Pesquisar neste blogue

sábado, julho 19, 2014

Batalhas e Combates-1776

Rio Grande do Sul
(19 de Fevereiro a 2 de Abril 1776)

A paz de "Aix-la Chapele" em 1748 que pusera termo à "Guerra de Sucesão da Áustria", tinha deixado em suspenso todas as questões que dividiam as grandes potências europeias. Dai que os pequenos conflitos se fossem sucedendo e as tensões aumentando, até que em 1756, deflagrou uma nova guerra generalizada que que ficou conhecida pela "Guerra dos Sete Anos".



De um lado encontravan-se a Inglaterra e a Prúsia, do outro lado, A França, a Áustria e a Rússia. de ìnicio a Espanha e Portugal conservaram-se neutros. Na realidade a "Guerra dos Sete Anos" era a sobreposição de duas guerras distintas; por um lado a guerra entre a Prúsia e a coligação formada pela França, a Áustria e a Rússia na qual estava em jogo o dominio da Europa Central; por outro lado, a guerra entre a Inglaterra e a França em que ambas disputavam o dominio dos mares e o controlo do comércio Ultramarino.



Em 1759 o Almirante inglês Boscawen atacou em Lagos Quatro Naus de guerra francesas que ali se tinham, refugiado, incendiando duas e tomando as outras duas, sem o menor respeito pela soberania portuguesa. Protestaram energicamente os franceses, o que levou o Marquês de Pombal a fazer o mesmo junto do governo inglês. Este, escudado na força do poder naval que dispunha, acedeu a enviar um embaixador a Lisboa e apresentar desculpas ao Rei Português, mas recousou-se  terminantemente a entregar os navios franceses ilegalmente apeendidos e muito menos a pagar qualquer indemnização pelos queimados. Ainda em 1759 a esquadra inglesa, sob o comando do Almirante Hawke destruiu o grosso da esquadra francesa na baía de Quiberon, o que deixou à merçê dos ingleses as possessões ultramarinas francesas. Já por essa altura se tinham aqueles apoderado de todos os estabelecimentos franceses na Índia. No ano seguinte completaram a conquista do Canadá. Encontrando-se num beco sem saida em relação à guerra com a Inglaterra a França procurou atrair a Espanha para o seu campo, o que veio a conseguir em 1762. Se isso tivesse tido lugar logo no inicio da guerra poderiam as esquadras francesa e espanhola juntas ter conseguido enfrentar com sucesso a inglesa. Mas agora que a esquadra francesa havia sido posta fora de combate a beligerância da espanha pouco ou nada podia ajudar a França. Logo que os Franceses e os Espanhóis se aliaram, através do chamado «Pacto de Famlia», intimaram os Portugueses a juntarem-se-lhes.



Sensatamente o Marquês de Pombal recusou, uma vez que entrar numa guerra contra a Inglaterra seria um autêntico suicidio para Portugal já que ficaria com as comunicações com o Brasil cortadas. Por essa altura o exército português encontrava-se num estado lastimoso. Pombal tratou à pressa de o reorganizar contratando para o efeito o conceituado General alemão, o Conde de Lippe.


Graças à acção deste e ao envio de um corpo de tropas inglesas para Portugal, foi possivel aos Portugueses deter nas fronteiras a invasão espanhola que teve inicio a 5 de Maio de 1762. Mas a guerra entre a Espanha e Portugal não se circunscreveu à peninsula Ibérica. Em 1750 havia sido celebrado entre os dois paises um tratado que ficou conhecido pelo nome "Tratado de Madrid", pelo qual foram fixados os limites do Brasil, até então regulados somente pelo "Tratado de Tordesilhas". Tendo em conta que a Espanha havia ocupado as Filipinas que por esse tratado cabiam a Portugal, os negociadores espanhóis concordaram em considerar como parte integrante do Brasil todo o imenso território situado a oeste do meridiano de Tordesilhas que havia sido desbravado pelos Bandeirantes Portugueses nas suas portentosas incursões á procura de escravos, de ouro e de diamantes. Em relação à Colónia de Sacramento, eterno pomo de discórdia entre as duas Coroas, ficou estipulado no "Tratado de Madrid" que ela passaria para a pose da Espanha a troco do território das «Sete Missões», situado na margem esquerda do rio Uruguai, que seria intregado no Brasil. Mas a execuação desta parte do tratado não foi pacifica.




Os jesuitas que dominavam no território das «Sete Missões», opuseram-se pela força das armas à sua tranferência para a soberania portuguesa e só à custa de uma dificil e demorada campanha militar foi possivel consumar a sua integração no Brasil. Por outro lado os habitantes da Colónia do Sacramento resistiram à sua entrega à espanha que não chegou a ser cosumada. De qualquer forma ao que parece, Pombal não via com bons olhos o "Tratado de Madrid", talvez por considerar, como a maior parte dos portugueses, que havia privado o Brasil de antingir a sua fronteira natural que era o Rio da Prata.



Em 1760 conseguiu negociar um novo tratado com os espanhóis o "Tratado de El Pardo", que no respeitante à fronteira sul do Brasil anulava o "Tratado de Madrid". A Colónia do Sacramento voltou para Portugal e as «Sete Missões» para a espanha o que não agradou mesmo nada aos Espanhóis de Buenos Aires! Por isso, não será de estranhar que em 1762, quando teve noticia de que a guerra entre a Espanha e Portugal estava iminente, o Governador do Rio da Prata se tenha apressado a organizar uma expedição de trinta e dois navios e cerca de cinco mil soldados, entre espanhóis e Índios com que a 2 de Setembro, foi pôr cerco, mais uma vez à Colónia de Sacramento. Receosa da nossa esquadra, a espanhola conservou-se fundeada à distância, o que permitu continuar a reabastecer a cidade por mar. Não obstante, esta acabou por render-se a 30 de Outubro. Os Espanhóis apoderaram-se de vinte e seis navios ingleses que estavam ali fundeados, capturaram oitenta e sete canhões e fizeram prisioneiros dois mil trezentos e ciquenta e cinco soldados portugueses. No dia seguinte ao da capitulação fundeou diante da Colónia do Sacramento uma esquadra anglo-lusa que largara de Lisboa com o objectivo de ocupar o Rio da Prata. Vendo a cidade nas mãos dos espanhóis o Almirante inglês decidiu atacá-la imediantamente antes que aqueles pudessem consolidar as suas posições. Mas a operação não resultou. Durante o bombardeamento preleminar levado a cabo pela esquadra anglo-lusa a Nau Capitãnea explodiu por acidente, com a morte da maior parte dos seus tripulantes, o que levou a cancelar o desembarque.



Mais dois meses decorreram com a nossa esquadra a bloquear estreitamente a Colónia de Sacramento sem que a esquadra espanhola, muito mais fraca tenha feito qualquer tentativa para intervir A 7 de Janeiro de 1763 os anglo-lusos retiraram para o Rio de Janeiro, desde esse ano capital do Brasil, a fim de se reabastecerem. Põde então o Governador do Rio da Prata proceder à ocupação de todo o território até ao Rio Grande do Sul. Entretanto a guerra tinha acabado. Em resultado do "Tratado de Paris" assinado em Fevereiro de 1763 a Prússia, apesar de ter estado à beira do aniquilamento, conseguiu sobreviver como grande potência;



A França perdeu definitivamente o Canadà e todos os outros territórios que possuia na América do Norte, á exepção da cidade de Nova Orleães: os estabelecimentos que possuia na Índia foram-lhe restituidos, mas com a condição de não ter neles tropas nem levantar fortificações, o que os deixava à merçê dos Ingleses; a espanha viu-se obrigada a ceder Minorca e a Florida aos Ingleses e a devolver a Portugal a Colónia de Sacramento para reaver Havana e as Filipinas. Mas conservou na sua posse o Rio Grande do Sul que havia ocupado e acerca do qual o tratado não era suficientemente explicito. O grande vencedor da guerra dos Sete Anos foi a Inglaterra, que, graças ao dominio dos mares de que desfrutava, se tornou senhora da América do Norte e da Índia e passou a ditar a sua lei em todos os lugares que estavam ao alcance dos canhões das suas esquadras. No que toca à América do Sul, na sequência do "Tratado de Paris", reacenderam-se as antigas disputas entre os Portugueses e os Espanhóis de Buenos Aires. Entendiam os primeiros que a devolução da Colónia do Sacramento a Portugal, estipulada pelo tratado, implicava o reconhecimento táctico do Rio da Prata como fronteira meridional do Brasil e consequentemente, a obrigação por parte dos Espanhóis de abandonarem todas as posições que detinham a norte do referido rio incluindo naturalmente o Rio Grande do Sul. Entendiam aqueles que o tratado só os obrigava à entregua da cidade do Sacramento o que efectivamente fizeram e nada mais. E continuarão instalados em Monteviseu no Rio Grande do Sul e em toda a região compeendida entre ambos. O que mais preocupava os Portugueses era a permanência dos espanhóis no Rio Grande do Sul, região muito rica em gado que era considerado um elemento muito importante para a economia brasileira. Goradas todas as tentativas que fez por via dilomática para obter a sua restituição o Marquês de Pombal manda recorrer à força e, em Setembro de 1774, enviou para o Rio de Janeiro sob o comando do Almirante inglês Macdoual, uma esquadra destinada a expulsar os espanhóis do Sul do Brasil. Com os navios que se lhe juntaram no Rio ficou a dita Esquadra contituída por Quatro Naus de guerra e oito Fragatas, além de um certo número de navios mais pequenos. No entanto, não foi desde logo empreendida qualquer operação de vulto contra os Espanhóis. Pombal queria primeiro ter a certeza de que os Inleses o apoiariam, condição que só  se viria a verificar nos começos de 1775, quando se tornou patente que o apoio dado pela França e Pela Espanha à rebelião das colónias inglesas da América do Norte as levaria a curto prazo a entrar em guerra aberta com a Ingaterra. E logo seguiram ordens para o Rio de Janeiro para dar ínicio à campanha com vista à recuperação do Rio Grande do Sul. Em consequência dessas ordens foram enviados importantes reforços para aquela região sob o comando do General Bohm. As tropas portuguesas apoiadas em quatro fortes encontravam-se entrincheiradas na margem oriental de lagoa dos Patos, as tropas espanholas apoiada em sete fortes, encontravam-se entrincheiradas na margem oposta.



No fundeadouro de Patrão-Mor, fora do alcance da artilharia dos fortes espanhóis, encontrava-se uma  Divisão portuguesa constituída por três Fragatas e meia dúzia de embarcações menores, sob o comando do Capitão-do-mar-e-guerra George Hardcastle. Pela sua parte os espanhóis dispunham de uma força naval, fundeada sob a protecção dos seus fortes, constituída por duas Corvetas, três Bergantins, duas Sumacas e uma Setia. Uma vez que a barra da lagoa dos Patos tem muita pouca água não era possivel franqueá-la com navios de grande calado. por isso para poder operar na zona, viu-se Macdoual foçado a organizar uma flotilha constituida exclusivamente por navios ligeiros. duas Fragatinas, duas corvetas, três Sumacas, uma Chalupa e duas embarcações menores, com o qual escoltada por uma Nau de guerrra, largou da ilha de Santa Catarina a 6 de Fevereiro de 1776. A 14 de Fevereiro chegou à barra da lagoa, ficando a Nau fundeada a cerca de duas milhas da costa e os navios ligeiros perto dela. Seguiram-se cinco dias de negociações com os espanhóis no sentido de os levar a reconhecer os nossos direitos à região e a retirarem pacificamente para Monevideu. Permanecendo aqueles irredutiveis, Macdoual decidiu-se a usar a força e, a 19 de Fevereiro, tendo passado para a Chalupa "Expedição" empreendeu o forçamento da barra. A ideia de manobra consistia em penetrar com a esquadra na lagoa dos Patos, destruir os navios de guerra espanhóis que lá se encontravam e seguidamente, cobrir a passagem do exército português da margem oriental para a margem ocidental. Conseguido isso, os fortes espanhóis seriam sucessivamente atacados, de norte para sul por terra e por mar. Pelas onze horas, provavelmente com vento bonançoso de SE os nove navios portuguses encabeçados pela "Expedição", avançaram em coluna para a barra. De início os fortes espanhóis conservararm-se silenciosos possivelmente com a intenção de deixarem para os portugueses o ónus de terem sido eles a romperem as hostilidades. Porém, pelas três da tarde ao constatar que todos os nossos navios já se encontravam no interior da lagoa dos Patos e estavam claramente a manobrar para ir atacar os seus, abriram fogo juntamente com estes, teve então um vivissimo duelo de artilharia que durou cerca de três horas no qual também tomaram parte os navios portugueses que se encontravam em Patrão-Mor sob o comando de Hardcastle, e que entretanto tinham vindo ao encontro dos de Macdoual. No entanto, apesar da superioridade de que dispunham em meios navais, os portugueses não conseguiram anular a vantagem de que dispunham os espanhóis em matéria de fortificações . Mais uma vez no duelo navio-fortaleza preponderou o segundo. A Chalupa "Expedição" foi metida ao fundo, vendo-se Macdoual obrigado a transferir-se para uma embarcação, donde continuou com grande ànimo a dirigir o combate e a incitar os seus. Uma das Sumacas encalhou e teve de ser abandonada pela respectiva guarnição. Nessa mesma noite foi incendiada pelos portugueses. Os restantes navios todos eles mais ou menos avariados não tiveram outra alternativa senão recolher ao fundeadouro de Patrão-Mor, com os que de lá tinham vindo a fim de se refazerem. Felizmente o número de baixas foi relativamente reduzido tendo em conta a duração e a intensidade do combate: 12 mortos e 30 feridos, pouco dos quais com gravidade. Pela sua parte os espanhóis tiveram 13 mortos e 25 feridos graves, além de numerosos feridos ligeiros. Quanto aos seus navios é de supor que tenham sofrido estragos semelhantes aos sofrido pelo nossos. Terminada a acção Macdoual voltou à Nau de guerra que se encontrava fundeada ao largo, e regressou ao Rio de Janeiro, ficando os navios que tinham forçado a entrada da lagoa dos Patos sob o comando de Hardcastle. E logo começaram, com grande diligência e entusiasmo os preparativos para novo ataque às posições espanholas. Para esta segunda tentativa foi decidido utilizar somente os navios mais fortes ou seja, as cinco Fragatas e as duas Corvetas que foram cuidadosiamente reparadas dos estragos sofridos no combate anterior e reforçadas com artilharia tirada dos fortes e com marinheiros da Chalupa e da Sumaca que se haviam perdido. Ao mesmo tempo, foi concluida a construção de treze grandes jangadas destinadas a juntamente com as embarcações disponíveis, transportar para a outra margem os 5.000 homens do exército de Bohm.


A passagem teve lugar durante a noite de 31 de Março, para 1 de Abril colhendo os espanhóis de supresa. Os seus dois fortes mais a norte junto dos quais abicaram as jangadas, foram tomados, após terem oferecido fraca resistência, ainda durante a noite. Ao romper do dia, mesmo antes de terem inçado a bandeira portuguesa, começaram a bombardear os navios espanhóis. Pouco depois os comandantes de uma corveta e uma Sumaca espanholas que estavam mais próximas decidiram abandoná-las e pôr-lhes fogo. Vendo isso e que a esquadra portuguesa, muito mais forte que a sua se estava aproximando, os restantes cinco navios espanhóis, tentaram sair para o mar arrostando com o fogo dos navios e dos fortes portugueses. Mas a sorte não os ajudou. A Setia, uma Corveta e um Bergantim encalharam, tendo de ser abandonados pelas respectivas guarnições, que nem sequer tiveram posssibilidade de lhes deitar fogo. Mais tarde foram desfeitos pela rebentação. Dos três que conseguiram sair para o mar, uma Sumaca acaberia por dar à costa algumas semanas mais tarde, sendo a sua guarnição capturada pelos portugueses. Dos oito navios espanhóis que se encontravam na lagoa dos Patos somente dois Bergantins coseguiram chegar a Buenos Aires. Pelas cinco da tarde de 1 de Abril o General Bohm intimou os restantes fortes a renderem-se, não obtendo resposta. Durante a noite de 1 para 2 de Abril foram abandonados pelas respectivas guarnições que retiraram por terra para sul. Ao que parece os portugueses não se aperceberam deste movimento, a menos que o tenham deliberadamente facilitado, de acordo com o são principio  de que "a inimigo que retira, ponte de prata!". Ao romper do dia 2 de Abril de 1776 a Bandeira Portuguesa foi solenemente hasteada na vila de São Pedro do Rio Grande do Sul, pondo termo a treze anos de ocupação espanhola.


Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.