de altura a contar do fosso, muito escarpado. Para ficar assegurada a estabilidade da muralha há, na parte exterior, de 14 em 14 pés, uma berma; tem um fosso profundo, uma forte paliçada e uma forte contra-escarpa. Contam-se 7 peças de bronze, a saber: 2 de 24 lb, 1 de 18 lb, 1 de 22 lb, 1 de 10 lb, 1 de 8 lb, 1 de 5 lb, uma peça de ferro de 6 lb e 2 pedreiros com suas câmaras, todas peças espanholas."


(Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil, 4 de Abril de 1640).

"Guardamos Porto Calvo com um forte que tem nome de bom agoiro - Boaventura [sic]. Assentado no cume de um alcantil, a quarenta pés de altura, é resguardado por fossos, bastidas e coiraça e tem sete canhões de bronze, um de ferro e dois pedreiros."


Computa, entretanto, uma guarnição de 480 homens distribuídos entre Camaragibe e Porto Calvo. Esclarece que a estacada que cingia o forte foi erguida, por determinação de Nassau, na iminência de ataque ao nordeste holandês por uma frota espanhola (c. 1639):  " (...) Igual tarefa executou (...) o coronel [Johann von] Koin em Porto Calvo, onde chuvas violentas e tempestades haviam danificado o forte Boaventura [sic], fazendo-o ruir em mais de um lugar." Foi reconquistado por forças portuguesas sob o comando do Capitão Lourenço Carneiro, após quarenta e dois dias de cerco, a 17 de Setembro de 1645, tendo sido ocupado e arrasado, e a sua artilharia remetida para o ‘Arraial Novo do Bom Jesus’. Segundo a tradição popular, o local do antigo forte ainda era conhecido em meados do século XX como ‘Alto do Forte’.


O Quilombo dos Palmares foi um quilombo da era colonial brasileira. Localizava-se na Serra da Barriga, na então Capitania de Pernambuco, região hoje pertencente ao município de União dos Palmares, no estado brasileiro de Alagoas. Conheceu o seu auge na segunda metade do século XVII, constituindo-se no mais emblemático dos quilombos formados no período colonial. Resistiu por mais de um século, o seu mito transformando-se em moderno símbolo da resistência do africano à escravatura.


As primeiras referências a um quilombo na região remontam a 1580, formado por escravos fugitivos de engenhos das Capitanias de Pernambuco e da Bahia.


À época das invasões holandesas do Brasil (1624-1625 e 1630-1654), com a perturbação causada nas rotinas dos engenhos de açúcar, registou-se um crescimento da população em Palmares, que passou a formar diversos núcleos de povoamento (mocambos). Os principais foram: ‘Macaco - o maior’, centro político do quilombo, contando com cerca de 1.500 habitações; Subupira - centralizava as atividades militares, contando com cerca de 800 habitações; Zumbi-o líder do seu povo. Tabocas. Embora não se possa precisar o número de habitantes nos Palmares, de vez que a população flutuava ao sabor das conjunturas, historiadores estimam que, em 1670, alcançou cerca de vinte mil pessoas. Essa população sobrevivia graças à caça, à pesca, à colecta de frutas (manga, jaca, abacate e outras) e à agricultura (feijão, milho, mandioca, banana, laranja e cana-de-açúcar). Complementarmente, praticava o artesanato: (cestas, tecidos, cerâmica, metalurgia). Os excedentes eram comercializados com as populações vizinhas, de tal forma que colonos chegavam a alugar terras para plantio e a trocar alimentos por munição com os quilombolas. Pouco se sabe, também, acerca da organização política do quilombo. Alguns supõem que se constituiu ali um verdadeiro Estado, nos moldes dos reinos africanos, sendo os diversos mocambos governados por oligarcas sob a chefia suprema de um líder. Outros apontam para a possibilidade de uma descentralização do poder entre os diferentes grupos, pertencentes às diversas etnias que formavam os núcleos de quilombos, que delegavam esse poder a lideranças militares conforme o seu prestígio. As mais famosas lideranças foram Ganga Zumba e seu sobrinho, Zumbi. Apesar disso, alguma forma de trabalho compulsório também foi praticada dentro do quilombo.


Com a expulsão dos holandeses do Nordeste do Brasil, acentuou-se a carência de mão-de-obra para a retomada de produção dos engenhos de açúcar da região. Dado o elevado preço dos escravos africanos, os ataques a Palmares aumentaram, visando a recaptura de seus integrantes. A prosperidade de Palmares, por outro lado, atraía atenção e receio, e o governo colonial sentiu-se obrigado a tomar providências para afirmar o seu poder sobre a região. Em carta à Coroa Portuguesa, um Governador-geral reportou que os quilombos eram mais difíceis de vencer do que os holandeses (neerlandeses). Foram necessárias, entretanto, cerca de dezoito expedições, organizadas desde o período de dominação holandesa, para erradicar definitivamente o Quilombo dos Palmares. No último quartel do século XVII, Fernão Carrilho ofereceu a Ganga Zumba, um líder que implementou tácticas de guerrilha na defesa do território, um tratado de paz (1677). Por seus termos, era oferecida a liberdade aos nascidos no quilombo, assim como terras inférteis na região de Cocaú. Grande parte dos quilombolas rejeitou os termos desse acordo, nitidamente desfavoráveis e, na disputa então surgida, Ganga Zumba foi envenenado, subindo ao poder o seu irmão, Ganga Zona, aliado dos portugueses. O acordo foi, desse modo, rompido, tendo os dissidentes se restabelecido em Palmares, sob a liderança de Zumbi. No primeiro momento, Zumbi substituiu a estratégia de defesa passiva por um tipo de estratégia de guerrilha, com a prática de ataques de surpresa a engenhos, libertando escravos e apoderando-se de armas, munições e suprimentos, empregando-os em novos ataques.


Após várias investidas relativamente infrutíferas contra Palmares, o governador e Capitão-general da capitania de Pernambuco, Caetano de Melo e Castro, contratou o bandeirante Domingos Jorge Velho e o Capitão-mor Bernardo Vieira de Melo para erradicar de vez a ameaça dos escravos fugitivos na região. O quilombo passou a ser atacado pelas forças do bandeirante e, mesmo experientes na guerra de extermínio, tiveram grandes dificuldades em vencer as tácticas dos quilombolas, mais elaboradas que a dos indígenas com quem haviam tido contacto. Adicionalmente, tiveram problemas para contornar a inimizade surgida com os colonos da região, vítimas de saques dos bandeirantes em diversas ocasiões. Em janeiro de 1694, após um ataque frustrado, as forças do bandeirante iniciaram uma empreitada vitoriosa, com um contingente de seis mil homens, bem armados e municiados, inclusive com artilharia. Um quilombola, António Soares, foi capturado e, mediante a promessa de Domingos Jorge Velho de que seria libertado em troca da revelação do esconderijo do líder, Zumbi foi encurralado e morto em uma emboscada, a 20 de Novembro de 1695. A cabeça de Zumbi foi cortada e conduzida para Recife, onde foi exposta em praça pública, no alto de um mastro, para servir de exemplo a outros escravos. Sem a liderança militar de Zumbi, por volta do ano de 1710, o quilombo desfez-se por completo.


Apesar de Representar uma resistência à escravidão, muitos quilombos contavam com a escravidão internamente. Esta prática levou vários teóricos a interpretarem a prática dos quilombos como um conservadorismo africano, que mantinha as diversas classes sociais existentes na África, incluindo reis, generais e escravos. Contudo, a escravidão nos quilombos em nada se assemelhava à escravidão dos brancos sobre os negros, sendo os escravos considerados como membros das casas dos senhores, aos quais deviam obediência e respeito. Semelhante à escravidão entre brancos, comum na Europa na Alta Idade Média. Assim a prática da escravidão nos quilombos tinha dupla finalidade: a primeira, de aculturar os escravos recém-liberto às práticas do quilombos, que consistiam em trabalho árduo para a subsistência da comunidade, já que muitos dos escravos libertos achavam que não teriam mais que trabalhar; a segunda, que visava diferenciar os ex-escravos que chegavam aos quilombos pelos próprios meios (escravos fugidos, que se arriscavam até encontrar um quilombo. Sendo, neste trajecto, perseguidos por animais selvagens e pelos antigos senhores, e ainda, correndo o risco de serem capturados por outros escravistas), daqueles trazidos por incursões de resgates (escravos libertados por quilombolas que iam às fazendas e vilas para libertar escravos).


REDUTOS DA PRAIA DE PARIPUEIRA


Os Redutos da praia de Paripueira localizavam-se na praia de Paripueira (termo tupi que significa "canal velho"1 ), a cerca de 29 quilómetros a  norte do centro histórico de Maceió, no litoral do estado de Alagoas, no Brasil.


Os denomina como Forte de Paripueira, inscrevem-se no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654). Tratar de redutos erguidos no caminho, margeando a costa, que ia de Alagoas a Pernambuco. Foram erguidos pelo Coronel Crestofle d'Artischau Arciszewski em agosto de 1635, quando da ofensiva neerlandesa daquele ano, e constituíam-se em dois redutos de campanha, um sobre uma colina e outro sobre a praia. Dali saiu o referido coronel, no ano seguinte, para bater as forças de dom Luís de Rojas y Borja, duque de Ganja, na batalha de ‘Mata Redonda’ (18 de janeiro de1636). Garrido descreve-nos o seu fim, citando: 

      

"Aí ainda se encontram destroços de um forte onde estiveram algum tempo os holandeses, que o abandonaram em Novembro de 1636.".




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