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quarta-feira, julho 23, 2014

Batalhas e Combates-1764

Costa do Malabar
(Principios de 1764)


Em finais de Dezembro de 1763 passou ao largo de Goa uma esquadra marata levando consigo um Nau holandesa que poucos dias antes havia capturado junto à ilha Angediva. Ao saber disso o Vice-Rei mandou em sua perseguição a esquadra de Dom Lopo José de Almeida que no início do «Verão» fizera a escolta da cáfila do Norte e que, conforme já referimos era composta por duas Naus, uma Pala, e duas Manchuas. Poucas horas depois de os nossos navios terem deixado o Mandovi foram avistados os maratas. Mas o vento nessa altura caiu Dom Lopo hesitou sobre o que fazer  e aqueles acabaram por se escapar, regressando a nossa esquadra à base sem nada ter conseguido. A 6  de Janeiro de 1764 Dom Lopo voltou novamente a fazer-se ao mar, desta vez, ao que parece, para ir esperar nas proximidades do cabo Comorim os navios vindos de Macau, e da costa do Coromandel já no regresso, à passagem por Cochim soube que a esquadra marata tinha tomado ao largo de Calicut uma Nau dinamarquesa, com a qual estava-se dirigindo prara norte. Desejoso de se ressarcir do insucesso anterior lançou-se de imediato no seu encalço. Possivelmente, terá ordenado à Nau "Necessidades" com 70 peças de artilharia, e à Pala "São Pedro" de 26 peças, para se adiantarem e tentarem estabelecer contacto com os maratas enquanto ele, com a Nau "Vencimento" de 58 peças de artilharia e as Manchuas, assegurava a escolta dos navios mercantes que fora buscar.



Fazendo força de vela, ou seja, largando a maior quantidade de pano compativel com a intensidade do vento a "Necessidade" e a "São Pedro" dois dias depois ao fim da tarde, avistaram a esquadra marata composta por seis Palas e onze Galvetas, levando consigo a Nau dinamarquesa que provavelmente por ter ficado muito avariado durante a captura ia a reboque de uma Manchua. Cerca da meia-noite a "São Pedro", que se adiantara consideravelmente em relação à "Necessidades", avistou algumas das Palas maratas a curta distância, sobre as quais abriu fogo. E durante resto da noite prosseguiu o combate constituido por fugazes duelos de artilharia à queima-roupa em que os alvos ao fim de poucos minutos desapareciam engolidos pelas pelas trevas. Não obstante, ficaram os portugueses com a sensação de terem conseguido avariar gravemente várias Palas inimigas sem que por seu lado tenham sofrido danos ou baixas de monta. Pelas três ou quatro da manhã foram avistados pela proa os vultos de dois navios grandes. Colocando-se a berlavento, a "São Pedro" encetou com eles novo duelo de artilharia na suposição de que se tratava de navioas maratas Porém ao romper o dia Dom Cristovão Cárcomo Lobo, que era o capitão da nossa Pala, constantou com supresa que afinal esses dois navios eram ingleses! Irritadissimos por terem sido atacados, os Capitães destes, logo que se aperceberam de que o autor da agressão de que tinham sido vítimas era uma pequena pala portuguesa não quiseram perder tempo com explicações e lançaram-se sobre ele com a intenção de a aferrarem. Manobrando habilmente, Dom Cristovão conservou-se a berlavento, sustentando mais um duelo de artilharia, que durou duas horas. Por fim os ingleses, vendo que não tinham a menor possibilidade de aferrar a "São Pedro" e que o combate a tiro de canhão a nada conduzia, puseram termo à luta e continuaram a viagem para norte. Durante a noite, sem o saber, a nossa Pala tinha ultrapassado a esquadra marata, que se encontrava agora a curta distância pela popa, dividida em dois grupos, o primeiro junto a terra. três Palas, o segundo mais ao mar , as onze Galvetas rodeando a Nau dinamarquesa. Ainda mais para sul avistava-se a "Necessidades". Contando os navios inimigos, terão os tripulantes da "São Pedro", ficado convencidos de terem afundado três das Palas maratas durante os combates nocturnos que tinham travado com elas. No entanto pode ter acontecido que alguma ou algumas Palas em falta estivessem muito perto de terra e não se distinguissem. Da parte da tarde, vinda a viração, Dom Cristovão, sem esperar pela "Necessidades" que se encontrava muito sotaventeada, dirigiu-se para as Galvetas maratas. Estando o vento fresco e havendo ondulação, não se atreveram estas a travar combate com a "São Pedro" e, abandonando a presa, foram reunir-se às suas Palas que encontrando-se também a sotavento da nossa, nada puderam fazer. Pouco depois, levando em sua companhia a Nau dinamarquesa que entretanto deverá ter remediado as avarias que sofrera, Dom Cristóvão juntou-se à "Necessidades". Durante o resto do dia e a noite seguinte os navios maratas conservaram-se na proximidade dos nossos à espera de uma oportunidade para se reapossarem da Nau que tinham sido obrigados a abandonar. Porém ao outro dia de manhã, surgiu, vinda do sul a "Vencimento" com os navios mercantes que trazia à sua guarda. Perdendo por completo a esperança de poderem vir alcançar os seus designios, os maratas desapareceram. Á chegada a Goa souberam os portugueses que os dois navios ingleses com os quais a "São Pedro" havia combatido, tinham estado naquela cidade e apresentado ao Vice-Rei um enérgico protesto, ao qual este como seria de esperar, não daria provimento.

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