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sexta-feira, agosto 01, 2014

Batalhas e Combates-1750 I

Berlengas
(23 de Julho de 1750)


Em Outubro de 1739 a Inglaterra declarou guerra à Espanha na mira de se apoderar das possessões que esta posssuia na América. Em 1744 teve início a Guerra de Sucessão da Áutria que opôs a França à Inglaterra. Em Abril de 1748 o Tratado de Aix-la-Chapelle pôs fim a ambas as guerras dexando tudo como dantes. Apesar da dependência politica e militar em que se encontrava em relação à Inglaterra, Portugal conseguiu conservar-se neutro durante o periodo conturbado que a Europa viveu entre 1739 e 1748. No atlântico, a tarefa fundamental da nossa Marinha continuava a ser a patrulha da costa contra os corsários barbarescos e mouriscos. Ao amanhecer do dia 23 de Julho de 1750 encontrava-se a cerca de quinze milhas a noroeste das Berlengas a Nau "N. S. do Bom Despacho", da praça do Porto, que regressava ao Reino vinda do Brasil. Dissipada a neblina matinal foi avistado a curta distância um grande Xaveco de piratas mouriscos, acompanhado por uma presa que havia feito pouco antes, o qual, ao ver a Nau, logo se lançou em sua perseguição. Trazia a "Bom Despacho" somente onze soldados de guarnição, pelo que o seu Capitão mandou distribuir armas pelos passageiros capazes de as usar, ao todo uns cento e vinte. Como as espingardas que havia a bordo eram poucas, a maior parte armaram-se com espadas e chuços. O Xaveco, cuja guarnição, era de cerca de trezentos homens, começou por se colocar por uma alheta da Nau, principiando a disparar sobre ela com alguns pedreiros de que dispunha e numerosas espingardas. Não refere o cronista que a "Bom Despacho" tenha utilizado a artilharia para se defender, possivelmente por o inimigo ter tido o cuidado de se conservar fora dos seus campos de tiro. Pelas onze horas o Xaveco aferrou a nau. É provável que o tenha feito vindo de ré e que se tenha prolongado com ela metendo-se por baixo da bateria, já que tinha muito menor bordo livre. O certo é que, logo que se encostaram à "Bom Despacho", os mouros armados com pistolas e alfanges, começaram a subir como formigas pelas mesas das enxárcias do mastro grande e do traquete. Defenderam-se os portugueses com grande ânimo disparando incessantemente sobre eles as suas espingardas e atacando sem temor com espadas e chuços todos os que conseguiam pôr pé no convés. Depois de terem perdido cerca de cem homens, entre mortos e feridos graves, os mouros desistiram de tomar a Nau e, cortando os cabos dos arpéus, deixaram-se descair para ré e afastaram-se. Da nossa parte registaram-se apenas sete feridos. Vendo-se livre do pirata a "Bom Despacho", possivelmente aproveitando a nortada, continuou a viagem para Lisboa, onde chegou a salvamento no dia seguinte.


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