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quinta-feira, junho 13, 2013

Editais e Noticias 1806 - VI



Editais e noticias – Junho de 1806

Lisboa-Notícia da Gazeta de Lisboa terça-feira 3 de Junho de 1806



Estados Unidos da América-New York-30 de Março de 1806

       A câmara dos representantes, depois de vários dias de discussão resolveu por 87 votos contra 35, que se proibisse a importação para os Estados Unidos de certos artigos da Grã-Bretanha. A este respeito escrevem de Washington em data de 19 deste mês o seguinte:” A Câmara dos Representantes órgão imediato do povo, assentou depois de ter maduramente deliberado, em vigar, os nossos direitos violados, do que se pode dar o parabém á nação. A 17 deste mês a seguinte proposição, feita por Mr. Nicholson, foi posta a votos e aprovada huma vasta maioria.
     
       “ Fique resolvido que a contar do dia … próximo, os seguintes artigos, sendo da produção e fábrica da Grã-Bretanha ou Irlanda, ou de algumas colónias ou dependências da Grã-Bretanha, não possam por uma lei proibitiva ser importados para os Estados Unidos ou para territórios dos mesmos, convém saber: todos os artigos, de que couro forma o principal valor; todos os artigos de ferro branco ou darão forma o principal valor, à excepção de folhas de ferro branco; todos os artigos de que cânhamo ou linho forma o principal valor; todos os artigos de que se dá forma o principal valor; panos de lã cujos preços pela factura excederem; barretes de lã de todas as qualidades; vidro para caixilhos, e de todas mais manufacturas de vidro; objectos de prata e de casquinha; papel de todas as qualidades; pregos e ferros de ponta; chapéus; vestuário; artigos de modas de todas as qualidades; cartas de jogar; cerveja, quer forte ou fraca; pinturas e estamparia.”
    
        O Senado nada dissidiu por ora a mencionada resolução; e várias cartas de Washington anunciam que a pluralidade daquele Corpo era decididamente contraria a que se adoptasse medida alguma imprudente contra a Grã-Bretanha.
     
      A 20 deste mês dirigiu o Presidente ao Senado e à Câmara de Representantes o recado seguinte:



        “Com razão era de esperar que enquanto estavam a demarcar os limites dos Estados Unidos e a Espanha, por nenhuma parte se houvesse de fazer inovação alguma no estado em que se achavam as suas respectivas posições. Com tudo algum tempo depois soubemos que as Autoridades Espanholas se hão adiantado no País sobre que se disputava, para ocupar novos postos e fazer novos estabelecimentos. Não querendo tomar medida alguma que pudesse atalhar um pacífico ajuste das desavenças, Ordenou-se aos Oficiais dos Estados Unidos que se conservassem dentro do limite do país, situado da parte daquém do rio Sabino, o qual se fez a entrega de Natchitoches, seu principal posto, que se julgava ter sido entregue pela Espanha, mas que ao mesmo tempo não permitissem que pela parte contrária se tomasse posição alguma, nem que ficassem dentro do referido país homens alguns armados. Em consequência destas ordens o oficial que comanda em Natchitoches, com soubesse de alguma partida de topas Espanholas tinha atravessado o rio Sabino e se postava daquém do Adais, expedi-o um destacamento das forças do seu comando para requerer-lhe que se retira-se para a outra banda do rio Sabino, o que em consequência desta requisição fez a dita partida. Julguei a propósito comunicar o Congresso as cartas que dão uma circunstanciada notícia deste incidente para que fique bem capacitado do estados das coisas naquele distrito a fim de que se possa dar para sua seguridade as providências que na sua sabedoria houver por suficientes.= Thomas Jefferson =” 

Lisboa-Notícia da Gazeta de Lisboa sexta-feira 6 de Junho de 1806


Grã-Bretanha-Londres-22 de Maio de 1806

      O Secretário de estado Mr. Fox por ordens do Rei, significou a 16 deste mês aos Ministros das Potencias amigas e neutrais aqui residentes, que S.M. tomando em consideração as novas e extraordinárias medidas de que se tem valido o inimigo para consternar o comercio dos seus vassalos, houve por bem mandar que se tomem as medidas necessárias para o bloqueio da costa, rios e portos desde o rio Elba até ao porto de Brest ambos inclusivamente; e consequência a dita costa, rios e portos se devem considerar como bloqueados; mas que este bloqueio não impede que as embarcações neutrais carregadas de mercadorias que não pertencem aos inimigos de S.M., nem sejam contrabando de guerra, entrem nos ditos portos e saião dele (menos os que ficam desde Ostende até ao rio Sena, que estão e continuarão a estar bloqueados com todo o rigor) com tanto que as ditas embarcações não tenham sidos carregados em porto algum pertencentes aos inimigos de S.M. ou que esteja em seu poder e que ao saírem deles não se destinem para tal porto nem tenham antecipadamente quebrado o bloqueio. O Almirante Warren chegou com a sua esquadra a Spithead a 14 deste mês. Topou ela com uma embarcação, pela qual soube que a esquadra francesa comandada pelo Contra-Almirante Villeaumez (que é a em que anda Jeronimo Bonaparte) havendo tomado na sua passagem 2 navios de transporte Ingleses, que iam de Gibraltar com 200 homens de tropa a bordo, passou esta gente para a fragata ‘Voluntária’ de 38 peças de artilharia, e a fez navegar para o Cabo da Boa Esperança, onde entrou vendo tremolar bandeira de Holandesa, mas, assim que foi substituída pela inglesa teve de se render a fragata inimiga sem fazer resistência alguma. A este respeito fez o Almirantado publicar a 16 deste mês o boletim seguinte:



        “A fragata Francesa a ‘Voluntaria’ foi tomada no cabo da Boa Esperança a 4 de Março. A 20 do mesmo mês uma embarcação parlamentária, que vinha dali com prisioneiros deu com a esquadra Francesa comandada por Mr. Villeaumez. Não se menciona a paragem; mas supõem-se que foi na altura de Santa Helena.”
     
      Segundo as últimas cartas de Gibraltar, Mr. Cartwright passou para bordo do navio de guerra de 80 peças de artilharia ‘Pompeo’ em que anda o Cavaleiro Sidney Smith, a fim de ser de novo conduzido a Argel, por se haver ajustado a desavença que se moveu entre este país e aquela regência. 

Lisboa-Notícia da Gazeta de Lisboa sábado 7 de Junho de 1806

Grã-Bretanha-Londres-Continuação das notícias de 22 de Maio de 1806

      Por uma ordem dada pelo Rei dada em conselho a 14 do corrente e publicada na Gazeta da Corte de 20, se mandou tirar o embargo posto às embarcações pertencentes a Hamburgo e a Oldemburgo surtas nos portos deste reino; como também o embargo posto aquelas embarcações pertencentes ás cidades de Bremen e Papemburgo, que tinham saído para os portos deste reino antes do Aviso Prussiano de 28 de Março de 1806, por onde os navios britânicos ficarão excluídos dos portos da Prússia, e de outros do norte da Europa.

Lisboa-Notícias da Gazeta de Lisboa terça-feira 10 de Junho de 1806

Suecia-Estocolmo-29 de Abril de 1806

        Sua M. Sueca houve por bem suspender o Edicto de 1724 e a ordem de 27 de Julho de 1731: conforme a presente regulação, não subsituar por mais tempo a diferença entre embarcações carregadas de todo, e só meias carregadas. Esta medida, cujo efeito se fará em especial sensível aos navios Franceses, terá de passar por grandes modificações em todas as partes, menos no Mar do Norte.

Dinamarca-Copenhague-26 de Abril de 1806

        A 20 deste mês chegou ao Sund uma frota de navios mercantes Ingleses. Várias embarcações, cujo número entram duas fragatas de guerra Suecas, sairão de Helsingor a 22 do corrente, mas tiveram de tornar para trás. Por elas constam haver passado o Belt para o Báltico um número de embarcações inglesas armadas. Na altura de Shagen cruzam agora 5 naus de guerra inglesas e fragatas, que têm tomado várias embarcações Prussianas. No Mar do Norte não aparece presentemente navio algum Prussiano: os que chegam ao Báltico, ao Sund, ficam ali até segunda ordem.  

Grã-Bretanha-Londres-Continuação das notícias de 22 de Maio de 1806

        Por uma ordem do Rei dada em conselho a 14 do corrente e publicada na gazeta da corte de 20 se declara que não havendo descontinuado as medidas hostis de S.M. Prussiana desde que se pôs embargo nos navios e bens dos seus vassalos nos portos deste reino; e não podendo a cidade de Papemburgo deixar de se considerar como dependente da Prússia e S.M. servido mandar que se proceda a represálias contra os navios, bens e vassalos de El-rei da Prússia, e da cidade de Papemburgo (à excepção de todo e qualquer navio a que S.M. mandou remover o embargo) de sorte que assim as esquadras e navios de S.M. como todos os demais navios e embarcações que tiverem letras de marca, ou outras patentes de corso, poderão legitmamente tomar todos os navios, embarcações e bens pertencentes ao Rei da Prússia, e aos seus vassalos ou a outros habitantes dos territórios do mesmo Soberano, ou à cidade de Papemburgo, e fazer com que os mesmos sejam julgados por qualquer dos tribunais de Almirantado dentro dos domínios de S.M.



      O Almirantado publicou a 10 do corrente uma carta do Almirante Conde de S. Vicente, escrita a 3 deste mês a bordo da nau de linha ‘Hibernia’ de fronte de d’Quessant, por onde lhe dava parte de ter o Tenente Usher, do bergantim ‘Colpoys’, a 19 de Abril tomado no rio ‘Donillan’ duas vascas que ali estavam sobre ferro, denominadas ‘Vicente Gabriel’ e ‘Maria Francisca’: o que efeituo assistido do bergantim ‘Attack’, saindo em terra com 24 homens, que depois de um pequeno combate, trouxe dali as ditas embarcações, deixando destruído o posto de ‘Danihan’ destinado para fazer sinal; e isso sem mais perda que algum dano na cacharia e velas dos referidos bergantins. Também fez público o Almirantado que Miguel Novalta, comandante do navio de guerra ‘Felicidade’ de 12 peças, havendo ultimamente cruzado ao Oeste de Gibraltar, tomou o corsário Francês ‘Josefina’ de 3 peças e 37 homens; como também as lanchas artilheiras espanholas Nº 12 e 15, comandadas por tenentes do mar, tendo cada uma delas 1 peça de calibre 24, outra do de 36, 2 pedreiras e 45 homens. Igualmente retomou o lugre que foi de S.M. denominado ’Experimento’ de 4 peças do calibre 4 e 35 homens a bordo. O Capitão Broke, do navio de S.M. ‘Druid’. Tomou no Iº deste mês, depois de uma caça de 160 milhas a corveta francesa o ‘Panduro’ de 18 peças de calibre 6 (duas das quais lançou ao mar durante a caça) e 114 homens, comandado pelo Capitão de alto bordo Melingre, que vinha do Senegal para França. Por ordem do Almirante Stirling a conduzi-o Mr Broke a Plymouth. Em um suplemento extraordinário à Gazeta da Corte de 16 do corrente, se publicou uma carta do Cavaleiro Barlow, datada d’Illahabad a 4 de Dezembro de 1805, por onde participa que a 22 do mês passado conclui-o um tratado definitivo de paz entre o Lord Lake, e o agente Plenipotenciário (Embaixador) Dowlut Row Sindia, cujas condições tendem a estabelecer relações de amizade e concórdia entre os dois estados sobre a mais segura e permanente base. A mesma carta dá esperanças de que em breve se havia de acabar a guerra com Juswunt Row Holker de um modo favorável para os interesses da companhia; e diz que em todos os domínios desta reinava uma perfeita tranquilidade, sem que fosse provável que houvesse, sucesso capaz de perturba-la ou de deteriorar o poder e a prosperidade dos ingleses na Índia.      

Lisboa-Notícias da Gazeta de Lisboa sexta-feira 13 de Junho de 1806

Alemanha-Augsburgo-30 de Abril de 1806

        Segundo as últimas cartas da Dalmácia; os Russos se apoderaram de 3 pequenas ilhas, que ficam sobre aquela costa; uma delas é a de ‘Gurzola’; situada defronte do território Ragusano. Ainda ficam de posse das bocas de Catraro; onde tem chegado muitos navios de Corfu carregados de apetrechos militares. 





Grã-Bretanha-Londres-Continuação das notícias de 22 de Maio de 1806

        Na Gazeta da corte de 17 do corrente, se publicou uma carta do Almirante Lord Collingwood, comandante em chefe das forças navais de S.M. no Mediterrâneo, datada a bordo da nau ‘Rainha’ na altura de Cádiz a 19 de Abril, por onde dava parte ao Almirantado de que o Capitão Livingstone do navio de S.M. ‘Renomnice’ (um dos postados na altura de ‘Cartagena’ para vigiar a esquadra do inimigo) tomou a 4 daquele mês o bergantim espanhol ‘O Vigilante’ de 18 peças de artilharia e com 109 homens a bordo, comandado pelo Tenente do Mar Dom José Julião, o qual tinha saído de Cartagena, e foi apresado perto do Cabo de Gaue, depois de um pequeno combate em que o inimigo teve 3 homens mortos e 3 feridos. O Comodoro Home Popham, por carta datada de bordo da nau de linha ‘Diadema’ em ‘Eveble Bay’ a 4 de Março, participou ao Almirantado que nessa manhã tomou o dito navio perto daquele porto a fragata francesa ‘A Voluntária’ de 40 peças de artilharia, e tendo a bordo 360 homens: e do lote de 1100 toneladas. Por esta pressa ficam restituídos ao serviço de S.M. 217 homens dos regimentos da Rainha e do 54º que foram tomados em 2 navios de transporte na baia da Biscaia.

França-Paris-18 de Maio de 1806

        O Ministro da Marinha dirigiu ao comissário principal da Marinha em Nantes uma carta seguinte;
    
        ”Devo prevenir-vos que em conformidade das intenções do Imperador e Rei, dei ordem a 11 deste mês aos governadores dos portos do Mediterrâneo para que os Comandantes dos navios de S.M. e os corsários particulares apressem daqui em diante as embarcações Septinsulares. Procede esta ordem de ocuparem os Russos as sete ilhas. Paris 17 de Abril.=Décres=”

Portugal-Lisboa-13 de Março de 1806

        Por Decreto do Iº de Abril de 1806 foi o Principe Regente N.S. servido fazer mercê da serventia de Intendente da Marinha da Cidade do Porto a Sebastião Correa de Sá.

Lisboa-Notícias da Gazeta de Lisboa sábado 14 de Junho de 1806

Turquia-Constantinopla-16 de Abril de 1806

        Ao canal do Mar-Negro chegarão nos dias passados uma nau de linha, duas fragatas e 20 navios de transporte debaixo da bandeira Russiana, conduzindo causa de 30.000 homens da expedição de Nápoles debaixo do comando dos Generais Oppermann, Mussin-puschkin e Basmetiooff.

Espanha-Madrid-3 de Junho de 1806

        O Brigadeiro da Real Armada Dom Agostinho Figueiroa, comandante de Porto Cabello, participou ao Generalíssimo Principe da Paz, o importante serviço que fez a 24 de Dezembro próximo passado o Alferes de Fragata e primeiro piloto da Armada Dom Pedro Soldam com a tancha artilheira de seu comando, a qual perseguida por duas fragatas de guerra inglesas, se acolheu à costa firme de Caracas; e tomando ali uma boa posição, susteve um renhido combate com uma das fragatas inglesas, fez retroceder as suas lanchas armadas, e a obrigou finalmente a pôr-se em fuga com grande dano na mastreação. Havendo saído de Algeciras a 26 e 27 de Abril próximo passado as galetas correios de S.M. ‘Argaunata’ e ‘Carmo’ Comandadas pelo Tenente de Fragata Dom José Mendevil e Dom Luis Navarrete com as cartas do Real Serviço Publico para a América Setentrional e Meridional, depois de passarem felizmente o Estreito, tiveram a desgraça de serem apresadas, a ‘Argaunata’ a 70 léguas ao O.S.O. dele pela fragata de guerra inglesa ‘Hydra’ de 44 peças de artilharia e o ‘Carmo’ a 120 léguas ao S.O. do Cabo Espartel pela fragata 'Níger' de 40 peças.

Portugal-Lisboa-14 de Junho de 1806

        Por Decreto de 22 de Maio de 1806, foi o Principe Regente N.S. servido nomear, Juiz Relator do Concelho de Justiça do Almirantado, ao Desembargador do Paço José Antonio de Oliveira Leite de Barros.

Lisboa-Notícia da Gazeta de Lisboa terça-feira 17 de Junho de 1806





Estados Unidos da América-New York-9 de Abril de 1806

        Os negociantes de New-York, recorrerão ao Governo para haver informação do estado em que se acham as suas relações com as Potencias estrangeiras. Na carta que dirigiram para este fim ao Secretário de Estado diziam entre outras coisas o seguinte:
      
      “A situação em que estamos com a Inglaterra é o primeiro motivo do nosso recurso, porque a estranha força naval daquela potência excita em alguns o receio de que possa de repente empregar-se para aniquilar o nosso comércio. Por tanto desejamos saber se os danosos princípios adoptados pelos seus Tribunais estão abandonados ou estendidos; se as medidas excogitadas pela sabedoria do Governo para conseguirmos reparação e seguridade prometem ter um êxito feliz, ou se os negociantes tem de esperar acontecimentos mais desaventurados. Havendo assustado os ditos negociantes os boatos que correm sobre as nossas correlações com as potencias-beligerantes, e sobre acontecimentos pendentes a implicar-nos com elas, desejamos saber se tais boatos são vãos e mal fundados, ou se por operações de que tem noticia o Governo conviria suspender ou de todo abandonar o nosso comércio com a frança e com a Espanha. Finalmente os roubos a que fica exposto o nosso comércio nas índias Ocidentais e até sobre as nossas próprias costas, fazem com que se deseje muito saber se o Governo intenta empregar uma força naval capaz de repelir tais agressões”
     
        O secretário de estado se recusou ao pedimento dos Negociantes observando-lhes na carta que lhes deu em resposta que o que pretendiam saber era tão fora do dever e responsabilidade de todo o Governo como contrário às regras da prudência. Pelo navio denominado ‘Estados Unidos’, que chegou á pouco tempo a Baltimore, recebeu o governo despachos de Mr. Monroe, nosso Ministro em Londres, cujo conteúdo se diz ser da natureza a mais satisfatória; pois dá grandes esperanças de que se componham de uma maneira honrosa as nossas diferenças com a Grã-Bretanha. Por algum tempo antes do falecimento de Mr. Pitt deixarão os ingleses de apresar as embarcações Americanas e desde que o novo Ministério Britânico entrou no exercício das suas funções goza o nosso Ministro de grande reputação na corte de S. Jaime.

Itália-Liorne-13 de Maio de 1806

        A 11 do corrente mês partirão daqui para Pisa a Rainha Regente e El-rei Carlos Luis. SS.MM. se mostrarão sensíveis às demonstrações de regozijo que aqui houve em obséquio seu, fazendo varias promoções assim no civil como no militar, alem de concederem vários empregos, e mandarem distribuir esmolas pelas pessoas indigentes. Logo depois da partida dos nossos soberanos se avistou daqui uma fragata inglesa, que andava visitando as embarcações que navegavam nas nossas águas. Uma das suas lanchas deu hoje caça a uma embarcação Corsa, que se encaminhava para este porto com 18 homens entre equipagem e passageiros. Fez ela quanto pode por evitar o encontro, mas inutilmente por falta de vento, e por vir sobre ela a lancha com rapidez. Vendo pois que lhe não podia escapar, tomou o partido de dar á lancha uma descarga de mosquetearia, de que ressoltou ficarem alguns ingleses mortos e feridos, de sorte que tiveram de renderem-se à embarcação Corsa, que conduzi-o a este porto a lancha com a sua equipagem. A fragata, como observasse o que tinha acontecido, mandou aqui logo uma lancha com bandeira parlamentária para reclamar a presa. O nosso Governador sem perda de tempo expediu um próprio á corte de Florença para saber o como se á de portar a este respeito.   

Lisboa-Notícias da Gazeta de Lisboa sexta-feira 20 de Junho de 1806




Estados Unidos da América-New-York-30 de Abril de 1806

      Aqui acaba de suceder um caso, que se o Governo Americano se deixar levar do clamor popular, poderá ter consequências bem desagradáveis. Havendo as embarcações Inglesas renovado as suas pilhagens defronte e até mesmo dentro do nosso porto, depois de terem detido à força todo o navio: que estava para entrar ou sair daqui, a 24 e 25 deste mês as fragatas ‘Leandro’ e ‘Cambrian’ amarinharão várias presas assim feitas, e as mandarão para Halifax. A 25 de tarde, ao tempo que a chalupa de cabotagem ‘Richard’, vinda de Brandywine, entrava neste porto cousa de um quarto de milha de Sandy Hook, atirou-lhe o ‘Leandro’, sob o comando do Capitão Henrique Whitby, para faze-la amainar; e ainda que a dita chalupa arribasse ao primeiro tiro, atiraram-lhe segundo, que dando no piloto João Pierce, o deixou logo morto. Este acontecimento tem feito a maior seriação em New-York. Assim que o corpo do dito Pierce foi posto em terra, levou-o a plebe como em triunfo pelas principais ruas da cidade; e a mesma plebe lançou mão dos mantimentos que os agentes Britânicos em New-York tinham mandado preparar para os seus navios que cruzam nas nossas águas, e os conduzi-os em triunfo para a casa das esmolas. Várias embarcações amarinhadas cada uma com 60 dos nossos hábeis homens do mar sairão de New-York na determinação de interceptar os navios Americanos, que forem detidos e enviados para Halifax. Esta expedição é feita à custa de diversos Negociantes de New-York, que também oferecerão voluntariamente os seus serviços para o mesmo fim. Uma das sobreditas embarcações deu na manhã de 26 com um barco grande, que levava mantimentos para a esquadra Inglesa, e o obrigou a voltar a este porto. Imediatamente se ajunta a plebe na praia, faz pôr em terra os mantimentos, carrega com eles vários carros, e os conduz por algumas das principais ruas da cidade para a Casa das Esmolas, onde tudo ficou depositado para uso dos pobres. O Concelho Municipal de New-York, tomando em consideração todas as circunstâncias da morte do nosso concidadão João Pierce, resolveu a 26, que em testemunho da viva indignação que lhe causa este atroz assassínio, com uma tão ousada violação dos nossos direitos nacionais fosse o defunto enterrado, com o consentimento dos seus parentes à custa do público a 28 deste mês às 2 horas da tarde; e nomeou 3 dos seus Membros como Deputados para fazerem as disposições necessárias para o funeral; resolvendo outro sim que a este houvesse de assistir o mesmo Conselho Municipal em corpo; que se requeresse aos Capitães de todos os navios Americanos surtos neste porto que no dia do enterro pusessem as suas bandeiras a meio pau; que os sinos houvessem a dobrar durante a solenidade, e que todos os cidadãos de New-York fossem convidados para assistir com o Conselho Municipal a este fúnebre acto. Havendo o presidente da câmara na mesma ocasião participado ao dito Conselho que ele deu logo parte ao presidente dos Estados Unidos do indevido comportamento dos navios Britânicos defronte do nosso porto, resolveu o Conselho que aprovava o passo dado pelo Presidente da Câmara de New-York; e outrossim que se lhe requeresse que procura-se haver a ulterior informação que fosse possível, a respeito das presas, prisões, e de verificações que ilegalmente fizessem os ditos navios defronte do nosso porto, e que a transmitisse ao poder Executivo, na inteira confiança que se avessem dadas todas as medidas convenientes para vingar a honra e os interesses da nação.

Suécia-Sockhohho-18 de Maio de 1806

        De Carlscroma saiu uma esquadra, para bloquear os portos Prussianos no Báltico. Daqui se conclui que alguma coisa decisiva deve haver sobre a sorte da Pomerânia.

Suécia-Gutemburgo-30 de Maio de 1806

         Esta manhã chegou aqui um comboio de Leirch: várias embarcações que com ela vieram se encaminharão para o Sund.




Grã-Bretanha-Londres-7 de Junho de 1806

        Parece que sobre a livre navegação do Báltico ouve um ajuste, em que a Prússia e a Inglaterra, talvez achem uma paragem reciproca; apesar da rectificação em que poem as hostilidades da Suécia. A 28 do mês passado se publicou aqui a ordem seguinte:

        “Jorge Rei.- Instrução Adicionais para os comandantes de todos os navios de guerra e corsários, que tem ou possam ter letras de Marca. Dado na nossa corte de S. Jaime a 21 de Maio de 1806 no 46º ano, de nosso reinado.- Por quanto havemos sempre desejado impedir que se interrompa o tráfico e comércio de todo o Estado que vive connosco em amizade enquanto seja compatível com as necessárias operações de guerra; e por quanto tenderá muito para esse fim que o comércio e navegação do Báltico fique por hora em interrupção, havemos em consequência por bem resolver que os nossos navios de guerra, corsários, e outras embarcações com Patente de corso se abstenham de apresar, deter ou em barcaças qualquer navio ou embarcações que se acharem dentro do Báltico e pelas presenças, ordenamos com todo o vigor ao comandantes dos nossos navios de guerra e de todos os navios e embarcações que tiverem letras de Marca e Represália que virtude de suas patentes, ou sob pretexto das mesmas, não detenham ou embaracem navio ou embarcação alguma no Báltico, a fim de os apresar; mas que antes pelo contrário concitam que os navios e embarcações, que encontrarem naquele mar, prossigam nas suas respectivas viagens sem interrupção alguma.- De mandado de S.M. (assinado) Spencer”.

        Pelo Secretario de estado Mr. Fox mandou S.M. participar a 2 do corrente aos Ministros das potências amigas e neutrais residentes nesta corte que o bloqueio que lhes foi anunciado a 8 de Abril próximo passado em consequência de notícias subsequentes, não deve estender-se ao rio Trave. Os nossos papéis públicos anunciarão haver-se feita indicação para que descontinua-se o bloqueio dos portos Prussianos no Báltico; mas que ela não quis anuir a esta proposição.- A esquadra que saio de Carlserona nos princípios de Maio para bloquear os ditos portos, se compõem de 4 fragatas debaixo do comando do Contra-Almirante Cederaròm. Também anunciam as citadas folhas haver-se passado ordem em Marnel para ficarem livre os poucos navios Britânicos que ali se acham detidos. Estas mudanças nos conselhos da corte de Berlin contribuem pouco para a decisão do grande ponto que se disputa entre os dois países. A Prúsia como é de crer, estimaria muito abrir os seus portos no Báltico ao comércio da Inglaterra com tanto que pudesse obter como um equivalente, que se anulasse a ordem dada para o bloqueio daqueles portos e dos rios que vem desaguar no oceano Germânico.- Agora se sabe que o porto de Marnel está bloqueado pelos Suecos com tal aperto, que das fortificações do mesmo porto se tem atirado alguns tiros com bala aos barcos pertencentes a uma das fragatas de bloqueio. O Cavaleiro Sidney Smith chegou com a sua esquadra à Sicília: assim fica desvanecido todo o receio que havia a respeito daquela ilha. O dito chefe já meteu socorro em Gaeta. O Cavaleiro João Moore está nomeado para comandar as tropas Britânicas na Sicília; e vai partir para ali sem perda de tempo.

Lisboa-Notícias da Gazeta de Lisboa sábado 21 de Junho de 1806


Africa-Tunes-20 de Abril de 1806

        Havendo sido apresado por alguns corsários Tunisinos a embarcação Napolitana, ‘Santo Antonio’ sob o comando do Mestre Antonio Jacoiho, pediu logo a sua restituição o cônsul de França, alegando estar o reino de Nápoles debaixo da protecção da França. Deu isto lugar a alguma discussão. Como o Bey porém estava sobejamente capacitado da natureza dos tratados para resistir ao recurso do cônsul de França, mandou suspender a venda da presa. É bem constante que o Imperador Napoleão jamais permitirá que numa Nação, que formar parte do sistema federativo da França, e sobre que reina um dos seus irmãos, continue a estar exposta a pilhagens e exacções dos povos Barbarescos. Acham-se agora cativos em Tunes 6 vassalos das duas Sicílias. 

Grã-Bretanha-Londres-7 de Junho de 1806

        Na Gazeta da Corte de 3 do corrente se publicou uma carta do Almirante Conde de S. Vicente, comandante em chefe da Esquadra do Canal, datada a bordo da nau de guerra ‘Hibernia’ na altura d’Ouessant a 27 do mês passado; em que se continham as cópias de duas cartas do Capitão Lord Cochrane, dirigidas ao Vice-almirante Thornborough, e por este transmitidas ao Conde de S. Vicente. Reduzem-se ao seguinte.

        A bordo do navio de S.M. Patlas, na baia de S. Martinho na ilha de Ré a 10 de Maio;

        “ Não havendo embarcações mercantes Francesas ultimamente saído ao mar, pela notícia que constantemente lhes dão os postos telegráficos da costa da situação dos navios de S.M. que sobre ela cruzam pareceu-me a propósito procurar por termo a isso. Conseguintemente foram demolidos os dois postos formados em Pointe de la Roche, e depois o de Caliota, e consecutivamente duas mais em l’Anse de Repos, um dos quais o Tenente Haswel e o artilheiro Hillier tomaram 100 homens de tropa miliciana. A nossa tropa de marinha, e as tripulações das lanchas se portarão muito bem: trouxeram consigo todas as bandeiras do inimigo, e deixarão de todo queimadas as casas construídas pelo Governo. Ontem o Tenente Norton, do cúter Friske, e o tenente Gregory, da lancha artilheira a Contest, levados de zelo que os distingue, foram acometer pelo flanco a bateria formada em Point d’Equillon, esperando que a houvéssemos de atacar por terra pela retaguarda; porem logo foi tomada, e 1 homem, de 50 que estavam postados a 3 peças de artilharia do calibre 36 que a guarneciam, foi feito prisioneiro: os demais conseguirão escapar: a bateria fica demolida, e a sua artilharia encravada com as carretas queimadas; o quartel e o armazém foram pelos ares, e todas as bombas que ali havia se lançaram ao mar. O posto telegráfico d’Equillon, e a casa contígua foram também queimados: o comboio se meteu por um rio de sorte que se pôs fora do nosso ataque. Toda a nossa gente se ouve como era de esperar. Nesta empresa só tivemos 3 homens levemente feridos.= Cochrane”

        A bordo do navio de S.M. Pallas, defronte da ilha d’Oleron a 24 de Maio. 
     
        “Esta manhã, estando perto da ilha d’Aix reconhecendo a esquadra Francesa, tive grande satisfação em ver que a fragata negra, e os 3 bergantins de sua conserva ião desaferrando. A Pallas se pôs á espera destas embarcações, e às 11 horas e meia, começou de parte a parte um fogo vivo, que foi bem sensível ao inimigo. As baterias da ilha d’Aix abrirão o seu fogo sobre a Pallas e houve uma canhonada, que só se interrompeu por nossa parte por nos vermos da necessidade de fazer vários bordos para evitar os baixos; à uma hora pôr conseguimos ganhar o vento ao inimigo; e como nos pusemos entre ele e as baterias em distância conveniente, lhe demos algumas bandas da nossa artilharia; então afrouxou o seu fogo, e eu ordenei que cessasse o nosso, determinando ao mesmo tempo uma manobra para impedir pela abordagem, a retirada da fragata inimiga. Ficou-nos esta em tal proximidade que a sua amorada fez recuar a nossa artilharia: então se descarregarão todas as nossas peças, cujo efeito foi horrível; pois viram-se logo desamparadas as cobertas da embarcação inimiga, que só pode corresponder ao nosso fogo com tiros de pistola. Sem dúvida haveria a França perdido esta fragata na situação em que ela se achava, a não ter o Almirante Francês mandado outras duas embarcações em seu socorro. A Pallas, pelo choque que teve com a fragata inimiga, ficou em estado de não poder navegar; com tudo saímos ao largo como nos foi possível, e depois nos tomou a reboque a chalupa de S.M. Kingfisher. A nossa gente se houve segundo o costume. Nesta acção tivemos 1 homem morto e 5 feridos.= Cochrane”

Lisboa-Notícias da Gazeta de Lisboa terça-feira 24 de Junho de 1806

Italia-Veneza-6 de Maio de 1806

        Ainda estamos bloqueados pelo inimigo. Entretanto se vai trabalhando dia e noite no nosso arsenal para aprontar uma esquadra ligeira que será mais que suficiente para lançar fora das nossas águas os navios inimigos. Assim que os Russos tiverem evacuado Cataro, empreender-se-á o ataque de Corfu, Zane, etc., visto que as sete ilhas pertenciam anteriormente a Veneza: as produções daquelas ilhas farão reviver o nosso comércio, e podemos esperar tempos prósperos depois de fazer a paz. Referem as cartas de Constantinopla de 6 de Abril haverem chegado ali de Corfu nos dias precedentes uma fragata e vários navios de transporte Russianos em que ia o regimento de granadeiros da Sibéria, que voltava para Sebastópolis. Como se esperava que estas embarcações fossem seguidas por outras, concluem daqui as ditas cartas que a corte de Petersburgo não está de ânimo de conservar por muito tempo na posse das sete ilhas.   




Grã-Bretanha-Londres-7 de Junho de 1806

        A Gazeta da Corte do dia 20 do mês passado contém, uma cópia de uma carta do Vice-Almirante Lord Collingwood, comandante em chefe das forças navais de S.M. no Mediterrâneo datada a bordo da nau ‘Oceano’ defronte de Cádis a 30 de Abril, em que participa que o Capitão Mundy, do navio de S.M. ‘Hydra’, tomou a 28 daquele mês, depois de uma caça de 230 milhas, a escuna Espanhola o ‘Argonauta’, de 10 peças mas que só trazia montadas 4 do calibre 6, e 20 homens de equipagem: esta escuna, que se acha forrada de cobre, ia para Buenos Ayres com despachos. Também contém a mesma Gazeta a cópia de uma carta do Vice-Almirante Dacres, comandante em chefe das forças navais de S.M. na Jamaica datada de Porto Real a 27 de Março, por onde dá parte que o Capitão Waller, da chalupa de S.M. ‘Serpente’ tomou a 29 de Novembro de 1805 ao pé da baia de Truxilho, o navio de guarda costa Espanhol denominado, o ‘Santo Cristo del Panho’, de 7 peças, alem de outras armas pequenas, e 40 homens, comandado por Dom João Cristóvão Tierro, o qual consegui-o escapar a nado com mais 25 homens da equipagem: a dita embarcação tinha saído de Havana pouco antes. Igualmente se lê na citada Gazeta uma carta do Contra-Almirante Cochrane, comandante em chefe das forças navais de S.M. nas ilhas de Sotavento, datada da Barbada a 30 de Março, em que anuncia que o Capitão Ferry, do navio de S.M. ‘Agamémnon’, de conserva com o navio ‘Carysfort’, comandada pelo Capitão Mackenzie, tomou a 24 daquele mês nas águas da Martinica a corveta Francesa ‘Lutine’, de 18 peças e 100 homens de equipagem, comandada por Mr. Crogquet-Dechauteurs, que ia do porto de ‘Orionte’ para a MartinicaNa Gazeta da Corte de 24 de Maio se fez publico uma carta do Almirante Lord Gardner, datada de bordo do ‘Trent’ na baia de Corke a 15 desse mês, por onde dava saber que o Capitão Moubray, do navio de S.M. o ‘Activo’, tomou a 27 de Abril a escuna Francesa ‘les Amis’, corsário de 4 peças e 20 homens, pertencente ao porto de Cayenna, para onde ia com vinho e várias mercadorias a bordo.





França-Paris-26 de Maio de 1806

        Os corsários de Argel, tomarão o navio Francês ‘S. Nicoldo’, comandado pelo Capitão Pedro Bonorricco; porém o Bey o mandou logo restituir e deu o Arraes do corsário apresador por incapaz de comandar armamento algum de Argel, em razão de se ter apoderado de uma embarcação Francesa. Em data de 17 do corrente avisão de Niort que os ingleses não desamparam aquelas águas, e que de vez em quando desembarcam por alguns minutos nas costas da Vendeia. Nessas ocasiões porém não fazem mais que tomar alguns carneiros e por fogo a algumas choupanas. Nunca têm ousado penetrar um quarto de légua no interior; e assim sempre tornam a embarcar com uma considerável perda, perseguidos fortemente pelas embarcações de guarda-costa.

Lisboa-Notícias da Gazeta de Lisboa terça-feira 27 de Junho de 1806

Estados Unidos da América-New-York-3 de Maio de 1806

        O Presidente dirigiu ao Congresso o recado seguinte:



        
        “Ao Senado e Camara dos Representantes dos Estados Unidos.

        Em quanto a esquadra dos Estados Unidos bloqueou Trípoli, um pequeno corsário debaixo da bandeira de Tunes, com duas presas de insignificante valor, ao procurar entrar em Trípoli, teve de retroceder, e como renovasse a mesma tentativa, foi aprisionado pela esquadra com as suas presas. O Bey de Tunes porém requereu a restituição das três embarcações com a ameaça de guerra, e em termos tão sérios o fez, que o comandante da esquadra, ao retirar-se do bloqueio de Trípolis, julgou que era do seu dever voltar a Tunes, e pedir que se lhe declara-se categoricamente se aquela Regência queria a paz ou a guerra. O Bey, antepôs explicar-se por um Embaixador junto dos Estados Unidos, o qual, ao chegar aqui, renovou a requisição de que houvesse de restituir o sobredito corsário com as suas presas. Julgou-se a propósito anuir a isso por dar assim uma prova de amizade do Bey; e ao Embaixador se fez saber que as 3 embarcações seriam restituídas. Depois requereu ele que se houvessem de enviar alguns apetrechos navais ao Bey a fim de assegurar a paz pelo prazo de 3 anos, com a ameaça de guerra, se isto lhe fosse denegado; e o Embaixador Tunisino está para se retirar sem desistir da sua ameaça ou requisição. Nestas circunstâncias, considerando que nas diversas providencias dos Actos de 25 de Março se compreende a ratificação do Tratado de paz com Trípoli, a que já assenti-o o Senado, julguei que era do meu dever comunicar estes factos, para que o Congresso considere se é conveniente que se continuem as mesmas providências por tempo limitado, a fim de que se determinem outras que lhes sejam equivalentes.=(assinado) Thomas Jefferson”

        A 8 do mês passado resolveu a Camara dos Representantes que se requeresse ao Secretário do Tesouro que comunicasse à mesma Camara toda a notícia que tivesse relativamente a um passo que se dizia ter sido dado a fim de haver dinheiro do Tesouro para a compra das Floridas. Em consequência desta resolução, a 15 apresentou à Camara o seu Orador uma carta do Secretário do Tesouro, em que negava positivamente haver-se tal passo. Um objecto, que concilia aqui agora a atenção do público, é uma expedição saída deste porto contra a costa Espanhola do Continente Americano, debaixo do comando do General Miranda. Esta expedição, que é uma espécie de aventura se supõe empreendida e apoiada com intuitos lucrativos por alguns indevidos, em cujo número entram especialmente o Coronel Smith, genro de Mr. Adams, e o negociante Ogden, de Nova-York. Estes dois sujeitos quiseram implicar na dita expedição o Presidente e o Secretário de Estado; e dirigiram ao Congresso duas Memorias a este respeito; ele porém as considerou como uma tentativa escandalosa e indecente para injuriar o caracter do Presidente e do Secretário de Estado, e ordenou que se tornassem a entregar a quem as apresentará, depois de haver tomado varias resoluções fortes a este respeito. Smith e Ogden se acham agora presos e se vão processando pelo expressá-lo motivo. Da Guiana se receberam aqui cartas em data de 8 do mês passado, as quais dizem que a esse tempo se havia tirado um embargo posto a todos os navios, mas que se supunha geralmente que se tornaria a por, se Miranda aparecesse sobre a costa. A tropa miliciana foi chamada do interior, e por ela ficavam fortificados todos os pontos principais. De Santo Thomás acaba de chegar a Filadelfia o Capitão Sturges, pelo qual consta haverem os Dinamarqueses proibido por um bando todo o comércio ou comunicação entre a ilha de Santo Thomás e o Império de Hayti

Dinamarca-Helsingor-13 de Maio de 1806

        A 7 deste mês passou defronte do porto de Copenhaga uma frota de navios mercantes ingleses, que se encaminhava para o Báltico debaixo da escolta de 4 embarcações de guerra; são estas as primeiras embarcações armadas de Inglaterra que se tem visto nestes mares desde o ano de 1801. Trazem ordem de não cometer hostilidade alguma. No porto de Copenhague se acham agora refugiadas várias embarcações Dantziquezas. As duas naus de linha Russianas, que se achavam no dito porto, saíram para o Báltico.- Dizem que se vão aprontar vários navios de guerra Dinamarquezes.

Grã-Bretanha-Londres-7 de Junho de 1806

        Nesta praça se espalhou a notícia de ter o navio ‘Bingham’ ao comando do Capitão Williamson, chegado da China a Filadelfia a 4 de Abril, em cuja viagem encontrou na lat. 25º log. 63º a fragata ‘Cleópatra’, comandada pelo Capitão White, de quem soube que o nosso comboio que ia para a China, fora apresado pela esquadra Francesa do Almirante Villeaumez, em que se acha Jeronimo BonaparteA esquadra do Almirante Stirling cruzava a 17 do mês passado na lat. 47º log 7º à espera da sobredita esquadra Francesa, por lhe constar que ela voltava para a Europa. A esquadra do Almirante Warren padeceu a 23 de Abril um furacão dos mais terríveis. O navio ‘Marengo’ (tomado ao Almirante Linois) cuja enxarcia era velha e estava toda podre, perdeu toda a sua mastreação: o 'Ramillies' e a fragata 'Belle-Poute' (tomada ao mesmo Almirante Francês) também sofreram muito nessa ocasião. Por este motivo teve a esquadra de voltar a Inglaterra antes que soubesse da derrota da de Villeaumez ao pé de Santa Helena. Fica desvanecido todo o receio que ultimamente houve a respeito daquela ilha, por ter chegado aos nossos portos o comboio que dali se esperava.- O Almirante Linois desembarcou a 16 do mês passado em Plymouth. O Capitão de Bandeira do ‘Marengo’, com vários dos seus oficiais, e o comandante e vários oficiais da ‘Belle-Poule’, foram ultimamente transferidos de Bishop’s Waltham para Thame, na província de Oxford. As Gazetas Americanas até à data de 22 de Abril referem que o Senado aprovou, por 19 votos contra 9, o Bil contra a importação de mercadorias Britânicas; mas que este Bil não deve ter efeito antes do mês de Novembro próximo.- Por notícias posteriormente recebidas da América consta que o desgraçado acontecimento da morte do Piloto João Pierce tem conciliado a atenção de todos. O fundamento da ofensa não é o direito de visita; mas sim o estar a embarcação Americana, em que se achava o dito Piloto, dentro da jurisdição dos Estados Unidos, não havendo em consequência direito algum para lhe atirar ou para faze-la amainar. As Gazetas de Nova York de 4 de Maio fazem menção de haverem os navios de guerra Britânicos levantado ferro, e partido para Halifax. A embarcação armada, que se expedira em busca dos navios Americanos apresados, voltou a Nova York, sem ter conseguido o seu fim. Parece que alguns dos oficiais das fragatas Britânicas, ‘Leandro’ e ‘Cambrian’ se achavam em terra naquela cidade ao tempo do tumulto que ali houve por causa da morte de Pierce: tiveram porem de esconder-se por evitar o furor da plebe, e por ultimo conseguiram sair de Nova York em uma embarcação com bandeira parlamentaria. A 4 deste mês se receberam pelo Capitão Collier despachos do Almirante Cochrane, comandante em chefe das forças navais de S.M. nas ilhas de Sotavento, datados da Barbada a 15 de Abril, os quais anunciam haver o General Miranda chegado com a sua expedição à costa da América Espanhola. Dizem que ele tomou posse da ilha de Margarida, que fica cousa de 40 milhas do Continente, e da costa da Provincia de Caracas, contra a qual se supõem serem dirigidos os seus esforços. Margarida é uma ilha de pouca importância. Os nossos diários referem ter o Almirante Cochrane pedido instruções ao Governo para saber o como se à de portar a respeito daquela empresa. Até aqui se tem sempre esquivado a Inglaterra a fomentar desígnios de uma tal natureza. Na situação porém em que estão agora as coisas, parece que pede a boa politica que se saibam com toda a individuação os desígnios, meios, e recursos do General MirandaNo mesmo dia 4 do corrente pelas 2 horas da tarde se recebeu aqui uma notícia telegráfica de haver chegado a Bolonha a 'Deal' uma embarcação parlamentária com despachos dirigidos ao Secretário de Estado Mr. Fox, os quais sem perda de tempo lhe deviam ser entregues.




Espanha-Madrid-17 de Junho de 1806

        O Brigadeiro Dom Agostinho Figueiroa, Comandante da Marinha em Porto-Cabello, participou ao Principe da Paz, em data de 18 de Fevereiro próximo passado, que a 10 daquele mês lhe dera saber o Comandante da Marinha de Cumaná que às 2 horas da manhã do dia 3 do mesmo mês uma fragata Inglesa, que bloqueava desde o dia precedente o porto da Nova-Barcelona, se aproximou a meio tiro de canhão do bergantim ‘Palomo’, corsário espanhol, vindo de Porto-Rico, que, perseguido por ela, fora ancorar perto da fortaleza do Morro. Começou logo a fragata a batelo e destacou 3 lanchas bem armadas para que o abordassem; porém o seu Capitão Dom Pedro Blanco Casaciego, com 24 homens de sua equipagem, se defendeu com tanto vigor, que consegui-o rechaçá-los com tão considerável perda, que na manhã seguinte deitou o mar na praia 19 corpos mortos, não se julgando ser isto mais que a metade da matança que padecerão. Prossegui-o a fragata no seu fogo até que voltaram as suas lanchas, e ao aclarar o dia se viu que ela ia sem o mastro da mezena, e com a enxarcia toda destruída para a ilha da Borracha, onde depois se soube que tratava de reparar os seus danos. Por nossa parte só houve 3 homens feridos no bergantim, cuja gente, apesar de combater contra forças tão superiores, se houve com tal valor, que os inimigos nunca poderão pôr os pés a bordo, deixando nele as mãos os que se atreveram a agarrar-se à amurada. O Castelo do Morro contribui-o muito para o destroço da fragata inimiga.      





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