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segunda-feira, abril 22, 2013

Batalhas e Combates-1805 a 1810


Marinha de Guerra Portuguesa

Esquadra Portuguesa do Oriente Capitania de Macau

Governador
Capitão-General da cidade Lucas José de Alvarenga

Ajudante do Governador
Desembargador Miguel José de Arriaga Brum da Silveira


Combates no Mar da China
31 de Março de 1805 a 20 de Outubro de 1805

A pirataria aumentava cada vez mais, causando danos à navegação não só chinesa mas portuguesa. Macau vivia do seu comércio marítimo, perde-lo seria lavrar a sua sentença de morte. Portanto tinha que se defender dos piratas. A 31 de Março de 1805 o governador da Índia recomendou ao de Macau «Também não me parece conveniente que as  embarcações de guerra destinadas para a defesa da cidade e do seu comércio, se unam à Armada do Governo Sínico nem estendam a sua navegação a tão grande navegação e a tão grande distancia como praticaram antecedentemente de que resultou uma dela dar a Polpinão (Pulo Penang) e recear-se e aqui a respeito da outra a triste notícia de que tinha naufragado, advirto, portanto ao senado que evite novos compromissos com os Mandarins Chineses sobre a união das Esquadras, limitando-se ao serviço das nossas embarcações e à defesa de qualquer desembarque, que se intente nas nossas praias da cidade e das embarcações». Em 20 de Outubro de 1805 o Capitão-tenente João Inácio Lopes comandando o Brigue 'Princesa Carlota', alcançou una brilhante vitória contra 70 embarcações de piratas «obrigando-as pela sua presença de espírito e sangue frio imperturbável à mais vergonhosa fuga». Recebeu os louvores do Senado que foram bem merecidos, pois foi um combate de um só navio contra 70.

Ordem de Batalha da Flotilha Portuguesa

Comandante da Força
Capitão-tenente João Inácio Lopes
(1 navio de guerra – 1 Brigue – 14 peças de artilharia e 120 homens)

Princesa Carlota
Brigue
Comandante
Capitão-tenente João Inácio Lopes

Armamento - 14 peças de artilharia e 125 homens de guarnição


Combates no Mar da China do Sul

06 de Maio 1807

A pirataria infestava os mares da china do sul, estendendo-se às águas de Macau. Como vários barcos nossos se perderam, o Senado proibiu em 29 de Novembro de 1805, a compra de embarcações de dois mastros, sob uma multa de 400 taéis, visto não se poderem armar convenientemente. Em 1807 os piratas tiveram a ousadia de atacar navios mercantes à vista de Macau. Urgia dar-lhes uma boa lição. O Senado de Macau adquiriu três embarcações de guerra: a Fragata 'Ulisses' de 120 toneladas e 28 peças de artilharia, o Brigue 'Princesa Carlota' de 20 toneladas e 14 peças de artilharia e a Lorcha 'Leão Temível' com 5 peças de artilharia. Em Abril de 1807, a flotilha portuguesa saiu do porto de Macau, e a 6 de Maio de 1807, encontraram a frota dos piratas chineses formada por 50 juncos, após uma hora de combate a frota chinesa retirou excepto o navio-capitânea de 20 toneladas e com 300 homens de guarnição que se lançaram contra o Brigue do Primeiro-tenente Pereira Barreto. O combate foi renhido tendo a flotilha portuguesa alcançado uma vitória total.

Ordem de Batalha da Flotilha Portuguesa

Comandante da Flotilha
Primeiro-tenente Pereira Barreto
(3 navios de guerra - 1 fragata, 1 brigue e 1 lorcha - 41 peças de artilharia e 255 homens)

Ulisses
Fragata
Comandante
Capitão de Artilharia José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa

Armamento - 28 peças de artilharia, 20 peças de 12 pl. 8 peças de 6 pl.

Princesa Carlota
Brigue
Comandante
Primeiro-tenente Pereira Barreto

Armamento - 12 peças de artilharia e 125 homens de guarnição

Leão
Lorcha
Comandante
Piloto José Gonçalves Carocha

Armamento - 5 peças de artilharia e 30 homens de guarnição

Marinha de Guerra Portuguesa

Boca do Tigre

15 de Fevereiro de 1809 a 21 de Janeiro de 1810

Combates da Esquadra Portuguesa de Macau no mar da China de 1809-1810, contra os piratas chineses comandados por Quan Apon Chay. Perdida no fim do mundo, esquecida pela Índia e ainda mais pela Metrópole, constantemente ameaçada pelas prepotências dos Chineses e dos Ingleses, a cidade de Macau teimava em sobreviver.  Em Setembro de 1808, apesar dos protestos do Governador e do Senado, os Ingleses insistiram em colocar nela uma guarnição sua, tal como haviam feito no Funchal e em Goa, para "... a defender de um eventual ataque dos Franceses". A verdade nua e crua é que a Companhia Inglesa das Índias estava aproveitando despudoradamente a guerra na Europa para deitar mão a todas as possessões que os Franceses, os Holandeses e os Portugueses ainda possuíam no Oriente. Afinal, a esperteza de nada lhe serviu, porque ao ser assinado o tratado de paz em 1815 foi obrigada a devolvê-las todas aos seus antigos donos. Mas não eram só os Ingleses que causavam preocupações aos Macaenses. Desde 1805 que um pirata chinês, chamado Quan Apon Chay, que aspirava a tornar-se imperador da China, andava assolando as costas deste país com uma armada de perto de setecentos navios, entre juncos, Lorchas e outros de menor porte. De início não se tinha atrevido a interferir com a navegação de Macau, possivelmente por recear a esquadra que ali tínhamos, composta por uma fragata e um brigue. Porém, quando aquela foi mandada seguir para a Índia, começou também a apresar os navios que iam para Macau ou de lá vinham. Era então governador e capitão-general da cidade Lucas José de Alvarenga, homem inteligente e enérgico, que resolveu pôr cobro a uma situação que a prolongar-se levaria inevitavelmente os Macaenses à ruína. Nesse sentido deu ordem ao desembargador Miguel José de Arriaga Brum da Silveira, pessoa com excepcionais capacidades de organização e profundo conhecedor do meio, para organizar uma esquadra capaz de ir dar combate à dos piratas. Meteu este mãos à obra e a breve trecho tinha prontos a fazerem-se ao mar, devidamente armados, guarnecidos e municiados, o brigue de guerra 'Princesa Carlota', de 16 peças e 100 homens de guarnição, o brigue de guerra 'Belisário', de 18 peças e 120 homens de guarnição, e a Lorcha 'Leão', de 5 peças e 30 homens de guarnição, esta última comandada pelo piloto José Gonçalves Carocha. Para comandante da força foi escolhido o capitão de artilharia José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa. Encontrava-se no porto uma fragata inglesa, cujo comandante, instado pelo Governador, acedeu a colaborar connosco. A 15 de Fevereiro de 1809 os navios acima referidos deixaram Macau, continuando a fragata inglesa fundeada como se nada fosse com ela. Pouco depois entravam aqueles em contacto com cerca de duzentos navios do Quan Apon Chay que se encontravam nas proximidades. Teve então lugar um medonho combate entre os portugueses e os chineses, disparando os primeiros continuamente os seus canhões e as suas espingardas sobre o cardume de juncos e Lorchas que procuravam aproximar-se deles, enquanto os segundos se esforçavam por chegar à abordagem, o que, felizmente para nós, nunca conseguiram. Durou o combate, no qual se distinguiu particularmente a Lorcha de Gonçalves Carocha, desde manhã até ao pôr-do-sol, acabando os piratas por bater em retirada com muitos dos seus navios gravemente danificados e cheios de mortos e feridos. Esta vitória de "David contra Golias" levantou extraordinariamente o ânimo dos Macaenses e abalou a dos piratas. Na sequência dela o governo imperial enviou emissários a Macau para propor uma acção conjunta de Portugueses e Chineses destinada a acabar de uma vez por todas com o temível Quan Apon Chay. A 23 de Novembro de 1809 foi assinado entre as duas partes uma convenção, mediante a qual os Portugueses se comprometiam a aprontar uma esquadra de seis navios e os Chineses uma de sessenta, para, unidas, irem dar batalha à do pirata. Mais uma vez o infatigável desembargador Arriaga entrou em acção e lançando mão de todos os recursos da cidade conseguiu armar mais quatro navios mercantes que estavam no porto. Eram eles: o 'Inconquistável', de 26 peças e 160 homens de guarnição, cujo comando foi confiado a Alcoforado, também comandante da esquadra; o Indiana, de 24 peças e 120 homens de guarnição, do comando do alferes Anacieto José da Silva, a 'Conceição', de 18 peças e 130 homens de guarnição, do comando de Luís Carlos de Miranda, o 'São Miguel', de 16 peças e 100 homens de guarnição, do comando de Constantino José Lopes. Todos eles, assim como o 'Belisário', de que era comandante o alferes José Félix dos Remédios, eram navios de três mastros com mastaréus de gávea e de joanete, portanto equivalentes às corvetas de guerra. A Lorcha 'Leão', talvez por causa das avarias sofridas no primeiro combate, não foi utilizada, sendo o bravo Gonçalves Carocha nomeado comandante do brigue 'Carlota'. Em princípios de Novembro de 1809 largou a nossa esquadra com destino à Boca do Tigre a fim de se juntar à chinesa que pela mesma altura deveria ter saído de Cantão. Porém, poucas horas depois de ter deixado Macau, foi interceptada pela esquadra do Quan Apon Chay, com a qual travou um novo combate, que durou cerca de nove horas. Depois de terem tido quinze navios afundados a tiro de canhão e ficado com muitos outros destroçados, os piratas retiraram. Mas recompuseram-se rapidamente e a 11 de Novembro voltaram ao ataque, sendo novamente repelidos com pesadas perdas. Não tendo aparecido a esquadra chinesa de Cantão, a nossa recolheu a Macau. Nos primeiros dias de Janeiro de 1810 Alcoforado voltou a fazer-se ao mar, travando mais dois combates, nos dias 3 e 4, com a esquadra do Quan Apon Chay. Tal como acontecera nos encontros anteriores, preponderou a potência de fogo da nossa artilharia e mosquetaria, que não permitiu que os chineses concretizassem nenhuma das repetidas tentativas que fizeram para abordar os navios portugueses. Mas Quan Apon Chay não se deu por vencido e a 21 de Janeiro lançou-se em massa, com mais de trezentos navios, sobre a nossa esquadra, disposto a jogar tudo por tudo. O embate foi terrível! Manobrando habilmente os seus navios de forma a conservarem-se a barlavento e disparando incessantemente os seus canhões e os seus mosquetes, os portugueses conseguiram manter o inimigo à distância, ao mesmo tempo que lhe iam provocando grandes estragos e inúmeras baixas. A dada altura a 'Conceição' encalhou, ficando em risco de ser abordado e tomado. Foi em seu auxílio Gonçalves Carocha com a 'Carlota' e conseguiu desencalhá-lo, tirando-o da difícil situação em que se encontrava. Notou então Alcoforado que no centro da esquadra inimiga se encontrava um grande junco transformado em pagode onde deviam ser transportados os símbolos da religião dos piratas. Pensando que se o conseguisse afundar o moral destes ficaria consideravelmente abalado, concentrou sobre ele o fogo da artilharia do seu navio. Atingido repetidamente, o pagode começou a desmanchar-se, a meter água e, por fim, afundou-se. Conforme Alcoforado previra, ao verem-no desaparecer, os restantes navios do Quan Apon Chay, na sua maior parte já muito maltratados, deram a batalha por perdida e começaram a afastar-se dos nossos. Nestas circunstâncias viu-se aquele obrigado a refugiar-se no rio Hiang San, onde os portugueses não puderam entrar por terem maior calado, ficando fundeados à entrada da barra. Decorridas cerca de duas semanas Quan Apon Chay mandou dizer a Alcoforado que estava disposto a negociar. Que lhe mandasse um emissário. Não esteve este com meias medidas. Meteu-se sozinho numa embarcação e foi ele mesmo ao junco do pirata que se encontrava rodeado por toda a sua esquadra. Quan Apon Chay ficou estarrecido perante tanta coragem e ao mesmo tempo lisonjeado pela confiança que o nosso comandante depositava nele. E como também era um homem corajoso e honrado, declarou a Alcoforado que na realidade a sua intenção, quando propusera negociações, era distrair os portugueses para tentar furar o bloqueio, ainda que perdesse parte dos seus navios. Mas considerando a forma como se tinham batido e a demonstração de confiança que lhe tinham dado, mudara de ideias e estava agora disposto a entrar em negociações de paz com o Imperador da China. Para tal solicitou a mediação portuguesa e que o encarregado directo dela fosse o desembargador Arriaga. Tal era o prestígio de que este desfrutava entre os Chineses. Deslocou-se o desembargador ao rio Hiang San juntamente com os delegados do Imperador e a 21 de Fevereiro de 1810 firmou-se um tratado de paz, mediante o qual Quan Apon Chay se comprometia a entregar toda a sua esquadra e a reconhecer sem reticências a autoridade do Imperador. Em contrapartida, por sugestão de Arriaga, era aquele investido no cargo de almirante-mor da armada chinesa gozando de inúmeras regalias. Desta forma ficou salva a face de todos. Uma verdadeira obra-prima de diplomacia oriental. A 20 de Abril teve lugar a entrega formal das forças do Quan Apon Chay, num total de duzentos e oitenta navios, duas mil peças de artilharia e vinte e cinco a trinta mil homens. Os Portugueses nada quiseram para si, além dos navios que tinham capturado durante o último combate, o que, mais uma vez, assombrou os Chineses. Mais tarde Quan Apon Chay visitou Macau com uma esquadra de sessenta juncos festivamente embandeirados. Recebido com todas as honras no Leal Senado, disse, referindo-se a Gonçalves Carocha: - "Eis o homem que mais danos me causou; ele só e a sua Lorcha [durante o primeiro combate] inquietava toda a minha esquadra. Mas quem pode igualar os Portugueses".


Batalhas no Mar da China

Flotilha de Macau
15 de Fevereiro de 1809
Comandante da Flotilha
Comandante
Capitão de Artilharia José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa
(3 navios de guerra - 1 brigue, 1 navio armado e 1 lorcha - 39 peças de artilharia e 250 homens)

Belisário
Brigue
Comandante
Alferes José Félix dos Remédios

Armamento - 18 peças de artilharia e 120 homens de guarnição

Princesa Carlota
Brigue
Comandante
Capitão de Artilharia José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa

Armamento - 16 peças de artilharia e 100 homens de guarnição

Leão
Lorcha
Comandante
Piloto José Gonçalves Carocha

Armamento - 5 peças de artilharia e 30 homens de guarnição

Flotilha de Macau
15 de Setembro de 1809
Comandante da Flotilha
Capitão de Artilharia José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa
(3 navios de guerra - 2 brigues e 1 lorcha - 39 peças de artilharia e 250 homens)

Belisário
Brigue
Comandante
Primeiro-tenente Teutónio da Silva Braga

Armamento - 18 peças de artilharia e 120 homens de guarnição Princesa Carlota

Princesa Carlota
Brigue
Comandante
Capitão de Artilharia José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa

Armamento - 16 peças de artilharia e 100 homens de guarnição

Leão
Lorcha
Comandante
Piloto José Gonçalves Carocha

Armamento - 5 peças de artilharia e 30 homens de guarnição

Esquadra de Macau
23 de Novembro de 1809

Na sequência da vitória de 15 de Fevereiro de 1809, o governo Imperial Chinês enviou emissários a Macau para propor uma acção conjunta de Portugueses e Chineses destinada a acabar de uma vez por todas com o temível Quan Apon Chay. A 23 de Novembro de 1809 foi assinado entre as duas partes uma convenção, mediante a qual os Portugueses se comprometiam a aprontar uma esquadra de seis navios e os Chineses uma de sessenta, para, unidas, irem dar batalha à esquadra do pirata. Em princípios de Novembro de 1809 largou a nossa esquadra com destino à Boca do Tigre a fim de se juntar à chinesa que pela mesma altura deveria ter saído de Cantão.

Comandante da Esquadra
Capitão de Artilharia José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa
(6 navios de guerra - 1 fragata, 1 bergantim e 4 brigues - 120 peças de artilharia e 760 homens)

Inconquistável
Fragata
Comandante
Capitão de Artilharia José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa

Armamento - 26 peças de artilharia e 160 homens de guarnição

Indiana
Bergantim
Comandante
Alferes Anacieto José da Silva

Armamento - 24 peças de artilharia e 120 homens de guarnição

Conceição
Brigue
Comandante
Piloto Luís Carlos de Miranda

Armamento - 18 peças de artilharia e 130 homens de guarnição

São Miguel
Brigue
Comandante
Piloto Constantino José Lopes

Armamento - 18 peças de artilharia e 130 homens de guarnição

Belisário
Brigue
Comandante
Alferes José Félix dos Remédios

Armamento - 18 peças de artilharia e 120 homens de guarnição

Princesa Carlota
Brigue
Comandante
Piloto José Gonçalves Carocha

Armamento - 16 peças de artilharia e 100 homens de guarnição

1 comentário:

  1. O que acha desta imagem? Uma nau portuguesa e outra holandesa à esquerda. À direita uma parece-me que Espanhola e umas galés. Pensei na batalha de Marbelha (Cabrita Point) mas nunca vi nada em Português a propósito dela, só em fontes Inglesas.
    Cumprimentos.
    http://i1074.photobucket.com/albums/w420/1Catrau/BatalhaPontaCabrita_zpsdbea562a.png

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