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quinta-feira, agosto 20, 2015

Batalhas Navais-1476 I

Estreito de Gibraltar
(Primavera? de 1476)


As lições de História são difíceis de aprender. Exemplo disso foi o facto de o Rei de Portugal Dom Afonso V, apesar dos desastres sofridos pelo seu antepassado Dom Fernando, se ter envolvido novamente em guerra com Castela, no ano de 1475, na miragem de se tornar também senhor daquele reino. Dada a desproporção entre as forças militares terrestres das duas nações, o Rei português, apesar de apoiado por uma fracção importante da nobreza castelhana, arriscava-se obviamente a sofrer uma humilhante derrota, como efectivamente veio a acontecer, com a agravante de que se saísse vitorioso da contenda e se tornasse Rei de ambos os países isso levaria inevitavelmente à perda da nossa independência nacional. O mais curioso é que os Castelhanos nunca se tenham apercebido deste facto, isto é, que a forma mais simples de conseguirem a tão almejada absorção de Portugal seria deixando ascender ao trono de Castela um monarca português! Se Dom Fernando ou Dom Afonso V tivessem tido êxito nas suas ambições, a união de Portugal e Castela, sob a hegemonia desta última, teria provavelmente ocorrido com a mesma naturalidade com que se consumou a união de Castela com Aragão. 


Paradoxalmente, a derrota de Dom Afonso V na batalha de Toro (2 de Março de 1476) roubou aos Castelhanos a última oportunidade de conseguirem a unificação da Península Ibérica sob a sua égide. Quando em 1580 Filipe II conseguiu finalmente apossar-se de Portugal pela força das armas já era tarde demais. Nessa altura, já as identidades nacionais da Espanha e de Portugal se tinham diferenciado demasiadamente para que a união pudesse perdurar. Durante a guerra de 1475-1479 não se verificaram operações navais de vulto. Mas recrudesceu a actividade dos corsários de ambos os lados, que libertos de todas as peias, aproveitaram a ocasião para dar caça desenfreada à navegação dos contrários. Pouco depois da batalha de Toro, o Rei Fernando mandou organizar uma armada destinada a patrulhar o estreito de Gibraltar com o fim de capturar os navios portugueses e franceses que ali passassem. Compunha-se a referida armada de três Naus da Biscaia, cinco Caravelas, provavelmente da Andaluzia e quatro Galés do Rei. Possivelmente na Primavera desse mesmo ano (1476) a armada de Castela interceptou uma armada de quatro Naus que vinham do Mediterrâneo, cosidas com a costa africana, das quais três seriam portuguesas e uma genovesa. Não se conhecem pormenores acerca da forma como decorreu este combate, sendo de presumir que se tenha desenrolado de acordo com as tácticas e costumes da época, lançamentos das mais variadas armas de arremesso e de artifícios de fogo, cal para cegar os adversários e sabão para os fazer escorregar, seguidos de tentativas de abordagem e por fim, de terríveis combates à arma branca.


Vendo-se perdidos os tripulantes da Nau de Génova optaram por a varar na costa, fugindo em seguida para terra. Duas das naus portuguesas pegaram fogo, acabando por afundar-se. A maior de todas a "Borralha" de que era Capitão Álvaro Mendes e tinha a bordo cerca de quinhentos combatentes, lutou tenazmente durante várias horas contra os diversos navios que a rodeavam, acabando por conseguir romper através deles e safar-se. É de supor que os Portugueses se tenham batido com grande determinação, uma vez que os Castelhanos, apesar de disporem de muito mais navios, não conseguiram capturar nenhuma das suas três Naus. De acordo com fontes espanholas, os Portugueses teriam sofrido cerca de cem mortos neste combate, a maior parte, por certo, nas Naus que foram incendiadas e se afundaram, e os Castelhanos apenas quatro.


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