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sábado, agosto 29, 2015

Batalhas Navais-1337

Cabo de São Vicente
(21  de Julho de 1337)


O desprezo a que o rei de castela, Afonso XI, votara sua mulher, a infanta Dona Maria, filha do rei Afonso IV de Portugal, juntamente com outros agravos que lhe fizera, levaram este a entrar em guerra com Castela no ano de 1336. Os Portugueses iniciaram as hostilidades enviando uma armada de vinte Galés, provavelmente acompanhadas por algumas naus, a assolar a costa da Andaluzia. Mas a expedição resultou num fiasco, perante a intrépida resistência dos Castelhanos que rechaçaram as várias tentativas de desembarque feitas pelos nossos. Recolhida ao Tejo, a armada foi destroçada por um violentíssimo temporal, que igualmente dispersou e causou grandes avarias numa poderosa armada castelhana que saíra de Sevilha para combater a armada portuguesa. Em terra, os Portugueses começaram por fazer uma incursão à Galiza, à qual, posteriormente, os Castelhanos responderam com incursões, no Minho, em Badajoz e no Algarve, sem que daí tivesse resultado qualquer encontro importante. Possivelmente para aliviar a pressão que o inimigo estava exercendo na fronteira norte, Dom Afonso IV enviou a sua armada, sob o comando do Almirante Manuel Pessanha, a assolar as costas da Galiza e das Astúrias, onde apressou numerósas embarcações de pesca. No ano seguinte, ou seja em 1337, logo que terminou o Inverno a armada portuguesa largou de Lisboa com rumo ao Algarve, na força de trinta Galés, sob o comando do Almirante Pessanha. Aproximadamente pela mesma altura saiu de Sevilha, tamdém com destino à costa Algarvia, a armada castelhana, na força de quarenta Galés sob o comando do prestigiado Almirante Afonso Jofre Tenório. Mas os fados tinham decidido que o encontro entre ambas só teria lugar alguns meses depois. Outro violento temporal apanhou em cheio as duas armadas, metendo-lhes no fundo várias Galés e avariando-lhes de tal modo as restatantes que ambos os Almirantes se viram obrigados a regressar à base. 


E toda a Primavera foi consumida em fabricos e reaquipamento. Nos começos de Julho voltaram as armadas de Portugal e Castela a fazer-se ao mar, a primeira reduzida a cerca de vinte Galés e a segunda a cerca de trinta. Provavelmente, da armada castelhana faziam parte algumas Naus, já que se destinava a operar longe das suas costas. Navegando em busca uma da outra, vieram a encontrar-se ao largo do cabo de São Vicente, no dia 21 de Julho de 1337. Atacando impetuosamente, as Galés portuguesas conseguiram ao fim de pouco tempo render nove das contrárias. Depois houve qualquer acontecimento que fez inverter o rumo dos acontecimentos. Uma hipótese a considerar é que tenham chegado as Naus castelhanas, que tenham começado a abalroar algumas das nossas Galés que estavam atracadas à inimigas, afundando umas tantas, e que tenham aferrado outras, lançando-lhes para dentro do alto dos seus castelos, grande quantidade de pedras, barras de ferro, setas e virotões. A verdade é que esta táctica já havia sido utilizada com êxito pelo Almirante Tenório, alguns anos antes numa batalha em que derrotara os Mouros. Só seria de admirar que não voltasse a utilizá-la desde que as circustâncias o permitissem, isto é, desde que houvesse, vento para as Naus poderem manobrar à vontade, o que normalmente acontecia durante o mês de Julho na região do cabo de São Vicente. Seja como for , em dado momento da batalha os portugueses começaram a sentir grandes dificuldades, apesar do elevado nùmero de Galés inimigas que já tinham conseguido tomar.


Duas Galés castelhanas aferraram por ambos os bordos a nossa capitânia e depois de uma luta prolongada tomaram-na, abatendo o estandarte real português e aprisionando o Almirante Pessanha e seu filho. Vendo o chefe render-se, os portugueses desanimaram e puseram-se em fuga, perseguidos durante algum tempo pelos castelhanos. Em resultado da extraordinária bravura com que ambos os contendores se bateram, o número de mortos e feridos de ambos os lados foi muito elevado. Os Portugueses terão tido, além disso oito Galés tomadas e seis afundadas. O elevado número das afundadas parece confirmar a hipótese de terem sido abalroadas pelas Naus castelhanas. As Galés portuguesas capturadas foram levadas para sevilha, onde chegaram a reboque das castelhanas com os pendões a arrastar pela água em sinal de derrota. O Rei Don Afonso XI foi pessoalmente àquela cidade para receber e felicitar o Almirante Jofre Tenório pela grande vitória que alcançara. Os prisioneiros portugueses que ascendiam a alguns milhares, foram obrigados a desfilar pelas ruas de sevilha com cangas ao pescoso, à exepção do Almirante Pesanha e de seu filho. A bandeira real portuguesa tomada na batalha ficou exposta na igreja de Santa Maria. Em resultado da tremenda derrota sofrida pela sua armada o Rei de Portugal viu-se forçado a aceitar a mediação de um delegado do Papa e concordou com uma trégua de um ano, que acabou por ser prolongada até à conclusão da paz. De notar que pela sua parte o rei de castela estava desejoso de terminar a guerra com Portugal, porque tinha notícias de que os Mouros estavam a passar muita gente para a Península, o que fazia prever para breve uma nova ofensiva em larga escala contra os Cristãos.

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