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quarta-feira, junho 12, 2013

Editais e Noticias 1806 - VII


Editais e Noticias – Julho de 1806

Lisboa-Noticia na Gazeta de Lisboa terça-feira 1 de Julho de 1806


Alemanha-Aliona-27 de Maio de 1806

A Companhia dos Negociantes desta cidade recebeu de Copenhaga a seguinte notícia de Oficio:” Havendo a Grã-Bretanha julgado o propósito tornar a bloquear o Elba e o Trave, dá-se a saber aos Negociantes de Aliona a referida determinação, a fim de que dirigirão os navios para aqueles rios ao porto mais vizinho o Tonningen a respeito do Elba, e Kiel a respeito do Trave; e ali devem esperar por novas instruções, conforme a face que tomarem as cousas”

Nem por isso deixam de lisonjear-se os amantes da paz de que não haverá este ano novas hostilidades no Continente. A evacuação das Bocas de Cataro pelos Russos, a liberdade concedida aos navios Russianos detidos nos portos de França, para voltar ao seu país, tudo indica que as cortes de Tulherias e de Petersburgo não estão longe de se reconciliarem. Em todo o Continente não se divisa agora mais que um ponto que esteja exposto às calamidades da guerra.

Lisboa-Noticia na Gazeta de Lisboa sexta-feira 4 de Julho de 1806

Estados Unidos da América-Washington-6 de Maio de 1806


O Presidente dos Estados Unidos fez publicar a proclamação seguinte:

“Por quanto se recebeu notícia certa de que Henrique Whitby, comandante de uma embarcação de guerra Inglesa, denominada o ‘Leandro’, no dia 25 do mês de Abril próximo passado, dentro das águas e jurisdição dos Estados Unidos, e perto da entrada da baia de Nova Iorque, com um tiro de artilharia atirado da dita embarcação cometeu o assassínio de João Pierce, cidadão dos Estados Unidos, que então exercia a sua lícita vocação dentro das mesmas águas e jurisdição dos Estados Unidos, e ao pé da sua costa, sem que o dito Henrique Whitby possa agora vir a juízo pelos meios ordinários de justiça: e por quanto consta demais que tanto antes como depois do sobredito dia se cometerão várias ofensas, sem razões, detenças e vexações ilícitas contra navios mercantes que vinham para os Estados Unidos pela sobredita embarcação de guerra o ‘Leandro’, seus oficiais e gente, por outra embarcação de guerra denominada o ‘Cambrian’ Comandante João Nairne, seus oficiais e gente, e por outra embarcação de guerra denominada o ‘Driver’, Comandante Slingsly-Simpson, seus oficiais e gente, as quais embarcações, sendo todas da mesma Nação, se auxiliavam e assistiam reciprocamente nas ofensas, detenções e vexações mencionadas: conseguintemente a fim de que o dito Henrique Whitby venha a juízo, e seja devidamente punido pelo dito assassínio, ordeno pela presente e requeiro que todos os oficiais munidos com autoridade civil ou militar e todas as demais pessoas dentro dos limites de jurisdição dos Estados Unidos, onde quer que se ache o dito Henrique Whitby, agora ou em diante, o predam e segurem, e segura e diligentemente o entreguem á autoridade civil do lugar, para se proceder contra ele segundo a lei. E outro assim requeiro que a dita embarcação de guerra o ‘Leandro’, seus oficiais e gente e as duas embarcações de guerra o ‘Cambrian’ e o ‘Driver’, seus oficiais e gente logo e sem demora partam dos portos e águas dos Estados Unidos; e para sempre proibido a entrada de todos os portos e águas dos Estados Unidos às ditas embarcações de guerra e a todas as demais embarcações que forem comandadas pelo Henrique Whitby, João Nairne, e Slingsly-Simpson, ou por qualquer deles.- E se as ditas embarcações, ou alguma delas, deixarem de partir como fica dito, ou tornarem a entrar nos portos e águas acima referidos nesse caso proíbo toda a comunicação com as ditas embarcações de guerra ‘Leandro’, ‘Cambrian’ e o ‘Driver’, ou com qualquer delas, e seus oficiais e equipagens é proibido que se lhes dê provisão ou socorro algum. E declaro e faço saber que se alguma pessoa, dentro dos limites jurisdicionais dos Estados Unidos, der algum auxílio a qualquer das ditas embarcações de guerra, contra o que diz a proclamação, ou seja para se reparar uma tal embarcação, ou para fornecer os seus oficiais ou equipagem seja de que modo for abastecimentos de qualidade alguma, ou se algum piloto concorrer para a navegação de qualquer das ditas embarcações de guerra, salvo se for a fim de conduzi-las no primeiro caso para lá dos limites e jurisdição dos Estados Unidos, tal pessoa ou pessoas, convencidas que sejam disso, terão de sofrer todas as penas e multas que prescrevem às leis contra tais delitos: e pela presente ordeno e requeiro que todas as pessoas empregadas em cargos civis ou militares dentro dos Estados Unidos, e todos os demais cidadãos ou habitantes destes Estados ou que estiverem dentro dos mesmos, exercitem com vigilância e prontidão as suas respectivas autoridades, e contribuam com a sua assistência para que esta Proclamação e todas as suas partes tenham o seu pleno efeito.- Em fé do que mandei afixar a presente Selo dos Estados Unidos (L.S.) e assinei a mesma com o meu punho.- Dado na cidade de Washington a 3 de Maio do senhor de 1806 e o 30º da soberania e independência dos Estados Unidos” 
(assinado) Thomaz Jefferson, Presidente
                 Jaime Madison, Secretario de Estado

Itália-Liorne-27 de Maio de 1806


A fragata Inglesa, que andava nas nossas águas, como ultimamente se anunciou desapareceu; porém ficou detida a lancha apresada com a sua equipagem.- De novo aparecerão 2 navios, as 2 fragatas Inglesas, que se suponham serem as mesmas embarcações de guerra que constou andarem defronte de Génova. Não causaram estorvo algum ao comércio, havendo tão-somente visitado todas as embarcações que para aqui se dirigiam; e depois de terem navegado nestas águas 24 horas, tomarão o rumo de Leste. Parece que não convém aos Ingleses bloquear o porto de Liorne; e ainda que deixem prosseguir as embarcações que aqui se encaminham, depois de as ter visitado, nem por isso deixa de ir em ruina o nosso comércio ficando, esta praça em inacção pelo bloqueio dos portos do Norte.

Sabe-se que o navio da Marinha Real Italiana o "Comacchiese", comandado pelo Capitão Calamani, cruzando defronte do Cabo d’Istria a 2 do corrente teve um combate com uma corveta Russiana de 32 peças, e nele se houve muito bem. Depois de hora e meia de peleja, a corveta achando-se furada por muitas balas, se retirou para a baia de Trieste, onde fica ancorada com uma nau de linha da sua nação: teve ela 10 homens feridos. O "Comacchiese", recebeu somente uma bala na enxarcia, e tornou a prosseguir o seu cruzeiro. 

Suécia-Stockholmo-19 de Maio de 1806


El Rei da Suécia mandou dirigir aos Ministros das duas Cortes aliadas que aqui residem a Nota seguinte:

“Em consequência dos motivos apontados na Nota do infra cristo em data de 27 de Abril próximo passado, tem ele agora a honra, por expressa ordem de El Rei seu amo, de avisar-vos que S. M. houve por bem mandar sair uma esquadra, que se aprontou em Carlscrona, destinada para bloquear os portos de S. M. El Rei da Prúsia no Báltico, desde a fronteira do Império da Rússia até a da Pomerânia Sueca, como também as bocas dos rios Pregel, Vístula, Oder e Peene. A esquadra de S. M. observará fielmente, tudo o que nestes casos prescrevem os Tratados subsistentes com as Potencias aliadas ou neutrais e no teor do mesmo Tratados achará também razões valiosas para opor-se a toda tentativa que se fizer para quebrar o bloqueio das costas e paragens referidas. O infra cristo vos roga que hajais de noticiar à vossa corte o conteúdo desta Nota, e se vale desta ocasião &c. = Stralsund 6 de Maio de 1806 = O Conde de Fersen, Grão Marechal do Reino de Suécia.”

Lisboa-Noticias na Gazeta de Lisboa sábado 5 de Julho de 1806

Itália-Napoles-27 de Maio de 1806
      

(…) Sexta-feira passada chegou a este porto uma lancha parlamentaria, expedida por uma fragata Inglesa, o qual entregou os poucos soldados Franceses, que ainda ficaram em Capri, e logo, tornou a partir. Como aquela Ilha havia o preciso de Soriento e de Nápoles, não é possível que os Ingleses possam ali manter-se. Ultimamente aproximaram-se eles a Ischia e a outras Ilhas que ficam defronte desta capital; mas por serem mais importantes estão mais bem abastecidas, de sorte que o Inimigo teve de afastar-se por não se achar em estado de resistir ao fogo das suas baterias.

Itália-Bolonha-16 de Maio de 1806

De Trieste se recebeu aqui notícia certa de que em todo o dia 5 deste mês era inteiramente livre a entrada daquele porto, e que em todo o mês passado e nos primeiros dias do corrente entrarão ali muitas embarcações Austríacas, Italianas, Pontifícias, Ragusanas, e de outras Nações.

Escrevem de Roma que a 19 de Abril se soube ali que a esquadra ligeira Francesa, que saíra Civita-vecchia, deu com uma fragata Inglesa em pouca distância daquele porto; e que das 9 velas de que se compunha a dita esquadra; 5 voltarão ao porto bastante maltratados, e com alguma perda de gente em mortos e feridos: 3 embarcações que não tiveram parte do combate se acolherão ao porto de Anzio; mas uma corveta de 24 peças, em que ia o Comandante da esquadra, foi apresada, depois de ter feito uma forte resistência. Os seus oficiais e equipagem foram conduzidos á Sicília, onde se armou em corso a corveta apresada, a qual passou depois com a fragata Inglesa a bloquear o porto de Civita-vecchia.

Alemanha-Viena-26 de Maio de 1806

Referem as cartas de Constantinopla de 22 do mês passado (…) A esquadra Otomana, que para o verão próximo deve ir ao Mediterrâneo a fim de cruzar á vista das possessões da Turquia, se comporá de 7 ou 8 naus de linha e 20 embarcações de menor porte.

Grã-Bretanha-Continuação das notícias de Londres de 19 de Junho


Na Gazeta da Corte de 7 do corrente se publicou uma ordem Regia em data de 5, pela qual se determinava que o embargo posto aos navios e bens pertencentes aos habitantes de Bremen, se tirasse, e fosse permitido aos ditos navios com as suas carregações, não pertencendo aos inimigos de S. M. fazer-se á vela para qualquer porto não bloqueado.

A Gazeta da Corte de 10 contém, a cópia de uma carta do Lord Keith, em data de 7, pela qual participa ao Almirantado que o Capitão Digby, do navio de ‘S. M. Vestal’, tomou na manhã a 5 deste mês o corsário Francês o ‘Prospero’ lugre de 14 peças e 46 homens, inteiramente novo, e que saiu ao mar pela primeira vez, debaixo do comando de João Gabriel Huret, o qual na caça que se lhe deu ficou ferido, como também outro homem do mesmo corsário.

As notícias de Boston de 9 do mês passado confirmaram haver o General Miranda efeituado o seu desembarque na Provincia de Caracas debaixo de auspícios favoráveis. As Gazetas de Charleston até á data de 27 de Abril dizem que pelo Capitão Edes, que chegou na manhã precedente da Barbada, se soube que por uma embarcação expedida expressamente de Trindade se recebeu noticia de que 2 dias antes da sua partida tinha o General Miranda efeituado um desembarque em Barcelona, no Continente Espanhol, e que demais disso constava haverem-se-lhe unido 2 fragatas Inglesas. Esta notícia fez grande sensação na Barbada.  

Lisboa-Noticias na Gazeta de Lisboa Terça feira 8 de Julho de 1806

Alemanha-Viena-28 de Maio de 1806

A Gazeta da Corte contém no artigo da Turquia o seguinte:- No 1º de Abril se fez á vela o Capitão Baxá, com uma nau de linha, 2 fragatas e 6 corvetas, para cruzar defronte da Moreia e da Albânia. Mais 3 naus de linha de 80 e 74 peças ficam prestes a desaferrar do porto de Constantinopla; e 2 naus de linha de 90 e 80 peças, 4 naus de 74 peças e 6 corvetas se devem aprontar com maior diligencia. Ambas estas esquadras serão comandadas pelo Grã Almirante Otomano.

Lisboa-Noticias na Gazeta de Lisboa Sexta feira 11 de Julho de 1806

Rússia-Petersburgo-26 de Maio de 1806

A Companhia do Comercio da América recebeu do Capitão Lisanski notícia das duas embarcações, que ela expedira à China. O dito Oficial, ao chegar aquela região, entrou num porto diverso do de Cantão, que é destinado unicamente para receber os Europeus. Esta violação de uma lei, a que são muito aforrados os Chins, os indispôs de tal sorte que prenderão o sobredito Capitão, com a sua equipagem, e pedem uma satisfação do seu procedimento   

Alemanha-Altona-30 de Maio de 1806.

As 83 embarcações de guerra de diversos tamanhos, de que se compõem a Marinha Dinamarquesa, estão inteiramente prontas a sair ao mar.

Sabe-se que um navio que parti-o de Copenhaga para Pilau, encontrou na sua passagem uma embarcação de guerra Sueca, pela qual foi obrigado a voltar ao porto donde tinha partido. 

Os Suecos conduzirão a Cerlscrona o navio Prussiano, ‘Carlos Gustavo’ sob o comando do Capitão Janke, que ia de Revel para Lubeck.

As cartas de Petersburgo de 28 do mês passado fazem menção de que se tratava de aprontar em Cronstadt uma esquadra de 15 naus de linha e muitas fragatas. A esse tempo não se havia ainda dado principio ao armamento: mas era de supor que não tardaria a começar. A dita esquadra se destina para o Mediterrâneo.

Lisboa-Noticias na Gazeta de Lisboa Sábado 12 de Julho de 1806

Suécia-Gotemburgo-6 de Junho de 1806

Há grande fundamento para crer que as diferenças entre a Suécia e a Prússia se ajustem brevemente pela mediação da Rússia. De algum tempo a esta parte tem reinado sobre a nossa costa ventos muito rijos do Oeste: a 2 do corrente se experimentou um violento tufão, que causou grande dano ás embarcações Inglesas que se achavam, assim neste porto como no Sund; e um bergantim da mesma nação foi lançado sobre as rochas neste rio.

Grã-Bretanha-Londres-19 de Junho de 1806

Na Gazeta da Corte de 14 do mês se publicou uma carta do Almirante Collingwood, comandante em chefe das forças navais de S. M. no Mediterrâneo, datada a bordo do ‘Oceano’ defronte de Cádis a 15 de Maio, por onde participava que o Capitão Hillyar, do navio de ‘S. M. Niger’ tomou a 2 daquele mês a escuna de S. M. Católica a ‘Virgem do Carmo’, comandada pelo Tenente Luiz Navaretta, que ia de Algeciras para a Guayra com despachos, que deitou ao mar na caça que se lhe deu. A dita escuna pode montar 12 peças, mas só trazia 4 pedreiros, e uma quantidade de armas pequenas proporcionada á sua equipagem, que consistia em 21 homens.   

Lisboa-Noticias na Gazeta de Lisboa Terça feira 15 de Julho de 1806

Grã-Bretanha-Londres-24 de Junho de 1806


Na Gazeta da Corte de 14 do mês se publicou uma carta do Vice-Almirante Dacres, comandante em chefe das forças navais de S. M. na Jamaica, datada de Porto Real no 1º de Abril, pela qual dava parte de haver o Tenente Ward, do navio de ‘S. M. Pique’, nas lanchas do mesmo navio, tomado a escuna de guerra Espanhola, ‘Santa Clara’ de 1 peça de calibre 9, e 28 homens, depois de uma vigorosa resistência, mas sem perda alguma por nossa parte. – Outro sim informava que o Capitão Ross, comandante do mencionado navio, ao ir de S. Domingos para Caracoa, encontrou a 26 de Março 2 bergantins de guerra, que se chegavam para terra. Para obstar ao seu desígnio começou a fazer-lhes fogo, e em breve conseguiu emparelhar-se com eles, senão quando ouve uma canhonada das mais fortes; mas, por nos ter favorecido o vento, foi um dos ditos bergantins logo abordado pelos Tenentes Ward e Baker: então houve uma peleja das mais sanguinárias, em que da nossa parte foram mortos 9 homens, incluso o Mestre Thompson, e ficaram 14 feridos, sendo deste número os Tenentes Ward e Baker: passados uns 5 minutos arriou bandeira o inimigo; e depois de ter recebido mais algumas bandas de artilharia o outro bergantim, também se rendeu. Tomámos logo posse deles, e então se soube que eram o ‘Faeionte’ e o ‘Voltigeur’, de 16 peças e 120 homens cada um, embarcações muito bem construídas, e ainda novas: na obstinada resistência que fizeram ficou morta ou ferida quase metade das suas equipagens. A nossa gente se houve naquela ocasião, com o seu costumado valor.- Também participou o mesmo Vice-almirante Dacres, na data de 27 de Abril, que o Capitão Fiffe, do bergantim de guerra ‘Rein-Deer’, tomou a 21 daquele mês o corsário Francês a ‘Creonla’, escuna de 14 peças, mas que só montava 6 montadas, e 59 homens: esta embarcação, a mais veleira que tem aparecido naqueles mares, causou ali grande prejuízo ao nosso comércio. O Comodoro Home Popham, por carta datada do ‘Diadema’, em Table-Bay, a 24 de Março, comunica haver a esquadra de seu comando apresado ou destruído 9 embarcações do Inimigo, e retomado 2 navios Ingleses. As Gazetas de Charleston até á data de 27 de Abril, de que ultimamente se fez menção, anunciam que a frota da Jamaica, composta de 84 velas, que partira para a Europa debaixo de comboio, arribara a Barbada, e tornara a fazer-se dali á vela alguns dias antes da partida do capitão Edes. O Almirante Britânico fez recolher todas as embarcações de guerra que andavam fora naquelas águas.

Enquanto á expedição do General Miranda, dizem algumas cartas de Nova Iorque que o navio ‘Leandro’ em que ele se acha chegou a Jarquemel a 17 de Fevereiro sem haver tocado em porto algum. Um voluntario a bordo do mesmo navio escreve dali em data de 1 de Março o seguinte:

“ O General Miranda nos explicou o seu plano; e como nos foi dito, antes de partir para Nova Iorque, que teríamos a liberdade de prosseguir ou voltar, quase todos conviemos voltar. Estamos desembarcados, e em bom alojamento: recebemos o que se nos prometeu, e temos dinheiro para voltar, sendo franca a passagem. O General Miranda poderá haver aqui toda a gente de que precisar. O General Petion, em Porto Principe, tem 8.000 mulatos, que estão todos desejosos de acompanhá-lo á costa fronteira, e o Imperador do Haiti dá toda a facilidade á expedição. Por minha parte penso que Miranda será bem-sucedido. Talvez nos resolvamos ainda acompanha-lo”.




Como a expedição do General Miranda contra o continente da América Espanhola concilia agora a atenção de todos, não deixam de ser curiosidade publica as particularidades seguintes: O General Miranda, ao ver-se obrigado a fugir de França, em cujo exército era o segundo Comandante sob Dumourier, passou a Inglaterra, e residio em Londres por alguns anos. Durante esse tempo assegurou a Mr. Pitt que com 10.000 homens se atrevia a efectuar a independência da América Meridional. O defunto Pitt prestou toda a devida atenção às suas sugestões: ofereciam-se porem 3 impedimentos, os quais eram, o estado dos nossos exercitos; o não querer Miranda entrar de modo algum na expedição, a não ser o seu principal Comandante; e a consideração de que esta medida poderia vir aumentar o poder da França na Europa. Com tudo dizem que se fizeram então ao General Miranda certas promessas, que, a ter vivido Mr. Pitt, provavelmente se haveriam realizado. E é bem sabido o grande talento, e génio transcendente que tinha o defunto Ministro; e que não se deixava intimidar de perigos insignificantes. Á fundamento para crer que as suas vistas se estendiam ultimamente á América Espanhola; mas não se poderia esperar de um homem tão grande que quisesse proceder subordinado aos desígnios do General Miranda. O que daqui se segui-o foi, como é constante, entrar aquele Oficial na empresa de conquistar uma tão grande parte do Novo Mundo, só com os seus próprios meios e recursos. É certo que ajudado como está por causa de mil Ingleses e Americanos, homens muito resolutos, pode a sua empresa ser justamente considerada como um objecto da maior importância. Na presente conjuntura em que o Governo Francês se jacta de trazer 15 divisões de navios em várias partes do mundo, aparece nas nossas Gazetas o mapa seguinte de 6 esquadras Britânicas que agora andam fora, alem das que formam o bloqueio de Brest, de Cádiz e do Texel:


1ª Esquadra - Debaixo do comando do Contra-Almirante Strachan, uma nau de 84 peças, e 6 de 74 peças.

2ª EsquadraDebaixo do comando do Vice-Almirante Warren, uma nau de 84 peças e cinco de 74 peças,

3ª EsquadraDebaixo do comando do Vice-Almirante Thornborough, uma nau de 98 peças, uma nau de 84 peças e 3 de 74 peças.

4ª EsquadraDebaixo do comando do Contra-Almirante Stirling, duas naus de 98 peças e 3 de 74 peças.

5ª EsquadraDebaixo do comando do Contra-Almirante Harvey, uma nau de 98 peças, 2 de 84 peças, e 2 de 74 peças.

6ª EsquadraDebaixo do comando do Contra-Almirante Sidney Smith, duas naus de 80 peças, 3 de 74 de peças e 2 de 64 peças.

Destas esquadras as duas primeiras andam em busca de Jerónimo Bonaparte; as 3 seguintes cruzam defronte de Rochefort e do Cabo Finisterra, e no rumo de Oeste, a fim de o intercepta-lo; e a última anda no mediterrâneo. É de notar que a referida lista não inclui as 3 esquadras de bloqueio, nem as forças navais postadas nas Índias Orientais e Ocidentais.

Lisboa-Noticias na Gazeta de Lisboa Sexta feira 18 de Julho de 1806

Grã-Bretanha-Londres-28 de Junho de 1806

A 21 do corrente de tarde chegou aqui Mr. Wilbraham, depois de ter estado detido em França: defronte de Bolonha passou ele de um barco Francês para bordo da fragata ‘Vestal’, que o mandou em um dos seus escaleres a Dover, onde desembarcou nessa manhã. Dizem que ele trouxe despachos de Mr. Talleyrand para Mr. Fox. Acha-se este agora enfermo.

Anunciam as nossas gazetas haver o cavaleiro Home Popham, chefe das forças navais expedidas ao Cabo de Boa Esperança, entrando na expedição a Buenos Aires, sem que o soubesse o presente Governo. Admitindo porem ser isso verdade, é provável haver ele assim procedido por instruções do procedente Ministério, antes que pudesse receber algumas outras do que lhe sucedeu.- Em quanto ao, mais escrevem de Boston em data de 5 de Maio que o Capitão Cutler, havendo partido da Martinica a 20 de Abril, chegou a Portland, e disse que na véspera do dia da  sua partida, receberão ali Gazetas da Ilha de Trindade, em que se á que o General Miranda havia tomado Margareta, Cumana, Barcelona e Caracas; que assim que saiu em terra se lhe unirão 16.000 homens do país, e que Barcelona e Caracas se renderão sem resistência.

França-Paris-16 de Junho de 1806


O Ministro da Marinha, comunicou ao Imperador o seguinte:

“ Senhor, o Capitão de alto bordo, Hermite, comandante de uma das divisões navais que se fizeram á vela no inverno passado, me enviou pelo brigue ‘Surveillant’ uma relação das suas operações: por este motivo tenho a honra de me dirigir a S. M. o seguinte extracto da mesma relação.- Até ao dia 3 de Abril apressou a divisão nas costas de Africa, 21 embarcações Inglesas cuja capacidade ao todo era de 3.975 toneladas, e continham 229 bocas-de-fogo entre canhões, obuses e caronadas, do calibre 2 a 16. As equipagens em número de 518 homens, ficaram prisioneiras, e nas 21 embarcações se acharão 1.134 negros. Entre estas presas havia 4 carregadas de mercadorias, que se venderão por 669.000 francos. Das 17 restantes 3 se armarão, e fazem parte da divisão: são a ‘Favorita’ de 18 peças do calibre 6, e 11 caronadas do calibre 12; o ‘Otways’, de 4 peças de calibre 12, 14 de calibre 6, e 2 caronadas do calibre 18; e o ‘Plowers’, de 20 peças de calibre 6. Cinco se expedirão como parlamentários: (um destes denominado ‘Trio’ chegou a Morlaix), 2 se venderão pelas precisões da divisão, e produziram 80.000 patacas; e 7 se meteram a pique, e foram queimadas e destruídas. Dos 1.134 negros, que se acharam nas sobreditas presas, faltavam a 3 de Abril 92 entre mortos, desertados, vendidos ou dados de presente: os 1.042 que restavam se repartiram entre as embarcações da divisão O Capitão Hermite não conservava a 3 de Abril mais que 34 prisioneiros; enviou 460 nos navios parlamentários; com as presas ficaram 23 e só faleceu um. O dito Capitão me participa que visitou com a maior atenção os pontos da costa que correu, e causou ao comércio Inglês perdas sumamente grandes; pois o negócio que fazia o Inimigo fica arruinado por este ano, e para o que vem terá de encontrar muitos embaraços. As embarcações da divisão ficavam em bom estado, Hermite faz grandes elogios aos seus Oficiais e equipagens; e diz que desde que saiu do Oriente não perdeu mais do que 15 homens, e só teve 14 enfermos.= Decrès”

Sabe-se também que os corsários Franceses vão destruindo o comércio, inimigo na Asia. A Henrique de Bordéus, a Bellona, Capitão Perrond, e outro corsário da Ilha de França tomarão ultimamente nos mares da India 7 navios Ingleses muito importantes; um deles se avalia em 1.800$000 francos.

Lisboa-Noticias na Gazeta de Lisboa Sábado 19 de Julho de 1806.

Italia-Milão-19 de Junho de 1806

O Governo foi á pouco informado pelo 2º Tenente da Marinha Italiana Stalimini, que ele a 5 do mês passado com a sua divisão, composta de um xaveco e de 3 lanchas artilheiras, entrou em combate com uma divisão Russiana, que se achava no canal de Bazza para interceptar os socorros que se enviassem á Ilha de Lesina, que está bloqueada. A divisão inimiga consistia de um bergantim, uma galeota, um xaveco e outra embarcação mais pequena, todos bem armados. Às 10 horas começou o ataque Mr. Stalimini: o inimigo deu indícios de não fazer caso de forças tão inferiores; mas, assim que lhe ficaram a tiro de canhão, ouve uma forte canhonada de parte a parte. Depois de 2 horas de peleja, retiraram-se as embarcações Russianas favorecidas por um vento que se levantou ao tempo que estavam para ser tomadas. Sem embargo de terem ido refugiar-se debaixo da artilharia de uma nau de 74 peças da mesma nação que bloqueava a sobredita Ilha, foi Stalimini em seu alcance até ficar a tiro de canhão da nau: então virou de bordo, dirigindo a sua divisão para Milna, a fim de proteger o comboio Italiano carregado de peças de artilharia, munições, viveres e tropas; e às 5 e meia da tarde ancorou na Ilha de Lesina, onde se desembarcarão os ditos reforços.

O General Seras participou a S. A. I. o Vice-Rei que havendo-se aproximado a divisão Russiana a Capo de Istria na noite de 3 para 4 do corrente, tentou fazer um desembarque para saquear aquela povoação; porém 3 das lanchas postadas para observar os movimentos do inimigo sustiveram o ataque com tanto valor, que obrigaram os Russos a retirar-se. Então dirigiram-se estes para outro ponto da praia, onde os habitantes de Muja, depois de terem pegado em armas, fizeram um fogo tão vivo, e tão bem dirigido, que os Russos após muitas tentativas inúteis tiveram de se reunir-se aos seus navios, sem que nenhum deles pudesse pôr o pé em terra.

Alemanha-Augsburgo-10 de Junho de 1806

Os Suecos bloqueiam os portos de Mentel, Dantzig e Pilau com tal rigor, que até proíbem a sua entrada e saída aos Dinamarqueses e aos Russos. O Tenente Coronel Hoderstierna, por quem é comandada a fragata ‘Thetis’ de 40 peças postada na baia de Dornek, fez público: “que todos navios neutrais que se achassem com carregações Prussianas ou contrárias aos Tratados e Convenções de Neutralidade, serão havidos por presa legítima: que bloquearia com todo rigor o porto de Dantzig, não permitindo que nele entrasse embarcação alguma, e que aos que verdadeiramente fossem reconhecidos por neutrais se lhes advertiria á sua chegada, que não tornassem a encaminhar-se para o dito porto, a não quererem ser apresados”.

Grã-Bretanha-Londres-3 de Julho de 1806


Anunciam os nossos diários que o Ministro da Marinha de França enviou aos Comandantes dos portos Franceses a seguinte carta circular:

“Paris 9 de Junho. Dou-vos a saber que conforme um Decreto do Imperador em data de hoje, fica tirado o embargo a todas embarcações Russianas, que se achavam detidas em consequência das hostilidades entre os dois países, e que S. M. á por bem que todas ditas embarcações possam livremente partir.= Decrès

Ontem se receberam Diários de New York até á data de 27 de Maio. Contem eles várias notícias contraditórias do êxito da expedição do General Miranda; as cartas de Trindade porem, em que parece fundamentar-se todas estas notícias, referem que Miranda chegou a caracas a 12 de Abril; sendo que outras cartas de Caraçon de recente data afirmam que ele partira a 10 daquele mês de Arrilba pequena ilha Holandesa, que se lhe de Coraçon. A notícia de que se lhe uni-o a fragata Inglesa ‘Jason’, e de que ele estivera encorado defronte de Barcelona, com 4 navios armados e 2 brigues debaixo de bandeira Britânica, não se menciona nas folhas de New York.- O que vem na Gazeta de New York é uma memoria de Samuel Ogden, que foi acusado de ter assistido o General Miranda para aprontar a sua expedição. O objecto da Memoria é mostra que o Governo Americano soube do desígnio do dito General; e para esse fim se fazem públicas várias cartas escritas por Miranda ao Secretario de Estado Americano. Declara Ogden que Miranda, partiu de Inglaterra sem esperança alguma de que o Governo Britânico lhe desse a assistência que ele pedia, e que em consequência se resolveu a tentar o que poderia fazer pelos recursos que a América lhe pudesse dar, e que estivesse disposta a fornecer-lhe para a execução de um projecto sancionado pela autoridade publica, ou empreendido por aventureiros particulares.

A mesma Gazeta de New York, referindo-se a noticias de Halifax, diz que o Capitão Whitby, do navio ‘Leandro’, fora ali preso por ordem do Comodoro Beresford, e que ele estava para ser processado pelo modo repreensível com que se houve em quanto esteve nas águas de Sandy Hook ao pé de New York.

Lisboa-Noticia na Gazeta de Lisboa terça-feira 22 de Julho de 1806

Italia-Veneza-3 de Junho de 1806

Já saio do nosso arsenal a esquadra ligeira que se estava aprontando, e sem perda de tempo se fará á vela debaixo do comando do Cavaleiro Paolucci: compõe-se de 3 fragatas e 2 brigues com outras embarcações pequenas. 

Espanha-Madrid-11 de Julho de 1806



O Capitão General da Repartição de Cartagena, D. Francisco de Borja, deu parte ao Generalíssimo Principe da Paz do combate que teve 1º de Junho sobre Ibiza o corsário Espanhol ‘Santo António’, de 6 peças e 85 homens, debaixo do comando de António Riger, com o corsário Inglês a ‘Felicidade’, de 12 peças e 63 homens, sob o comando do Capitão Miguel Novella, aliás o Papa. A peleja foi a abordagem, e não durou mais que 20 minutos, havendo a nossa gente conseguido neste curto espaço de tempo render o corsário inimigo, a bordo do qual houve 19 homens mortos, e 25 feridos. Por nossa parte ficarão 5 mortos e 8 feridos.

Lisboa-Noticias na Gazeta de Lisboa Sexta feira 25 de Julho de 1806

Estados Unidos da América-Boston-31 de Maio de 1806


Segundo informação de Baltimore em data de 16 deste mês, ouve outro insulto contra a soberania deste país, cometido pela fragata de guerra Inglesa a ‘Cleópatra’, a qual abordou o navio Americano a ‘Eliza’, sob o comando do Capitão Parry, ao vir de Londonderry, duas léguas de terra, em 4 braças de água, e depois de haver tomada a bordo um piloto, e violentamente levou um cidadão desta Republica, e 14 homens que vinham de passageiros, para residir neste país, uma mulher (casada com um dos presos) e um rapaz aprendiz.

De Alexandria nos comunicam a seguinte noticia, que anunciamos como um mero boato, sem querer autenticá-lo. Ao voltar para os nossos portos a fragata dos Estados Unidos denominada ‘Essex’, topou com uma chalupa de guerra Inglesa; e depois de ter feito muitos sinais, a nenhum dos quais se respondeu, de repente lhe deu uma banda de artilharia a embarcação Britânica: a nossa fragata respondeu imediatamente ao fogo, e o que daqui resultou foi ir logo a pique a chalupa Inglesa. Supõe-se que esta tomou a fragata por um navio da India, e que esperava apresá-la pela manobra que fez.            

Turquia-Constantinopla-23 de Maio de 1806


Vai-se ainda trabalhando com a maior actividade nos nossos arsenais, de sorte que em breve se acharão de todo prestes a fazer-se á vela 40 navios de guerra, inclusas 10 naus de linha. Dizem que esta esquadra sairá para o fim do corrente mês: as tropas que nela devem ir, se exercitam diariamente nas evoluções e manobras ao estilo Europeu. Por ora não se sabe o objecto desta expedição.

Espanha-Madrid-15 de Julho de 1806

O Comandante General da Costa de Santander deu parte ao Generalíssimo Principe da Paz que na tarde do 1º de Julho desembarcou nas praias de Santonha alguma gente de 2 lanchas inimigas. Conseguintemente determinou logo o Coronel D. Tomaz O. Doncjú que passasse aquele lugar com um destacamento de 36 homens do Regimento de Navarra, debaixo do comando do Tenente D. José Cutoli, o qual chegou tanto a tempo, que surpreendida e atacada a pouca gente que ficou de guarda às lanchas, teve de fazer-se á vela precipitadamente sofrendo o fogo da nossa tropa, a qual foi depois reforçada com 12 soldados e 30 paisanos; e como reconhecesse o monte chamado de Frade, achou e apreendeu um piloto e 5 marinheiros do bergantim de guerra Inglês ‘Haughty’, destacado da divisão inimiga, que, composta de 2 fragatas, do dito bergantim e de um cúter, cruza á vista do porto de Santonha.

Lisboa-Noticias na Gazeta de Lisboa Sábado 26 de Julho de 1806.

Itália-Veneza-12 de Junho de 1806


O Comissário Geral da Marinha dirigiu ao das forças navais, e aos Oficiais da Marinha Italiana uma carta, em que dá o maior valor à actividade, inteligência e louvor dos Oficiais de Artilharia e Marinha empregados nas costas da Istria e da Dalmácia, e os convida a que sem perda de tempo procurem instruir-se a fazer-se práticos nas operações mais difíceis da sua arte, e por último promete recompensas aos que se distinguirem pela sua habilidade e subordinação.

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