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sexta-feira, junho 28, 2013

Editais e Noticias 1806 - I


Editais e Noticias – Janeiro de 1806



Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de sábado de 4 de Janeiro de 1806


        Tendo-se divulgado andar fora do Estreito uma Fragata Argelina, e que esta apresara um iate português, consta agora por notícia Oficial do Comandante da Nau 'Afonso Albuquerque' da nossa Esquadra no Estreito, que a dita Fragata não era Argelina mas sim pertencente a El Rei de Marrocos, e por ordem sua comprada em Londres pelo mouro Bentabel, que vinha a seu bordo; e que a 7 de Dezembro de 1805 encontrara um iate português que registara para saber se ia para Lisboa, para ele remeter cartas; e que sendo este encontro visto pelo comandante de uma embarcação inglesa, se persuadira este que era uma Fragata Argelina que apresava um iate Português, e daqui nasceu, divulgar-se aquela notícia, que agora se vê não ser exacta.

Lisboa, 7 de Janeiro de 1806

Na praça do comércio, desta cidade se afixou um edital do teor seguinte:

        ‘Por aviso da secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e de guerra foi servido o Príncipe Regente N. S. mandar participar à Real Junta do Comercio, Agricultura, Fabricas, e Navegação destes reinos e seus domínios a tradução da carta que o Almirante Collingwood, escreveu ao governador de Cádis, o marquês de La Solana, relativa ao modo, por que se deve entender, o bloqueio a respeito da navegação dos navios neutros, que demandarem aquele porto e o de San Lucar: a qual tradução remetida pelo cônsul português daquela praça e do teor seguinte.=’ A bordo do navio de linha 'Rainha', na Baía de Gibraltar, 19 de Novembro de 1805.= Meu senhor Marquês, havendo tido a bem sua Majestade ordenar que os navios das Nações neutrais que se dirijam aos portos de Cádis e San Lucar com carregamentos que não sejam de contrabando de guerra, se lhes permita passar francamente sem interrupção por esta Esquadra de bloqueio; tenho que suplicar a S. Excelência tenha a bondade de mandar que esta concessão de sua Majestade seja significada aos cônsules das nações neutras residentes em Cádis. Tenho a honra &c. Colberto Collingwood. = E para constar se mandarão afixar editais. Lisboa 26 de Dezembro de 1805. = Assinado = Francisco Soares de Araújo e Silva.’  

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de terça-feira 7 de Janeiro de 1806

        Nos dias 8, 9 e 10 do corrente mês na Praça do Comércio se à de por os lanços para se arrematar a corveta ‘Conceição’ , aliás ‘Paquete do Maranhão’, de construção Portuguesa, vinda ultimamente do Maranhão, e ancorada defronte da Boa Vista.

      

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de terça-feira 14 de Janeiro de 1806

Grã-Bretanha 28 de Dezembro de 1805

        Na Gazeta da Corte de 10 de Dezembro de 1805 se anunciou ter o navio de 'S.M. Princesa Carlota' ao comando do Capitão Tobin, tomado a 5 de Outubro próximo passado ao pé de Tabago a Corveta Francesa 'Cyane' de 26 peças de artilharia, e 110 homens de equipagem, comandada pelo Tenente do mar Mesnard, depois de um combate em que houve da parte do inimigo 3 homens mortos, um dos quais era o 2º comandante Gautier, e 9 feridos, incluso um Alferes; e da nossa um homem morto e 6 feridos. A 'Cyane' tinha saído da Maurícia a 29 de Setembro com o bergantim 'Naiade', o qual ao tempo do combate consegui escapar. O Capitão Fyffe, da 'S.M.B. Rein Deer', tomou a 13 a Setembro de 1805 na altura do Cabo Maynts o corsário Francês 'Renomuné', de 2 peças e 40 homens, pertencentes a São Domingos, mas ultimamente tinha saído de Barracoa. Na Gazeta da corte de 14 de Dezembro se anunciou também que o Capitão Flemming, do navio de 'S. M. B. Egyptienne', tomou a 20 de Dezembro de 1805, a letra de marca Espanhola a 'Paulina' de 12 peças de artilharia (8 das quais deitou ao mar na caça que lhe deu por 9 horas) a qual tinha saído do porto de Passages, na Guipuscoa, e, segundo era de supor, ia para as Índias Ocidentais.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de sábado 18 de Janeiro de 1806

       

Grã-Bretanha continuação das notícias de Londres de 28 de Dezembro de 1805

        Na Gazeta da Corte de 24 de Dezembro de 1805, se anunciou que o Capitão Champain, comandante do navio de 'S.M.B. Jason', tomou a 10 de Outubro nos mares da Barbada a corveta francesa, a 'Naiade' de 16 peças de artilharia (mas que pode montar 22 peças) e 170 homens a bordo, comandada pelo Tenente Hamon, a qual tinha saído da Martinica havia dois meses, mas não pôde fazer durante esse tempo, presa alguma.- As lanchas do navio de 'S.M.B. Pamona' ao comando do Capitão Lobb tomarão a 5 de Novembro e 1805, junto do porto de Guardia o corsário Espanhol 'Golondrina', lugre de 4 peças de artilharia e 29 homens a bordo, pertencente á Corunha, o qual andara fora havia 6 semanas, sem ter feito presa alguma. Na abordagem que se lhe deu, teve o inimigo 2 homens feridos. O Capitão Lobb mandou depois pôr fogo ao dito corsário.- O Capitão Johnstone, comandante da chalupa de 'S. M. B. Curieux', tomou a 25 de Novembro de 1805, 13 léguas ao Oeste do Cabo Seleiro, o corsário Espanhol 'Brilliano', lugre de 5 peças de artilharia e com 35 homens a bordo, ao comando de D. José Advis. Tinha saído de Carril havia cinco dias, e tomado, dois dias antes de cair em nosso poder, o bergantim Inglês 'Maria de Lynn' que ia com carvão para Lisboa, e o bergantim 'Ninfa', que ia de Terra Nova com bacalhau para Viana. O Almirantado recebeu notícia a 25 de Dezembro de 1805, de haverem, as fragatas 'Loira' e 'Alcmena' encontrado a Esquadra de Rochefort, de conserva com o Navio 'Calcutá', a 13 e 16 do corrente, e era de supor que se destinava para o Ferrol. A fragata 'Alcmena' se separou da fragata 'Loira' no dia 16 para vir comunicar esta notícia e a fragata 'Loira' continuou a observar os movimentos da esquadra inimiga. Na tarde do mesmo dia 25 publicou o almirantado o boletim seguinte:

        “Secretaria do Almirantado a 25 de Dezembro de 1805.- A 13 do corrente os navios de S. M. B. Alcmena e Loira toparão na lat. 42º long. 13º, com uma esquadra do inimigo, que corresponde á que se descreveu ter saído de Rochefort; e a 16 a tornarão a encontrar na lat. 44º 16’, long. 12º 30’, indo então no rumo E. S. E. (provavelmente para o porto de Ferrol) com vento N. E. A Loira continuou a observar a esquadra inimiga, e a fragata Alcmena voltou a Inglaterra para comunicar esta notícia. A esse tempo não levava consigo a dita esquadra pressas algumas, á excepção do navio Calcutá”.

- Ontem se recebeu no correio a este respeito a notícia seguinte:

        “A (?) deste mês se avistou uma esquadra Francesa de 4 Naus de Linha na lat. 47º 15’, long. 10º 30’, indo no rumo O., e nesse dia atacou ela 2 navios de guerra ingleses, que levavam debaixo de seu comboio 17 embarcações mercantes e de transporte: as particularidades deste ataque ainda não se sabem. A fragata Alcmena chegou a Plymouth a 24 de Dezembro de 1805, com uma notícia semelhante, senão quando o Almirante Cornwallis se fez á vela com 4 Naus de Linha no rumo O., em busca do inimigo”.

- Supõe-se que a Esquadra Francesa mencionada é a Esquadra de Rochefort, e o comboio Inglês, a que ela deu caça é o que saiu de Cork a 12 do corrente mês destinado para as Índias Ocidentais, composto por 22 embarcações mercantes, debaixo dos navios de guerra de 'S.M.B. Arethusa', 'Boadicea' e 'Wasp'.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de sábado 18 de Janeiro de 1806

Londres

      A 10 de Dezembro de 1805, partiu das Dumas uma expedição, que se dizia ser destinada para o rio Ems. Pela ventania porém que então reinava, e ter gelado de repente, era de recear que se impossibilitasse o desembarque das tropas. Agora consta que a expedição sofreu um grande temporal, e que mais de 500 cavalos se perderam nos navios de transporte sobre a costa inimiga.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de terça-feira, 21 de Janeiro de 1806

      

Grã-Bretanha continuação das notícias de Londres de 28 de Dezembro de 1805

        Havendo o Vice-Almirante Roberto Calder requerido ao Almirantado que se procedesse a um concelho de guerra para examinar o seu comportamento no comando da Esquadra de S.M.B. no combate que teve com as esquadras combinadas de Espanha e França a 23 de Julho de 1805, e o modo com posteriormente se ouve até que fim perdeu de vista os navios do inimigo, e por não ter feito os seus maiores esforços para renovar a peleja, e tomar ou destruir todos navios inimigos, conforme o seu dever; e isso para atalhar o efeito dos boatos mal fundados que circulavam contra o seu crédito: na manhã de 23 deste mês se pôs sinal a bordo na Nau de Linha 'Príncipe de Gales' para começar o dito conselho, composto do Vice-Almirante Montagu, como presidente do concelho, dos Vice-Almirantes Holloway e Rowley, dos Contra-Almirantes Thornborough, Sutton e Coffin e dos Capitães Oliver, Atholwood, Capel, Bisset, Irwin, Senter e Larmour. Durarão por 4 dias as deliberações deste Conselho, estando presente o réu e a 26 deste mês proferi-o ele a sentença seguinte:

        “Em consequência da carta do Almirante Roberto Calder ao Almirantado, por onde requeria que se averiguasse o seu comportamento a 23 e 24 de Julho próximo passado; depois dos combates que teve com as esquadras combinadas de França e Espanha, e enquanto avistou o inimigo: e em consequência das ordens dadas a este respeito ao Almirante Montagu, a fim de celebrar um conselho de guerra para examinar o comportamento do sobredito Almirante Roberto Calder nos referidos dia, e processa-lo por não ter feito os seus maiores esforços para tomar ou destruir todos os navios do inimigo, em cujo empenho estava obrigado a entrar: procedeu o concelho no mencionado exame, e, depois ter devidamente considerado o comportamento do sobredito Almirante Roberto Calder, ouvido todas as provas a este respeito, e deliberado sobre elas, e de parecer que as culpas atribuídas ao comportamento do sobredito Almirante Roberto Calder, nos dias mencionados, em presença do inimigo, por não ter feito os seus maiores esforços para tomar e destruir todos os navios das esquadras combinadas, em cujo empenho estava obrigado a entrar, ficam plenamente aprovados. Outro sim e o conselho de parecer que um tal comportamento da parte do sobredito Almirante Roberto Calder não procedeu de medo ou cobardia, mas sim de ter ajuizado mal, por cujo motivo merece ele ser repreendido severamente; e nesta conformidade o é pela presente”       

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de terça-feira 21 de Janeiro de 1806

        A Esquadra Russiana comandada pelo Almirante Seniavin que se achava em Spithead, partiu dali para o Mediterrâneo; e Corfu é o primeiro porto que deve arribar.

Lisboa - Noticia divulgada na Gazeta de Lisboa na edição de sexta-feira 24 de Janeiro de 1806

Bolonha 20 de Dezembro de 1805

        A segunda expedição Inglesa, que saiu das Dumas a 10 deste mês, sofreu um grande temporal; pois várias das suas embarcações tiveram de cair sobre a nossa costa, e não se salvaram mais que duas. São estas o bergantim 'Jenny', a bordo do qual se achavam 4 oficiais, 112 soldados, 12 mulheres, 6 crianças e 11 marinheiros; e o navio 'Ariane', de 400 toneladas e com 16 peças de artilharia, com 26 homens de equipagem, 13 oficiais, inclusos 1 Coronel, 1 Tenente-coronel, 300 soldados, 20 mulheres e 12 crianças. De Calais se viu perecer no mar o bergantim 'Ashlante' de 340 toneladas, e 12 peças de artilharia, com 28 soldados de cavalaria, 34 cavalos &c: só escaparão ao naufrágio numa lancha 2 marinheiros.  Outro navio de 500 toneladas pereceu também á vista de Calais. As pessoas que escaparão ao naufrágio e os prisioneiros dizem que o comboio de que se trata foi dispersado por uma forte tempestade, e que de 60 embarcações, que o compunham, se perderam muitas sobre a costa da Flandres, ia com tropas para o Weser.






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