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terça-feira, maio 27, 2014

Fortes e Fortalezas de Costa - Atântico - Portugal V


FORTES E FORTALEZAS DE COSTA DO REINO DE PORTUGAL E ALGARVE




FORTES E FORTALEZAS DE COSTA
Sul do Reino de Portugal

FORTE DE SÃO FILIPE DE SETUBAL

O 'Forte de São Filipe de Setúbal', também conhecido como 'Castelo de São Filipe', localiza-se em posição dominante sobre um outeiro, fronteiro à cidade litorânea de Setúbal, dominando a margem esquerda da foz do rio Sado e o oceano Atlântico, em Portugal.

O sítio de Setúbal vem sendo ocupado desde à pré-história, sucessivamente por fenícios, cartagineses, romanos e muçulmanos. As muralhas da vila de Setúbal: Porto atlântico privilegiado, a primeira estrutura defensiva deste importante burgo foi uma muralha iniciada ao tempo do rei Dom Afonso IV (1325-57) e concluída no reinado seguinte, sob Dom Pedro I (1356-67), com a função de conter os assaltos de piratas e de corsários oriundos, normalmente, do Norte de África.

      

O projecto de uma fortificação moderna para defesa deste trecho do litoral português remonta ao século XIV, com a construção do 'Forte de Santiago do Outão', destinado ao controle da entrada barra do rio e acesso ao burgo medieval. Visando ampliar essa defesa, no reinado de Dom João III (1521-1557), Brás Dias recebeu Regimento no cargo de administrador das obras da Praça e Castelo de Setúbal (31 de Julho de1526). As dificuldades financeiras, que levaram inclusive ao abandono das posições ultramarinas no Norte de África (Praça-forte de Azamor, Praça-forte de Arzila, Praça-forte de Alcácer-Ceguer e Praça-forte de Safim), terão atrasado o desenvolvimento desses trabalhos. Retomado à época da dinastia Filipina, a sua relevância é demonstrada pelo fato de que o próprio soberano Dom Filipe I (1580-1598) assistiu em pessoa, em 1582, ao lançamento da pedra fundamental da nova fortificação, com traça do arquitecto e engenheiro militar italiano Filippo Terzi (1520-1597). Este engenheiro teria trabalhado nessas obras até meados de 1594, quando assinou uma planta e corte da fortificação (8 de Julho de 1594), remetida ao Conselho de Guerra espanhol. Com o seu falecimento, foi designado para as obras o engenheiro militar e arquitecto cremonense Leonardo Torriani, que as teria dado como concluídas em 1600. No contexto da Restauração da independência, sob o reinado de Dom João IV (1640-1656), o Governador das Armas de Setúbal, João de Saldanha, executou a ampliação desta defesa pela adição de uma bateria baixa, entre 1649 e 1655. Acredita-se que esta nova estrutura visava cobrir a deficiência da artilharia em cobrir o acesso fluvial ao porto. No século XVIII a Capela em seu interior adquiriu o seu revestimento de azulejos, assinados por Policarpo de Oliveira Bernardes (1736). Durante o consulado pombalino (1750-1777) não teria ficado imune ao terramoto de 1755 e foi utilizada como Escola de Artilheiros. Em meados do século XIX um incêndio destruiu a Casa do Comando, então residência do Governador das Armas de Setúbal.

      

Forte de São Filipe de Setúbal, vista das muralhas com a Bateria baixa em primeiro plano. A então moderna estrutura projectada por Terzi, em estilo maneirista, incorporava os avanços impostos pela artilharia da época. Em alvenaria de pedra e tijolo, revestida por cantaria de pedra, apresenta planta poligonal irregular estrelada (orgânica) com seis baluartes e guaritas prismáticas cobertas por cúpulas nos ângulos salientes, cercada por um fosso. Pelo lado de terra, a defesa é complementada por uma segunda muralha (contra-escarpa), exterior ao fosso. Em seu interior, cessado por um Portão de Armas a Oeste nas muralhas, defendido por dois baluartes, um átrio dá acesso a um túnel de alvenaria de pedra, cum uma larga e suave escadaria com degraus em dois lances. Esta, por sua vez, é coberta por uma abóbada e o patamar entre os seus lances dá acesso às casamatas. Ao seu final, no terrapleno, encontram-se os edifícios de serviço: a Casa de Comando (antiga residência do Governador das Armas) e a Capela, à esquerda. A pequena Capela de São Filipe, orago do forte, apresenta planta rectangular, coberta por abóbada de berço. O seu portal exibe frontão ornado com volutas e uma torre sineira, entre pilastras. O seu interior é completamente revestido por azulejos nas cores azul e branca, onde se destacam painéis com cenas da vida daquele santo católico, assinados por Policarpo de Oliveira Bernardes (1736). A bateria baixa, estrutura datada do século XVII, constitui-se num baluarte com o formato trapezoidal que se estende em direcção ao mar.

FORTE DE ALBARQUEL

      

O 'Forte de Albarquel' localiza-se sobre a praia de mesmo nome, na barra norte do rio Sado, no Concelho e Distrito de Setúbal, em Portugal. Integrou, no passado, a linha defensiva do trecho do litoral denominado hoje, em termos de turismo, como Costa Azul, e que, no século XVII, se estendia de Albarquel a Sesimbra, complementando a defesa da importante povoação marítima de Setúbal. No âmbito da completa remodelação da estratégia defensiva do reino implementada sob o reinado de Dom João IV (1640-1656), compreendida na defesa da barra de Setúbal, esta fortificação marítima foi iniciada, como a do 'Forte de Santiago do Outão', em 1643.Tinha como objectivo reforçar o poder de fogo do vizinho 'Forte de São Filipe de Setúbal'. Contribuíram para as obras desta barra, à época, os proprietários das marinhas de sal e os navegantes da Casa do Corpo Santo, tendo as obras deste forte, como as do Outão, sido concluídas sob o reinado de Dom Pedro II (1667-1706). O forte apresenta planta no formato trapezoidal, com um pequeno baluarte no vértice Sudeste e uma guarita no Sul, ambos voltados para o mar. No lado Nordeste da praça de armas ergue-se a edificação com as dependências de serviço. O portão de armas abre-se no vértice a norte.

FORTE DE ALMADA

      

O 'Forte de Almada' localiza-se na freguesia e concelho de Almada, distrito de Setúbal, em Portugal.

Esta fortificação marítima foi erguida para complemento da defesa da capital, na margem sul da barra do rio Tejo. No século XIX integrava o sistema defensivo de Lisboa, coordenando as diversas baterias da linha de defesa na margem sul do Tejo. No contexto da revolta de 26 de agosto de 1931, o aviador revolucionário José Manuel Sarmento de Beires (que com António Jacinto de Silva Brito Pais tinham efectuado o Raid Aéreo Lisboa-Macau em 2 de Abril de 1924) descolando da Base Aérea de Alverca, tentou bombardear o forte mas falhou o alvo, tendo a bomba caído num largo da vila (hoje Almada Velha) causando a morte de três pessoas e muitos feridos,1entre os quais dezenas de crianças que ali brincavam com papagaios de papel.

      

FORTE DE N. S. DA SAÚDE DA TRAFARIA

O Forte de Nossa Senhora da Saúde da Trafaria, também referido apenas como Forte da Trafaria, localiza-se próximo ao ribeiro da Raposeira, na freguesia da Trafaria, concelho de Almada, distrito de Setúbal, em Portugal.

Esta fortificação marítima foi erigida sob o reinado de Pedro II de Portugal, em meados de 1683, para complemento da defesa da capital, na margem sul da barra do rio Tejo. 

FORTE DE N. S. DAS SALVAS

      

O 'Forte de Nossa Senhora das Salvas (ou de Salas)', popularmente denominado como 'Forte do Revelim', no Alentejo, localiza-se na freguesia cidade e concelho de Sines, distrito de Setúbal, em Portugal. Situado no cabo de Sines, no extremo oeste da baía, tinha como função a vigia da costa, cooperando com o 'Castelo de Sines' na defesa da vila contra os ataques dos corsários e dos piratas então frequentes naquele litoral. Ao avistar alguma embarcação suspeita, a sua artilharia dava salvas, convocando os moradores válidos à defesa e a população em geral para se refugiar. Foi construído no século XVII, com projecto do arquitecto Alexandre Messai, altura em que foram construídas outras fortalezas com a mesma função ao longo da costa portuguesa.

FORTE DE S. MARIA DA ARRÁBIDA

      

O 'Forte de Santa Maria da Arrábida' ou 'Forte da Arrábida', está situado no sopé da encosta sul da cordilheira de mesmo nome, em posição dominante a sudoeste do Portinho da Arrábida, na barra norte do rio Sado, no Distrito de Setúbal, em Portugal. Complementa o conjunto de fortificações setecentistas que, erguidos no contexto da guerra de Restauração da independência de Portugal, se estendiam pelo litoral desde Setúbal até ao Forte de São Domingos da Baralha, perto do cabo Espichel.

O local assumiu dimensões religiosas a partir de 1250, quando, de acordo com a tradição, Hildebrando, um mercador das ilhas britânicas, ergueu uma pequena ermida devotada a Nossa Senhora, em acção de graças pelo milagre que ali o salvou de um naufrágio. Na primeira metade do século XVI, entre 1539 e 1542, Dom João de Lencastre (1501-1571), 1.º Duque de Aveiro, fez erguer o primitivo convento, doado ao franciscano espanhol Frei Martinho de Santa Maria, que ali desejava viver como eremita. Os trabalhos de edificação prosseguiram entre a segunda metade do século XVI e a primeira metade do século XVII, pela devoção do 2º e do 3º duques de Aveiro, aos quais se devem a hospedaria e as estações dos Passos da Paixão, e da nora do 3º Duque, responsável pelas capelas de 'São Paulo' e de 'São João do Deserto'. Em meados do século XVII, o 4º Duque de Aveiro promoveu a construção da capela do Bom Jesus.

Encerrando a completa remodelação da estratégia defensiva do reino implementada a partir do reinado de Dom João IV (1640-1656), compreendida na defesa da barra de Setúbal, esta fortificação marítima foi iniciada somente entre 1670 e 1676, sob o reinado de Dom Pedro II (1667-1706), com a função de defesa do chamado portinho e o Convento da Arrábida, destino de peregrinação. As suas obras foram inteiramente refeitas sob o de Dom João V (1706-1750), para serem dadas como concluídas em 1749, conforme inscrição epigráfica em lápide sobre o Portão de Armas:

"Governando estes reinos e senhorios de Portugal o muito alto e poderoso príncipe D. Pedro, Nosso Senhor, pelo Marquês de Fronteira, do Conselho de Guerra, seu Gentil-Homem da Câmara, vedor da sua Fazenda, Mestre de Campo General da Corte, Estremadura, Cascais e Setúbal, [mandou] fazer esta fortaleza para defender este porto e [barra] da Arrábida e seus mares no ano de 1676. Por ordem de S. M. foi tudo reedificado desde os alicerces, feitas as estradas de novo e se acabou em MDCCXLIX."

      

Reconstruído ao final do século XVIII (1798), esteve em operação até ao reinado de Dom Luís (1861-1889), quando, diante da perda da sua função defensiva em virtude da evolução dos meios bélicos e do abandono das instalações do Convento, foi desactivado.

Forte visto da praia do portinho da Arrábida. Pequeno forte marítimo, apresenta planta poligonal orgânica, com bateria terraplenada hexagonal e quatro parapeitos pelo lado do mar. As dependências de serviço encontram-se actualmente requalificadas como salas de exposição, de aquários e de vídeo. Em sua capela pode se observar uma expressiva imagem de Nossa Senhora, em pedra de lioz, de feição seiscentista.

FORTE DE SANTIAGO DE SESIMBRA


      

O Forte de Santiago de Sesimbra, também conhecido como Forte da Marinha, Forte da Praia e Fortaleza de Santiago, localiza-se na vila litorânea de mesmo nome, no Distrito de Setúbal, em Portugal. Localizado sobre a praia em Sesimbra, povoação tradicionalmente dedicada à pesca, tinha a função de proteger a vila e o seu ancoradouro. A primeira estrutura defensiva neste local remonta a um baluarte quinhentista, erguido durante o reinado de Dom Manuel I (1495-1521), sob a invocação de São Valentim. Esta fortificação foi atacada à época da Dinastia Filipina por corsários ingleses (1602), tendo sofrido pesados danos.

      

A actual estrutura remonta à época da Restauração da independência, quando no reinado de Dom João IV (1640-1656) se determinou a sua edificação. O seu projecto ficou a cargo de João Cosmander, jesuíta holandês a serviço daquele soberano, estando concluída em 1648. Utilizada como balneário para os filhos bastardos de Dom João V (1706-50) (os Meninos de Palhavã), a partir de 1712 foi utilizada como sede do Governo das Armas da região, a quem se subordinavam as defesas costeiras, inclusive o 'Forte de Santiago do Outão', o 'Forte de Santa Maria da Arrábida', o 'Forte de São Teodósio da Ponta do Cavalo' e o 'Forte de São Domingos da Baralha'. 

      

A estrutura alonga-se em linhas abaluartadas no sentido longitudinal da praia, com uma ampla esplanada para a artilharia. Os pátios interiores abrigam as dependências de serviço: Casa de Comando (residência do Governador das Armas), Quartel da Tropa, paiol, Capela, depósitos, masmorras cisterna. O portão é encimado por um escudo real, onde se inscreve a data da fundação do forte: 1648.

No pátio existiu uma pintura sobre madeira, remontando aos meados do século XVII, figurando Santiago, a cavalo empunhando a espada, investindo sobre um grupo de castelhanos. Juntamente com o 'Castelo de São Filipe' e o 'Castelo de Palmela', está representado no símbolo do Vitória de Setúbal, que inclui um castelo com estas três torres.

FORTES DE SANTIAGO DO OUTÃO

      

O Forte de Santiago do Outão também referido apenas como Forte do Outão, localiza-se na barra norte do rio Sado, no distrito de Setúbal, em Portugal. Integrou, no passado, a linha defensiva do trecho do litoral denominado hoje, em termos de turismo, como Costa Azul, e que, no século XVII, se estendia de Albarquel a Sesimbra, complementando a defesa da importante povoação marítima de Setúbal.

A mais antiga estrutura identificada no lugar do Outão é uma atalaia ou torre de vigilância da costa, erguida por ordem de Dom João I (1385-1433) em 1390. Posteriormente, quando do reinado de Dom Manuel I (1495-1521), teria sido beneficiada.

Quando do reinado de Dom Sebastião (1568-1578) sofreu extensas obras de modernização e ampliação (1572), quando foi erguida uma cerca abaluartada em redor da primitiva torre, a cargo do mestre das obras das fortificações, Afonso Álvares. Durante a crise de sucessão de 1580, juntamente com a vila de Setúbal, este forte manteve-se fiel a Dom António, prior do Crato. Sob o comando de Mendo Mota, a sua guarnição de uma centena de homens, dispondo de 47 peças de artilharia de diversos calibres, resistiu às forças espanholas sob o comando do Duque de Alba, de 22 a 24 de Julho. À época da Dinastia Filipina, os oficiais da Casa do Corpo Santo, importante instituição de Setúbal, requereram ao soberano a instalação, nas dependências deste forte, de um farol para auxílio à navegação (1625). As obras deste farol foram custeadas por aquela instituição. Diante da eclosão da Restauração da independência, a guarnição do forte manteve-se leal a Dom Filipe III (1621-1640) até ao dia 8 de Dezembro de 1640. 


      

No âmbito da completa remodelação da estratégia defensiva do reino implementada sob o reinado de Dom João IV (1640-56), compreendida na defesa da barra de Setúbal, foram-lhe iniciadas novas e amplas obras de modernização e reforço. Nelas terá trabalhado Cosmander em 1642, vindo a pedra fundamental a ser lançada em 30 de Julho de 1643, conforme placa epigráfica sobre a porta da Casa da Guarda, no trecho de muralha do lado do mar:

"A torre desta fortaleza de Santiago do Outão foi edificada por El Rei Dom João o Primeiro e depois cercada de muro por El Rei D. Sebastião e o sereníssimo Dom João IV, libertador da pátria, mandou acrescentar a fortaleza para a parte do mar e terra com magnificência e grandeza que hoje se vê. Dom Fernando de Menezes, conde da Ericeira, lhe lançou a primeira pedra em XXV de Julho de MDCILIII e sendo governador dela Manuel da Silva Mascarenhas e das armas de Setúbal e sua comarca e superintendente da fortificação João de Saldanha mandou pôr aqui esta memória ano de MDCILIX."


      

Já a 4 de Agosto de 1644, o soberano advertia a Manuel da Silva Mascarenhas para que concluísse as obras com a maior brevidade. Contribuíram para as obras de defesa da costa de Setúbal, neste período, os proprietários das marinhas de sal e os navegantes da Casa do Corpo Santo, tendo as obras deste forte sido concluídas em 1657.

Esta fortificação marítima combina elementos da arquitectura militar tardo-medieval (abaluartada), gótica e maneirista, acompanhando a evolução da artilharia. Apresenta planta poligonal irregular (orgânica) onde se inscreve a torre medieval de três pavimentos, apresentando janelas de sacada e balcões com mata-cães nos cunhais. Em torno da torre, no terrapleno a cessado pelo portão do lado Norte, erguem-se as antigas dependências de serviço do forte, com dois e três pavimentos, entre os quais a capela, sob invocação de Santiago, a Oeste. Cobrindo o lado do mar, erguem-se três baluartes com plataformas para a artilharia; pelo lado de terra, observa-se uma tenalha com dois baluartes elevados e muro em talude. Nos ângulos salientes dos baluartes elevam-se guaritas circulares cobertas.

FORTE DE SÃO DOMINGOS DA BARALHA

O Forte de 'São Domingos da Baralha' ou 'Forte da Baralha' localiza-se entre o cabo Espichel e a ponta do Cavalo, em posição dominante sobre a baía da Baleeira, próximo a Sesimbra, no Distrito de Setúbal, em Portugal. Integrou, no passado, a linha defensiva do trecho do litoral denominado hoje, em termos de turismo, como Costa Azul, e que, no século XVII, se estendia de Albarquel a Sesimbra, complementando a defesa da importante povoação marítima de Setúbal. No âmbito da completa remodelação da estratégia defensiva do reino implementada sob o reinado de Dom João IV (1640-56), compreendida na defesa da costa de Setúbal, esta fortificação marítima foi iniciada somente no reinado de Dom Afonso VI (1656-67). Contribuíram para os trabalhos de fortificação deste trecho do litoral, à época, os proprietários das marinhas de sal e os navegantes da Casa do Corpo Santo, tendo as obras deste forte, como as do 'Forte de Santiago do Outão' e as do 'Forte de Albarquel', sido concluídas sob o reinado de Dom Pedro II (1667-1706). Considerado à época como a primeira defesa da costa da Arrábida, este forte e a Capela em seu interior, sob a invocação do Senhor Jesus dos Navegantes, encontram-se actualmente abandonados e em ruínas. O 'Forte de São Luís Gonzaga', também conhecido como 'Forte Velho' ou 'Castelo Velho', localiza-se em posição dominante sobre um outeiro, fronteiro à cidade de Setúbal, dominando a margem esquerda da foz do rio Sado e o oceano Atlântico, em Portugal.

O FORTE E AS MURALHAS DA VILA DE SETUBAL

Este forte foi erguido no século XVII com traça do arquitecto militar Luís Serrão Pimentel, para complemento da defesa da cidade pelo lado de terra. Encontra-se figurado em várias plantas antigas da defesa da cidade de Setúbal. Não se encontra classificado pelos poderes públicos, encontrando-se actualmente em estado de ruínas, abandonado. Apesar de não se notar a sua estrutura, encoberta pela vegetação envolvente, o forte é visível a partir do Google Earth.

Em alvenaria de pedra e tijolo, revestida por cantaria de pedra, apresenta planta poligonal regular estrelada (orgânica) com cinco baluartes nos vértices, cercada por um fosso.

FORTE DE S. TEODÓSIO DA PONTA DO CAVALO


      

O 'Forte de São Teodósio da Ponta do Cavalo', também referido como 'Forte da Ponta do Cavalo' ou 'Forte do Cavalo', ergue-se em posição dominante a oeste da baía de Sesimbra, no Distrito de Setúbal, em Portugal. Integrou, no passado, a linha defensiva do trecho do litoral denominado hoje, em termos de turismo, como Costa Azul, e que, no século XVII, se estendia de Albarquel a Sesimbra, complementando a defesa da importante povoação marítima de Setúbal.


   

FORTE DO PESSEGUEIRO

O 'Forte de Santo Alberto do Pessegueiro', também conhecido como 'Forte da Ilha do Pessegueiro' ou 'Forte da Ilha de Fora', localiza-se na costa alentejana, na ilha do Pessegueiro, na freguesia de Porto Covo, concelho de Sines, distrito de Setúbal, em Portugal. Cruzava fogos, no continente, com outro forte marítimo: o Forte de Nossa Senhora da Queimada do Pessegueiro, também conhecido como Forte da Praia do Pessegueiro ou Forte da Ilha de Dentro, em posição dominante sobre a praia do Pessegueiro. Ambos faziam parte de um projecto maior de defesa da Costa Vicentina, que compreendia um porto artificial ao abrigo de um molhe de pedra que ligaria a ilha do Pessegueiro à ilhota fronteira (penedo do Cavalo) e esta ilhota ao continente. Actualmente encontram-se compreendidos na área do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.


Os estudiosos acreditam que a ocupação desta costa remonta a navegadores cartagineses, anteriormente à Segunda Guerra Púnica (218-202 a.C.). À época da Invasão romana da Península Ibérica, a ilha abrigou um pequeno centro pesqueiro, conforme atestam os vestígios, recentemente descobertos, de tanques de salga.


À época da Dinastia Filipina, projectou-se ampliar aquele ancoradouro natural com o objectivo de evitar que corsários o usassem como ponto de apoio naquele trecho do litoral. Um enrocamento artificial de pedras ligaria a ilha do Pessegueiro à linha costeira. Escolhido o sítio, os trabalhos foram iniciados em 1588, pela construção do 'Forte de Nossa Senhora da Queimada' e pelo corte de blocos de pedra lançados entre a ilha do Pessegueiro e o penedo do Cavalo, sob a direcção do arquitecto e engenheiro militar italiano Filippo Terzi (1520-1597). A partir de 1590, Terzi foi substituído na direcção dos trabalhos pelo engenheiro militar e arquitecto napolitano Alexandre Massai. Prosseguindo-os, este iniciou a edificação, na ilha, do 'Forte de Santo Alberto'. Com a transferência de Massai para as obras de defesa da barra do rio Mira ('Forte de São Clemente' em Vila Nova de Milfontes), os trabalhos no porto e fortes do Pessegueiro foram interrompidos em 1598. Recomeçadas em 1603, foram novamente interrompidas pouco após. As obras do Forte de 'Nossa Senhora da Queimada' na praia do Pessegueiro foram novamente reiniciadas em 1661, para serem concluídas em 1690. Ficavam inacabadas as obras de ampliação do ancoradouro (porto artificial), assim como as do 'Forte de Santo Alberto' na ilha. O forte inaugurado ficou guarnecido por 30 homens e artilhado com cinco peças, sob o comando de João Rodrigues Mouro. Á época do terramoto de 1755, a capela da Queimada e as baterias sobre as casamatas sofreram danos. Tendo perdido a função defensiva diante da evolução dos meios bélicos, foi desguarnecido por volta de 1844.

    

Ambos os fortes marítimos encontram-se erguidos sobre rocha de arenito, a mesma pedra utilizada na alvenaria dos seus muros. Apresentam planta poligonal, reforçados por baluartes triangulares, com muros em talude. O 'Forte de Santo Alberto' na ilha do Pessegueiro, em ruínas, apresenta planta poligonal quadrangular, com baluartes nos vértices. As casamatas se erguem na parte central da estrutura, e no extremo oposto à entrada, a Capela (ermida de Santo Alberto). O 'Forte de Nossa Senhora da Queimada' na praia do Pessegueiro apresenta planta poligonal quadrangular, com tenalha de dois baluartes nos ângulos sudeste e sudoeste pelo lado de terra e uma bateria poligonal sobre a praia. A estrutura é circundada por um fosso, defendido por um muro baixo. O portão de armas rasga-se a meio do pano de muralhas pelo lado de terra, acedida por ponte de madeira sobre o fosso. Pelo túnel de entrada acedem-se as dependências de serviço em dois pavimentos, dispostas em "U": Quartel de Tropa, Casa de Comando, Capela (ermida de Nossa Senhora da Queimada), cozinha, paiol, depósitos. Do átrio, uma escada larga conduz ao amplo terraço. Observam-se vestígios de uma guarita circular a meio do pano de muralha pelo lado do mar (Oeste).

FORTE DE SÃO CLEMENTE


      

O 'Forte de São Clemente', também conhecido como 'Castelo de Vila Nova de Milfontes' ou simplesmente 'Forte de Milfontes' ou ainda 'Castelo de Milfontes', localiza-se na povoação e freguesia de Vila Nova de Milfontes, concelho de Odemira, distrito de Beja, em Portugal. Erguido em posição dominante sobre a vila piscatória, na margem direita da foz do rio Mira, tinha a função de protecção do seu porto e o acesso a Odemira das incursões de piratas oriundos do Norte d'África.

Considerado como o melhor porto natural da costa Sul do país, a primitiva ocupação deste trecho do litoral, é muito antiga, tendo sido identificados vestígios da presença Fenícia, Grega, Cartaginesa e Romana. À época da Reconquista cristã da península Ibérica, esta povoação pesqueira foi fortificada, no século XIII, por Dom Soeiro Viegas, Bispo de Lisboa, e posteriormente, por Dom Afonso III (1253-1279), que lhe passou Carta de Foral. Regularmente atacado por piratas do Norte d’África, na segunda metade do século XV, sob o reinado de Don João II (1481-1495), após um saque por piratas argelinos, a povoação ficou deserta, tendo o castelo sido incendiado. Visando o seu repovoamento, Dom Manuel I (1495-1521), passou-lhe o Foral Novo, já com o nome de Vila Nova de Mil Fontes (1512), assegurando amplos privilégios aos seus habitantes. Damião de Góis refere que o forte terá sido erguido em 1552 sobre uma fortificação anterior, então em ruínas.

À época da Dinastia Filipina a situação se agravou com o corso, tendo a povoação sido arrasada por um ataque devastador em 1590. Atendendo à necessidade da defesa, Filipe II de Portugal (1598-1621) fez erguer um forte, sob a invocação de São Clemente, santo consagrado a causas do mar, entre 1599 e 1602. Para esse fim, o arquitecto e engenheiro militar napolitano Alexandre Massai foi deslocado pela Coroa das obras do 'Forte do Pessegueiro para a Vila Nova de Milfontes'. Os estudos prévios do projecto datam do ano de 1598, tendo as obras se iniciado no ano seguinte, com a transferência do canteiro de obras do Pessegueiro, cujas obras, portuárias e de defesa, ficaram interrompidas. A pedra para a construção foi, tal como no Pessegueiro, o arenito extraído do próprio litoral. Concluído em 1602, a subsequente história do forte será marcada pelas dificuldades mantê-lo operacional, quer por carência de material, quer de pessoal. Paralelamente, com o assoreamento do seu ancoradouro a partir do século XVII, a povoação perdeu importância regional.




O forte, de planta poligonal, aproximadamente quadrangular, foi erguido no estilo maneirista, com o baluarte voltado para a foz do rio. Nas plantas mais antigas do forte, o ângulo deste baluarte figura arredondado, mas após a campanha de obras desenvolvida por volta de 1693, ficou em aresta viva. Apresentava duas plataformas desniveladas, com outras tantas baterias, atirando à barbeta. Pelo lado de terra, a Norte e a Leste, abre-se um terrapleno lajeado guarnecido com canhoneiras, com cerca de 35 metros de lado. No troço Leste da muralha rasga-se o Portão de Armas, em arco de volta perfeita, encimado pela pedra de armas com escudo e coroa fechada, simplificada. Esta porta é defendida, além de um fosso, por um simples ressalto na muralha, formando um ângulo flanqueante, sem baluartes. Este fosso era transporto por uma ponte levadiça. A entrada, pelo lado interno, abre-se para um corredor, onde se encontram o Corpo da Guarda e o chamado rastilho, uma grade que interrompia o acesso dos invasores ao interior. Os dois pavimentos comportavam, o superior, a Casa de Comando (coberta primitivamente por um terraço para mosqueteiros, mais tarde substituído por um telhado) e, o inferior, quartéis de tropa e armazéns. As demais dependências, inclusive a Capela, situavam-se na praça baixa, junto ao terrapleno. O forte era cercado, a Norte e a Leste, por um fosso inundado, limitado no exterior por uma contra-escarpa, percorrida por uma estrada coberta, acessível a partir do fosso por uma hoje desaparecida escada de pedra. O muro que hoje rodeia o fosso do castelo e que forma os miradouros da barbacã é o que resta dessa primitiva defesa exterior. Pelo exterior, destaca-se o friso das janelas em arco que arremata o muro da praça baixa e particulariza a silhueta do forte vista pelo Sul ou pelo Oeste. Recentemente, foi construída uma réplica de um cubelo na praça alta, pelo lado Norte, ocultando um depósito de água, construído contemporaneamente para sanar deficiências no abastecimento. No interior da praça, também contemporaneamente, a área habitável foi sendo ampliada pela escavação do terrapleno e ligação deste ao fosso por uma pequena porta, bem como pela ampliação das edificações na praça alta.




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